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Em uma pequena taverna, o ar vibrava com um calor festivo, um redemoinho de risos e conversas que se entrelaçavam com o aroma doce do malte e do lúpulo. As paredes de pedra ecoavam com o tilintar das canecas e o estalar da lenha na lareira.

No coração do salão, um palco modesto se erguia, banhado pela luz dourada de tochas cintilantes, anunciando a estrela da noite: um jovem bardo. Vestido com um manto verde-vivo, adornado com bordados de fios dourados que capturavam a luz, e um chapéu pontudo que parecia dançar a cada movimento. Seu bandolim, um companheiro fiel, repousava contra seu peito, como se ansioso para contar suas próprias histórias.

Com um estalar de botas robustas sobre o assoalho de madeira, o bardo chamou o silêncio. A taverna, obediente, aguardava em antecipação. Com um sorriso maroto, ele girou as tarraxas do bandolim, cada clique uma promessa de magia. Então, com um acorde que parecia capturar a essência da própria alegria, tossiu, ressoando sua velha voz.

Cof Cof Boa noite, senhoras e senhores! — exclamou o bardo, com uma reverência teatral e um gesto amplo em direção ao público.
— Que noite esplêndida temos, não é mesmo? E para acompanhar tal serenidade, trago-lhes um conto envolto em mistério…

Um murmúrio de curiosidade percorreu a multidão, que se aquietou, os olhares fixos no palco.

— Ah! Vejo que a pergunta arde em seus olhos: ‘Bardo, que conto esquecido é esse?’ — ele disse, com um sorriso astuto, enquanto seus passos deslizavam pelo palco, cada movimento tão fluido quanto a melodia que começava a tecer com seu bandolim.

A luz das velas tremulava, lançando sombras dançantes que pareciam sussurrar segredos antigos. Com um acorde que soava como o início de uma jornada épica, o bardo inclinou-se para frente, sua voz baixa e envolvente:

— Este, meus amigos, é um conto de amor e perdição, de heróis e vilões, de magia tão antiga quanto as estrelas sob as quais nos reunimos esta noite. Preparem-se, pois o véu do esquecimento será levantado, e a verdadeira história será revelada…

Em tempos idos, sob céus de outros mundos,
Onde a realidade e sonhos se fundem,
Ao bandolim, uma saga se desenrola,
De um viajante, nas cores da vida imerso.

Descontente com o matiz deste plano,
Um jovem de origens nebulosas,
Por bondade conhecido, mas esquecido,
Marcado como demônio, vil e monstruoso.

De monte em monte, sem discrição vagueia,
Exilado, dos seus e dos estranhos,
Cercado por mortes, traições, e desenganos,
Com raros lampejos de pura alegria.

Conhecido por pecados, mas herói no oculto,
Mudou o mundo, à sua maneira fez justiça,
Um guerreiro solitário, mas de lendas parte,
Ceifador de vidas, humano ou divino.

Marcado pelo azar, pelo caos tatuado,
Imortal, ensinou e também aprendeu,
Errou, acertou, regrediu e cresceu,
Tornou-se o que o destino lhe havia reservado.

Uma praga maldita, destinada a destruir,
Mas no vazio, uma alma ainda clamava.
Com um suspiro derradeiro, pela pureza batalhou,
Para ‘salvá-la’, e a destruição cessar.

Porém, as flores da dor, em seu jardim, renasciam,
No manto do infortúnio, fugia e desafiava.
Triunfou sobre os males, mas o que restou?
Apenas a angústia, e um sofrer sem fim,
Um passado de lutas, nas névoas do esquecimento.

E assim, o bardo, com cordas a vibrar,
Teceu o final, de um herói a lamentar.
‘Pois mesmo na sombra, uma luz se pode achar,
E na escuridão, um novo caminho se revelar.

Então, ouçam bem, pois esta é a verdade:
Até a mais sombria história tem sua claridade.
E o guerreiro, embora marcado pela adversidade,
Encontrou na luta, sua eterna liberdade.’

E assim, a última nota da poesia do bardo reverberou pelo ar, deixando um eco de dúvida e incerteza a se espalhar. No silêncio que se seguiu, uma única lágrima brilhou, trêmula, à beira de seu olhar. Com um suspiro quase inaudível, se virou, sua silhueta recortada contra o brilho das tochas. Passo a passo, se afastou, buscando refúgio na sombra acolhedora da noite.

E talvez nesse abraço escuro e silencioso, pudesse descobrir a paz serena que até o ‘esquecido’ buscava, um alívio suave para almas cansadas de canções e sagas.

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Olá, eu sou R-Lkz!

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