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Tradutor: Asu | Editor: Asu

O Regenerador Makus não conseguia acreditar no que lhe havia acontecido. Sangue escorria interminavelmente através de seus dedos. A dor causada por aquela ferida lhe era algo desconhecido.

Algo que ele não iria esquecer.

Makus tinha a certeza de que todos os guerreiros reunidos ali eram de Rank Inferior. Ele havia confirmado isso com seus próprios olhos.

A criatura observou-os entrar no vilarejo da família Mollo de uma distância segura, escondido. Lutar contra eles apenas comprovou sua hipótese.

As runas acumuladas por esses guerreiros também eram de Rank Inferior, no máximo. Não havia ninguém de Rank Intermediário ali.

Ainda sim, o que havia rasgado a benção dos gigantes em seu corpo e suprimido suas capacidades regenerativas certamente era o poder de um Deus.

Além disso, era o poder de um Deus desconhecido. Uma força que o Regenerador ainda não havia encontrado em campo de batalha.

Não só Makus, mas Siri também estava surpresa. Entretanto, ao invés de choque, havia deleite na expressão da capitã.

“Estou indo.” Tae Ho disse.

Essa frase encravou-se no pensamento de todos ali presentes. Makus vacilou. Siri e os guerreiros de Valhalla sabiam o que precisavam fazer. E, seguindo a iniciativa de Rolph, eles começaram a atacar.

Flechas encobriram os céus. Elas ainda eram inefetivas, mas Makus já não podia ignorá-las com tranquilidade, como anteriormente.

Ele focou sua visão em Tae Ho, que retribuiu o olhar soltando um longo suspiro.

‘Merda.’ pensou, ainda mantendo a expressão calma.

Era difícil. Sustentar o poder de um Deus não era nada simples. Ele finalmente descobrira o porquê de Heda ter lhe dito para não usá-lo, se fosse possível.

Seu poder mágico, seu vigor e sua concentração estavam sendo sugados em ritmo veloz.

‘Eu preciso lutar usando a cabeça agora.’

Lutar sustentando o poder de Idun era algo estúpido de se fazer. Havia uma enorme possibilidade dele desmaiar antes mesmo que o monstro fosse derrotado.

Tae Ho observou Makus. Ele se lembrou do momento em que a Presa Rúnica cortou seu abdômen.

A força de Idun dissipou a benção que encobria o corpo da criatura, esmagando sua capacidade regenerativa.

Ele usaria essa força apenas durante o ataque. Além disso, ele atacaria de forma diferente de como ele fazia até então.

“Por Idun.” Tae Ho murmurou enquanto corria na direção do Regenerador.

Makus vacilou novamente. Ele tirou as mãos de cima do abdômen e ergueu sua espada.

Entretanto, Tae Ho ainda não entrou em seu alcance. Ele sabia que acabaria encontrando uma abertura em algum momento.

E Siri respondeu aos seus pensamentos.

Puk!

Completamente focado em Tae Ho, a postura de Makus desmoronou. Siri havia se jogado contra ele ao invés de atirar usando sua besta. O monstro tinha a capacidade de regenerar suas feridas e de até mesmo ignorar a dor, mas ele não conseguiu fazer nada ao ser empurrado daquela forma.

Chwak!

Naquele momento, Tae Ho feriu-lhe no braço. O monstro soltou um grito abafado, caindo em desespero uma vez mais.

Não era simplesmente doloroso. Ser cortado pela espada era só o começo — a ferida parecia se aprofundar cada vez mais a cada corte.

‘Pelo visto funciona.’

Tae Ho não estava mais segurando Presa Rúnica, mas sim a Lâmina do Carrasco, uma espada particularmente efetiva contra inimigos com capacidades regenerativas. Era uma espada mágica que causava sangramento e dano continuo.

Ele só usaria o poder de Idun no momento do ataque, permitindo que as propriedades especiais da espada ativassem normalmente, tal como faria no jogo.

O monstro só ficou ainda mais frustrado. A dor há muito já havia lhe entorpecido.

Tae Ho investiu contra Makus novamente. O monstro apressadamente ergueu sua espada, mas lhe faltava o mesmo fervor de antes. Ao invés de exercer sua força, ele parecia ter encolhido.

O monstro ainda era poderoso. Entretanto, agora ele começou a se importar com os ataques de Tae Ho. Ele começou a se defender e sua postura agravou-se.

A Lâmina do Carrasco, coberta em luz áurea, cortou o corpo do Regenerador diversas vezes. Sangue fluía e seus movimentos se tornaram cada vez mais lentos.

Kua!

O monstro balançou sua espada em um arco amplo, rugindo. Ele sabia que essa situação não podia continuar. Makus balançou sua espada, que continha força inigualável, diversas vezes.

Tae Ho estava calmo. Ele desviou dos ataques que haviam se tornado tão simplórios quanto poderosos. Era igual ao jogo. Você precisava manter sua mente calma e observar a situação, analisando os ataques de seu inimigo para montar um contra-ataque efetivo.

A espada de Makus passou raspando pelo topo de sua cabeça. O ataque desnecessariamente forte quebrou a postura do Regenerador e Tae Ho percebeu que aquela era a hora. Ele pulou, aproximando-se da criatura.

Naquele momento, uma estocada certeira atacou Tae Ho. Era a cauda de Makus, o trunfo secreto que ele havia preparado.

Tae Ho cerrou os dentes e resistiu à dor. Ao invés de virar seu corpo e desviar do ataque, ele continuou a avançar.

A cauda de Makus perfurou um de seus ombos. E, simultaneamente, a espada de Tae Ho fincou-se profundamente no abdômen da criatura.

Xingamentos foram ouvidos. Tae Ho gritou mentalmente o nome de Heda e torceu a lâmina dentro do corpo de Makus. E antes de soltá-la, ele evocou sua Saga uma vez mais.

Pubuk!

A Lâmina do Carrasco se transformou em um pesado martelo de metal. Como estava dentro do corpo de Makus, ele se quebrou antes de conseguir se materializar por completo, mas era o bastante. O interior do monstro havia sido destruído.

Kuhok!”

Makus vomitou sangue. Tae Ho soltou o cabo do martelo e então golpeou com força o estômago da criatura com a palma de sua mão direita.

O monstro perdeu o fôlego. Ele caiu e Tae Ho evocou novamente a sua Saga com todo o poder que lhe restava, inserindo o poder de Idun na Lâmina do Carrasco pela última vez.

A espada abriu um profundo corte na cabeça da criatura e sangue começou a escorrer ininterruptamente da ferida.

Tae Ho arrancou a cauda que havia perfurado seu ombro. Ele gritou e xingou simultaneamente, mas resistiu à dor por cerrar os dentes.

O monstro caiu.

Tae Ho também caiu. Ele soltou um suspiro misturado a um gemido. Naquele momento, todos os guerreiros o exultaram.

“Tae Ho!”

“Guerreiro de Idun!”

Novamente seguindo a iniciativa de Rolph, os guerreiros correram na direção de Tae Ho. Alguns até mesmo perfuraram o corpo de Makus, como se para ter a certeza de que ele estava realmente morto.

Uwa! Você é incrível! Totalmente incrível!”

Rolph estava especialmente animado, abraçando Tae Ho. Sendo sincero, doía. Se ele pudesse escolher, ele preferiria ser abraçado por Siri.

No entanto, Siri apenas sorriu para ele. Ela parecia estar tão exausta quanto Tae Ho. Ela estava sentada no chão, arfando com dificuldade.

“E-espere.”

Tae Ho empurrou Rolph, que só então percebeu o que estava fazendo e o soltou.

“Antes de mais nada, as runas…”

Ele sentia como se fosse desmaiar a qualquer momento.

Tae Ho estendeu sua mão na direção do corpo de Makus. Runas familiares e runas com atributos que ele nunca havia visto antes entraram em sua palma.

Runas do atributo Vida.

Um monte delas.

“Você absorveu todas?”

Rolph perguntou e Tae Ho assentiu. Então, Rolph abraçou-o novamente e os outros guerreiros fizeram o mesmo.

Foi tão doloroso quanto da última vez e, sendo sincero, ficara ainda mais difícil de respirar.

Tae Ho fechou seus olhos. Estando cansado, era compreensível que ele sentisse vontade de dormir.

Entretanto, sua consciência não se desvaneceu. Talvez fosse devido às runas de Vida que ele havia absorvido, ou talvez porque ele havia pensado no nome de Heda, ao invés no de Idun, naquele momento decisivo.

‘Ah, Idun.’

Tae Ho temia ser esmagado por Rolph e fechou seus olhos. Ele não conseguia dormir, mas pretendia descansar tanto quanto pudesse.

Ele pensou em Heda, ao invés do rosto de Rolph, para se acalmar e, gradualmente, pegou no sono.

O gigante escondido no escuro sentiu a morte de Makus. A situação já havia ultrapassado todas as suas expectativas.

O que havia acontecido? Como as coisas chegaram a esse ponto?

Ele ponderaria a respeito disso mais tarde. Primeiro, ele precisava pensar no que fazer agora.

Ele poderia ordenar que a escavação encabeçada pela família Mollo fosse interrompida. O congresso das fadas sombrias só pediram a ajuda de Valhalla para lidar com os basiliscos despertos durante as escavações por conta de um erro cometido por Mallus. Ele precisaria se livrar dele.

Entretanto, o gigante não pretendia recuar.

Os basiliscos que Makus evocou antes de morrer lhe seriam úteis.

Ele fechou os olhos e a escuridão encobriu seu corpo novamente.

Siri foi a primeira a reparar que algo estranho estava acontecendo. Ela se levantou e observou seus arredores, mordiscando os lábios logo em seguida.

Ela, que tinha os sentidos de um guerreiro veterano, podia senti-lo. Existências que emanavam uma forte intenção de matar estavam se reunindo.

Tanto ela quantos os guerreiros estavam completamente exaustos. Não havia nada de errado em fugir, ao invés de enfrentar essa ameaça cara-a-cara.

No entanto, eles não tinham mais a ajuda dos Silêncios Brancos. Escapar desses inimigos, como haviam feito até então, era impossível.

“Siri?”

Um dos guerreiros a chamou. Ele também havia reparado nas presenças hostis.

Siri olhou para os cadáveres dos guerreiros a sua volta. Era infeliz, mas eles não tinham tempo de enterrá-los.

“Garm ainda está vivo!”

Um dos guerreiros, que estava cuidando do desafortunado que havia sido perfurado pela lança no começo da batalha, gritou em júbilo. Siri também estava feliz, mas ela não podia negar que a presença de Garm só seria um empecilho durante a fuga.

O que ela deveria fazer?

Siri fechou os olhos. Ela podia sentir os inimigos se aproximando cada vez mais. Ela rapidamente tomou uma decisão.

“Precisamos nos separar.”

A primeira coisa que eles precisavam fazer era se reencontrarem com Gandur. Mas isso não significa que todos eles tinham que fazer isso.

Os guerreiros rejeitaram a ideia a princípio, mas nenhum deles se opôs. Eles sabiam que, naquela situação, era a melhor coisa que poderiam fazer.

Siri dividiu os grupos. Os guerreiros remanescentes iriam se separar em três.

“Vamos nos encontrar em Valhalla novamente.”

“Você está certa em dizer isso, mas essas palavras não deixam de ser um presságio sinistro.”

Se eles estivessem no mundo mortal, dizer isso seria o mesmo que dizer que eles iriam se encontrar novamente após a morte.

Os guerreiros riram em tom baixo. Siri sorriu, suspirando, antes de tornar a falar.

“Por Asgard e os nove planetas.”

“Por Asgard e os nove planetas.”

Os guerreiros não olharam para trás. Eles começaram a correr com tudo o que tinham.

E o tempo passou.

Tae Ho abriu os olhos. Ele estava esperando sentir o colchão macio de uma cama e ver o teto acima de si, mas estranhamente tudo a sua volta eram árvores.

Ele piscou, ainda meio sonolento, até despertar por completo. Seu corpo estava apoiado em uma raiz grande e grossa, com Siri ao seu lado. A noite aparentemente já havia caído, já que estava mais escuro do que ele se lembrava. Tae Ho pôde ver a pele pálida de Siri.

“Capitã?”

Siri virou-se para olhar pra ele e sua expressão era de pura exaustão. Ela colocou o indicador na frente dos lábios para silenciar Tae Ho e então começou a explicar a situação.

Basiliscos haviam se juntado não muito depois dele ter derrotado o Regenerador. O grupo de Siri tem caçado os basiliscos desde então, mas a situação não era boa. Além disso, eles não estavam esperando que as criaturas também se agrupassem.

No fim das contas, eles decidiram se separar e fugir para aumentar suas chances de sobrevivência. Siri estava encarregada de cuidar de Tae Ho.

Enquanto fugia, ela evocou sua benção de furtividade ao ser cercada, mas era apenas uma questão de tempo até eles serem descobertos.

“Por que você não me acordou?”

Dessa forma, ele não teria sido um estorvo.

“Eu tentei tudo o que podia, mas você não quis acordar.” Siri respondeu, os olhos cálidos.

Talvez fossem as consequências de utilizar o poder de Idun.

Ao invés de perguntar o que ela havia tentado, Tae Ho ergueu seu corpo. Se concentrando, ele conseguiu ouvir o barulho de folhas se mexendo próximas a eles.

Como Siri havia dito, estavam cercados. Além disso, o som parecia estar cada vez mais próximo. Era apenas uma questão de tempo até que eles fossem descobertos.

O que eles deveriam fazer? Se esconder até serem expostos e então lutar?

Ele não conseguia pensar em nada de útil. Tae Ho ainda tinha o Traje de Asa de Falcão, mas era impossível voar em um lugar tão repleto de galhos sob a copa das árvores.

Tae Ho engoliu em seco e então virou-se para Siri. Ela respondeu em um tom baixo à dúvida nos olhos dele.

“Agora que você está acordado, temos outra escolha.”

Enquanto falava, Siri se levantou e soltou um longo suspiro. Ela afrouxou sua capa e então começou a retirar sua armadura.

“Capitã Siri?”

Tae Ho arregalou os olhos ao ver que Siri havia se despido por completo.

Com a voz amarga, ela disse:

“Eu não sou uma valquíria, mas…”

Saga
Bruxa Lupina

Fumaça branca instantaneamente encobriu Siri e, em seguida, um lobo de pelagem dourada apareceu na frente de Tae Ho.

Olá, eu sou o Asu!

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