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Capítulo 10 – Antigos medos, novos receios

Mesmo sem conseguir derramar uma lágrima, Mayck ainda sentia o peso da morte de alguém. Ele perdeu sua irmã então conseguia entender.

“Há quanto tempo está aí? Keize.”

O homem se aproximou lentamente e o garoto o notou.

“…”

“Vai ficar quieto como sempre, hein. Bom, de qualquer forma, é melhor avisar Nikkie. Vamos até ela.”

Mayck soltou a mão de Flame, se levantou e começou a descer dos escombros. Ele ia até Nikkie e esperava que Keize o acompanhasse. Quando olhou para trás, viu-o ajoelhado ao lado de Flame, oferecendo suas condolências a seu companheiro.

Então até você sente dor, né?

Após terminar seu ato respeitável, ele se levantou e o seguiu. Os dois caminharam em silêncio e chegaram até as quatro garotas, que já estavam um pouco melhores que antes.

“Conseguiu encontrá-los?” Nikkie falou vendo Keize chegar após o garoto. “E quanto a Flame?” Lembrou.

Mayck não deu uma resposta e abaixou a cabeça levemente.

Como se entendesse o recado, Nikkie exalou um pequeno suspiro.

“Entendo. Essas coisas são inevitáveis.”

“Quer dizer que Flame está…” Stella hesitava em encarar a realidade e o silêncio respondeu por todos.

“Vou avisar Zero. Ele vai mandar o time de recolhimento.”

O time de recolhimento, como o nome já diz, recolhia os corpos dos membros da organização que foram mortos em combate.

“Elas ainda não podem se mover muito bem. Vamos levá-las até em cima”, Nikkie afirmou. Mayck e Keize assentiram e ajudaram a levantar as garotas.

Elas não estavam muito feridas, mas seus corpos estavam fracos devido ao soterramento e não tinham forças para caminhar ou sair da cratera.

Isha iria se apoiar nos ombros de Mayck, mas vendo que seria um pouco ineficaz, o garoto a colocou em suas costas.

“Você vai conseguir andar assim?”

“Eu posso dar um jeito”, respondeu calmamente.

Nikkie ajudava Ruby e Keize pôs Stella em seu ombro, carregando-a como um pacote pesado.

A amargura estava estampada no rosto do time Delta. Apesar de brigarem muito, estavam juntos há vários anos. Tempo o suficiente para se formar um laço entre eles.

Caminharam em silêncio até encontrarem um bom local que pudessem subir.

“Acho que podemos ir por aqui.” Nikkie parou e pegou um outro dispositivo em sua cintura. Mayck fez o mesmo.

“Droga, fala sério. Finalmente encontrei vocês.” A voz de Ryuu chegou aos ouvidos deles. “Você conseguiram me fizeram gastar uma bela energia, apenas para achar vocês.”

“Você chegou um pouco cedo. Nós nem subimos ainda”, Mayck respondeu.

“Assim é melhor. Kanemi não apareceu. Pode ser que ele esteja morto, o que é bem feito para ele. E vai ser um problema se a GSN e a Strike Down ainda estiverem vivos.”

“Quem é GSN?” Mayck perguntou a Nikkie.

“Eles são como um grupo de mercenários. Não estão contra e nem ao lado de ninguém. Apenas fazem o que têm vontade.”

Hum… Outro grupo problemático, hein.

“Sendo assim, eu vou cuidar de vocês aqui mesmo e levar os olhos azuis para Yang. Se quiserem resistir, fiquem à vontade. Embora eu acho que vocês não podem fazer muita coisa”, ele sorriu maliciosamente.

“Keize, pode cuidar das duas?” Mayck pôs Isha no chão.

“Espera aí, o que você tá pensando?” Nikkie indagou.

“Cá entre nós. Não tem como vencermos uma luta contra ele com elas neste estado.”

“E o que você pode fazer sozinho? Você acabou de se juntar a nós”, Ruby, que estava com o braço apoiado em Nikkie, mencionou.

Keize pegou Isha e a jogou em seu outro ombro. “Ei, tome cuidado”, a garota reclamou com o movimento repentino.

“Eh? Então você vai lutar comigo? Que esplêndido. Pelo menos vou poder ver o porquê de Yang querer tanto sua ID.” Ryuu levitou uma barra de metal e desceu da placa em que estava flutuando. Com um movimento de sua mão ele disparou contra Keize, mirando na perna.

Prevendo esse movimento, Mayck puxou um pequeno cubo e o balançou, transformando-o numa espada e rebatendo a barra com força.

“Como…” Todos ficaram perplexos. Eles viam Mayck como um mero novato, mas ele provou que não era bem um.

“Eu não diria para me deixar cuidar disso se não tivesse alguma carta na manga”, o garoto afirmou.

Nikkie ouviu as palavras confiantes do garoto e balançou a cabeça.

“Então vou deixar isso em suas mãos. Tente não morrer.”

“Vou tentar. Agora, se apressem.” Mayck se pôs em posição. “Isso vai ser mais interessante do que eu pensei.”

Nikkie pegou o dispositivo e o jogou para cima com força. Ele liberou um gás que, pegando fogo, o impulsionou levando um fino fio e se prendendo em uma parte firme da superfície. Mayck repetiu o movimento e entregou o cinto para Keize e ele prendeu-o em sua cintura. O dispositivo começou a girar à uma velocidade alucinante, puxando o fio e levantando o grupo.

“Vê se volta bem, M-san”, Ruby recomendou enquanto subia no ar.

Claro, claro, o garoto respondeu em sua mente.

“Vamos começar?” Ryuu se preparou.

“A Ascension tem um time de recolhimento? Dependendo do meu humor nos próximos 5 minutos, você pode acabar precisando deles”, Mayck afirmou.

“Que ousadia a sua. Eu posso acabar matando você sem querer.” Ryuu rangeu os dentes e franziu a sobrancelha enquanto tentava manter seu sorriso.

Com Nikkie e os outros fora do caminho, Mayck não precisava se preocupar em proteger alguém. Poderia se focar só no inimigo à sua frente e tentar usar sua ID por conta própria, sem que precisasse do apoio de Alana.

Ryuu fez seu primeiro movimento. Como antes, lançou vários objetos aleatórios de metal contra o garoto, que pôde desviar facilmente de todos com a habilidade de observação.

Ele aproveitou todos os cincos segundos, mas não conseguiu se aproximar muito, por conta do mau terreno em que estava.

Se eu não tirar ele de cima dessa placa, só vou gastar energia… Droga.

Não havia nada que ele pudesse fazer além de esquivar e contra atacar os objetos que ele lançava um atrás do outro.

“Qual o problema? Será que você não pode me atacar daí de baixo? Que pena, por que eu posso te destruir de cima.”

Que miserável, Mayck rangeu os dentes com a clara verdade.

A brincadeira de ataque e esquiva durou algum tempo até Mayck pensar em alguma coisa.

Ele está a uns 4 metros do chão, então talvez funcione.

Ele correu por entre os escombros para fugir da visão de Ryuu.

“O que você está pensando? Vai tentar fugir? Não me diga que esse sempre foi o plano?” Ele ficou meio confuso com o que o garoto fez, mas não demonstrou isso. Cessou seu ataque e iniciou uma busca pelo garoto, sem sair do lugar de onde estava. Quando notou algo se mexendo, assumiu que ele estava lá.

“Parece que eu te encontrei”, falou e lançou mais um pacote de metais pontiagudos. Eles atingiram o chão e levantaram uma cortina de poeira. Ryuu manteve-se atento.

Onde ele foi parar?

Enquanto se distraía olhando para baixo, uma pedra foi atirada e o atingiu nas costas. A dor fez ele reagir e perder o equilíbrio, balançando a placa e perdendo altura.

“Não me diga que você…” Moveu seu corpo para trás apenas para ver Mayck dando um salto e segurando a placa em que ele estava.

Com o peso do garoto, a placa virou e os dois caíram em cima dos escombros, rolando até baterem na parte mais baixa.

“Desgraçado. Você não tem medo de se machucar?”

“É claro que eu odeio me machucar. Mas eu preciso parar você a qualquer custo.” Mayck se levantou e pulou pelas pedras que julgava seguras e brandiu a sua espada, desferindo um golpe vertical de cima contra Ryuu, que desviou com um bom reflexo.

Para ele não ter tempo de atacar, o garoto avançou outra vez e aplicou cortes horizontais e diagonais, mas o homem conseguiu desviar magnificamente.

Vendo que não daria em nada continuar assim, ele recuou, dando espaço para o próximo movimento de seu oponente.

“Você é rápido. Mas não tem técnica. Assim não vai poder me derrotar.”

“Um corte no pescoço resolve tudo. Não vejo a necessidade de técnicas incríveis aqui.”

“Se essa é sua resposta”, Ryuu sorriu e levantou a mão direita. Reagindo a isso, a katana preta deixou as mãos de Mayck e se posicionou contra o garoto.

“Eh? Isso vale? Roubar a arma do oponente e o deixando de mãos vazias é injusto”, o garoto reclamou, apontando o dedo indicador para ele.

“Você era o único armado até agora.” Ryuu rangeu os dentes. “Mas já que é assim, vamos ver como andamos com essa luta sem armas.”

Que problema. Eu devia ter sido mais rápido. Poderia ter usado a observação para me aproximar dele, mas sinto que vai acontecer algo ruim se ficar usando isso tão deliberadamente.

Apontando os fatos, Mayck estava cauteloso com sua própria habilidade. Ele não sabia nada sobre ela e um poder assim não poderia vir sem consequências para o usuário. Seria perfeito demais.

Ryuu retirou o garoto de seus pensamentos lançando uma chuva de diversos objetos metálicos, forçando-o a continuar correndo.

Droga. A única coisa que eu posso fazer agora, é usar aquilo. Mas eu não faço ideia de como usar corretamente. Será que só correr e gritar ‘delete’ funciona?

Ele se lembrou da técnica que usou contra o monstro no laboratório e contra Yang.

“Não fique distraído.” Ryuu movimentou a espada e a disparou, desferindo cortes em todas as posições. Acertando ou não, mesmo as costas da arma causariam dano, por estar à mercê da gravidade no momento da queda, levando em conta a habilidade dele de magnetismo e o peso da própria espada.

Mayck desviou das investidas, usando sua habilidade vez ou outra, quando estava encurralado. Depois de alguns ataques de Ryuu, ele encontrou a abertura que precisava.

Estando do lado oposto de uma pilha de escombros, ficou fora da visão do inimigo.

Agora. Pôs a mão direita na base do acúmulo de entulho e disse as palavras em voz baixa.

“Delete.” Em uma fração de segundos, uma explosão elétrica impulsionou toda aquela bagunça para cima de Ryuu, que se surpreendeu com a jogada.

“O quê?!” Ele cobriu o rosto com os braços e fechou os olhos instintivamente, já que não podia desviar.

O garoto aproveitou a oportunidade e recuperou sua espada que foi solta perto dele.

Vou usar isso e meter o pé.

Mayck correu na direção oposta. A equipe de recolhimento chegaria em breve e possivelmente Nikkie ou outra pessoa do mesmo nível estaria junto, abrindo dois caminhos.

No primeiro Ryuu desistiria do combate e recuaria; no segundo seria derrotado. Mas essa ação acabou por ser ingênua, pois Mayck não conhecia a ID de seu oponente.

Um estrondo ecoou por toda a área e os destroços foram arremessados para todos os lados.

“Você conseguiu me deixar puto.” Em meio a poeira, Ryuu se ergueu de onde tinha sido enterrado.

Tá de zoeira. O que é esse cara? Uma gota de suor desceu pelo rosto de Mayck. Sem pensar duas vezes, ele brandiu sua espada e disparou em alta velocidade para cima de Ryuu. Mantê-lo ileso por mais tempo só dificultaria as coisas, foi o que ele pensou.

Usou a observação para ganhar mais tempo. Entretanto, algo foi atirado contra ele no mesmo momento. Algo que não levaria mais de alguns milésimos para atingi-lo, obrigando-lhe a usar os segundos restantes para recuar.

Se eles decidisse atacar mesmo assim, no segundo seguinte ele seria atingido.

Um feixe de luz atravessou o ar entre os dois, limpando os escombros no caminho e atingindo o outro lado da cratera em pouquíssimo tempo.

“Essa foi por pouco. Sorte sua que eu ainda estou vivo, Ryuu.” A alguns metros de distância, um homem se equilibrava em um amontoado de destroços.

“Eu poderia me virar sozinho. Não precisava de sua ajuda”, falou balançando a mão em frente a seu rosto.

Um amigo dele é? Que cenário ruim.

“Que seja. Então? Esse é o pirralho que Yang está atrás? Você é bem sem graça.”

“Não me lembro de estar tentando te agradar”, Mayck respondeu o insulto sem perder a calma. Se ele se irritasse, não conseguiria pensar em uma forma de se livrar dos dois. Uma batalha que não poderia ser estendida de jeito nenhum.

Com o decorrer do tempo ele ficaria em mais desvantagem.

“Ei, não me deixem de lado.” Uma outra voz chegou aos ouvidos de Mayck, porém mais infantil.

“Shiro. Conseguiu sobreviver?” Ryuu perguntou ao garoto que tinha acabado de chegar.

“Eu dei meu jeito. Tinha uns 15 soldados, aí eu tive uma chance.”

Chance? Peraí, é sério? Mayck já tinha tido uma ideia do que ele fez.

“Hum? Ei, ele tem uma máscara igual à daqueles cinco. Quer dizer que é um inimigo também?”

“De certa forma. Mas nós temos que levá-lo vivo.”

Mayck se afastou e observou a conversa dos três, enquanto pensava em uma forma de sair de lá.

Correr não é uma boa opção. Eu não faço ideia de como vazar daqui. Fala sério…

“Bom, vamos fazer isso logo”, Kanemi falou e estalou os dedos. A próxima batalha estava prestes a ser iniciada. Uma batalha de três contra um era bem injusta, mas, por algum motivo, Mayck não se sentia em desvantagem.

Era como se ele tivesse certeza de que não perderia de forma alguma. Seus olhos refletiram essa determinação e mudaram, não parecendo, portanto, olhos humanos.

O brilho azul era a única coisa que se via no rosto do garoto.

“Ma-mas que merda é essa?” Shiro recuou.

“Oh-ho, esses são os olhos azuis que Yang falava? Impressionante.” Ryuu deu um sorriso.

“Pra mostrar uma coisa dessa, você tem que dar ao menos pro gasto, seu bostinha.” Kanemi moveu sua mão e uma esfera amarela tomou forma e foi disparado como um laser contra o garoto.

Mayck desviou e investiu contra Shiro como um raio e acertou um chute em seu abdômen, o arremessando contra uma pilha de destroços.

Eles se surpreenderam com a velocidade, mas ainda continuaram a atacar.

Ryuu juntou as mãos e, com as palmas, mandou uma onda sonora que destruiu tudo em seu caminho. Entretanto, Mayck também esquivou. Como antes, com a mesma velocidade, correu até Ryuu e o acertou com um soco, também mirando sua barriga, o tirando do caminho.

“Você é forte mesmo. Mas é só isso o que pode fazer?” Kanemi estendeu a mão e Mayck sentiu uma forte pressão que o fez cair sobre um de seus joelhos.

O quê? Isso é gravidade?

“Surpreso? Apesar de ser a mais fraca das quatro forças fundamentais, a gravidade ainda é mais forte que qualquer ser vivo.”

“Agradeço pela aula… mas não é legal ficar assim.”

“Aguente mais um pouco e não seja esmagado!” Kanemi exclamou e aumentou a força de seu ataque, pondo Mayck completamente no chão.

Merda… Eu não esperava por isso!

O garoto não poderia se levantar, não importa quanta força de vontade tivesse, não era possível vencer uma força natural. Tudo parecia perdido. Ele não conseguia pensar em nenhum método que o tirasse dessa enrascada.

“Nós ainda estamos aqui, não se esqueça!” Uma feito de gelo saiu do chão e obrigou Kanemi a parar seu ataque e se esquivar, mas logo veio uma rajada de fogo o atingindo e o lançando para longe.

“Você tá legal?” Um garoto se aproximou de Mayck, que estava se levantando.

“Eu tô de boa. Valeu.”

Nove pessoas se posicionaram próximas a ele.

“Você é da Black Room? Onde estão seus companheiros?” Hana perguntou após ver a máscara que era como uma marca registrada da organização.

“Ocorreram alguns problemas e eles tiveram que ir na frente. E vocês?”

“Parece que estamos todos bem. Certo?”

Mayck os observava, mas não sabia diferenciar os membros da GSN dos membros da Strike Down, então teve que mudar de estratégia.

“Que raro vê-los juntos. Se aliaram ou algo assim?”

“É apenas uma aliança temporária. A Ascension é um inimigo em comum, então não tem problemas nisso”, Ryuunosuke respondeu.

“Eu imagino que a missão de todos acabou falhando. Que problema. Vamos receber uma bronca dos superiores”, Haruki se pronunciou, exalando um suspiro.

Enquanto a conversa avançava, Kanemi e Ryuu surgiram em meio à escuridão.

“Parece que agora a desvantagem é nossa”, Ryuu observou.

“Seria incrível dar uma surra em todos vocês de uma vez, mas não temos mais tempo”, Kanemi falou e olhou para cima.

Todos se mantiveram atentos e, aos poucos, um ruído de helicóptero foi ouvido, assim como luzes piscando em azul e vermelho no topo da cratera, embora estivessem bem fracas.

“A polícia já está aí. Se nós virem vai causar um problema e Yang não quer isso. Por ora, vamos nos retirar. Vamos Shiro”, Ryuu afirmou.

“Claro. Já estou indo.” A voz do garoto estava com um tom exasperado e quando ele se aproximou olhou para Mayck e rangeu os dentes. “Outra hora você me paga por isso, tenha certeza.”

“…” Ele não respondeu apenas balançou a mão com indiferença.

Os três desapareceram como uma névoa e a voz irritada de Shiro ficou para trás por alguns segundos. Ao ver eles sumirem, Yui e Rikki gritaram, querendo impedir a saída deles.

“Esperem seus covardes.”

“Vão fugir igual crianças?”Seus gritos foram em vão.

“Bom, é melhor irmos também.” Ryuunosuke se virou para seu grupo.

“Sim”, Airi respondeu. Ryuunosuke pegou um tipo de controle e apertou um botão e dentro de poucos minutos, um helicóptero chegou e soltou um cabo para eles subirem.

“Organizações com dinheiro são incríveis”, Yuno disse olhando o grupo inimigo deixar o local.

“Não há o que fazer. Vamos nos retirar.”

Mayck havia observado tudo em silêncio, mas já era hora de ir. Pegou outro dispositivo em sua cintura e correu em direção a parede da cratera. Quando se aproximou dela, arremessou o dispositivo para cima e o fio começou a puxá-lo.

No entanto, sentiu um peso em suas pernas, no momento em que estava apenas a dois metros de altura.

“Mas que droga. O que vocês querem?”Olhou para baixo e viu os quatro membros da GSN pendurados em suas pernas.

“Foi mal. Nós não tínhamos como subir”, Haruki falou piscando o olho esquerdo e sorrindo.

“Nossos equipamentos quebraram no meio da batalha”, Kaito completou.

Vendo os sorrisos na cara deles, Mayck exalou um suspiro e esperou chegarem no topo, onde eles se despediram sem mais nem menos. No final do dia, eles eram inimigos. Essa cooperação foi temporária, não haveria outra.

Mayck seguiu o caminho de sua casa e o time de recolhimento foi até o local, em busca do corpo de Flame.

|×××|

Nikkie voltou para a base acompanhada do time Delta, que recebeu tratamento médico após chegar no local. Como eram necessárias as formalidades, ela foi até Zero entregar seu relatório da missão.

“Entendo. Então Flame se foi…” Zero suspirou e abaixou sua cabeça. À primeira vista, ele parecia não se importar. Mas a verdade era que ele se sentiu triste, contudo não poderia mostrar seu espírito abalado na frente de seus subordinados.

Ele retirou Flame das ruas e cuidou dele da mesma forma que cuidava de todos os outros portadores que foram mobilizados para a organização. Flame não era muito especial nem nada do tipo, mas ainda era alguém importante para Zero, assim como todos os outros membros da Black Room.

“O time de recolhimento voltará em breve. Quando retornarem, junte todas as outras equipes.”

“Certo. Mas…” Algo perturbava Nikkie. “O que era o tal controle espacial?”

“Não faço ideia. Mas não tenho um bom pressentimento. Está claro que era uma armadilha feita por Yang, mas se era um objeto tão importante para estar tão bem guardado, ele não o sacrificaria à toa.”

“Mas existe a possibilidade de o grande número de guardas ser apenas para nos enganar, não é?”

“Precisamente. Não podemos descartar isso. No entanto, esse é o ponto menos importante da história. O maior problema está no que Yang planeja. No pior dos casos, teremos que nos aliar com a Strike Down ou GSN. Se for ambas, melhor.”

“Mas qual seria o pior cenário? Não descobrimos nada dos planos da Ascension desde que Yang assumiu o controle das operações.”

“Eles começaram a sequestrar pessoas ao redor do mundo. Não é muito difícil teorizar alguma coisa, certo?”

“Um exército de Ninkais… Mas é estranho. De acordo com as informações dos agentes infiltrados todos foram considerados falhas. Então porquê…?”

“É isso o que não entendo. Não sabemos sobre nada relacionado a Yang. Nada além das informações que temos desde que ele ganhou poder na Ascension.” Zero levantou de sua cadeira.

Qual seria o verdadeiro objetivo de Yang? O que ele realmente queria? Essas questões perduraram na cabeça dos dois no comando da Black Room. O controle espacial. Como quer que dissessem o nome, ainda trazia uma ideia um tanto problemática.

Um mau presságio agitava o coração de todos os envolvidos e trazia uma sensação amarga em suas bocas.

Depois do trio retornar, Yang estava à espera deles em uma sala fechada, no topo de um prédio.

“Yang-san, nós não conseguimos trazer o garoto”, Ryuu disse abaixando a cabeça.

“Não se preocupe com isso. Teremos outras oportunidades. E vocês fizeram um belo show, não é?”

“Eh.. bem. Nós acabamos destruindo o Controle… mas eu juro, foi culpa daqueles idiotas da Black Room.” Shiro se defendeu.

“Eu sei. Mas isso também não importa, afinal, eles acabaram de aumentar o problema que estavam tentando resolver”, Yang falava enquanto levava uma taça de vinho até seus lábios.

“Huh? Como assim?” Kanemi ficou confuso.

“Ué? Não dá pra entender? Kanemi. O Controle Espacial era um objeto que eu criei por um simples motivo. Apesar de odiar admitir, eu falhei em encontrar uma forma de controlar a ID adormecida nos Ninkais, mas, como a boa pessoa que sou, fiz um dispositivo especial que atuava como uma barreira.”

“Uma… barreira? Não me diga que…” Ryuu chegou na mesma página que Yang.

“O quê, o quê? O que tem isso?” Aparentemente era difícil para o pequeno Shiro.

“Como você pode ser tão burro moleque? Não é óbvio?” Kanemi elevou a voz para o garoto, mas ainda não foi o suficiente para a cabeça dele funcionar.

“Em toda a área de Tóquio. Eu tive a boa intenção de manter os Ninkais presos aqui, mas eles destruíram a fonte da barreira, agora vão ter que brincar com os monstrinhos por todo o Japão, não, por todo o mundo. Hahahaha.” Yang pôs sua taça em cima da mesa e soltou uma gargalhada maliciosa.

“Ah! Então os Ninkais vão atacar em todos os cantos agora?” Shiro bateu as mãos quando finalmente entendeu.

“Exatamente, pequeno Shiro. Por enquanto, vamos nos sentar na plateia e observar o palco que preparamos. Vamos ver o que os atores vão nos apresentar”, Yang falou, se dirigindo até a grande janela de vidro e observando as luzes da cidade. “Agora… o que vai me mostrar? Mayck Mizuki-kun”, ele desafiou o garoto a subir nesse palco preparado por ele.

O garoto, mesmo sem ter conhecimento de seus planos, já tinha seu próprio objetivo para realizar. Mesmo que quisesse viver uma vida tranquila para sempre, Mayck também sabia que era impossível.

O vento sempre traria alguma coisa, seja ela boa ou má.

Depois que chegou em sua casa, foi direto para seu quarto. Caiu na cama exausto e a máscara que possuía se soltou de seu rosto e se chocou no chão, mas ele não se importou.

Observando a máscara balançar lentamente, ele relembrava tudo o que ocorreu em um período de dois dias.

Tsubaki, Chika e Akari. Quem imaginaria que elas estavam metidas nisso… Tsubaki já sabia sobre mim, Chika provavelmente descobriu hoje e quanto à Akari, imagino que ela não saiba. De qualquer forma, eu vou fingir não saber de nada. Vai ser mais fácil assim. Não seria fácil, mas não havia outra opção a não ser agir como se não soubesse de nada. Uma vez que entre nesse mundo não é mais possível sair. Parece que uma vida tranquila agora é um sonho distante.

“Aaah… Não adianta ficar arrependido agora. Mais importante, eu tenho que descobrir qual o próximo passo de Yang. Se ele planeja alguma coisa contra Haruna ou Suzune, eu tenho que saber o que é, e dar o primeiro passo.”

Mayck se sentou na cama e retirou o manto que estava usando.

“Onde eu vou guardar isso? Eu gostaria de levar ele comigo o tempo todo, mas manter isso na mochila não vai ser muito conveniente.”

Dobrou a vestimenta, colocando-a sobre a cama.

“De qualquer forma, eu preciso saber mais sobre a minha ID, ou qualquer outra habilidade. Eu consegui usar ela hoje, mas não sei se posso fazer isso uma outra vez.”

As lembranças de mais cedo vieram a sua mente.

De fato, ele se lembrava da sensação, mas não fazia ideia do que era o sentimento que tinha no momento. Ele se levantou, indo até o banheiro e ficou encarando o espelho por alguns segundos.

“Se eu me concentrar um pouco, será que eu consigo?” Mayck se afastou um pouco e fechou os olhos. Respirou fundo e se concentrou.

Tente imaginar. Lembre-se do que sentiu, lembre-se do porquê e também como. Talvez assim…

Mayck sentiu sua cabeça doer e rangeu os dentes. Parecia que ia dar resultados, mas foi interrompido pela campainha que tocou duas vezes.

“Quem será a essa hora?” Mayck ficou cauteloso pelo fato de que, se fosse Takashi, ele apenas entraria, sem precisar tocar na campainha.

Ele andou até a porta e olhou pelo olho mágico, onde viu uma sirene de polícia piscando.

“Masato-san? O que ele quer?”

Abriu a porta para falar com a visita. Não era estranho que um amigo da família os visitasse, mas naquele horário… e sem contar que ele estava em horário de trabalho ou deveria estar.

A explosão causada pelo Controle Espacial foi vista na cidade inteira, obviamente a polícia seria mobilizada para lá.

“Oh, Mayck. Você está em casa, que bom”, o homem disse aliviado.

“Claro. Mas… aconteceu alguma coisa?”

“Além da grande explosão? Nada muito problemático. Porém teve algo que deixou todos os policiais atentos.”

“Todos? O que aconteceu?”

“Depois que checamos o local do incidente, acabamos vendo um grupo de pessoas no meio da cratera. Era claramente suspeito, então decidimos fazer uma patrulha pela cidade.”

“É possível que vocês tenham pensado que eu estava lá?” Mayck cruzou os braços e deu um pequeno sorriso.

“Hahaha. Não é isso. Apenas pensei em passar aqui, já que estava perto.”

“Entendi. Nesse caso, você também deveria verificar como Hana está, não é? Tsukiko-san está fora à trabalho e ela está sozinha em casa… Pode ser perigoso se essas pessoas que vocês viram estiverem por aí.”

“Você tem razão. Mas não precisa se preocupar. Hana esteve em casa esse tempo todo e eu liguei agora pouco para confirmar.”

“Isso é bom então. A propósito, meu pai estava com você?”

“A ronda dele é próxima a escola, por isso ele vai demorar um tempo para voltar.”

“Hmm…”

“Bom, é só isso o que eu queria saber. Tome cuidado e não saia muito tarde.”

“Tudo bem. Obrigado por se preocupar.”

Masato acenou com a mão brevemente e entrou no carro, indo embora em seguida.

Mayck não pensou muito e voltou para seu quarto. O dia foi cheio de informações e bastante estressante para ele. Tanto que só queria dormir logo.

Depois que adormeceu, uma voz ecoou em sua mente.

Você ainda não vai voltar? Se demorar muito, ele vai vencer outra vez.

Mayck se encontrava em meio a um breu. Não havia nada que ele pudesse enxergar, nem mesmo as palmas de suas mãos.

“Você é… Alana, certo? O que você quer?”

Eu quero te proteger e quero você ao meu lado.

“Pode ser grosseiro da minha parte, mas… você já está…”

A voz não respondeu. O silêncio se instalou no ambiente e uma pequena esfera começou a irradiar um brilho, aumentando, gradualmente, seu tamanho.

Você vê? Esse é quem você é.

A esfera branca começou a transmitir uma imagem, como se fosse uma televisão.

Na imagem, algumas pessoas estavam caídas e, em seus rostos, refletiam um medo imensurável, enquanto sangue escorria por seus olhos.

Como em primeira pessoa, uma mão foi estendida e um círculo se formou a frente dela, formando uma esfera no meio e a dispersando como um raio, arrastando todas as pessoas.

Mayck parou de se mover. Seus olhos arregalaram-se involuntariamente e ele acabou dando um passo para trás.

“O que é isso?” Ele perguntou a si mesmo. “Por que isso parece uma lembrança minha?!”

Entende agora? Você não pode fugir. É hora de voltar, meu querido irmãozinho.

Quando acordou, já era de manhã. A luz do sol atravessava a janela e batia no rosto do garoto, que acordou assustado.

“O que tá acontecendo?” Ele sentia que havia algo de que precisava se lembrar, mas não conseguia. Levou as mãos trêmulas para o rosto e olhou para o relógio. Eram 8:45.

Parece que eu perdi o horário do colégio… Bem, tanto faz.

Mayck se deitou novamente e encarou o teto.

Pensando bem, eu deixei minha bolsa e meu celular… Que droga.

Ele soltou um suspiro grande, de um jeito que ele nunca tinha feito antes. Um suspiro que levou embora todas as esperanças que ele tinha e as dispersou no ar.

“O que eu vou fazer daqui pra frente? Não posso mais fechar os olhos e jogar tudo pro alto.”

O pesar da realidade mais uma vez voltava para o atormentar. Já tinha experimentado esse peso uma vez, mas ainda teria que experimentar outros e mais outros desses.

Nariyuki, Nagi… vocês nem tinham nada a ver, mas por minha culpa suas famílias estão sofrendo agora.

Mayck abriu os olhos e a melancolia que sentia a alguns segundos se transformou em uma forte determinação.

“Já me decidi. Vou dar um jeito nisso por conta própria. Com certeza”

Ele se levantou e se arrumou, indo até a sala.

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