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Mir, mudaremos o estilo de narração, digamos que agora entramos em um trecho um pouco mais… tenso”

  Aqui estou, mergulhado em pensamentos sombrios que se tornam cada vez mais tangíveis a cada segundo. Monstros? Nunca dei muita importância a eles, mas agora, após o relato dos meus amigos, eles parecem estar em toda parte. Será esse o apocalipse? Será que é verdade? Será que monstros realmente invadirão nosso mundo? Esta ideia me assombra incessantemente, e não consigo escapar dela.

Não dá mais para ignorar ou fingir que posso simplesmente dormir e esquecer tudo isso. Estou inquieto, sentindo que cada sombra pode esconder um perigo iminente, cada ruído deste lugar ecoa como um alerta de algo terrível. Que tipo de luta é essa que parece tão desigual, onde devo enfrentar o desconhecido armado apenas com minha própria coragem?

Naquele instante, a única escolha que me restava era seguir em frente. E assim o fiz. Exteriormente, eu mantinha uma fachada de serenidade, como se a notícia de monstros à solta fosse algo trivial. Mas, internamente, uma tempestade estava prestes a irromper.

Após tudo o que havia se desenrolado até agora, essa revelação não deveria me surpreender; uma parte sombria da minha alma já suspeitava dessa verdade macabra. No entanto, reconhecê-la em voz alta era como cavar minha própria sepultura antes do amanhecer.

A cada passo que dávamos, sentia-me como se estivesse caminhando sobre uma corda bamba suspensa sobre um abismo, com o medo sussurrando em meus ouvidos, ameaçando me derrubar a qualquer momento em uma queda sem fim.

Wian avançava destemido pelo coração da dungeon, a luz fraca das tochas lançando sombras traiçoeiras em cada parede, enquanto Thoran, com uma expressão determinada, seguia logo atrás. Eu, uma sombra entre sombras, me movia oculto, um espectro prestes a desferir a morte.

O plano era tão claro quanto a escuridão que nos envolvia: Wian seria o arauto da destruição à distância, um farol de desespero para atrair as feras, enquanto Thoran e eu despacharíamos qualquer miserável que ousasse se aproximar.

Minha antiga natureza pacifista havia sido enterrada sob as cinzas de uma realidade cruel; eu lutaria, sim, lutaria com a ferocidade dos condenados para continuar vivo. Evitar o combate era o meu desejo, mas quando a batalha me escolhia, eu surgia das trevas, trazendo todo o ódio e a fúria do meu coração despedaça — “GOBLINS!!!”

O que se revelou diante de mim não era deste mundo. Da escuridão emergiram criaturas de vileza indescritível, goblins cujos corpos estavam cobertos de chagas pulsantes, como se a própria podridão tivesse se apossado de suas carnes. Seus olhos, buracos negros no espaço, pareciam sugar a luz ao redor, prometendo um abismo sem retorno.

Dentes afiados como lâminas de navalha reluziam em sorrisos macabros, gotas de saliva venenosa pingando em antecipação ao banquete de dor e medo que ansiavam iniciar.

A visão dessas abominações era um ataque direto à sanidade, cada detalhe grotesco – a pele que parecia se mover sozinha, repleta de pequenas criaturas rastejantes, as garras que lembravam instrumentos de tortura de um carrasco sádico – tudo parecia desenhado para invocar o horror mais primal.

Seus movimentos eram o prelúdio de um massacre, uma promessa de desespero inimaginável. O que testemunhei me levou ao limite da razão. A realidade se contorceu, revelando que o inferno não é um lugar, mas um estado de existência.

Não havia glória, não havia honra naquela luta; apenas o puro e indomável terror que destroçava qualquer fragmento de bravura. Minha voz, um som que eu mal reconhecia como humano, era o lamento de uma alma à beira da extinção.

Cerca de seis goblins, a proporção era aterradora: três contra um, uma equação que anunciava uma morte quase certa. No entanto, havia um lampejo de vantagem na sombra de nosso elemento surpresa, uma fagulha de esperança em meio à opressão avassaladora.

Como poderíamos manipular esse elemento a nosso favor? Qual seria a estratégia mais mortífera para despachar essas criaturas de volta às profundezas de onde vieram? Minha mente girava em busca de um plano, mas antes que pudesse conceber uma resposta, uma esfera de luz arcana cortou o véu da noite, como um cometa rumo aos goblins.

Essa manifestação de poder mágico, embora espetacular, dilacerava qualquer esperança de sigilo. Thoran, meu companheiro de armas, havia escolhido o caminho da força bruta em vez da sutileza, descartando a furtividade como um mero capricho.

Uma esfera de pura energia explodiu na escuridão, arremessando um dos horrores em um voo mortal. Surpreendidos por esse ataque súbito, emanado do vazio, os monstros vacilaram, engolidos pela confusão.

Antes que pudessem compreender a origem de sua desgraça, um segundo golpe, ainda mais brutal, lançou outro goblin pelos ares, sua existência reduzida a um borrão de terror. Qualquer abominação que ousasse se aproximar de meus aliados encontraria seu fim na frieza da minha lâmina.

Restavam apenas quatro adversários, unidos pelo desespero. Eles avançavam, impulsionados pelo instinto de vingança contra aquele que os atacava à distância. Mas, assim como a morte é certa, outro ataque surpresa os aguardava.

Emergi das sombras e posicionei-me silenciosamente atrás do desprevenido goblin. Com um movimento fluido e preciso, minha mão segurou a cabeça da criatura enquanto a outra, empunhando a lâmina, traçava seu destino fatal no pescoço.

O monstro tombou, uma vida extinta sem um sussurro, um segredo compartilhado apenas com a escuridão que nos envolvia.

Contudo, autoelogios são um luxo que não posso me permitir agora; ainda restam três criaturas avançando implacavelmente contra Wian e Thoran. No entanto, elas encontrarão a morte antes de sequer tocarem em um fio de cabelo deles.

Minha adaga, libertada de minha mão, cortou o ar em direção ao seu destino final, girando com uma graça letal, como se eu fosse mestre na arte do arremesso há anos. Mais um monstro tombou, vítima de meu golpe certeiro.

Restavam apenas dois, perigosamente próximos de alcançar meus companheiros, a apenas três metros de selarem seu destino. No entanto, eles também tinham suas próprias cartas a revelar.

Mais uma vez, a escuridão foi rasgada pelo brilho de um ataque mágico lançado por Thoran, catapultando mais um goblin pelos ares e deixando apenas um restante.

Esse último, ao perceber o destino fúnebre de seus companheiros, optou pela única escolha que lhe restava: a fuga. A velocidade com que ele se lançou na escuridão era algo de se admirar, quase como se o próprio vento tivesse tomado forma.

Não pude deixar de me dirigir ao cadáver do quarto goblin, onde minha adaga ainda estava cravada, um testemunho mudo do caos que havíamos semeado. A lâmina parecia chamar por mim, implorando por mais uma chance de dançar no ar e encontrar seu alvo.

E quem sou eu para negar tal pedido? Com um gesto familiar, libertei a adaga, permitindo que ela traçasse mais uma vez seu caminho fatal pela escuridão.


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