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A mansão os engoliu com suas sombras, e os três bruxos avançaram pelo corredor principal. O ar estava impregnado de um odor antigo, como se os séculos de segredos e magia tivessem se fundido nas paredes de pedra. As velas nas arandelas tremeluziam, lançando sombras dançantes nas paredes desgastadas. O chão, uma tapeçaria de pedra gasta pelo tempo, rangia sob seus pés como um eco dos suspiros da própria mansão, cada estalo ecoando como um aviso sutil de que não estavam sozinhos.

Assim, eles avançaram, guiados pela luz fraca das velas e pela força de sua determinação. Ren, com sua experiência, tocava as paredes, sentindo a textura das pedras. Maya observava os retratos nas paredes, enquanto Jack, sempre curioso, abria portas e examinava cada cômodo.

Eles seguiram dessa forma, suas mentes cheias de dúvidas. A atmosfera no interior era opressiva, e a tensão aumentava a cada passo. Os bruxos fizeram um outro sinal com a cabeça silenciosos, comunicando suas apreensões sem palavras. À medida que exploravam os cômodos da mansão, Jack encontrou sinais de uma luta feroz. Móveis estavam derrubados, paredes danificadas e objetos quebrados. O que quer que tivesse acontecido ali, tinha sido violento.

No que parecia ser um quarto, Maya avistou um pedaço de papel parcialmente manchado de sangue no chão. Ela pegou e leu em voz alta:

         CONHECIMENTO E AGONIA:

No abraço da noite, sombras dançam com ardor,

O lamento ecoa, a alma se perde.
Desperatium é a verdade, e a verdade é Desperatium,
Na cidade da ganância, surge o sombrio teste.
Há muito tempo, em Desperatium, a cidade iluminada,
O Poço do Conhecimento, fonte de sabedoria ilimitada.
Mas a ganância sutilmente se infiltrou,
Transformando luz em trevas, tudo que um dia o bem iluminou.
As águas que davam respostas, agora ecoam lamentos,
Noite após noite, sombras dançam nos ventos.
A alma perdida na busca por poder desmedido,
Desperatium caiu, seu destino definido.
Desperatium, a verdade que agora é sombria,
A ganância a consumiu, tornando-a vazia.
No abraço da noite, o desespero é real,
E a alma perdida clama por um ponto final.

O poema era sombrio e misterioso, e Maya sentiu um arrepio na espinha. Parecia ter sido escrito com um toque de melancolia e desespero.

— Ok, Tudo bem.. Não se preocupem pois eu tenho um palpite do que poderia significar isso tudo. — Maya queria provar que sabia a respeito, típico de sua personalidade, mesmo que não soubesse.

Kyotaro lembrava vividamente da mãe contando-lhe sobre essa história na infância. Era uma lição de moral, um aviso contra a ganância desenfreada que poderia levar à destruição de tudo o que era valioso. Então, acabou interrompendo Maya.

— Desperatium? Eu conheço esse nome — O bruxo falava como um arqueólogo fazendo mais uma descoberta, mesmo com os olhos vendados, ainda era possível compreender seu olhar um pouco menos tedioso que de costume.

— Co…Conhece é? — Maya gaguejou, se encolhendo em um canto, ela sempre rejeitava a ideia de que Ren era de fato mais o inteligente.
Ren inspirou profundamente antes de compartilhar a história. Ele tinha uma voz calma e medida, transmitindo uma serenidade que gerava um contraste com o ambiente tenso ao redor.

— Na verdade, essa história remonta a um tempo muito antigo, em Desperatium, uma cidade próspera, mas que foi palco de eventos extraordinários. A cidade era conhecida por abrigar algo único, o Poço do Conhecimento. Esse poço concedia sabedoria e respostas para aqueles que se aventuravam a mergulhar em suas águas. — Ele gesticulava com as mãos para simbolizar.

Maya, com um toque de desdém em sua voz, tentou interromper.

— É Só um poço idiota, o que isso vai ajudar a gente?

Kyotaro, mantendo sua calma, respondeu.

— Não, Maya, não era comum. As águas do Poço do Conhecimento eram conhecidas por concederem memórias profundas e respostas que não poderiam ser encontradas em nenhum outro lugar. Desperatium prosperou compartilhando esse conhecimento com o mundo, mas como toda boa história, a ganância começou a corroer a cidade.

Jack, sempre ávido por uma boa história, interveio.

— Ganância, sempre ela! Vai ver tem algo a ver com esses desaparecimentos — O garoto estava pensativo, tentando concluir uma ideia.

Kyotaro, concordando com a cabeça, continuou seu relato.

— Exatamente. A ganância se infiltrou em Desperatium, transformando o propósito do poço. O conhecimento que deveria ser compartilhado de forma gratuita tornou-se uma fonte de riqueza pessoal para os líderes locais, distorcendo a cidade até suas raízes — Enquanto terminava a história, os outros estavam meio impressionados.
A expressão de Ren permaneceu séria e concentrada, enquanto ele continuava a narrativa.

— O poema que encontramos reflete esses eventos. “No abraço da noite, sombras dançam, o lamento ecoa, a alma se perde…” está descrevendo a queda da cidade, que outrora iluminada pelo conhecimento, afundou na escuridão da ganância desenfreada. Concluindo… — Esperou alguém terminar sua frase.

— Tem Caroço nesse angu — completou Jack.

ALGUM TEMPO ATRÁS:

De repente, uma sombra surgiu, lançando uma aura de apreensão sobre o grupo. Todos se puseram em alerta, prontos para enfrentar qualquer ameaça que se aproximasse. No entanto, surpreenderam-se ao ver que era uma senhora que se aproximava deles.

— Meus netinhos! Vocês sabem onde eles estão? — A voz da senhora estava embargada pelo choro, suas palavras ecoando com desespero. — Eles são só crianças!

A dor palpável na voz da senhora cortou o coração dos bruxos, confrontando-os com a realidade do perigo iminente que pairava sobre aqueles que amavam. A senhora implorava por ajuda, sua angústia tão tangível que parecia tomar forma diante deles.

— Prometo que faremos o possível para encontrá-los, senhora — disse Maya, buscando confortar a mulher com uma promessa de esperança, mesmo que sua própria confiança fosse frágil.

— Que os deuses a ouçam, minha filha! — A senhora agradeceu, abraçando Maya com gratidão. — Eles saíram para brincar no bosque e nunca mais voltaram. Tenho medo de que algo terrível tenha acontecido.

— Não podemos garantir sucesso, senhora — interveio Kyotaro Ren, sua voz calma e ponderada contrastando com a falsa confiança de Maya. — Mas faremos o máximo para encontrá-los e trazê-los de volta em segurança. Esteja preparada para qualquer eventualidade.

A preocupação nos olhos da senhora se intensificou ao ouvir sobre as possíveis forças malignas que assolavam o vilarejo, uma sombra de medo passando por seu rosto enrugado.

— Forças malignas? — Ela murmurou, temerosa. — O que vocês querem dizer com isso?

Ren tentou acalmá-la, explicando de forma breve a situação perigosa em que estavam envolvidos, enquanto Jack e Maya permaneciam vigilantes ao seu redor, prontos para qualquer ameaça que pudesse surgir.

— Por favor, retorne para sua casa e mantenha-se em segurança — Ren solicitou, seu tom autoritário transmitindo uma sensação de proteção. — Nós faremos o que estiver ao nosso alcance para resolver essa situação.

Com palavras de gratidão, a senhora se despediu e voltou para sua casa, deixando os bruxos com o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Uma vez sozinhos novamente, eles respiraram aliviados, mas cientes de que o desafio que enfrentariam era maior do que poderiam imaginar.

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