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A escuridão do sono foi interrompida por uma voz que chamava Johnny, puxando-o para fora das profundezas dos sonhos.

— Ei, Johnny!

Seus olhos piscaram abertos, ainda turvos com o nevoeiro do sono. Onde ele estava mesmo? A confusão envolvia sua mente, meio perdido entre o mundo dos sonhos e a realidade.

“Quem tá me chamando? E onde diabos eu estou?”

Mas o chamado da sonolência era forte demais, uma tentação para mergulhar novamente naquele abismo de escuridão acolhedora.

“Mas isso não importa agora. Tô cansado demais… melhor fechar os olhos mais um pouco…”

— Ei, esquisitinho, tem alguma coisa muito estranha acontecendo.

A voz do Satoru, com sua peculiaridade de sempre, perfurou o nevoeiro do sono de Johnny como um raio de luz quebrando a escuridão. Uma onda de alerta correu por seu corpo, dissipando a sonolência que o envolvia.

“S-Satoru?!”

Ao despertar, Johnny encarou o rosto preocupado de seu amigo.

— Ei, Satoru, onde a gente tá? O que tá acontecendo?

— Eu também não sei. Para ser honesto, ainda não descartei a ideia de que podemos estar mortos.

— Que pessimista você, hein?

— Não é pessimismo. Se pensar bem, deveríamos estar mortos. Você foi esfaqueado, e eu fui baleado. Nossas chances eram quase nulas.

— Pela primeira vez, concordo com você, Satoru. O ferimento daquela adaga já está quase curado, como se nem precisasse de cirurg… — Johnny foi interrompido por Satoru.

— Johnny, não diga mais do que o necessário. Há uma boa chance de estarmos sendo escutados.

Os dois se encontravam em uma sala imaculadamente branca, contendo apenas uma mesa e três cadeiras. O local exalava um mistério palpável, sem nenhuma porta visível. Estavam confinados em um cubo de concreto, sem saída aparente.

— Então, será que realmente morremos? — Johnny murmurou, ajoelhando-se no chão com um semblante abatido.

Satoru reagiu com um chute no queixo de Johnny, que caiu no chão, gemendo de dor.

— Me diz aí, Johnny, esse chute doeu?

— Pergunta idiota, claro que doeu!

— Então estamos vivos. Provavelmente nos mantiveram assim para obter informações. Quanto à cura dos nossos ferimentos… não faço a mínima ideia.

Assim que Satoru terminou de falar, um homem caiu do teto. Olhares confusos se ergueram em direção ao alto, buscando uma explicação impossível: não havia nenhuma entrada visível, então como aquele homem misterioso conseguiu adentrar nesta sala?

Seu traje era impecável, composto por um terno escuro e um chapéu longo, conferia-lhe uma aura de mistério e elegância, contrastando com o ambiente claro ao redor.

Com um gesto sutil, ele ajustou o chapéu, revelando brevemente traços marcantes em seu rosto: um maxilar anguloso, olhos vermelhos e uma cicatriz discreta que adornava sua testa, testemunha silenciosa de batalhas travadas no passado. Sua presença era enigmática, envolta em um véu de mistério que deixava os presentes inquietos e curiosos sobre suas verdadeiras intenções.

Após um breve momento de silêncio, o homem finalmente quebrou a quietude com uma voz grave e autoritária, preenchendo o espaço com sua presença imponente.

— Vocês realmente nos surpreenderam. A ideia era deixá-los a sós nesta sala para que, talvez, nos revelassem suas informações durante uma conversa despretensiosa. Mas vejo que vocês são mais espertos do que imaginávamos.

Satoru então avançou em direção do homem, moldando suas mãos como garras, algo característico do estilo de luta Taijitsu Ryūjin.

Mas, para sua surpresa, o homem desapareceu no ar, como se fosse uma miragem. Satoru sentiu um arrepio na nuca e se virou rapidamente. O homem estava atrás dele.

— Acho que vocês não captaram a situação. Não estou aqui para uma briga, mas sim para obter informações. Poderia tê-los eliminado há muito tempo. Então, por favor, comportem-se e sentem-se à mesa.

— Não temos chance alguma contra ele. — Satoru segurou firmemente a mão de Johnny, interrompendo seu avanço em direção ao homem.

Johnny hesitou por um momento, sentindo uma onda de ressentimento, mas a sabedoria nas palavras de Satoru era inegável. Com um suspiro resignado, ele recuou, e os dois se dirigiram à mesa com cautela. Foi então que ocorreu: em um mero piscar de olhos, o homem enigmático já estava acomodado na cadeira, como se tivesse se materializado do nada.

Seus movimentos eram tão fluidos e rápidos que beiravam o sobrenatural, um vislumbre de velocidade que os deixou estupefatos e questionando a realidade à sua volta.

— Antes de mais nada, permita-me apresentar-me. Sou o mercenário da Phantom Cartel, o mesmo que te apunhalou pelas costas, Johnny Sky.

Johnny encarou o homem à sua frente, um misto de incredulidade e fúria se desenhou em seu rosto. O mercenário manteve um olhar firme, seus olhos vermelhos refletindo uma calma perturbadora que contrastava com a tensão do momento. Ao ouvir a revelação, ele se ergueu abruptamente.

— O-Oque?!

— Deveria me agradecer, pois se não fosse por minha intervenção, tanto você quanto seu companheiro de cabelos prateados estariam mortos agora.

— E por que nos deixou vivos? — Satoru perguntou, com sua habitual perspicácia.

— Por capricho, simplesmente. Estou curioso para ver como tudo isso vai se desenrolar. De qualquer forma, as opções que lhes restam são limitadas: ou enfrentam a morte, ou se tornam meus escravos.

“Esse cara, ele não é normal, caso eu tente atacar de novo, ele realmente vai me matar, não sei como o Satoru consegue manter essa calma toda.”

— Tudo bem, então decidimos nos tornar escravos — declarou Satoru, com uma firmeza inabalável.

— Você está de acordo, Johnny Sky? — O mercenário inclinou a cabeça, com um sorriso sutil delineando seus lábios.

Johnny se levantou, a cadeira rangeu sob seu peso. — Sim, eu concordo… — Sua voz era um sussurro, um eco de sua alma despedaçada.

De repente, um som inesperado preencheu o ambiente – o homem começou a rir. Não era uma risada comum, mas um riso incessante que parecia não ter fim. Cada gargalhada ressoava nas paredes da sala, criando uma sinfonia grotesca que enviava calafrios pela espinha de quem ouvia

Kraa-ha-ha-ha!

A risada dele era como o som de vidro se quebrando – agudo, estridente e profundamente perturbador. Era uma risada que não continha alegria, mas sim um tipo de loucura que fazia o sangue gelar nas veias. Era como se cada risada fosse uma lâmina afiada, cortando o silêncio da sala e deixando uma sensação de medo no ar.

Os olhos do homem brilhavam com um brilho maníaco enquanto ele ria, refletindo uma diversão doentia que só ele parecia entender. Seu rosto, antes calmo e impassível, agora estava contorcido em uma expressão de pura insanidade.

— E-Ei Satoru, eu acho que esse cara vai nos matar! — disse Johnny, tremendo de medo.

— Sim, eu sei, consigo sentir a intenção assassina vindo dele — respondeu Satoru, sua voz firme apesar do medo evidente em seus olhos.

Satoru então se levantou de sua cadeira, avançando em direção ao homem, numa tentativa desesperada de sobrevivência.

— Satoru, você ficou maluco! Não ataque ele! — gritou Johnny, mas era tarde demais.

O homem avançou em direção a Satoru, mordendo seu braço e arrancando um pedaço dele. Ele era como uma fera descontrolada em busca de alimento. Após abater Satoru, ele se voltou lentamente para Johnny, que estava socando as paredes numa tentativa desesperada de fuga. O homem ria incessantemente, até que, o clima angustiante foi interrompido por uma breve frase:

— Nos vemos em breve, Johnny Sky — disse o homem, sua voz fria como o gelo, antes de desaparecer na escuridão.

Capítulo 6. Fim.

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