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Capítulo 51 – Paisagem incógnita

Depois de responder o pedido de socorro de Jade, Mayck continuou caminhando em busca do seu objetivo.

Foi uma quebra nos planos dele ter que contar a verdade à Hana, mas era melhor do que manter segredo dela por muito mais tempo — a relação deles iria se deteriorar e seria um vacilo enorme deixá-la continuar acreditando que ele não estava envolvido com aquele mundo.

Não tinha outra escolha. Assim é melhor do que ela descobrir por conta própria.

Ele havia ignorado as mensagens da garota de propósito, mas entraria em contato com ela depois.

Vou fazer isso, mas só depois que eu cuidar dessa pessoa.

Mayck encarou o indivíduo em sua frente.

Sinceramente, ele não esperava encontrar alguém tão cedo e sentiu uma energia estranha e sombria vindo do encapuzado, que não parecia ter vontade alguma de falar.

Sua estatura, no entanto, não passava a impressão de ser alguém intimidador, aquela figura era bem mais baixa que ele e não parecia trazer perigo algum. Mayck não estava com medo, estava confuso.

“O que houve? Não vai dizer do que precisa?”

Mayck tentou conversar, mas foi ignorado. Talvez aquele indivíduo fosse mudo ou surdo, ele pensou, mas esse não parecia ser o caso. O garoto só queria sair dali o mais rápido possível, já que o calor e o ambiente abafado estavam lhe deixando com problemas para respirar.

Sem mais nem menos, a figura deu as costas e correu mata a dentro, sumindo entre a vegetação.

“Ei, espera…”

Mayck estendeu a mão tentando pará-lo, mas hesitou.

Será que eu devo ir atrás…? Isso pode ser uma pista, mas… eu tenho um mal pressentimento.

Lentamente, Mayck seguiu atrás da figura, mas ela já não estava mais no alcance de sua visão, obrigando-o a seguir seus instintos. Por sorte, chegaria a algum lugar.

Mas, depois de meia hora caminhando, Mayck percebeu que já nem lembrava mais o caminho de volta e o dia já estava chegando ao fim, logo iria escurecer.

“Estão aí, pessoal?”

A voz de Lily saiu por algum lugar do DA de Mayck, que estava em sua cabeça. A ligação repentina assustou o garoto, que estava envolto pelo silêncio da natureza até aquele momento.

“Estamos aqui.” Ruby respondeu.

Mayck retirou sua máscara e pôs os óculos em frente aos seus olhos. Diferente de antes, ele não parecia mais um óculos comum, mas, sim, um mini computador de hologramas.

Ele pôde ver vários parâmetros como os seus batimentos cardíacos, temperatura corporal, data e hora e várias outras coisas.

Havia também, naquele momento, um ícone de chamada conectada. Apesar de toda aquela poluição visual, ainda era possível enxergar perfeitamente pelos óculos.

“Eu pensei que, a essa altura, poderíamos trocar informações sobre o que encontramos.”

A afirmação deixou a boca de Mayck amarga por não ter o que relatar além do que viu há alguns minutos.

Ethan afirmou com certeza que estava dando um jeito, diferente de Isha e Stella, que não tiveram nenhum progresso.

Ruby e Lily, no entanto, contaram sobre os arquivos da polícia e sobre a instalação subterrânea.

“Bom, eu não consigo pensar em nenhuma ligação entre eles”, Lily afirmou com uma certa decepção na voz.

“Não se preocupe. Eu também não consigo pensar em nada. E você, M-san, encontrou algo?”

“Na verdade, eu só encontrei uma pessoa estranha, mas ela saiu correndo e eu não consegui segui-la, desculpa…”

“Não, não se preocupe. Mas, você está em Aokigahara, não é?”

“Sim…”

“É bem estranho que alguém esteja aí, principalmente depois de tudo o que rolou. Como essa pessoa era?”

“Hmm… eu não consegui ver o rosto, já que ela estava usando um manto preto que cobria todo o corpo. Mas ela era bem pequena.”

“Pequena…?” Isha ponderou por um momento. “Será que não era uma criança?”

“Você também acha?”

“É bem possível que seja.”

Todos concordaram com Isha.

Mayck também sabia que a possibilidade era extremamente alta, considerando que estavam lidando com institutos que capturavam crianças. Não deveria ser estranho ver uma delas fugindo.

“Se você procurar, acha que consegue encontrá-la?”

“Eu não posso garantir, mas também não acho que é impossível. O problema é ter que procurar no escuro… esse DA tem lanterna?”

Não que ele precisasse, já que sua visão dava conta do recado, mas era bom não tocar nesse assunto, foi o que ele pensou.

“Tem sim… Espera, você planeja procurar no escuro?” Ruby se deu conta do que Mayck estava pensando.

“Bom, não custa tentar, mas, mesmo que eu não vá procurar, eu ainda vou precisar da lanterna, já que entrei bem fundo na floresta…”

Mayck iria precisar da lanterna, na cabeça deles, para que pudesse se locomover pelo caminho de volta, pois não conseguiria sair de lá antes que a noite caísse.

“Tudo bem, mas não faça nada que possa comprometer a missão.”

“Claro.”

“E quanto a vocês, Kai e Mia, conseguiram algo?”

“Nós encontramos algo, ou melhor, alguém”, Mia afirmou e fez o relatório de como encontrou o garoto chamado Leer e como ele contou sobre sua fuga da instalação de um dos institutos.

“Um garoto, é? Ele mostrou as habilidades dele pra vocês?”

“Não. Ele parecia ter medo. Quando perguntamos, ele desviou o assunto.”

“Entendi. Certo, que tal encerrarmos por hoje? Vamos nos reunir e discutir tudo mais detalhadamente quando estivermos juntos. Tudo bem pra você, Ruby?”

“Sim. Sem problemas. Também tem algo que nós só podemos falar pessoalmente. Se cuidem todos.”

“Okay, nos vemos depois então. Nos encontre na sala de Zero, tá bom, M-san?”

Lily decidiu marcar a presença de Mayck, mas ele não respondeu.

Ele estava movendo seus olhos para os arredores em busca de algo que acabou vendo repentinamente.

“M-san?”

“Foi mal. Espere só um momento.”

Perguntando se não tinha sido uma alucinação ou algum animal, Mayck manteve-se atento a todas as possibilidades.

O farfalhar das árvores, a luz do sol lentamente indo embora e uma brisa de verão.

Será que estou imaginando coisas?

“M-san?” Ruby o chamou.

Os outros, que estavam prestes a encerrar a comunicação, ficaram em silêncio por causa do comportamento do garoto.

Mayck encontrou algo e estreitou os olhos, — por conta dos óculos, ele não conseguia ver tão longe — forçando sua visão para identificar aquela figura estranha escondida atrás de uma árvore. Quando notou que foi vista, a figura fugiu dentre as árvores.

“Encontrei alguma coisa. Entro em contato depois.” Sem perder tempo, Mayck correu pela mesma direção da figura de preto.

“Espera, M-san, não vá…” Lily queria impedi-lo, mas mudou de ideia no último segundo antes da conexão ser encerrada. “Só tome cuidado, okay?”

“Entendi.” Ele tirou o equipamento de seu rosto e pôs a máscara novamente.

A figura ainda estava em seu campo de visão, e ele a seguia sem se distrair, garantindo que não a perderia de vista.

Aquela pessoa era rápida, mas ganhar uma corrida contra ela não seria difícil. No entanto, a intenção de Mayck não era competir, mas ver até onde ela iria.

Se ela tiver ligação com algum instituto, então pode ser que ela fuja para lá.

Eles correram por um bom tempo, mas não havia sinais de que chegariam a algum lugar. Aquela pessoa, apesar de pequena, tinha bastante fôlego para manter o mesmo ritmo sem parar.

Se eu acelerar mais, eu consigo pegar ela, mas, se continuar assim, eu vou me cansar logo.

Mayck tinha ciência de sua resistência limitada. O dia já tinha ido praticamente embora, então se ele quisesse capturar o seu alvo, teria que ir mais rápido e gastar o resto de seu próprio fôlego e parte de sua energia para manter sua visão noturna ativa por um tempo.

Além do mais, ter que desviar de plantas, pedras e árvores estava sendo bastante cansativo, mas aquela pessoa fazia isso com uma facilidade incrível.

Como ela consegue ser tão ágil?

No horizonte, não tão longe de Mayck, uma pequena fonte de luz chamou sua atenção, mas ele não parou de correr.

Seguiu a figura por aquela luz e, logo, se viu em uma clareira com um pequeno riacho de pedras cruzando o caminho.

A pessoa estava de pé sobre o riacho que corria majestosamente sem se abalar, fazendo ecoar o som de suas águas límpidas e um brilho verde viajava junto com a correnteza, iluminando os arredores como se a água fosse luminosa.

Mayck parou de correr, respirando devagar para recuperar o fôlego perdido.

Ela parou… Ela está de pé na água?! Paralisado, o garoto não conseguia nem respirar.

Ele levantou seus olhos, atraído por uma forte luz, que não parecia vir da lua, e os arregalou quando percebeu que o fato daquela pessoa estar de pé sobre a água luminosa não era a única coisa estranha ali, ou melhor, irreal.

Uma enorme esfera que lembrava um planeta, envolto por uma poeira brilhante que exibia suas tonalidades azuis e vermelhas, trazendo um aspecto incomum para o céu que Mayck costumava ver.

O que é…

Aquela visão deixou o garoto incapaz de tomar uma frase, quase como se ele tivesse desaprendido a falar. Só lhe restava admirar aquela visão de outro mundo.

O enorme objeto massivo arredondado parecia que estava prestes a bater na Terra, mas sua estabilidade no espaço era visível e trazia a estranha sensação de conforto e segurança.

Essa visão incrível, no entanto, se desfez em um piscar de olhos, quando, com um salto, a pessoa que Mayck perseguiu com tanto afinco, se transformou em um gato e correu para dentro da floresta.

Ele continuou sem reação, não sabia se dizia para a figura esperar ou se ia atrás dela. No fim, ele apenas se prendeu em seus pensamentos até ser interrompido por uma voz exasperada e a luz de uma lanterna.

“Ei, você, o que está fazendo aqui?” O homem ranzinza se aproximou dele. Sua roupa sugeria que ele era um dos responsáveis pelo patrulhamento da floresta.

Ele não viu isso…?

Se viu, estava apenas disfarçando.

“Ah, bem… eu estava passeando e acabei me perdendo…”

Mayck deu essa desculpa rapidamente, mesmo que ela não fosse funcionar.

“E isso é hora de passear em uma floresta? Quanto anos você tem, moleque? E por que está usando essa máscara esquisita?”

“Eu tenho 15… e a máscara é só parte do visual.”

“Idiota. Se ficar com isso por aí, vão pensar que você é o culpado pelo que está acontecendo esses dias. Venha, vou te levar até a saída da floresta e vamos chamar os seus pais.” O homem deu as costas, esperando que Mayck o seguisse e o garoto assim fez.

De certa forma, ele tinha razão. Qualquer pessoa que andasse pela cena do crime de forma estranha atrairia suspeitas para si.

Mas foi a palavra “pais” que mais chamou sua atenção. Ela o fez lembrar de que tinha um assunto urgente para resolver, então, enquanto o velho senhor se concentrava no caminho, Mayck se afastou lentamente e adentrou a floresta.

Estando longe de riscos, ele pegou seu celular e abriu o aplicativo de conversas. Já havia mensagens de Jade, cerca de vinte, e algumas de Hana.

Caramba… ela parece desesperada.

Como parecia mais urgente, Mayck abriu a conversa de Jade e leu as mensagens com cuidado. Ela afirmou que estava na casa de uma garota chamada Haruna e estava ajudando com alguns preparativos.

Além disso, ela contou que havia um grande número de pessoas e mencionou alguns nomes como Keiko, Suzune e Midori.

Então a família está toda reunida? O pensamento deixou um vazio no peito do garoto ao mencionar a palavra família. Parece que Keiko levou as amigas dela também… Certo.

Confiante, Mayck percebeu que era hora de pôr seu plano em ação. Digitou algumas palavras e enviou sem enrolar muito. A mensagem foi visualizada imediatamente e respondida com um “okay”.

A partir dali, era só esperar os resultados, que viriam no dia seguinte.

“Máscara branca? Você é da Black Room?”

A voz repentina que veio das costas do garoto o alarmaram e ele saltou para trás, tomando distância de quem quer que fosse aquela pessoa.

“Quem tá aí?” Ele deixou certa hostilidade na voz, deixando claro que não seria amigável com um inimigo.

“Tenha calma, relaxe. Não precisamos brigar. Pelo menos, não agora.”

“Não agora… se você diz isso, então quer dizer que somos inimigos mesmo.” Mayck suspirou e desfez sua posição defensiva. “Então, do que precisa?”

“Nada demais. Só vi você aqui e pensei que, como inimigo, deveria vir dizer um “oi”.”

“Hm… não faz muito sentido pra mim, mas se você não está aqui para lutar, então eu estou saindo. Tenho algumas coisas pra fazer.”

“Algumas coisas… Está indo investigar o IAH?”

Mayck franziu a testa. Ele não sabia do que se tratava, então ficou com dúvida sobre o que responder, mas decidiu ir com a mínima chance de que aquele homem fazia parte de algum instituto.

“Isso não é da sua conta. Não se meta.”

“Hehe… acertei, é? Nesse caso, esqueça o que eu falei.”

Com um sorriso em seu rosto, iluminado pela luz da lua que passava pelas árvores, o homem pôs a mão esquerda por dentro de sua jaqueta e retirou uma arma.

“Que mudança rápida de decisão. Quer dizer que você sabe alguma coisa…”

Mayck se posicionou novamente e pôs a mão atrás das costas, segurando o cabo de sua espada, pronto para tirá-la da bainha.

“Hehe… Que bom que você está preparado. Inclusive, meu nome é Ryota. E você é?”

“Eu sou M, por enquanto.”

“Por enquanto…? Nah, beleza, M, é melhor você não pedir por perdão depois.”

Uma ventania passou por eles, agitando as folhas das árvores.

Com uma grande eficiência e agilidade, Ryota tirou outra pistola de sua jaqueta e, sem pensar duas vezes, as arremessou com força na direção de Mayck e correu a uma velocidade incrível, dando a impressão de que ele simplesmente sumiu.

Que rápido! Mayck notou a corrida, mas foi surpreendido pela velocidade.

Assim que se aproximou do garoto, Ryota pegou as armas em pleno ar e disparou contra ele à queima roupa. Mayck, no entanto, conseguiu desviar, mas com um pouco de dificuldade.

As balas de ar passaram raspando em sua máscara e atingiram as árvores atrás dele, abrindo buracos profundos nelas e as atravessando.

Caralho!

“Oh, nada mal. Seria bem decepcionante se você morresse tão fácil.”

Por cautela, Mayck tomou distância novamente, mas sentiu algo estranho com seu corpo. Ele conseguiu ver o momento em que os tiros saíram pelos canos das armas, mas sua reação foi muito lenta, comparado a como era normalmente, e isso quase custou sua vida.

O que é que está acontecendo? Esses tiros não foram mais rápidos do que os daquela sniper, então por que isso aconteceu? O garoto abriu e fechou a mão com aquela sensação de estranheza. Meu corpo está pesado…

“Não fique se distraindo!”

Ryota não queria dar descanso a Mayck, então começou a disparar contra ele novamente. As balas passaram pelo garoto e atingiram as árvores no caminho sem piedade.

Mayck correu por entre as árvores, para não ser pego pelos tiros.

Os seus pensamentos não estavam completamente alinhados com a situação e isso estava causando grandes problemas para ele. Um único momento de distração custou um tiro em cheio em seu braço esquerdo, mas não o perfurou por conta do sobretudo que estava usando. A dor, no entanto, foi quase insuportável.

O meu corpo não me obedece direito… Por que isso?

Mayck segurou seu braço para amenizar a dor. Ele percebeu que se seu corpo não reagia aos comandos do seu cérebro, portanto, deixar aquela luta se estender seria um problema. Ele teria que se adaptar à sua situação e acabar com aquilo logo.

Ele respirou fundo, acalmando sua mente e retirou sua espada da bainha.

“Vai subir um nível agora? Muito bem, vamos lá.”

Ryota apontou as armas e começou a disparar na direção de Mayck. Sua mira era precisa e as balas de ar não perdiam potência até atingir o que quer que estivesse no caminho.

Mayck, no entanto, estava conseguindo se esquivar delas e logo começou a bloqueá-las — embora sua dificuldade fosse visível — o que pareceu irreal para Ryota.

“Mas do que é feita essa espada, hein? Minhas balas de ar atravessam até o aço.”

“Eu sei lá, só sei que não é feita de aço.”

“Tsk.” Ryota estalou a língua, frustrado, e continuou a disparar, mas com o desespero tomando seu coração, já que Mayck diminuía a distância entre eles cada vez mais.

O som dos disparos e das balas atingindo a espada encobriram a floresta e dava para sentir o peso dos tiros, que Mayck lutava para suportar. Um único erro e perderia sua vida ali.

Não sei se vou conseguir aguentar desse jeito.

Mayck tentou usar sua velocidade, mas seus pés na reagiram, então brandiu sua espada velozmente para bloquear as balas que vinham e saltou para se esquivar do restante.

Ele foi obrigado a calcular a trajetória dos tiros e desviar antes que eles chegassem até certo ponto, já que sua agilidade era menor do que o normal.

Mas ele não parou e continuou correndo, afinal, os tiros vinham um atrás do outro sem descanso.

“Não acredito que você vai me forçar a usar isso.”

Ryota parou de atirar e jogou suas armas para cima, como se estivesse se rendendo. Mas algo estava vindo dali.

Mayck pensou que aquela fosse a sua chance, mas ficou receoso; tinha um mal pressentimento e sentia que não conseguiria fazer muita coisa, dada a sua limitação naquele momento.

As armas foram envolvidas por um brilho branco resplandecente e quando a luz se dissipou, uma arma nova foi revelada. As duas pistolas haviam evoluído para uma única metralhadora.

“Segura essa agora.” Ao tomar a nova arma nas mãos, Ryota não hesitou em fazer as balas feitas de ar choverem sobre seu oponente.

“Que merda, você é muito… insistente.” Mayck estava ofegante. E sua velocidade de reação caiu consideravelmente. Ele precisava dar um jeito logo, ou realmente seria o fim.

Se esconder atrás das árvores não seria útil de forma alguma. O jeito era fazer o atirador errar o alvo enquanto mantinha um movimento constante sem criar um padrão.

Outra alternativa era fugir.

Parece que não tem jeito.

Sua velocidade estava nula e sua reação muito lenta. Não tinha muito o que ser feito àquela altura.

Mayck se sentia incapaz até mesmo de projetar um pequeno .

“Ei, Ryota-san”, Mayck falou, ainda em movimento, mas em alto e bom som. “O que você ganha me parando?”

Ryota parou de atirar com a questão repentina.

“Hum? Eu não ganho nada em específico, mas eu tenho que proteger o IAH. É meu trabalho, afinal.”

“É mesmo? Bom, nesse caso, eu tenho que meter o pé. Queria informações, mas eu vou ser paciente e esperar pela próxima oportunidade.” O garoto deu voz aos seus pensamentos mais sinceros.

“Quê? Tá pensando em fugir? Você não tem dignidade não é, membro da Black Room?” Ryota mirou o garoto, pronto para recomeçar a chuva de balas de ar.

“Quanto a isso… eu acredito que a vitória é mais importante do que dignidade, então, falou.”

Sem intenção de dar ouvidos ao discurso motivacional que Ryota estava prestes a fazer, Mayck projetou uma pequena, mas o suficiente para explodir no chão e criar uma cortina de poeira, assim como uma forte ventania.

Ryota gritou, chamando-o de covarde, mas o garoto não deu a mínima e saiu de cena, deixando o homem furioso.

“Desgraçado. E ainda se diz membro da Black Room?” Cessando os tiros, ele jogou a arma em cima de seu ombro esquerdo. “Eu pensava que eles eram mais honrosos. Que otário.”

Já que não tinha mais o que fazer por ali, Ryota seguiu pela direção em que estava anteriormente.

Terminando de dobrar mais um daqueles tecidos brancos, lisos e leves ao toque, Jade alongou os braços.

Com esse já foram dez.

Em seguida, ela pegou o próximo. O tecido era grande e tinha cerca de 1 metro quadrado e, aparentemente, seriam os tecidos que ficariam sobre as mesas na festa após a cerimônia, que seria realizada em uma igreja da cidade.

“Obrigado pelo trabalho duro.” Com um pouco de dificuldade, Keiko leu essas palavras no tradutor, enquanto se aproximava de Jade.

Rapidamente, Jade pegou seu celular para responder.

“Ah, tudo bem. Eu consigo dar conta disso.”

“Hehe… Depois disso, que tal nós sairmos para um jantar? Eu, você e as outras?”

“Bom… eu tenho que falar com o tio Takashi antes…”

“Okay. Mas ele vai deixar. Não se preocupe.” Keiko quase esfregou o polegar no rosto de Jade com um sorriso largo.

“Keiko, onde você está?” Haruna chegou até a sala. “Ei, não tente fugir do trabalho. Ainda, temos que terminar… ah, Jade-san.”

Sem saber o que dizer, Jade balançou a cabeça levemente.

“Ah… mas eu já cansei. Nós recortamos os papéis a tarde toda… isso é chato.”

“Eu sei que cansa, mas não tem o que fazer…”

“Ah, não, não quero continuar. Isso é chato, chato.” Como uma criança fazendo birra, Keiko agitou os braços.

“Ugh… Cala a boca e vem logo. Olha, até a nossa convidada já fez mais coisas que você.” Haruna apontou para Jade, que não estava entendendo absolutamente nada.

Keiko, no entanto, virou o rosto e fez bico.

“Ela está fazendo porque quer. Eu não tenho nada a ver.”

Haruna foi até ela e agarrou suas bochechas e as puxou, repreendendo-a.

“Não fale coisas assim para os outros. Sua mal educada.”

Não que Jade tenha entendido algo.

Em seguida, outras garotas chegaram, juntas, assim como duas crianças que pareciam estar se divertindo com os rostos cheios de glitter colorido.

“Tá matando trabalho de novo, Keiko-chan?”

“Eu? Eu não.”

“Não é o que me parece”, Midori afirmou, vendo que as bochechas de Keiko estavam vermelhas por conta dos beliscões que recebeu.

“Você já perguntou para Jade se ela quer vir com a gente?”

“Claro que já, senhorita Saori exigente.”

“Eu nem falei nada demais…”

“O que houve com suas bochechas, Keiko?”

“Ai-chan~, sabe a Haruna-chan? Ela me machucou.”

“Isso porque você foi mal educada”, Haruna contestou.

Enquanto o debate começava a aumentar, Jade continuou dobrando os tecidos e empilhando-os em duas colunas sobre a mesa de madeira.

Ela estava se preparando mentalmente para fazer o que Mayck havia lhe pedido, mas ainda estava receosa com a resposta que receberia.

Eu preciso fazer isso…

Ela respirou fundo e abriu a boca. Sem utilizar o tradutor, ela fez uma pergunta qualquer, até porque o objetivo principal era apenas…

“Com licença…, mas vocês não vão convidar o Mayck?”

As garotas olharam para ela, confusas, perguntando entre elas o que Jade teria dito.

“Ah… Jade-san, nós não entendemos o que você disse…”

“Nem ela vai entender o que nós falamos”, Midori observou.

“Ah, é.”

“Mas ela falou um nome…, né? Mayck? Quem é esse?”

“Será que é alguma celebridade estrangeira que ela conhece?”

Tentando tirar aquelas dúvidas, Keiko pegou seu celular e digitou no tradutor e depois leu em voz alta.

“Do que você tá falando? Quem é Mayck?”

Como ela tinha pensado, nenhuma delas sabia de quem se tratava, então ela imaginou que o garoto queria apenas saber se ainda tinha alguém próximo que lembrava dele.

Eu vou falar pra ele amanhã… que ninguém lembra.

Isso, no entanto, se mostrou mais pesado do que parecia. Ninguém gostava de ser portador de más notícias, afinal.

“Nã-não é nada. Eu só viajei, desculpa.” Deixando as outras com interrogações na cabeça, ela voltou a dobrar os tecidos.

Mais tarde, quando todos os afazeres do dia foram encerrados, as garotas saíram para um restaurante próximo.

Jade recebeu a permissão de Takashi para acompanhar as outras, mas foi aconselhada a não voltar muito tarde. A mesma coisa valia para as outras cinco garotas.

“O restaurante não é muito longe. Nós vamos voltar antes que fique muito tarde.”

Foi o que Keiko disse, mas, depois de meia hora, elas ainda estavam no caminho.

“Keiko… onde é esse restaurante? Do outro lado do mundo?”

“Só mais cinco minutos e a gente chega lá.”

“Você já disse isso várias vezes…”

Apesar da reclamação, nenhuma delas estava interessada em voltar, já que haviam caminhado bastante. Voltar antes de saborear a deliciosa comida do restaurante mencionado por Keiko seria um desperdício não só de tempo, como também de energia.

“Ali, está ali, olha!” Keiko gritou e apontou em uma direção, surpreendendo a todas. “Viu só? Nós chegamos. Agora, vambora!”

A garota de cabelos esverdeados se atirou como um relâmpago, sem se importar se suas amigas a acompanhariam.

“Espera aí, sua idiota.”

“Pelo menos escolha o melhor lugar!”

Midori e Yuriko gritaram, mas Keiko pareceu não ligar, então as garotas a seguiram.

“Vocês não sabem se controlar?” Haruna resmungou, mas também correu após elas.

“Não adianta. Elas não vão te escutar.”

Com todas as garotas atravessando a rua quase vazia, apenas Jade e Saori ficaram para trás, não sabendo o que fazer.

Jade imaginou que também devia correr, mas Saori a impediu.

“An?”

“Espera, Jade-san, nós podemos conversar um pouco.”

Saori sorriu gentilmente, mas esqueceu que Jade não a entendia.

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