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O ar zumbia como uma colmeia. Passando por um relógio digital em um poste, lá avisava que faltavam oito minutos para o portão fechar, e meu estômago se revirou. As pessoas se agitavam ao meu redor, com mochilas batendo e murmúrios. Era uma corrida louca até a linha de chegada.

De repente, algo chamou minha atenção. Do outro lado da rua, uma mulher idosa se destacava como uma única flor em um campo de ervas daninhas. Seu cabelo, branco como o luar, brilhava na luz do sol. Mas foi a maneira como ela estava, curvada e arrastando os pés, que me fez parar. Ela estava presa, claramente querendo atravessar.

Eu estava em um verdadeiro dilema. Parte de mim queria apenas seguir em frente antes que eu me atrasasse. Mas vê-la tão perdida na pressa me fez sentir pena dela. 

Com um suspiro abafado, um som quase inaudível acima do barulho, estalei a língua em um gesto de aquiescência relutante.

— Tudo bem, tudo bem. — murmurei para mim mesmo, forçando uma aparência de calma. — Apenas um desvio rápido. Espero que sim.

Não era o ideal, mas eu não podia deixá-la ali.

Meus passos se aceleraram, com uma estranha urgência me atraindo, em direção à mulher, com o braço esquerdo dobrado desajeitadamente nas costas.  

Respirando fundo, forcei um sorriso que parecia apertado nas bordas. 

— Me desculpe, senhora. — falei, com a voz um pouco mais ansiosa do que o normal. — Talvez você precise de uma mão para atravessar?

Seu olhar de safira desbotada passou do meu rosto para o meu braço escondido, um lampejo de surpresa dando lugar a uma onda de alívio que tomou conta de suas feições envelhecidas. 

— Oh, claro. 

Estendendo a mão livre, ela segurou a minha com uma força surpreendente, a pele calejada como prova de uma vida bem vivida. 

Juntos, navegamos pela rua movimentada, com os passos medidos e lentos.

Chegando à calçada oposta, eu disse gentilmente: 

— Aqui está. 

Sua sobrancelha se franziu levemente, com uma pitada de confusão obscurecendo seus olhos gentis.

— Obrigada, querido. Gostei da sua atitude.

O calor em sua voz pouco fez para descongelar o nó de desconforto que se apertava em minhas entranhas. 

— Sem problemas. — respondi, o sorriso se transformando em uma careta. — Só tome um pouco mais de cuidado da próxima vez.

Seu olhar, afiado como o de um falcão, manteve o meu por mais tempo do que o necessário. Então, com uma mudança sutil, seus olhos pousaram em meu membro oculto. 

A pergunta não dita pairou pesadamente no ar. 

— Está tudo bem contigo?

Meu coração martelava em um ritmo frenético contra minhas costelas. 

— Oh… hã… s-sim, senhora! — gaguejei, as palavras saindo com pressa. — Tá tudo bem. Eu só, uhm…

Minha mente se embaralhou em busca de uma desculpa, qualquer desculpa. 

— Tenho que ir agora! Tchau!

Com um aceno que mais parecia um movimento frenético de empurrar, eu me virei e praticamente fugi, o eco de sua pergunta sem resposta sendo uma batida constante em meus ouvidos.

Suas palavras de despedida, “Que Deus o abençoe”, foram levadas atrás de mim como uma pena na brisa enquanto eu acelerava o passo, seguindo a direção do meu trajeto traçado. 

Uma olhada para trás revelou seu rosto gravado com um sorriso tão genuíno, tão afetuoso, que até mesmo minhas próprias inclinações não religiosas não conseguiram impedir que uma resposta se formasse.

— Valeu! 

Naquele momento, o peso de uma verdade se abateu sobre mim. A empatia, a capacidade de realmente ver o mundo através dos olhos de outra pessoa e oferecer uma mão amiga, talvez seja a emoção mais nobre que eu poderia cultivar. Exigia sair de si mesmo, deixando momentaneamente de lado suas próprias preocupações para reconhecer as necessidades do outro.

Meus pés batiam na calçada, impulsionando-me para mais perto do portão. Virando a esquina, estava chegando próximo. 

Respirei fundo, no entanto, quando minha frequência cardíaca começou a diminuir, meu olhar se desviou para o meu braço. Aquela marca, a fonte do meu constrangimento anterior, felizmente parecia ter desaparecido sem deixar vestígios. 

“Que merda foi aquela?”, perguntei-me. “Foi um surto ou realmente aconteceu?”

Apesar de a evidência física ter se dissipado, um nó de desconforto permaneceu alojado em minhas entranhas.

De repente, uma voz cortou o ar. 

— Krynt! 

Eu levantei o olhar para vê-lo. Um sorriso se estendeu em meu rosto quando reconheci a figura familiar que se aproximava.

— Ed! 

Edward Sanders, meu melhor amigo. O tempo parecia ter se parado quando seu rosto se iluminou com um sorriso que poderia rivalizar com o sol do meio-dia. 

Seus olhos, da cor turquesa, brilhavam contra seus cabelos castanhos escuros. Um contraste gritante que sempre chamava a atenção. Tínhamos praticamente a mesma altura e idade, um fato que solidificou o vínculo fácil e fraternal que compartilhávamos.

Um high five se materializou no ar quando chegamos perto. Nossas palmas se conectaram com um estalo satisfatório.

— Oooh! — Meus olhos se arregalaram de surpresa, uma genuína centelha de diversão substituindo a apreensão persistente. — Carai, cê viu isso?!

— Sim, mano! — respondeu, com uma voz cheia de admiração que refletia a minha.

O acidente anterior, a adrenalina, a estranha marca em meu braço – tudo isso pareceu ficar em segundo plano quando a alegria do reencontro assumiu o centro do palco.

— Aliás, você demorou bastante. — Ed riu, colocando as mãos no bolso. — Uma semana inteira? Já está começando a se tornar um antissocial?

Dei um sorriso indiferente, tentando minimizar o peso da situação. 

— Calma, calma. — Acenei com a mão em sinal de desdém. — As coisas não foram tão ruins quanto parecem. 

Ele ergueu uma sobrancelha, seu olhar fixo em mim com um toque de ceticismo que atravessou minha fingida despreocupação. 

— Parece sério, sim. Me conta aí o que aconteceu.

Um toque de irritação passou pelo meu rosto. 

— Lá vamos nós de novo. — murmurei. — Não tenho direito à privacidade? Os primeiros dias não foram só para apresentações e essas coisas?

— Nós somos do terceiro ano, e você tá na merda.

Seus ombros caíram ligeiramente, um suspiro silencioso escapou de seus lábios. 

— É só um aviso, só isso. — continuou. — Se prepare para o que está por vir. Acredite em mim, não será agradável. Os diretores vão fazer perguntas.

O peso de suas palavras recaiu sobre mim. Ele estava certo. Minha ausência prolongada só alimentou o fogo da curiosidade, e a ideia de enfrentar uma enxurrada de perguntas causou um arrepio na minha espinha.  

— Cê vai me ajudar, não vai? — perguntei em súplica.

A resposta de Ed foi uma risada contida, com um toque de diversão que beirava a zombaria. 

— Cara… — ele disse, a única palavra se estendendo por uma eternidade. — Vamos ser realistas aqui. Esse navio já partiu.

Uma faísca de indignação se acendeu dentro de mim. Éramos amigos de infância, ligados por fios invisíveis de segredos compartilhados e sonhos sussurrados. Será que isso não contava para nada agora?

Seu olhar tinha um lampejo de algo semelhante à piedade, ou talvez fosse apenas o brilho cruel de um predador brincalhão. 

— Tá, tá bom. — Ed admitiu, com uma sugestão de sorriso nos lábios. — Não fique se cagando de medo. Você sabe que eu não te deixaria na mão. Considere isso como um favor de um velho amigo.

O alívio tomou conta de mim, quente e bem-vindo.

Enquanto andávamos pelo pátio, alguém gritou repentinamente:

— Cansou de malhar o braço, hein!

Virei-me abruptamente, pronto para confrontar o metido.

Do outro lado estava um aluno magricelo da segunda série com um sorriso zombeteiro no rosto. Seus olhos, cheios de malícia, brilhavam com a expectativa de uma reação furiosa. Mas eu não lhe dei a satisfação que ele queria. Em vez disso, meus olhos se estreitaram em fendas gélidas e minha voz, carregada de desdém, trovejou pelo pátio: 

— Enjoei das fotos peladas da sua mãe!

O garoto empalideceu instantaneamente. Sua boca se abriu, mas nenhum som saiu.

— Isso calou ele mesmo. — comentou Ed, com um rosto impressionado.

— É, esses pestes podem ser verdadeiras pragas às vezes.

Chegando finalmente à sala, nos dirigimos para o fundo, buscando o conforto familiar da última fileira – perfeito para tirar quarenta cochilos durante a palestra que se aproximava.

Uma garota, nossa mais nova colega de classe, que tinha acabado de entrar há um mês, ocupava seu lugar habitual – a última cadeira.

— Oi, Marie! — cumprimentei, levantando a mão em um aceno casual.

Um murmúrio surgiu ao meu lado. 

— Parece que alguém teve uma noite difícil.

— Calma aí, Ed. — Dei um risinho, balançando a cabeça. — A coitada deve estar exausta.

Marie se remexeu, levantando lentamente um rosto desgrenhado de sono da mesa. Uma pitada de irritação cintilou nos olhos cansados que tinham um charme único. 

Um ano mais nova, seus cabelos eram de um castanho-claro com nuances de mechas prateadas. Mas eram os olhos que realmente a diferenciavam. Um azul, o outro quase verde-esmeralda – uma condição incomum chamada heterocromia.

— Boa tarde. — disse ela, coçando os olhos. — Vocês demoraram bastante.

— Problemas para dormir? — perguntei, jogando minha bolsa na mesa ao lado de Edward, que já havia se sentado.

Marie suspirou, esfregando as têmporas. 

— Atividades. Fiquei afogada em um mar de atividades que o professor de matemática passou na semana passada. — respondeu, com a voz embargada pelo cansaço. — Vocês não acreditariam, a quantidade de questões e equações… são o suficiente para fazer sua cabeça girar.

— Ainda bem que eu não tava aqui. — falei, rindo brevemente. — Isso deve ter sido terrível.

Ela lançou um sorriso irônico em minha direção, a exaustão momentaneamente mascarada por uma centelha de experiência compartilhada. 

— Terrível é pouco, especialmente com a responsabilidade extra de cuidar da casa neste fim de semana. Mamãe teve que fazer um plantão duplo no hospital, então a tarefa de preparar as refeições e manter tudo funcionando caiu sobre meus ombros. 

Enquanto Marie falava, meus olhos percorriam seu rosto, observando as olheiras profundas que marcavam sua pele clara.

— E como se tudo isso não bastasse — continuou ela —, ainda tive que lidar com as briguinhas constantes entre meus irmãos. Eles simplesmente não se aguentam.

Marie desviou o olhar, fitando por um breve instante o teto. 

— Tô esgotada até a alma. — confessou, finalmente encarando-me. — Como se meus ossos doessem e minha cabeça estivesse prestes a explodir.

Suas palavras descreveram vividamente uma vida que equilibra as atividades acadêmicas com as exigências do lar. Uma responsabilidade assumida com dignidade serena, em forte contraste com a existência despreocupada que muitos de nós vivenciamos.

— Isso é que é força. — disse, admirado. — Você é realmente incrível, Marie.

Um leve rubor subiu às suas bochechas.

— Não exagere. — Desviou o olhar. — Qualquer pessoa em meu lugar faria a mesma coisa.

— Mas não com tanta força e determinação. — insisti. — Você é um exemplo.

Marie sorriu, seus olhos brilharam com uma luz renovada.

— Krynt! — chamou-me alguém em tom alto. 

Virando-me, era uma garota que eu bem conhecia e que entrou na sala recentemente.

— Cruz credo… — cochichei, aborrecido. — Agora fodeu.

Conforme se aproximava, respondia outros que a cumprimentavam de modo atenciosa e com seu típico sorriso gentil.

“O que ela quer?”

Não era medo que eu estava sentindo, mas sim que sua presença soava como algo bastante desagradável.

— Achei que tivesse apodrecido no seu quarto, mas quem é vivo sempre aparece. — Ela riu. — Oi, pessoal!

Acenou para Edward e Marie, que logo responderam de volta.

—Olha, Sarah, se você não tomar cuidado aí, vai ficar careca nessa brincadeira de tingir o cabelo toda hora. — disse com um sorriso irônico.

Diferentemente da última vez que nos encontramos, o cabelo dela estava escuro com tons de roxo que se desvaneciam em tons vibrantes de lilás e magenta. 

Sarah realmente gostava de variar o visual, mas, às vezes, confesso, parecia exagerar um pouco. 

— E você acha que alguém não fica assustado com essa sua cara emburrada? — ela retrucou.

— Olha, nem que a gente use duas toneladas de maquiagem pra disfarçar, essa sua beleza horripilante não some não.

Ela arqueou uma sobrancelha, pasmada.

— Sério? — Riu-se como quem estivesse debochando da situação. — Isso é broxante demais. Você nunca teve maturidade nenhuma.

As palavras eram lançadas de forma estúpida, presunçosa e hostil. Essa era nossa maneira simples e ousada de manter distância um do outro.

Marie, que claramente não tinha previsto esta reviravolta na conversa, olhou para Edward em choque, pelo qual o mesmo fez um sinal com as mãos indicando que estava tudo bem, ou melhor, que era típico.

— Não entendo porque você sempre falta tanto. Tá querendo virar um vagabundo?

— Deixou a sua sala para me dar um sermão?

— Só queria te ver, afinal, somos amig…

— Colegas. — A interrompi abruptamente com um tom ríspido. — Nada além disso.

Seus olhos se arregalaram em um misto de surpresa e indignação. A máscara de ironia que ela usava havia rachado, revelando a fragilidade que se escondia por baixo. 

A palavra colegas pairava no ar como um fantasma, um lembrete cruel do que nunca tínhamos sido e nunca seríamos.

— Você continua um cuzão também, credo.

Sua voz soou fraca e insegura. Sarah desviou o olhar para Marie, buscando em seus olhos um refúgio da tensão que pairava no ar.

— É uma novata?

O contexto demorou alguns segundos para ser processado pela jovem. Quando finalmente o compreendeu, seus olhos se arregalaram em surpresa e ela respondeu com uma voz hesitante:

— A-ah… sim! Entrei há pouco tempo.

— Nossa, que legal! Você vai gostar daqui. Sinto muito por estar na mesma sala que esse retardado.

Sarah lançou-me um olhar fulminante, suas palavras destilando veneno. Marie sentiu um aperto no coração; indecisa, ela estava dividida entre o desejo de ajudar e o receio de se meter em uma discussão que não lhe pertencia.

— Oh, não, não, tudo bem, eu me acostumo.

Sua voz era fraca e hesitante, como se estivesse tentando se convencer de algo que não era verdade. Eu sabia que ela estava com medo, e isso me doía mais do que qualquer coisa.

— Chega. — eu disse, minha voz não deixando espaço para discussão. — Vai embora.

Sarah estremeceu com o súbito aperto em seus ombros. Meu toque foi firme, com a intenção de ser um escudo, não uma arma. A fachada dela desmoronou completamente. A teia de indiferença cuidadosamente construída se desfez, revelando a raiva que fervilhava por baixo. 

— Você não pode simplesmente me manter longe! — gritou ela, com um tremor na voz. 

A explosão de Sarah era uma performance, uma tentativa desesperada de recuperar o controle. O veneno em suas palavras não conseguia mascarar o fato que ela não suportava ser ignorada, ser deixada de lado. A raiva era apenas uma farsa para a insegurança que a consumia por dentro, a vulnerabilidade que cintilou em seus olhos por um breve momento.

— Não importa.

Reforcei meu tom, deixando claro que não toleraria mais nenhum tipo de abuso. 

— Aham, tá bom!

Sarah zombou, um som sem humor escapando de seus lábios. Sua bravata vacilou, substituída por um ressentimento latente que tremeluzia como uma brasa moribunda.

— Você é um covarde, Krynt! — exclamou, com as palavras cheias de desdém. — Um cretino egoísta e arrogante que só se preocupa com você mesmo!

Soltei seu ombro quando a deixei na soleira da porta. Ela lançou-me um último olhar. Seus olhos ardiam com uma mistura de raiva e algo mais, talvez um lampejo de mágoa mascarado por desafio. 

Então, inclinando-se para frente para olhar Marie, um sorriso malicioso surgiu em seus lábios.

— Não dê ouvidos a ele. — disse ela, com sua voz doce e açucarada, contrastando com o veneno que acabara de vomitar. — Ele só está com ciúmes. Me encontre no pátio no intervalo, tá?

Marie hesitou. Ela não sabia o que fazer. Por um lado, ela estava curiosa para conhecer melhor Sarah. Por outro lado, tinha medo de mim e da minha reação.

— S-sim! — gaguejou ela, com o coração batendo no peito.

Com um último floreio triunfante de seus cabelos, Sarah se foi, deixando o peso de sua presença ainda pairando no ar. 

Nos meus olhos, não havia culpa, apenas preocupação. A convicção dela me perturbava profundamente, e era isso que me deixava mais incomodado. Ela era capaz de ser discretamente condescendente com aqueles menos espertos, deixando-os confusos e fazendo-os parecer idiotas.

Ed, sempre o instigador, se aproximou nesse momento. Um sorriso sardônico se desenhava em seus lábios.

— Ainda tratando ela assim, hein? — ele disse, sua voz carregada de um deboche divertido. — Parecem até crianças.

Meu maxilar se cerrou. Ed adorava atiçar as brasas, suas palavras cuidadosamente escolhidas para alimentar o fogo.

— Não se faça de inocente, cara. — retruquei. — Você sabe que tipo de víbora ela é. Todo charme e sorrisos por fora, mas por dentro, puro veneno.

Meus passos se aceleraram quando me aproximei de Marie, ignorando a farpa de Edward.

— Me escute. Se envolver com Sarah… é complicado. Confie em mim, você não vai querer ser pega na mira dela.

Sua sobrancelha se franziu em confusão. 

— Por quê? Como ela é?

Edward bufou. 

— Apenas a reação exagerada de sempre de Krynt. Ela brincou um pouco com ele e agora seu ego está ferido.

Minha mandíbula se apertou. As palavras dele eram uma meia-verdade, uma simplificação perigosa.

— Não é tão simples assim. Se você soubesse de toda história, você ficaria com raiva também. 

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