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A Bruxa abre os olhos, não estava mais em sua cela, e sim sendo carregada por uma série de corredores mal iluminados. A instalação, onde quer que fosse, foi construída no subterrâneo.

Observando seus arredores, ela nota o novato e um outro brutamontes que a carregavam.

— Senhor, esse barulhinho, tá vindo da bruxa?

— Sim, ignore, todos os que tentaram entender o som que ela solta ficaram loucos. Foque em levar ela — o homem olha para o novato, que estava visivelmente incomodado com a ideia — Logo você vai ver do que ela é realmente capaz.

Os dois continuam a levá-la em um silêncio ansioso, até porque o som da bruxa não é um som de verdade, mas um pensamento que se infiltra no ambiente e nas mentes daqueles por perto.

Finalmente eles chegam em frente a uma porta, depois de alguns segundos os mecanismos começam a se movimentar, abrindo para uma cela intermediária um pouco maior e bem mais suja, pedaços de corpos e armas quebradas estão espalhadas por ali, nos cantos uma névoa miasmática se junta em um monte nojento do que parece musgo podre de cor verde escura, sempre que alguém parava de observar, ele se movia um pouco.

Um grande portão enferrujado contrasta com a porta pela qual a Bruxa entrou, ele é antiquado e claramente só estava ali pela estética.

A Bruxa observa através das grades uma arena circular, o chão pedregoso está irregular cheio de “cicatrizes”, também é possível ver as arquibancadas que já estavam cheias de algumas centenas de telespectadores holográficos, não tinha entretenimento melhor do que ver uma batalha sangrenta a distância e sentir como se você estivesse assistindo de camarote.

Nenhum deles tinham características que valeria descrever, já que todos são anônimos e usam avatares virtuais, ninguém seria insano suficiente para usar o nome e aparência real.

Todos gritam em uníssono:

— UUU RÁ RÁ TRAZ A BRUXA!

As grades lentamente se abrem e a audiência vai a loucura, vendo a Bruxa sair e lançar um olhar apático para as arquibancadas, já era rotina para ela a esse ponto, esse sentimento se ratificando quando seu oponente sai da cela oposta, um filho de um executivo, sendo bem ovacionado por um grupo de telespectadores fiéis, indo contra a maioria que o vaiava por ser sua mais nova tentativa de vencer a bruxa.

— A 7° vez é da sorte — fala o garoto autoconfiante.

O playboyzinho esbanja um corpo G7, a mais nova geração humana que continha tecnologia de ponta, comprimida em corpos utilitários, combinando poderio militar com uma aparência civil que ocultava as modificações (Mods) mais anormais. Sua pele metálica tinha uma tintura preta com detalhes dourados nas bordas, seu rosto coberto por um capacete, com um visor de vidro, transparente o suficiente para ser possível ver o rosto pretensioso do jovem, com cabelos e olhos de uma cor prateada.

Ouvindo a audiência ainda rugir, ele para, e assim que ambos os portões das celas se fecham, duas lâminas de energia aparecem envolvendo suas mãos e deixando os braços com uma leve camada de energia azulada.

— Lâminas Energéticas — o garoto dá um sorriso malicioso, que parece não afetar a moral de sua oponente — Cortar minhas armas não vai mais funcionar, bruxinha.

O público fica em silêncio absoluto, voltando-se para ver qual seria a réplica.

Sem falar uma palavra, aquela figura monstruosa abre suas garras, que possui uma cor cobrosa enferrujada.

Ao mesmo tempo, os olhos brilham um pouco mais forte em tons arroxeados, algo muito sutil que apenas seu oponente nota.

Seu olhar se estreita e puro desprezo é visível.

— HAHAHA TOMA ESSA FILHINHO DE PAPAI! — fala um dos espectadores.

— EU NÃO SOU FILHINHO — antes que pudesse concluir sua réplica, uma das patas da bruxa o acerta no bucho, voando até uma das paredes da arena. Uma nuvem de poeira se levanta e ele sai ainda zonzo dali, reativando suas lâminas.

Aquela monstruosidade avança na sua direção, em uma investida que racha o chão, ela está logo na sua frente de novo.

“Rápida demais! Quase não dá pra acompanhar.”

Conseguindo se agachar, ele vê uma das garras se enfiando na parede onde sua cabeça estava. O garoto usa as lâminas como uma tesoura, mas assim que fazem contato com o braço, que o atacou, elas encontram uma resistência quase infinita.

“Sentezio! Onde essa puta arranj- E QUE PORRA É ESSA QUE ELA FICA REPETINDO?!”

“Não importa, dessa vez eu não vou falhar, eu não posso falhar…” O rosto dele se contrai em uma expressão dolorosa.

O garoto desativa as lâminas e transfere a energia pras pernas, dando um chute na Bruxa que estava parada analisando-o. Ela é jogada até o meio da arena e cai em quatro patas em uma pose animalesca, usando o suporte extra para se lançar em um bote na direção do inimigo.

As garras acertam o capacete em cheio.

Mas acabam encontrando aquela mesma resistência quase infinita, no vidro parecia haver uma série de camadas de campos de força misturadas a sentezio. Olhando de perto a Bruxa percebe algo aterrorizante.

O corpo inteiro do oponente, está coberto de uma fina camada de sentezio.

— Funcionou… ah… hahaHAHAHAHAHAHA — um corte lento é dado e a bruxa salta para longe olhando com certa apreensão, até a audiência fica em um silêncio chocado — Nem sei porque me preocupei, que estupido da minha parte, ter medo de um animal qualquer!

O garoto recupera toda sua confiança, partindo pro ataque com suas lâminas, forçando ambos em uma dança enquanto a Bruxa desvia de cada ataque, mas pouco a pouco ela nota que ele começa a ter menos aberturas e aumenta a velocidade. O capacete do inimigo possui modificações melhorando e automatizando sua técnica de luta o máximo possível.

A cada segundo a Bruxa tinha uma menor oportunidade de ganhar, mas isso só fez seus olhos brilharem com mais fervor.

Mais um corte em “X” vindo de cima, ela bloqueia com as garras, eles se olham por um breve momento, até que o sorriso confiante no rosto do garoto se alarga. Subitamente, ele desativa e reativa as lâminas, agora na linha da cintura, e faz um corte horizontal.

A Bruxa é cortada ao meio e sem perder tempo, o garoto reúne a energia em um punho, e soca a parte do torso dela, separando ainda mais das pernas. Em um gesto brutal, ele destrói a parte inferior, pisoteando-as.

— você… NÃO É UMA G7! Como?! Onde?! — o puro choque rapidamente se espalha em todos os espectadores.

Exclamações são ouvidas pela arena, mas uma se sobressai:

— O PLAYBOYZINHO TOMOU UMA SOVA DE UMA CAIDA! MULEQUE INCOPETENTE DO CARALHO HAHAHA!

O garoto não se dá o trabalho de ver que a voz vinha do mesmo avatar, que havia o xingado antes, ele estava muito ocupado procurando por sangue, mas tudo que vê são partes de metal, circuitos e um líquido oleoso escuro.

“Não pode ser. NÃO. Não… Como ela consegue se equiparar com um G7… COMO ELA CONSEGUE SE EQUIPARAR COMIGO? eu deveria ser mais forte…” Apesar de ter a dianteira agora, o playboyzinho mantinha um ódio constante consigo mesmo, que lentamente se direcionava naquela figura que já fora intimidante.

A Bruxa estava caída, completamente parada, outros teriam pensado que ela havia morrido, mas seu oponente conhecia seus truques.

O oponente aproxima-se e começa a cortar o torso da criatura até separar os braços dali, já que eles em si eram indestrutíveis, mas o resto não.

A audiência explode em uma coleção de gritos, agora todos estavam realmente percebendo que o jogo havia virado, enquanto viam a sua atração favorita ser cortada em pedaços.

Cada corte vinha com mais energia, o garoto grita de frustração, porque mesmo naquela situação a criatura só tem desprezo no olhar.

O garoto não conseguia… não queria matá-la, queria fazê-la sofrer, queria que ela olhasse pra ele com medo, com respeito, com raiva.

Qualquer coisa… Que não fosse aquilo, aquela mesma expressão que ele já tinha visto tantas vezes.

Finalmente ele para, e com uma lentidão teatral levanta o que restou da sua oponente, aproximando-a centímetros do seu capacete.

Uma espinha dorsal e um crânio, eles têm uma coloração única, uma escuridão sideral misturada com tons de roxos que nadam pela superfície.

Os buracos dos olhos brilham em uma intensidade absurda, duas estrelas em ponto de ruptura, prestes a explodir em supernovas.

— Últimas palavras monstro?

O olhar dele cai para a área onde seria a boca da Bruxa, ela não tinha ossos ali, nem qualquer substituto, mas tinha uma espécie de névoa espessa onde deveria ficar.

Estranhamente tinha um verde bem escuro que parecia estar se movimentando ali dentro.

“Movimento?”

Uma lâmina, diminuta, oculta pela névoa que atrapalhava seus sensores, sai dali e perfura seu capacete.

Aquela arma parecia estar tingida da mesma energia arroxeada que rondava a bruxa durante o início do combate, mas de forma bem mais intensa. E ainda tinha essa segunda camada que parecia ser feita do mesmo gás do local que saira. Com isso aquela lâmina primitiva, havia perfurado e destruído um sistema de defesa “perfeito” como pensava o garoto.

O seu visor foi estilhaçado e agora é possível ver, aquele sangue dourado caindo lentamente pelas suas têmporas, até ele finalmente ir ao chão.

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