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A pele se abriu em duas com a lâmina passando sobre a garganta. O líquido vermelho foi espalhado pelo ar antes de cair no chão. O corpo sem vida caiu rapidamente, dando lugar aos murmúrios e expressões de terror.

Do nariz do corpo saiu um líquido viscoso, semi-transparente, amarelado. Os olhos já sem vida deixou de demonstrar o terror e a frieza, como se em seus últimos momentos Miguel voltara a se tornar apenas um garoto.

Arthur, caído no chão com a sua mochila sobre suas pernas, observava boquiaberto, mal entendendo a situação. O tempo pareceu correr mais devagar, Arthur não ouvia mais nada o que estava acontecendo. Sua mãe tentava conversar com ele, mas sua mente estava longe, impregnada pelo cadáver.

Aquele era o segundo. A imagem de Laura lutava para sobrepor a de Miguel. Ambas aterrorizantes. Eles nunca deviam ter entrado ali. Estava arrependido, amargado. Aquela foi a pior ideia que teve.

Seus pensamentos foram interrompidos pela voz de Cecília. Arthur sentiu a mão de sua mãe segurando sua cabeça e puxando para seu peito. Arthur se deixou levar, seu rosto ainda estava vidrado. A voz de sua mãe era ouvida por ele, mas suas palavras não chegavam à sua mente.

As pessoas começaram a se afastar dos dois cadáveres. Todos discutiam. Agora não havia mais ninguém para liderá-los, estavam perdidos. Ainda estavam discutindo quando o estrondo foi ouvido mais uma vez.

Todos ficaram atônitos. Arthur não havia tido tempo para chorar pelo seu companheiro quando percebeu algo estranho. O túnel feito de teias, brilhando, desta vez estava se mechendo. Cecília teve um mal pressentimento.

— Corram! — gritou quando viu que de dentro do túnel saía um ser horripilante.

Arthur se levantou desesperado, olhou para trás e percebeu que sua mãe estava indo em direção ao corpo de Marco. O alien, em questão de segundos, apareceu, mostrando o seu corpo invertebrado, a sua boca, com um milhão de dentes, se abria como um espiral, soltando saliva e mau hálito.

O monstro avançou contra a sua mãe e Arthur, em um movimento tão rápido que nem ele mesmo acreditou, jogou sua mochila contra a boca do monstro. Seus milhares de dentes destroçaram a mochila em poucos segundos, e o monstro a jogou contra o teto. Uma das pessoas que estavam do outro lado correu, tentando ultrapassar o monstro para fugir pela única saída.

O monstro se virou e o agarrou, mostrando seu corpo gosmento e sua pele escura. Era como olhar para um intestino vivo, preto brilhoso. Ele jogou o homem contra o teto, estourando seu corpo como se estoura um balão de água.

Arthur sentiu sua mão sendo puxada fortemente, e seu corpo involuntariamente começou a correr. Ele olhou para frente e viu sua mãe, com o resto das pessoas, correndo pela passagem.

Os dois correram sem olhar para trás. Até que o corredor terminou em uma porta fechada. Os sobreviventes, desesperados, tentavam abrí-la. Bateram, esmurraram, xingaram, mas a porta continuou intacta.

— Acabou — disse Cecília, olhando para trás aquilo se rastejando. O monstro era lendo, e isso tornava as coisas ainda mais aterrorizantes. Arthur viu a morte se arrastando até ele, com centenas de dentes, enquanto deixava uma trilha de gosma para trás.

O alien se aproximava, tirando a esperança de todas as pessoas. Até que outro som foi ouvido, um chiar robótico. A porta se abriu, e todos começaram a correr para o outro lado. 

Cecília bateu contra o Dr. Heimer, que abraçava diversas armas automáticas, quando cruzou a porta. Quando o grupo percebeu que quem abrira a porta fora o outro grupo de sobreviventes, todos se juntaram no meio, tentando cruzar cada um para o outro lado.

Assim que o doutor e os outros perceberam o alien rastejando-se decidiram que ficariam do lado oposto. Todos cruzaram rapidamente. O Dr. Heimer ficou ao lado da porta esperando o último cruzar e a fechou a tempo de impedir o monstro de ultrapassar.

Ou pelo menos parte dele. A porta desceu, arrancando a cabeça da larva gigante como uma guilhotina. Sua boca ainda deu alguns espasmos, abrindo e fechando-se, antes de ficar totalmente inerte. O doutor ficou olhando aquilo, boquiaberto e suado, até voltar a si.

— Temos que correr! — alguém gritou.

— É verdade — disse Heimer, olhando para Cecília. — Eu achei essas armas. — Ele tinha na mão duas sub-metralhadoras e três granadas.

Cecília entendeu o recado e agarrou uma das armas. O doutor guardou suas granadas no jaleco. Arthur, que não tirou os olhos daquilo nem por um segundo, olhou para o doutor, olhou para sua mãe e voltou a observar o doutor.

— Eu quero uma — pediu. observava os dois como em um jogo de ping pong.

— Não — respondeu Cecília, firme.

— Mas mãe, é só para o caso de…

— Não — cortou. Cecília não deixou espaço para discussão. — É perigoso demais, você não sabe usar uma dessas. Assunto encerrado.

Heimer olhou para o garoto com certo olhar que demonstrava pena, mas também alívio, já que ficou com três granadas.

— Agora temos que correr. Estávamos sendo seguidos. O alien pode estar próximo.

O doutor Heimer abriu novamente a porta, o sangue gotejou da porta enquanto ela subia. O corpo partido ao meio do monstro invertebrado só desgrudou da porta quando esta se escondeu no teto.

As botas do doutor se sujaram com o sangue no chão quando ele deu a volta para passar ao lado do cadáver. Os sobreviventes ficaram observando-o por um tempo, como se o monstro fosse voltar a atacá-los a qualquer momento.

— A saída é para o outro lado. — Arthur apontou para o final do corredor.

— Não importa, é desse lado que o alien está vindo. — O doutor Heimer nem se deu ao trabalho de olhar para trás, não  deixando outra opção a não ser segui-lo.

Cecília foi a primeira, cuidando seus passos para não pisar nos órgãos expostos. Arthur a seguiu, e um a um começaram a atravessar para o outro lado.

Quando passaram em frente da sala em que estava o alien larva, Miguel olhou para dentro, observando tudo. O corpo de seu amigo jogado no chão com o corte na garganta, os cadáveres estraçalhados, sua mochila feita milhões de pedaços. Entre as coisas que estavam no chão, seus olhos se encontraram com o ursinho de pelúcia cuja orelha estava desfeita.

Ele entrou naquela sala escura, sentindo o cheiro pútrido. Seus passos eram lentos. A luz do corredor iluminava parte do local, além do túnel de teias ser fluorescente. Se agachou e agarrou a pelúcia.

O ursinho estava com sangue, e com um corte na barriga.

— Você me protegeu, irmã — sussurrou Arthur. — Eu falhei em proteger você, e falhei de novo em proteger os meus amigos.

Arthur imergiu em suas lembranças, longe dali, longe da nave, longe da morte. Ainda era garoto, tinha lá pelos seus dez anos. Ele olhava para seus sapatos enquanto sua mãe brigava com eles.

Naquele momento Arthur sentiu raiva, não havia entendido o que aquelas palavras significavam. “Você deve proteger a sua irmã, não abandoná-la” dissera Cecília. Mais cedo naquele dia Arthur e Jessy, sua pequena irmã, estavam voltando da escola, quando um cachorro se soltou de suas correntes e avançou contra os dois.

Os garotos correram, mas Arthur era mais velho e mais rápido, ele entrou na casa e fechou a porta, ignorando os gritos desesperados de sua irmã. Com medo do cachorro, ele correu. Quando sua mãe chegou e expulsou o cachorro com um cabo de vassoura.

Jessy estava sem a orelha, e no lugar um rio de sangue descia pelo seu corpo. A pobre garota, em questão de segundos, havia sido mordida no braço, na perna e na cabeça. Cecília havia ficado tão nervosa com Arthur que o colocou de castigo por tempo indeterminado.

Jessy não voltou a falar com Arthur tão cedo. Demorou semanas até ela parar de fingir que não tinha irmão.”Eu prometo que eu vou te proteger na próxima” dissera Arthur um milhão de vezes. “Eu prometo que eu vou proteger ela na próxima” mais um milhão de vezes para sua mãe.

Proteger, aquela palavra ficou guardada em sua mente por anos. Semanas depois, Jessy fez uma cirurgia, e depois da cirurgia, fez um chek-up completo, onde descobriu um tumor no cérebro.

“Eu prometo.” Arthur viu a vida de sua irmã indo embora aos poucos. “Que eu vou”. Jessy deixou de ir para a escola. “Proteger ela”. Seus cabelos caíram. “Na próxima…”. Seu coração parou de bater. Nunca houve uma próxima vez.

Arthur nunca cumpriu sua promessa. Nunca houve uma segunda chance para ele provar que a protegeria. O remorso de uma criança de 10 anos perdurou por muito tempo. Não havia forma dele protegê-la de um tumor. Poderia pular na frente de um cachorro descontrolado, mas nunca poderia tomar aquele tumor para si.

— Eu falhei em proteger todo mundo. — Suas lágrimas caíram em cima do ursinho sem orelha. O ursinho estava todo esfarrapado, cortado, sem a maior parte da pelúcia.

— Ei, vamos? — chamou sua mãe, com uma voz doce, com um pouco de pena.

Arthur fungou o nariz, limpou os olhos e jogou o ursinho pelo túnel adentro. A pelúcia desapareceu de sua vista, sendo soterrada nas teias fluorescentes. Era hora de deixar aquelas memórias de lado, ainda havia alguém a quem proteger.

Cecília o observava com um olhar meigo, como se entendesse exatamente o que Arthur estava pensando. Quando o garoto chegou até o corredor, a fila de sobreviventes já estava a vários metros de distância.

Já não se ouvia as vozes das pessoas, e no momento em que tudo mais parecia tranquilo, um último estrondo foi ouvido, mais forte que todos os outros. A porta foi explodida por um impacto tão forte que a lançou a vários metros para frente, como se fossem de brinquedo.

Os próximos segundos se passaram lentamente. Os sobreviventes olharam para trás, como se um show estivesse prestes a começar. Arthur e Cecília se viraram para compreender o tamanho do perigo que atravessou a porta.

A criatura era três vezes maior do que qualquer outra que tinham visto antes. Tinha dois braços grandes e dois braços menores. Ainda nos segundos que se corriam lentos, o monstro olhou para o cadáver do alien larva no chão, olhou novamente para os sobreviventes parados e rugiu.

Aquele rugido foi o ponto inicial do alvoroço. O tempo voltou a correr novamente. Os sobreviventes se desesperaram na passagem, se empurrando e gritando por suas vidas. Um monstro de quase quatro metros, furioso, corria por um estreito corredor, amassando as paredes enquanto avançava por suas presas.

Arthur viu o terror de frente, e por um momento, seu corpo se movia sozinho. Ele sentia o calor nas pernas e seus ossos rangerem de tão rápido que corria. Ultrapassou alguns azarados que eram mais lentos que ele.

Pelo desespero, ninguém havia prestado atenção que o largo corredor era íngreme para cima. O final do corredor levava a uma porta aberta e, passando por ela, chegaram ao teto da nave.

Todos os sobreviventes se dispersaram, espalhando-se pela grande nave. Alguns dos infelizes que eram mais lentos foram agarrados e partidos ao meio como brinquedos. Seus corpos foram jogados para o ar.

Arthur sentiu o vento gelado batendo em seu rosto, contrastando com o calor que tomava conta de seu corpo todo. Olhando rapidamente para o local, viu que haviam três grandes turbinas de cada lado da nave.

Arthur, Cecília e Heimer se puseram ao lado de uma das turbinas para se reagruparem. Heimer moveu a parte de cima de seu corpo para observar o monstro. Cecília agarrou a faca que tinha no cinto e entregou ao seu filho.

— Tome, para o caso em que você precise cortar alguma coisa. Isso era do homem militar. — Cecília, agarrou o pulso de Arthur antes de soltar a faca. — Repito, isso não é pra você atacar aquela coisa.

Porém seu olhar não dizia o mesmo. Todos estavam assustados.

— Temos que dar um jeito de matar aquela coisa — disse Heimer. — Ou fugir.

— Ele está vindo! — gritou Cecília. Os dois olharam para o monstro correndo em sua direção. A maioria dos sobreviventes eram agora carne e sangue espalhadas pelo vento.

— Para a cápsula! — gritou Arthur, com todas as suas forças. A nave tinha diversos condutos que se conectavam ao chão, presos nele haviam as cápsulas.

Estava longe demais. O monstro era muito mais rápido. O doutor Heimer se virou e começou a disparar contra a criatura freneticamente. As balas sequer pareciam acertá-lo, era como atirar contra um tanque de guerra.

A nave moveu-se bruscamente, derrubando todos no chão. Arthur caiu de boca, sentindo uma dor terrível em seus dentes. Quando olhou para cima, viu uma granada vindo em sua direção. Ele a agarrou e a guardou no bolso antes de se levantar.

Olhou para sua mãe, que parecia ter dificuldade para se colocar de pé. Ao mesmo tempo, Heimer tirou o pino e lançou o explosivo contra o monstro, voando parte de seu corpo. sangue negrou jorrou do membro decepado e um bramido forte saiu da boca da criatura. Aquilo ele tinha sentido.

O monstro, porém, foi atrás de quem estava mais perto: Cecília.

— Corre! Corre! — gritou Arthur, quase cuspindo sangue.

O alien a agarrou com a mão direita, erguendo-a ao ar. Estava prestes a parti-la no meio com a boca enquanto Cecília se debatia tentando se soltar. A imagem de Laura sendo partida ao meio voltou à sua mente, e só de imaginar o mesmo acontecendo com sua mãe seu estômago se revirou.

Arthur se moveu mais rápido do que nunca. Agarrou a sua faca e pulou no monstro deformado. Sua mão esquerda se fixou na pele gosmenta e escura, enquanto com a direita acertou consecutivas vezes nas costas do monstro.

O sangue espirrou no rosto raivoso de Arthur, até que sentiu uma pancada forte que o jogou a três metros de distância. O garoto sentiu todos os seus ossos rangerem, seus músculos vacilarem e sua cabeça quase apagar com o impacto. Arthur olhou para o seu braço esquerdo e teve certeza: estava quebrado.

Levantou a cabeça e olhou o monstro na sua frente. Sua cabeça, maior que o corpo todo de Arthur, estava vindo em sua direção com a boca aberta. Arthur sentiu o cheiro de putrefação vindo até ele. De repente, diversas balas passaram atravessando a boca do monstro, arrancando dentes e pedaços de carne a cada impacto.

Ele rugiu para a arma e acertou um golpe, lançando-a pelos ares. Ao mesmo tempo, com o outro braço, agarrou Cecília pela segunda vez. Heimer esvaziou o seu pente contra o braço do monstro, decepando o membro.

Quando suas balas acabaram, o doutor começou a fugir em direção à turbina. Arthur correu até sua mãe e a tirou da mão morta do monstro, ajudando-a se libertar. Ao mesmo tempo o doutor agarrou sua granada, tirou o pino e, antes que pudesse jogá-la, a boca do monstro cortou a metade do seu corpo fora.

Arthur e Cecília viram as pernas soltas do doutor sendo jogadas para o lado. O monstro se virou para eles e, antes que começasse a correr novamente, sua cabeça explodiu em milhares de pedaços. Seu pescoço pegou fogo, e seu corpo inerte caiu sobre a grande turbina, causando uma segunda explosão dez vezes maior do que a anterior.

O impacto foi tanto que derrubou os dois para o lado. Arthur e Cecília se levantaram, um tentando ajudar o outro, vendo quão feridos eles estavam.

— Termos que fugir daqui! — Cecília olhou para os lados, buscando mais sobreviventes. Entre todos os cadáveres, haviam apenas mais tres pessoas além dos dois. Elas se aproximaram lentamente, observando a turbina pegando fogo.

Com uma turbina a menos, a nave começou a pender para um lado, mas conseguiu se estabilizar. Antes que os sobreviventes se aproximassem mais, a porta abriu-se novamente, e com ela, todas as esperanças foram embora.

Da passagem surgiu mais e mais aliens, um maior do que o outro, dezenas, centenas deles. Correndo como se fossem uma manada de animais,  se espalhando pelo teto da nave e matando os poucos que restaram.

Arthur e Cecília se apressaram até a cápsula, entraram, apertaram todos os botões e nada aconteceu.

— Não funciona — disse Arthur. — Ela não vai descer.

Sem dar tempo para sua mãe responder, Arthur saiu da cápsula, fechou a porta e olhou para a sua mãe mais uma vez. Enfiou a faca, trancando a porta. Cecília tentou abrir, depois olhou estupefata para seu filho do outro lado do vidro, golpeando com ambas as mãos, sem entender o que ele planejava.

Ela olhou para as mãos de Arthur e viu a granada. Depois olhou para as três grandes turbinas, uma delas em chamas.

— Não! Arthur! Não! O que você pensa que tá fazendo?!

— Desta vez eu vou te proteger, mãe — disse Arthur, sereno.

 A vida tinha lhe dado uma segunda chance. Desta vez, Arthur enfrentaria o cachorro, não correria, não se trancaria do outro lado da porta e nem fugiria. Pela primeira vez desde que viu a grande nave no céu, tinha certeza do que fazer.

Tudo o que tinha era uma granada, e uns monstros da qual explodir.

Arthur correu até seus tendões se desligarem. Seu corpo ardendo como chamas. Colocou o pino da granada na boca e a cuspiu. Um dos monstros passou reto pela direita. O segundo tentou agarrá-lo, mas Arthur se jogou para o lado.

Ainda haviam centenas tentando rodeá-lo. O terceiro o mordeu de lado, fincando seus dentes nas costelas de Arthur. O garoto gritou de dor, quase apagando instantaneamente. Mas algo o fez resistir. “Eu prometo”.

A imagem de sua irmã voltou a sua mente. Suas lembranças tomavam conta dele, sua vida passava diante de seus olhos. Aquela era a confirmação de que eram seus últimos segundos de vida.

Arthur soltou a granada na turbina. O objeto explodiu ao instante. A explosão foi tão grande que fez voar pedaços de carne negra por todos os lados. Duas das turbinas que estavam do mesmo lado da nave foram comprometidas.

A nave começou a pender para o lado, e desta vez não havia nada para segurá-la. Todos os condutos de soltaram, caindo ao chão. A cápsula desceu como uma rapel até a cidade.

A nave atingiu o chão a quilômetros de distância, causando a maior explosão de todas. A terra tremeu e o impacto chegou até as cidades vizinhas. Pedaços da nave voaram em todas as direções, junto com o fogo.

A cúpula que cercava o horizonte desapareceu.

Horas depois, diversos helicópteros de todas as emissoras possíveis, equipes de resgate, empresas e curiosos apareceram para tentar entender o que havia acontecido do lado de dentro da barreira.

Uma dupla de bombeiros revirou os escombros em busca de sobreviventes. A cidade estava completamente vazia. O homem fardado havia seguido um dos condutos na avenida principal.

— Você ouviu alguma coisa? — perguntou ao seu companheiro.

O outro homem apenas apontou com o queixo para a cápsula amassada no chão. Mesmo tendo a porta de vidro transparente, não se podia ver o lado de dentro pela quantidade de poeira.

— Vou ver o que tem aí. Espero que não seja um cachorro. — Agarrou um pé de cabra e forçou a porta.

— É uma mulher. Verifica se ela tá viva.

— Acha mesmo que alguém pode sobreviver nessas condições?

O bombeiro bufou, mas obedeceu o seu parceiro. Aproximou-se do corpo e colocou a mão na frente de seu nariz, quando sentiu o ar sendo exalado exclamou.

— Ela tá viva! Chama uma ambulância, rápido! Rápido!

▸ ▸ ▸

Quando Cecília abriu os olhos percebeu que tinha uma máscara de oxigênio em seu rosto, paredes brancas ao seu redor e uma televisão ao fundo. As vozes pareciam tão distantes que achava que não estavam no mesmo quarto.

— Arthur… — sussurrou Cecília, tentando falar com a máscara.

As vozes ficaram mais claras de repente. Uma doutora correu até ela. Na televisão mostrava a notícia da nave caída. O homem de terno parecia dizer que não havia ficado sobreviventes, embora parecia incerto o que Cecília ouvia.

— Ela está viva! — exclamou a médica.

— Arthur…

— Por favor, não se esforce. Consegue me ouvir? Pode me dizer o seu nome?

Cecília olhou para a TV novamente. O homem de terno falava sobre a misteriosa explosão que ocorreu na grande nave vista no céu e sobre o mistério dela ter ido contra o chão e perdido o controle. Cecília apontou para a televisão, e o olhar da médica o seguiu.

— Foi o meu filho… Foi o Arthur… Ele me salvou. Ele salvou todos nós. Salvou o mundo.

Do outro lado da cidade. Perto da explosão e dos escombros. Um capuz estava preso no topo de uma árvore. A peça estava chamuscada, um pouco rasgada. O vento forte bateu e o gorro foi levado pelo vento.

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