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Capítulo 54: Epitáfio de uma alma perdida pt 2

Como esse mundo é perfeito, sem dor, fome e nem morte, isso deixava Ivan completamente perplexo e incomodado. Não o deixava com raiva do mundo em si, mas o fazia se sentir estranho, todos estavam muito bem, e sequer aceitariam sair dele, mas, para ele, é como se aquilo não ainda fizesse nenhum sentido.
 
—  Sabe, Renshike, o que vai ter após o julgamento? — perguntou Ivan, enquanto permanecia deitado com a sombra em seu rosto, com as cigarras cantando, sem ao menos que elas existirem naquele mundo de verdade.
 
—  Bem, não cheguei nesse ponto, só lembro que fiquei com medo de encarar o julgamento e fugi — disse o companheiro, enquanto pescava no córrego, com uma vara e um barbante.  
 
—  Esse mundo acho que não é pra mim, ele nem parece real  
 
—  Você acha, eu acho que todos estão muito bem acomodados aqui — respondeu Renshike, enquanto pescava um peixe de 23 centímetros da espécie achigã, que imediatamente é engolido pelo trem do amor.  
 
— Tá vendo? Não tem nem peixe de verdade nesse córrego, ele simplesmente aparece por acaso, e a gente não tem fome, essas coisas só servem para recuperar energia — disse Ivan.  
 
Renshike parou e refletiu, levantou seu rosto e o virou em direção de Ivan. Perplexo e surpreso, ele respondeu:

— É mesmo… mas não me incomodo, é até mais fácil assim, na verdade.  
 
— Bem, de qualquer forma, melhor voltarmos, eles devem estar nos procurando, eles não sabem que somos irrastreaveis — respondeu Ivan levantando-se da grama e andando suavemente para a estrada, subindo a colina verdejante.  
 
Já na guilda, Ricardo ficava vermelho se esforçando para rastrear Ivan e Renshike, mas sem sucesso, pois os dois mandavam a emanação de energia para outro lugar, através do trem do amor.  
 
— E aí, amigo? Nada dele?— perguntou Daniele, pois o grupo estava bastante preocupado com o paradeiro de Ivan.  
 
— Nada, eu nunca consegui ver a cor da aura dele, e ainda por cima tá cheio de varias cores e intensidades por perto, não identifico nenhuma — tornou Ricardo, olhando para todos os cantos.  
 
A habilidade de Ricardo, chamada de Panapanáse III, consiste em sentir a energia emitida no ambiente, através dos espíritos presentes, cada um emite uma energia com frequencia e intensidade diferente, assim, permitindo detectar a presença facilmente dentro de uma região.  
 
— Como assim você não consegue ver? Nunca vi você não saber onde tá alguém, tu tá bem? — perguntou Ícaro.  
 
— Eu não sei porra, só sei que não tô vendo ele, deve ter ido muito longe.  
 
Ao terminar a frase, Ivan cai do teto da guilda, esbarrando no chão, como se isso não fosse nada imprevisível.
 
— E aí, pessoal, terminaram? — perguntou Ivan.  
 
— Onde você tava? Faz dez minutos que terminamos de arrumar as coisas.
 
Ivan então bota a mão na testa e diz:
— Estava andando por aí, testando minhas novas aquisições, quando me deparei de que estava atrasado, então me joguei aqui — explicou e soltou uma risadinha.
 
Os membros se olharan sem entender, mas relevaram, pois estavam próximos de embararcar em uma aventura muito importante.
 
— Então, bem. Vamos todos. Ricardo, anotou para que direção iam os rastros certo? — perguntou Daniele.
 
— Sim, mas ele está ficando mais fraco conforme o tempo, o ambiente absorve muito bem essas energias — respondeu.
 
— Pois bem, vamos logo — gritou ansioso Kaeser.
 
Todos foram em direção ao norte, de onde o rastro vinha, como um exército indo a sua batalha, e estavam muito bem organizados em caso de ataque.
 
Na frente, a alguns quilometros, a árvore matava tudo ao seu redor, vegetação, feras, animais e até mesmo espiritos, nada escapava dela.
 
Suas raizes estendiam-se por metros em baixo da terra, sugando nutrientes e energia, ficando cada vez mais forte, ela emitiu um grunido intenso, semelhante a varias almas gritando, pois todos aqueles que estavam no posto de vigilância estão compactados em uma só criatura.
 
A equipe se aproximou de um vilarejo, composto por cinco casas e um estábulo, e nela habitavam algumas famílias que sofriam com a escassez de comida e água.
 
Todos ali olhavam feio para eles, como se desprezassem suas existências, como se o grupo tivesse tramado alguma coisa.
 
A terra era completamente arrasada, bem diferente dos campos verdejantes não muito longe dalí. Mas, porque ficou assim?
 
— Nossa, aqui tá bem acabado, parece que tudo morreu e nem nasce mais nada, e porque será que eles tão nos tratando assim? Parece até que eles vão correr atrás da gente com foices e tochas — comentou Ivan, enquanto olhava ao redor.
 
— Na dúvida, o melhor é não olhar, não conhecemos ninguém, mas se estão olhando mau, então coisa boa não é — respondeu Daniele.
 
Uma garrafa de molotov foi arremessada em sua direção, quebrando-se no chão e iniciando um ataque.
 
— Saiam daqui, seus desgraçados! — gritou um homem saindo de um estábulo, ele estava genuinamente raivoso, vestindo um macacão e com cigarro em sua boca, ele arremessou garrafas de gasolina em direção ao grupo, intensificando mais ainda as chamas, mas por sorte, tanto o molotov quanto o galão não os atingiram, mas os cercaram.
 
A multidão cercou as chamas e começou a gritar incessantemente “Morte, morte, morte!” enquanto pegam variadas, como foices, machados e inclusive rifles.
 
Rapidamente, Ícaro chutou no chão e afastou as chamas causando um estrondo, arremessando terra e chamas em direção ao moradores.
 
Beatrice carregou seu punho com energia, girou seu quadril para trás, e arremessou uma pedra que gera uma bolha extremamente grande de força que fez parecer um jogo de boliche com os inimigos, formando uma trincheira no chão.
 
Ronaldo conjurou água através de um círculo azul que formou do céu, mas acabou por ser desfeita, pois por algum motivo, a magia foi absorvida, astutamente. Ele nota que há algo absorvendo os nutrientes e energia do local, principalmente com o fato da explosão de força de Beatrice não ter ido tão longe como deveria.
 
Os que foram derrubados se levantam, com raiva e ódio, atacando feito selvagens, ou melhor, primatas, utilizando quaisquer tipos de objetos para atacar.

Daniele gira seu machado, criando um redemonoinho forte o suficiente para afastar todos que estavam lá para longe, arremessando-os para as casas, quebrando-as e matando alguns.
 
— Lembrem-se, esse pessoal não são seres de verdade, são NPC´s, eles não sentem dor, mas são capazes de agir como humanos quando os convém — disse Ivan, enquanto conjurava o trêm do amor, que surge de suas mãos e acelera em direção aos moradores.
 
Ricardo ativiu sua furtividade para vasculhar o local, enquanto Kaeser e Felipe esmurram os restantes com pedras e ferros.
 
— Essas casas são muito peculiáres — disse Ronaldo.
 
— Como assim? — responde Daniele.
 
— Não são só cinco casas? como tem tanta gente assim? —tornou Ronaldo.
 
— Eles são do interior, todos eles devem ser filhos de um único casal — respondeu Ivan, com um tom de humor.

Ricardo volta correndo assustado, gritando desesperado — Galera, é horrível, tem uma monstruosidade lá dentro!
Dentro de uma casa de madeira, a maior delas, no fundo mais sombrio, estava uma criatura com características de mulher, gigante e inchada, ceroula e com touca de banho, pele verde e gosmenta, ela estava com suas pernas abertas, e, com força, jogava mais pessoas para fora de seu corpo.

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