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Arco 3: Capítulo 25 – Beijo

— Bem, então vou indo.

Dante acenou para Angel antes de partir, e a mulher fez o mesmo. Ele, então, começou a seguir em direção à mansão, em passos vagarosos.

Enquanto aquele diálogo havia chegado ao fim, a jovem raposa de estimação, Yuri, observava Dante e Angel com um olhar despreocupado e cansado.

Angel virou-se em direção ao animal, olhando despreocupadamente. Ela percebeu a raposinha os observando, mas não se incomodou com isso.

— Hm.

A jovem já estava se preparando para sair do local, porém, de forma abrupta, ela sentiu um cheiro peculiar vindo de um local mais afastado. Mesmo que fosse longe, a garota conseguiu identificar muito bem o cheiro e ficou feliz com isso.

— Até que isso é uma boa hora.

Ela sussurrou isso para si mesma, enquanto corria em direção à Dante. Então, o anjo agarrou o ombro do garoto e estava com um sorriso em seu rosto.

— Dante, mudanças de planos.

— Eh?

— Você vai vir comigo para… — em seguida, ela fez barulhos de tambores e trompetes enquanto socava o ar com uma mão e fingia tocar um instrumento de sopro com a outra mão — uma aula especial!

— Eh?!

Dante ficou impressionado com o tal acontecimento tão repentino. A sua prioridade naquele momento era voltar ao trabalho, mas decidiu esperar um pouco para ouvir o que a mulher tinha a dizer sobre essa tal “aula especial”.

— E… o que seria?

— Irei lhe ensinar sobre demônios! Mais especificamente as bestas demoníacas!

Dante esperava que aquela tal aula fosse uma rápida curiosidade, e não uma literalmente aula e, pensando bem, seria uma situação inusitada se realmente fosse isso.

— Certo… acho que o trabalho pode esperar por isso. E aí, professora, vou aprender o quê?

Angel fechou seu punho em determinação e o levantou para o alto.

— Hoje iremos à caça de demônios!

Ao ouvir o que ela disse, Dante ficou sem reação. Seu rosto ficou pálido e não tentava processar o que acabara de escutar.

— Não, não, não, não, não, não, não! — ele gritou enquanto balançava a cabeça de forma frenética para a esquerda e direita.

— Vou considerar isso como um sim.

— O quê?! — Dante ficou completamente apavorado — Qual é o seu problema? Um Anjo da Guarda não deve manter a pessoa que está protegendo longe do perigo ao invés de levá-la até ele?

— Oh, que isso? Não tem com que se preocupar.

Dante recuou à insistência da garota, e Angel viu que teria que abordar isso de alguma outra forma.

Então a garota agarrou e puxou o jovem pelo braço, pressionando o seu corpo contra o dela. Em seguida, se inclinou um pouco para baixo, deixando o garoto ainda mais indefeso. Dante não entendeu o porquê disso e ficou paralisado e corado. Ela foi até o ouvido dele e sussurrou:

— E se você for lá comigo, lhe darei uma recompensa especial… Um beijo, mais especificamente.

Seus olhos se arregalaram ao ver o que podia ganhar se fosse acompanhar Angel para sua caçada aos demônios.

Porém, o medo do garoto era maior do que qualquer oferta do tipo, e ele não iria arriscar a sua vida por um simples beijo. Sim, era isso, Dante não iria ser tentado pelas palavras da garota anjo da guarda…

“Droga…”

…Bem, pelo menos isso era o que ele queria ter imaginado. O jovem acabou cedendo à provocação da garota e foi junto dela.

“Bem… se ela vai me beijar… talvez valha a pena? Uau, isso vai ser incrível…!”

Eles estavam andando no meio da floresta em uma linha reta.

— Ei, Angel, vai demorar?

— Estamos quase chegando.

— Hm…

— Ah, já ia me esquecendo! — Angel, que estava com seu manto, começou a tirá-lo — Aqui, use. — Ela segurou o manto com uma mão apontando para Dante.

— Hm? Por quê?

— É pra stealth.

— Oi, perdão? Mas como um manto branco serviria como stealth em um local… eeeeh… — olhou para os lados enquanto pensava em como iria completar a sua frase — verde?

Angel colocou sua mão na boca e riu silenciosamente.

— Depois te explico. Só confie em mim.

Suspirando fundo, o garoto obedeceu e pegou e vestiu o manto.

“Espero realmente que seja útil…”

Resmungou internamente.

— Por falar nisso, onde é que cê guardou aquelas suas roupas?

— Ah, eu larguei elas em algum lugar no vilarejo.

— Você o quê?!


— Dante, olhe com atenção.

Os dois estavam agachados, observando com atenção um ser por trás de arbustos.

Esse ser em questão, era uma besta demoníaca. Porém, uma bem diferente das que o garoto havia visto. Era um demônio bem pequeno. Além de peludo, ele só tinha um olho centralizado na testa e um único chifre de ponta-cabeça onde originalmente deveria estar a sua boca.

— É isso, vou matar esse rapidinho, nem vou precisar da minha espada.

Apesar de ser um demônio, ele parecia ser bem inofensivo e também parecia só estar perdido naquele local. Dante viu isso naquela besta demoníaca, e decidiu questionar o anjo.

— Tem certeza? Ele não parece ser perigoso.

— Dante, demônio é demônio, não importa o quê. Bestas demoníacas são as espécies de demônios mais perigosas.

— Sério?

— Sim. Agora fica agachado aí e me veja em ação — ela disse enquanto se levantava e andava agachada com passos acelerados até o demônio.

— Certo.

Como Angel estava sem sua espada, obviamente iria usar um outro método para matar aquele demônio.

O pequeno ser estava distraído olhando para as árvores. Foi quando ele sentiu um grande ataque atravessando sua cabeça.

Angel atravessou sua mão na cabeça daquele demônio, o matando instantaneamente.

Todo o sangue daquele ser manchou a mão até o braço da garota. Quando tirou da cabeça da besta demoníaca, Angel sentiu o fedor infernal de sangue.

A força da garota, aparentemente, era colossal, podendo atravessar o crânio de um ser só com uma mão. E se devia lembrar também de quando ela fez um barco andar em alta velocidade só usando a força dos braços com o auxílio de sua espada.

— Oh, você é alguém que ninguém em sã consciência iria querer arranjar uma briga.

Brincou Dante, ao mesmo tempo que ia até a garota, evitando ao máximo olhar para o cadáver largado no chão.

— Tá, e meu aprendizado? — Ele tapou seu nariz para evitar sentir o cheiro de sangue — Cê não disse que isso seria uma aula?

Ele tinha razão. Uma aula sem nenhum aprendizado não poderia ser chamada de aula.

Angel pensou em algo que poderia dizer com sua mão no queixo.

— Algumas bestas demoníacas podem usar uma espécie de canto para atrair as suas vítimas.

Dante imediatamente se lembrou de quando foi atraído por algo parecido — quando estava junto de Alice, Freya e Flora brincando na neve —, o que o levou até aquela casa onde ele morreu em sequência.

Ele não iria dizer isso para Angel, mas já deduziu que aquilo foi obra do falecido demônio Garamb.

— Podemos voltar agora? — Dante perguntou.

— S… — Antes que pudesse responder, a garota sentiu mais o cheiro de um demônio — Dante, volta pro arbustos — falou em um tom sério.

Percebendo a seriedade em sua voz, ele apenas obedeceu e correu até os arbustos, se escondendo logo em seguida.

Ao garantir que o jovem estaria em segurança, Angel se virou para trás na espera da besta demoníaca.

— Oh, um anjo…

Um demônio sem pelos, com a pele rígida e chifres quebrados saiu andando em direção à Angel.

Ele tinha dois metros de altura, e quando se aproximou da garota, criou uma sombra sobre ela.

Isso podia deixar a maioria das pessoas intimidadas, porém, com Angel era diferente. Ela não demonstrava medo ou qualquer outra emoção. A garota estava com um sorriso no rosto, mas não dava para dizer que estava alegre.

— Hm… sua carne… parece suculenta — o demônio falou, enquanto limpava a saliva que se formava pela sua boca.

— Tenho certeza de que não sou tão suculenta quanto pensa.

— Posso descobrir?

— Preferiria que não… Aliás, um monte de vocês, bestas demoníacas, estão aparecendo por aqui… Não sei se isso está certo…

A criatura ignorou o que ela disse e colocou a mão em seu ombro.

— Fome…

Antes que o demônio pudesse fazer algo, a mulher pulou e segurou com firmeza a cabeça da criatura. Logo depois, violentamente ela o levou até o chão, esmagando a sua cabeça no processo.

— Pronto, morto.

Nos arbustos, Dante perguntou:

— Acabou? Podemos ir?

— Acabou — Angel respondeu.


— Sinto que você não queria me ensinar nada e só mostrar como é boa em matar demônios — Dante disse.

Os dois estavam voltando para o vilarejo, mas ainda andando pela floresta.

— Aí, você me disse como usar seu manto serviria como stealth.

— O meu manto iria ocultar o seu cheiro de humano, algo que atrai os demônios.

— Hm? Com seu cheiro?

— Sim.

Então, o garoto começou a cheirar o manto de Angel, que ainda permanecia em seu corpo.

— Mas esse manto não cheira forte…

— Bem, pra você, mas basta um cheiro de anjo em um humano que seu forte cheiro.

— Meu forte… cheiro?

Ao ouvir o comentário da garota, Dante começou a se cheirar, para saber se estava fedendo. Angel percebeu isso e decidiu resolver esse mal-entendido.

— Não foi isso que eu quis dizer.

— Oh.

Nesse ponto, Dante só queria voltar o mais rápido possível ao vilarejo, então ele começou a andar em passos acelerados. Angel viu isso e disse:

— Espera aí, apressadinho. Está esquecendo de nada não?

— Ahn?

Angel o puxou pelo braço novamente. Depois disso, ela aproximou seus lábios aos dele, assim o beijando.

Dante arregalou os seus olhos por um momento e suas bochechas estavam completamente coradas.

Após isso, Angel se afastou do garoto com um sorriso no rosto.

— Sua recompensa foi concedida. Gostou?

Dante estava paralisado.

“…Foi só isso?”

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