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Não só Mayck e Hana estavam realizando suas tarefas uma após a outra, mas também Keiko e seu grupo cumpriam-nas sem dificuldades.

Prova disso foi o relatório dado por cada uma delas — Midori, Aiko, Saori e Yuriko — à Keiko, que as ouviu com cuidado. 

Já era o quarto dia, onde a minoria dos dias era o tempo restante até o fim do jogo, e a cada dia que passava, a ansiedade e o medo do resultado aumentavam severamente, quase como um instrutor da realidade mostrando a eles como as coisas eram. 

Saori, porém, tinha algo mais em mente. Confiar em Mayck ou seguir em frente sem se opor à vontade de Keiko, sua líder? Ela precisava descobrir nessa reunião, que, depois de algum tempo, estava sendo realizada. 

A relação entre elas havia esfriado. Isso era um fato consumado. Por conta disso, elas não se reuniam mais como amigas. Suas reuniões se resumiam a trabalho e interesses pessoais, sem uma gota de sentimento — apenas obrigação. 

“Meninas…” Saori roubou a atenção de todas, interrompendo os relatórios. 

Diante dos olhares indiferentes de cada uma, ela se viu obrigada a confrontar a realidade outra vez. 

Uma respiração profunda que preencheu seus pulmões foi exalada. Então, ela continuou:

“Eu já perguntei isso antes, mas… isso tudo é realmente necessário?”

“Do que você está falando?” Midori fingiu não saber. 

“Não se faça de boba. Nós realmente temos que atacar Mayck-kun e Hana-san?”

Ela olhou nos olhos de todas. Sua determinação estava pulsando. 

“De novo com essa besteira… Saori, qual foi o motivo que nos trouxe até aqui?”

“A morte de Kin, que, supostamente foi causada por Mayck-kun.”

“Isso mesmo. Então porque você ainda tem dúvidas?”

“É justamente por esse motivo. Não finja não saber quem é Yang. Foi ele quem nos deu a informação. Pode ser mera mentira.” Saori se levantou da cama e acabou elevando seu tom de voz. 

“E quais provas você tem?” Aiko contestou. 

“Isso…” a garota abaixou a cabeça. Ela não tinha como provar que a história de Mayck era verdadeira. 

“Não tem, não é? Eu sei quem Yang é, mas ele nos mostrou provas. Mayck é o assassino de Kin e nosso objetivo é vingá-la.”

“Mas e se as provas que ele mostrou foram forjadas? Ele pode muito bem fazer isso, já que tem permissão para fazer quase qualquer coisa na organização…”

“E se Mayck também te contou uma mentira conveniente apenas para livrar a própria pele?” Keiko, sem olhar para ela, também elevou seu tom de voz, sendo autoritária em suas palavras. “Eu sei que você foi falar com ele. Você está planejando mesmo nos trair, Saori?” 

Saori foi fuzilada com os olhares de todas as outras. 

De novo isso…?

Mais uma vez, ela estava sendo acusada de traição. Ela não conseguia aguentar aqueles olhares de quem via lixo em um local indesejado. 

“… Eu não estou… só quero descobrir a verdade. Vocês não pensam o mesmo? Como tudo aconteceu foi conveniente demais. Vocês não acham estranho?”

Silêncio. Ninguém a respondeu, então ela abriu a boca outra vez. 

“Keiko, o que você espera que aconteça? E se depois de realizarmos o que estamos buscando descobrirmos que era tudo mentira? Vocês não vão se sentir mal por Kin? O que ela diria sobre isso…”

“Cala a boca!” Keiko bateu fortemente na escrivaninha ao lado da cama. Seu olhar de ódio foi direcionado a Saori. 

Até mesmo as outras garotas se assustaram. 

O clima naquele quarto ficou pesado. Mais pesado do que já estava. Tão pesado quanto um clima de luto. 

Saori deu um passo para trás. 

“Não ouse falar de Kin desse jeito. Kin definitivamente nunca aceitaria o que estamos fazendo, disso eu tenho certeza, mas só porque ela era pura demais.” Sua voz ficou trêmula, seus gritos de ódio pareciam se tornar lamentos de dor. 

Enquanto isso, as demais apenas ouviam com olhares espantados por conta daquela explosão repentina. 

“Yang nos tirou daquele inferno. E quando pensávamos que encontraríamos Kin, descobrimos que ela foi assassinada sem razão por aquele desgraçado. Vocês não precisam me seguir se não quiserem, mas eu vou seguir até o fim. Vou vingar a morte da minha preciosa irmãzinha.”

Saori sabia que Keiko já não estava mais tão cega pela vingança; ela só estava confusa. Era nisso que acreditava. 

No entanto, a informação de Yang pesou muito mais. Mayck havia controlado uma rebelião no Brasil e tirado a vida de centenas de pessoas. Esse foi um fato irrefutável para tirar qualquer dúvida que elas tivessem acerca do assassinato de Kin. 

Mas… isso era mesmo verdade? Era possível alguém ser tão frio a ponto de tirar centenas de vida e viver uma vida normal? Era por isso que Saori não podia acreditar totalmente no garoto. Ela precisava que as outras se questionassem do que ouviram. Só assim poderiam chegar a uma conclusão de verdade. Entretanto…

“Nós conhecemos esse mundo sujo. Nós vimos o quão imundo ele é. Eu não quero que vocês continuem nele. Vou vingar Kin sozinha, então retirem-se do jogo.”

“Hã?! Do que está falando, Keiko?” Aiko se levantou, franzindo o cenho. “Não quer que vivamos neste mundo? O que isso quer dizer?”

“Você está pensando em lidar com tudo sozinha?”

Por mais que elas estivessem naquele mundo repugnante, elas ainda não tinham decaído totalmente. Ainda havia consciência em suas mentes. 

Keiko queria proteger isso. Tirar elas daquele mundo e arcar com as consequências de todos os crimes que ela e as outras cometeram contra a humanidade; tirá-las das mãos de Yang. 

“É isso mesmo. Vocês não precisam se sujar mais…”

De repente, Midori avançou contra Keiko e a agarrou pelo colarinho. Fúria queimava em seus olhos. Ela não queria acreditar no que ouviu. 

“Você é idiota por acaso?! Desde quando você pensa nisso, hein?!”

Keiko baixou seu olhar e se manteve em silêncio. 

“Desde o início, não é?” Yuriko se pronunciou. “Você planejava carregar tudo sozinha, certo?” 

A falta de comunicação entre elas impossibilitou que lessem os sentimentos de cada uma. 

“Isso não importa. Eu sou a mais velha, então vocês tem que ouvir o que eu digo…”

“Eu me recuso! Não vamos voltar atrás e deixar tudo nas suas costas. Se vamos vingar Kin, vamos fazer isso juntas.”

Yuriko e Aiko assentiram. 

“Vocês não sabem do que estão falando…” Saori resmungou. Ela, que havia sido ignorada de repente. “Nenhuma de nós tem que carregar esse peso ridículo. Nós só precisamos descobrir a verdade…”

“Cala a boca, Saori! Se você não está com a gente, está contra nós. Eu não vou permitir que você desonre Kin ainda mais.” 

Saori, que queria ter o melhor final para ela e suas amigas; Midori, Aiko e Yuriko que queriam ajudar Keiko a carregar o fardo… Não tinha como elas chegarem a um consentimento. 

“Isso é ridículo… as coisas não precisavam chegar nesse ponto”, Saori disse a si mesma. 

“Continua resmungando, Saori?!”

Saori levantou sua cabeça. Seus dentes cerrados e seus olhos lacrimejando encarou suas amigas. Ela não sabia o que dizer. A persistência das garotas em trilhar o caminho da vingança era muito mais forte que ela. 

Eu tenho que dizer algo…

Mas tudo o que ela conseguiu fazer foi fazer um som furioso e deixar o quarto, batendo os pés fortemente. A porta também foi fechada com um estrondo. 

Ninguém foi atrás dela. Elas a deixaram ir. 

Contudo, o teriam feito se soubessem o que a garota estava prestes a fazer. 

Ela seguiu pela avenida a pé, sem prestar atenção a nada ao seu redor. Havia um único objetivo em mente; um lugar onde, com certeza, o encontraria. Aquela pessoa que era a única capaz de sanar todas as suas dúvidas restantes. 

O que há com elas?! Porque são tão teimosas…?!

Se alguém pudesse ouvir seus pensamentos provavelmente sentiria a raiva dela queimando. 

Esse seria meu último recurso, mas parece que não tenho escolha. 

Após andar por algum tempo, ela chegou em um edifício que poderia ser apenas mais um na visão de outras pessoas. 

Sem demora, ela abriu a porta comum de aço e subiu a longa e estreita escadaria. Chegou a um corredor cheio de portas e seguiu até o final dele. 

Uma porta de madeira. Ela pôs a mão na maçaneta e parou. 

Não posso mais voltar daqui. Eu não posso mais ficar parada vendo as coisas acontecerem. 

Ela decidiu sair da função de ajudante por trás dos panos. 

Havia exercido tal função por muito tempo. Ao comando de Keiko, ela ajudava a preparar o palco, onde as outras atuavam. Já era hora de parar com isso e subir no palco ela mesma. 

Girou a maçaneta e empurrou a porta, revelando uma sala grande, com mobílias modernas e requintadas, além de uma janela voltada para a cidade, onde a luz de fora deixava aquele lugar com uma sensação tranquilizadora. 

Saori viu duas pessoas de pé, próximas à janela. 

“Eu não esperava encontrar vocês aqui”, ela falou com certa hostilidade. 

“Ora, ora. Como previsto, você veio.”

“Às vezes o chefe me dá medo.”

As duas figuras se viraram para ver Saori. Os sorrisos maliciosos em seus rostos implicavam que a presença da garota já havia sido prevista há um bom tempo. 

Não. Na verdade aquela situação toda já havia sido calculada por “ele”, e Saori percebeu imediatamente. 

Porcaria. Yang queria que eu viesse pra cá. Qual será o próximo passo?

“O que é que vocês estão fazendo aqui? Onde está Yang?”

“Hmm… ele saiu pra dar um passeio e nos pediu para cuidar do prédio.” Kanemi gesticulou a mentira mais perfeita que pôde criar.

“Você é um péssimo mentiroso.”

“Hahaha… vamos, Saori-chan, você está seria demais. Veio até aqui para descobrir a verdade, não é? Se é assim, deve agir com mais educação, não acha?”

“Não me diga o que fazer. Até mais.”

Saori deu de ombros e se virou com a intenção de sair do prédio, porém, uma outra figura a empurrou para dentro da sala antes que ela pudesse reagir. 

“Saori-senpai, você é mais esquentada do que eu pensei.”

“Shiro!” 

Ela devia ter imaginado que a ausência do garoto ali era estranha. Nunca teria caído em um truque tão ridículo se estivesse mais calma. 

A porta atrás dele foi trancada. A garota se viu obrigada a se pôr em guarda. 

“O que planejam fazer?”

“Ah, relaxa aí. Você quer ouvir a verdade, não quer? Pois bem, nós vamos contá-la a você.” 

Ryuu se sentou em cima da mesa, que, com certeza, pertencia ao chefe deles, o qual nunca permitiria tal coisa. Então era bom ele aproveitar enquanto tinha chance. 

Mas, bem, para uma sala que estava prestes a sumir, não havia muita importância. 

Saber a verdade era tudo o que Saori queria. Por conta disso, acabou se deixando levar e parou para ouvir a história de Ryuu. 

“Como você ouviu daquele pirralho, é tudo verdade. Mayck não é o verdadeiro assassino de Kin, não totalmente. A pessoa que a matou já foi morta pelo próprio.”

“Não totalmente? O que isso quer dizer?”

“Bom… digamos que Mayck Mizuki fez Kin ser descoberta pelo instituto por causa do egoísmo dele. Mas, claro, ele tentou se redimir matando o assassino dela, causando uma chacina no instituto onde vocês estavam.”

“Por isso nós fomos enviadas para outro lugar…” A lembrança pairou sobre Saori. 

Nesse caso, ela pensou, Mayck gostava de Kin tanto quanto elas, já que comentou um ato tão repulsivo quanto assassinato. Sendo assim, eles eram iguais. Mayck, Keiko e ela mesma. 

“Foi aí que Yang descobriu sobre vocês e decidiu alterar um pouquinho a história para fazer o Mayck Mizuki virar o vilão. Hahaha. Ver vocês loucas de ódio por ele, jurando vingança, foi hilário.” Ryuu pôs a mão no rosto de tanto rir. 

“Como eu pensei… Então vocês nos contaram toda aquela mentira apenas para nos usar?” Saori elevou sua voz. Seus nervos estavam à flor da pele. 

“Exato. Vocês são meras peças no jogo de Yang. Só queremos que vocês matem Mayck Mizuki. Apenas isso. É claro que mexer no ponto fraco de vocês é a melhor solução.”

“Seus malditos… estão brincando com a gente desde o início… Saía da frente, Shiro.”

Saori ordenou que o garoto saísse de perto da peita para que ela pudesse ir contar às suas amigas, mas ele simplesmente se recusou. 

“Infelizmente eu tranquei a porta e perdi a chave. Desculpe, Saori-senpai.” Ele fez tal pedido de desculpas com um sorriso extremamente falso e repugnante na visão da garota. 

Eu preciso sair. Nem que seja destruindo esse lugar. 

Nesse momento, ela só queria contar a Keiko e as outras o que estava acontecendo ali. 

Saori se posicionou e abriu os braços rapidamente, fazendo o ar se mover e circular dentro da sala. As mobílias foram arrastadas e todos os papéis dentro das gavetas, que foram abertas com a ventania, saíram voando. 

“Hehe… você conseguiu irritar ela, Ryuu.” Kanemi pôs os brancos na frente do rosto, assim como Ryuu e Shiro, para manter os olhos abertos. 

“Então decidiu usar a força, Saori-chan. Pois bem, vamos imitar você.”

Ryuu meteu a mão na parte interna de seu blazer, e retirou várias agulhas, soltando-as no ar e manipulando-as com magnetismo. Ele as lançou com balas de metralhadora contra Saori, mas foram repelidas por uma poderosa corrente de ar que circundou a garota. 

Consequentemente, o ar acumulado na sala fechada forçou sua saída, arrebentando os vidros da janela e saindo como um furacão. 

“Saíam da minha frente!”

“Só se eu morrer!” Kanemi agarrou seu turno e tocou na mesa de madeira. Usando suas habilidades gravitacionais, ele a lançou contra Saori, acertando-a em cheio. 

Ele riu após isso. Tinha certeza que sua gravidade não perderia para ninguém. Além do mais, ela ter bloqueado os ataques de Ryuu foi pura sorte, já que ela era uma novata e muito mais fraca que Shiro, que foi treinado ainda mais intensamente. 

“Oh, droga. Isso vai chamar muita atenção.” Ryuu se queixou vendo a janela transformada em cacos. “Você deve aprender a se conter, Saori-chan.” O sarcasmo dele era outro gatilho para fazer o sangue da garota ferver. 

“Ei! Idiotas! Vocês quase me acertaram”, Shiro gritou, enquanto desfazia os fios reluzentes na parede que usou para se esquivar.

“Se você tivesse morrido só teria provado sua própria fraqueza.”

“Moleque imbecil.” A dupla tirou sarro do garoto, que não fez outra coisa se não bufar e xingar seus dois veteranos. 

De repente, como se disparada por uma arma, a mesa que Kanemi jogou em cima de Saori voltou para ele, sendo impulsionada por uma pressão de ar destrutiva. 

Enquanto Kanemi e Ryuu se distraíam desviando do objeto, a garota correu velozmente para a janela, por onde saltou e caiu em cima de um carro que estava estacionado logo abaixo. 

“Ah, merda, ela fugiu.” Ryuu correu até a janela e observou a garota se levantando e correndo pela rua. 

“Vamos atrás dela?” Kanemi já estava pronto para saltar também. 

“É melhor não. Se formos atrás dela vamos chamar mais atenção do que já chamamos.” 

Ryuu acenou para a rua que parou para ver o que estava acontecendo. 

“Putz… Yang vai falar muita merda agora.”

“Isso é culpa de vocês. Não tenho nada a ver com isso.” Shiro só quis tirar o seu da reta. 

“Bom, de qualquer forma, vamos ver se tem algo importante aqui que deve ser apagado. Logo logo a polícia aparece por aí.”

Os três concordaram nisso e fizeram uma rápida vasculhada pela sala, onde um furacão parecia ter passado, destruindo imóveis e espalhando os objetos para todos os lados. 

Após isso, se retiraram sorrateiramente, pois, assim como Ryuu havia previsto, a polícia chegou pouco tempo depois. 

<—Da·Si—>

Assim que a noite caiu, Saori ligou para Mayck, pedindo que se encontrassem. Seu pedido foi atendido rapidamente e, cerca de 22hrs, o garoto apareceu na estação, no local combinado. 

Ao vê-la, ele percebeu que algo estava diferente. Os olhos dela não se voltavam para ele e ela estava cabisbaixa. Um ar de seriedade estava instaurado ali. 

Porém, apesar disso, Mayck decidiu ir direto ao ponto. Só havia um motivo para ela ter pedido para se encontrar com ele depois da conversa que tiveram. 

“Se você está aqui, quer dizer que descobriu a verdade?”

Ela acenou com a cabeça e fez um som de concordância. 

“E então, o que quer fazer?”

“Eu quero salvar as minhas amigas.”

“Hm. Bem, nossa caso, o que acha de cooperar comigo? Vai ser bem mais fácil ter aliados, certo?”

Mayck esperou a resposta. Havia verdade em suas palavras e Saori sabia disso. Ela disposta a se juntar a ele então apenas acenou com a cabeça outra vez. As coisas que havia descoberto a chocaram muito — ela estava quase sendo consumida pelo ódio contra Yang. 

Isso era algo que ela tinha em comum com Mayck e talvez mais algumas centenas de pessoas. 

“Muito bem. Então vamos nos focar em cumprir nossos desafios até o sétimo dia. O plano é seguir direto para o local da última tarefa quando ela for enviada. Conto com você…” 

Mayck havia se virado para sair, mas teve sua blusa agarrada por Saori, que, mesmo sem dizer uma palavra, pedia ajuda. Foi aí que o garoto notou um ferimento em seu braço. Era um corte não muito fundo, mas que causaria uma dor tremenda, com certeza. 

Ela se envolveu em uma luta? Seus olhos analisaram a ferida e o rosto da garota silenciosa. Não parece bom perguntar agora. 

“Vem comigo.” 

Ele pegou a mão dela, e ela se deixou ser guiada por ele sem dizer nada. 

É melhor darmos um jeito nisso. 

Além do machucado feio, era óbvio que o coração de Saori estava quebrado. Qualquer que fosse a forma como ela descobriu a verdade, não foi de um jeito tranquilo. Ela precisava se recompor, caso contrário seria apenas um fardo no fim. 

Ao chegar em frente a uma casa, cuja plaquinha no correio estava escrito Tsubaki, Mayck enviou uma mensagem para Hana. Algum tempo depois, ela abriu a porta e se deparou com seu amigo e a garota com o olhar baixo. 

“Ah, foi mal, mas você pode me dar uma ajuda?”

“Eu estava prestes a sair… tudo bem. Não estou com pressa mesmo.” 

Embora ela tenha dito isso, a verdade era que ela queria saber o que estava acontecendo ali e, principalmente, porque Mayck levou uma garota para sua casa. 

Eles entraram em silêncio. Masato estava trabalhando e Tsukiko estava dormindo profundamente por conta do cansaço adquirido depois de um dia cheio. 

Hana os levou até seu quarto, onde desinfetou, limpou e pôs bandagens no braço de Saori. A garota agradeceu com sua voz quase imperceptível. 

“Não se preocupe. Agora, poderiam me dizer o que estava havendo?”

“Saori vai se juntar a nós. Aparentemente ela ficou sabendo de tudo, então vai cooperar.”

“Entendi… bom, eu gostaria de saber como você conseguiu esse ferimento, mas eu vou deixar pra depois.” Hana se levantou e guardou a maleta de primeiros socorros que tinha em seu quarto. “Pode vir comigo, Mayck?” Ela o chamou em um tom sério.

Sabendo a gravidade da situação, ele apenas a seguiu para fora do quarto e fechou a porta em seguida. 

Hana se pôs de pé no corredor. Mãos na cintura e cabeça levemente inclinada. Seu olhar não iria deixar escapar uma mentira. 

“O que você acha?”

“O que eu acho?”

“Confia nela?”

Esse é o ponto. 

“Não acho que ela esteja mentindo.”

“Mas ela trabalha para Yang, não é? Não seria estranho se isso fosse tudo uma atuação.” Apesar do tom levemente irritado, Hana estava quase sussurrando. 

“Você tem razão nisso, mas eu ainda acredito que ela esteja do nosso lado. Não temos nada a perder caso ela seja uma espiã ou algo do tipo.”

Hana deixou um suspiro escapar. Seus braços caíram, mostrando que sua tensão havia ido embora. 

“Bom, tudo bem. No fim, nosso objetivo não mudou. Só precisamos completar as tarefas até a quarta feira.”

“Sim. Aliás, que tipo de tarefa você acha que vai ser a última?”

“Que tipo… bem… talvez seja algo que envolva todos os participantes.”

“Pode ser algo assim… eu acho que um sistema de pontos seria mais fácil de resolver tudo. 

“Porque você não sugeriu isso antes?”

“Não passou pela minha cabeça…” ele se lamentou. “Mas agora só resta esperar pra ver… espera, se for isso nós não estamos em desvantagem?”

“Huh? Bem… é verdade. Se for uma luta, por exemplo, nós vamos estar em total desvantagem.”

Eles ponderaram por um momento. Involuntariamente, um sorriso malicioso surgiu no rosto de Mayck. 

“Que tal a gente eliminar algumas delas?”

“Eliminar?” Duas ideias se passaram na cabeça de Hana; o sentido de eliminar do jogo e o de eliminar da vida. 

“Sim. Se nós formos observar as regras, o único jeito de ser eliminado é não completando as tarefas e caso um participante contate um eliminado, provavelmente estará fora também.”

“Então você pretende interferir nos desafios delas e impedi-las de completarem?”

Era exatamente isso. Mayck pensou ser uma boa ideia para começar. Mas, obviamente, tinha alguns pontos que precisavam ser considerados. 

“Mas como vamos descobrir a tarefa que elas receberam? Não é como se elas fossem dizer o que receberam.”

“É aí que tá o problema…” Mayck abaixou seus olhos, tentando encontrar alguma solução.

“Nesse caso…” a voz de Saori veio do quarto e a porta foi aberta lentamente. “Me desculpem escutar a conversa de vocês, mas talvez exista uma outra forma.”

“Tudo bem. Que outra forma é essa?”

“Depois do que aconteceu, eu tenho certeza que todas vão tentar fazer algo sozinhas, como atacar Mayck-san individualmente.”

“… Elas vão se mover independente do que foram ordenadas?”

“Sim. Eu tenho certeza disso. Elas vão estar agindo sob o mesmo objetivo: para que as outras não precisem carregar nenhum peso.”

“Mas você está fazendo a mesma coisa, não é?”

De repente Saori foi encurralada por Hana, que ainda não tinha certeza sobre suas motivações. 

“… É verdade… eu não quero que elas tenham que fazer isso. Por isso, eu vou ajudar vocês com o que for necessário. Não importa o quão absurdo seja, eu vou fazer.”

A determinação de Saori se refletiu em seu olhar confiante e seus punhos cerrados. Enquanto via isso com a mão no queixo, Mayck pensava em algumas coisas. Até que finalmente decidiu falar:

“Então… vamos sequestrá-las?” Já tinha feito isso uma vez, mas não se tratava de um portador poderoso, portanto foi mais fácil, porém…

“Quê…?” A confusão no rosto das duas garotas o encarando nunca tinha ficado tão explícita. 

“Não podemos?” A voz do garoto trazia a impressão de que não era estranho sequestrar pessoas. Mas, claro, ele não pretendia fazer nada ruim, apenas tirá-las do caminho por um período de tempo. 

Hana e Saori ainda estavam desacreditadas das palavras do garoto. 

“Você é idiota? Não somos criminosos para sequestrar pessoas.” Levada por seu senso de justiça, Hana acabou elevando sua voz, então Mayck e Saori fizeram sinal para ela ficar em silêncio. 

“Se você tiver outra ideia me diga.”

“Eu não tenho… mas sequestrar elas não me parece nada certo. Eu vou pensar em algo.”

“Beleza, então. Se você não me der uma resposta até amanhã de manhã, nós vamos fazer isso.”

“Eu vou pensar em algo”, Hana concluiu. Certamente a ideia de agir como uma criminosa não lhe deixava tranquila. Ela até se perguntou se Mayck batia bem da cabeça. 

Por outro lado, Saori percebeu que essa seria uma das poucas formas de impedir que elas cumprissem seus desafios. Outro método seria segui-las o dia inteiro, mas elas tinham outras coisas para fazer, além de suas próprias tarefas. 

Talvez não haja outra forma…

Saori observou em silêncio os dois amigos. Mayck insistindo no sequestro e Hana o negando, como uma criança fazendo birra. Ela acabou rindo e desviou o assunto quando questionada do porquê.

Depois de um longo suspiro convencido, Hana voltou para Saori. 

“Enfim, é melhor você tomar um banho agora. Suas roupas estão acabadas. Sem falar que temos que trocar as bandagens.”

“Ah, verdade.” A garota a bandagem em seu braço tingida com seu sangue. “Mas tudo bem mesmo?”

“Hm?”

“Digo… eu tomar banho aqui… não seria abuso demais?” Saori estava claramente preocupada se não estava sendo um incômodo, mas foi confortada pelo sorriso de Hana, que moveu os lábios. 

“Tá tudo bem. Desde que você não se torne uma inimiga, somos amigas. Agora, vamos. Não quero que minha mãe acorde.” 

Ao dizer essas palavras, ela começou a andar em direção às escadas, mas antes de descer até o andar de baixo, voltou sua atenção para Mayck. 

“E o que você vai fazer agora? Vai nos esperar no banho?” O pior disso foi que ela falou com uma expressão muito séria para ser levada na brincadeira. 

“…” O garoto achou melhor não responder, então apenas suspirou e desceu as escadas na frente delas. 

Ele estava prestes a sair quando foi interrompido por Saori, que quis agradecê-lo. 

“Mayck-san, muito obrigada por tudo, de verdade.”

“Tá de boa. Deixe os agradecimentos para outra hora.” 

Ele acenou e foi embora. 

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