Selecione o tipo de erro abaixo

— Mas o que pensa que está fazendo? — questionei, mantendo contato visual com a Istar.  Assustada, ela escondeu a faca atrás das suas costas e colocou a mão esquerda contra o peito.

— Eu… Espera! Você… Você não deveria estar preso?

— Para o seu azar, não estou.

— Como conseguiu escapar?!

— Não mude de assunto, maldita! O que você iria fazer com a Meredith?

— Isso não tem nada a ver com você! — Ela sorriu, aliviada. Retirou a mão do peito, apontando o dedo indicador para mim.  — Agora, seja um bom cachorrinho e volte para a jaula!

— Zernen!

Hã? — Ela desceu sua mão.

— Chefe?!

— Poderia vir me ajudar aqui?

— Aqui estou. — Zernen apareceu atrás de mim. — Qual é o problema?

— Outro intruso… — murmurou. — Têm noção do quão grave é fugir da prisão e invadir o castelo?!

Apontei para Istar.

— Quero que apague a princesa!

— Tem certeza?

— É, não precisamos dela para nada. Ela já gastou oxigênio suficiente desse planeta!

— Maldito! Como ousa?! — Ela rosnou. — Tal calúnia jamais será perdoada!

Em questão de segundos, Zernen havia chegado à princesa Istar. Estavam tão perto que os seus corpos quase colidiam.

— V-Você… Morra! — Princesa Istar espetou a faca no abdômen do Zernen. Sangue começou a manchar as vestes castanhas dele. — Hahahaha! — Ela riu, se distanciando um pouco dele, ficando contra a parede. — Agora é só questão de tempo para o veneno da minha adaga fazer efeito!

— Você disse veneno? — Zernen soltou um sorriso largo.

— O que?

— Acontece que veneno não funciona contra mim. E outra coisa, essa faquinha não faz tantas cócegas assim. — Ele retirou a faca, jogando contra o chão, como se fosse nada.

“Me pergunto que tipo do treinamento o avô dele deu para ele?”

— Não pode ser… — Istar arregalou os olhos. Suas mãos tremiam. — Esse veneno é o suficiente para derrubar um elefante! Você por acaso é um monstro?!

— Que cruel ouvir isso de uma dama, não é? — Ele começou a se aproximar dela.

— Para longe de mim, monstro! — Istar esticou suas duas mãos, mas Zernen continuou avançando.

— Eu achei você bonita que nem uma amiga minha, moça. Sabia?  — Zernen colocou a mão direita contra a parede, rente às bochechas da Istar. Ela arregalou ainda mais os seus olhos.

— Mas o problema é que você tem um coração feio. — Ele aproximou seu rosto dela, sorrindo maliciosamente.

— O-O que? Você sabe com quem está falando?!

— Com a princesa Istar do reino de Hengracia. — Zernen se afastou um pouco, removendo a mão da parede. Justo agora que eu estava achando legal. — Mas eu geralmente não ligo para a realeza. Mesmo que você seja a rainha, capitã ou sei lá o que, para mim, o que é importante é o nível de poder e às vezes o caráter que me fazem respeitar a pessoa. — Ele apontou para Istar.  — E você, princesa, não tem nenhum dos dois.

— C-como ousa?

Zernen ergueu seu braço.

— Adeus, princesa Istar. Ou será que depois da sua morte ainda manterá o seu título?

— Por favor… — Ela começou a chorar que nem uma criança. — Eu te dou tudo, mas não tire a minha vida!

— Tudo? Até dinheiro!? — De repente, os olhos do Zernen brilharam intensamente.

— Sim! — Ela balançou a cabeça.  — Se é dinheiro o que você quer, eu te dou! Dinheiro aqui cai como folha de árvore!

Uau! — Zernen sorriu. — Então é assim que é feito o dinheiro?

Burro!

— Não caia na conversa dela! Apenas acabe com ela.

— E para você… — Ela olhou para mim. — Eu posso me casar com você, daí você vira rei consorte desse reino! O que acha? Maravilhoso, não? Então, por favor, me deixa viva!

— O que acha, Jarves? — Nossos olhos se encontraram. — Ela bem que pode ser uma ótima renda mensal melhor que o Faisal, não é?

— Faisal? É até um absurdo me comparar com aquele plebeu!

— Uma proposta tentadora, mas não posso aceitar.

— O que?! — Por essa, ela não esperava.   Seus olhos arregalaram. — Por que? O que mais você deseja?!

— Primeiro, que você não poderá me dar o reinado, já que a primeira na linhagem da sucessão é a Alexandra.

— Mas podemos nos livrar dela, não é?

“O que ela acabou de dizer!?”

— Você acabou de assinar a sua sentença de morte! — Franzi as sobrancelhas. — Zernen…

— Nãoooo! — Ela entrelaçou as mãos em forma de oração. — Não era isso que eu queria dizer!

— Era o que então?

— Que tipo… — Ela gesticulava as mãos em busca de uma resposta convincente.

— Tipo?

— … A gente poderia se livrar dela pedindo para que ela me entregue o reinado! Não é uma boa ideia?

— Não me convenceu.

— Por favor, não! Eu não quero morrer!

— Calma, nem vai doer. — Zernen golpeou-a na extremidade do pescoço, seus olhos aos poucos foram se fechando enquanto ela caia nos braços dele.

— Por que a colocou para dormir tão cedo, Zernen? Eu ainda queria ver ela se borrando de desespero! Hahahaha!

— É, até que foi engraçado demais! Mas, não esquece que aqueles soldados foram dar volta no jardim e estarão de volta brevemente.

— Ah, é mesmo. Onde eu estava com a cabeça mesmo?

— Eu disse, você deveria tomar os medicamentos. — Zernen pousou a princesa no chão. Depois, removeu os lençóis do corpo da Meredith e a carregou em seus braços.

Me aproximei, esticando os meus braços.

— Deixa que eu carrego ela. Você tem que cuidar desse ferimento.

Ah, é mesmo. Meu macacão já está ficando todo sujo de sangue.

Ele me entregou a Meredith, “que pesada!”

Zernen retirou uma poção de cura do bolso do seu macacão e tomou uma parte daquele líquido verde, a outra parte jogou na ferida aberta.  Passados alguns segundos, ela havia se fechado.

— Pronto. Agora vamos!

— Você não vai me ajudar?

Tentei entregá-lo Meredith novamente, mas ele balançou a cabeça negativamente.

— Quem vai nos proteger de um possível ataque? Não posso fazer duas coisas ao mesmo tempo.

— É, você tem sua razão.

Quando estávamos bem próximos da porta semiaberta, ela se abriu totalmente, revelando uma mulher de vestidos azul-marinho que deixavam seus ombros à mostra. Seu rosto estava parcialmente escondido por um chapéu azul, mas quando ela o ergueu, pude confirmar. Era ela, Alexandra.

— O que vocês fazem aqui? — Seus olhos verdes arregalaram, um semblante de surpresa havia tomado conta do seu rosto.

A sua trás estava Brigitte, que balançava a cabeça negativamente, enunciando que havia feito de tudo para impedi-la de entrar.

— Oh! É a princesa que me deixou entrar! — Zernen tomou a mão da princesa, balançando freneticamente. — Muito obrigado! De verdade!

— Ei… Zernen… — Por algum motivo, aquilo me incomodou.

— É… — a princesa Alexandra soltou um sorriso torto, constrangida.

— Solta a min…  Digo, a princesa Alexandra, seu idiota!

Ah, perdão!

Ele soltou a mão da princesa e coçou seus cabelos enquanto sorria.

— O que estão fazendo é um crime, sabiam? — Os olhos da princesa ficaram sérios. — É assim que agradecem a minha ajuda?

— Peço desculpa, princesa. — falei, mantendo contato visual com ela.  —  Mas, como já deve saber, esse lugar não é mais seguro para ninguém.

— Ouvi da minha irmã sobre isso. — Por um momento, os seus olhos se movimentaram para esquerda. — Aquela é…? — Eles se arregalaram.

— Sua irmã tentou assassinar a princesa Meredith, Princesa Alexandra.

— O que? Minha irmã jamais faria!

Ela correu em direção à sua irmã, agachando-se contra o seu corpo.

— Ela até tentou me envenenar com aquela faca — acrescentou Zernen, apontando para uma faca ao lado de um dos pés da cama.

— Com todo respeito, Princesa Alexandra — Brigitte interviu. — Sua irmã tem sido falsa consigo. Na verdade, eu não queria ter que fazer isso… — Ela mordeu os seus lábios e então continuou: — Mas ela tem feito de tudo para tomar o seu lugar como a primeira na linhagem de sucessão, desde tentar envenená-la com chá até sabotar suas carruagens.

— Então está me dizendo que o veneno preparado para mim naquele dia, que infelizmente a Lara acabou tomando, foi obra da Istar?

— A verdade é que Princesa Istar havia pago Lara para colocar veneno no seu chá e, no último instante, ela se arrependeu e tomou ela mesma o veneno. Por isso, depois de se recuperar e escapar da morte, ela decidiu deixar o emprego.

— Istar fez tudo isso? — Alexandra não conseguia acreditar nas palavras da Brigitte.

“Dessa nem eu sabia.”

Brigitte balançou a cabeça positivamente.

— Eu tinha razão, o coração dessa princesa é mesmo feio — afirmou Zernen.

— Isso é algo grave. — Lágrimas se acumularam ao redor dos olhos de Alexandra, suas sombracelhas cerraram, assim como seus punhos franziram. Seus olhos desceram de encontro ao rosto da sua irmã. Enfurecida, deu uns tapas na cara da sua irmã. — Acorda!

— Não temos tempo para isso, princesa Alexandra. Estamos no meio de uma fuga!

— E parece que aqueles dois estão voltando! — disse Brigitte rente a porta, seus olhos espreitavam o corredor. Eu também podia ouvir passos velozes se aproximando.

— Brigitte, você poderia distrai-los mais uma vez?

— Qualquer coisa, se der errado a gente resolve no soco — acrescentou Zernen.

— Eu não sei se consigo, mas vou tentar. — Brigitte saiu do quarto e fechou a porta.

“Agora é só esperar que ela consiga distrai-los novamente.” Zernen e eu nos aproximamos mais da porta para escutar a conversa que parecia tomar um rumo interessante.

— Parece que vocês voltaram! Heeee!

Ouvi som de palmas.

— Você viu, Brigitte. Eu ganhei!

Uma voz com entoação mais grave ressoou.

— Eu é que ganhei! Eu é que desviei a esquina primeiro!

— Mentiroso!

— Calmem. Calmem.

A voz dócil da Brigitte apaziguava o ambiente.

— Para isso podemos fazer uma corrida de novo, sim?

Hum, não dá.

— Vai ser a mesma coisa.

— Mas eu corro com vocês dessa vez. O que acham?

— A proposta é tentadora, mas a gente já se arriscou demais. Já é a segunda vez que o capitão Xavier quase nos pegou.

— Sim, temos que ficar aqui. Se não perderemos o emprego.

Ah, por favorzinho!

— Pode ser depois.

— Isso. E você também tem coisas para fazer, não é?

— Estão negando um pedido meu?

— Infelizmente.

Suas vozes criaram uníssono.

Humph! Eu fiz o meu possível! Agora  Tchau! Até nunca!

Pelos passos, parece que Brigitte estava indo embora enquanto os seus dois amigos de infância gritavam por seu nome.

— Bem, parece que ela fez o possível.

— Não tem jeito, teremos que lutar.

— Chega. — Alexandra levantou-se.  — Vocês não vão ferir ninguém.

— É a única opção — eu disse.

— Isso. — Zernen balançou a cabeça positivamente. — Você é gentil e tudo mais, mas também terei que te colocar para dormir caso tente nos impedir.

— Ei, Zernen… — murmurei.

Criação de ilusões.

Arregalei os olhos, contemplando eu, Jarves, carregando a Meredith no colo. Ao lado, estava Zernen que fazia uma expressão de felicidade. Eram tão reais, que pareciam pessoas de verdade. Contudo, quando Zernen os tocou, caiu a ficha de que eram apenas ilusões. Suas mãos transpassam as ilusões.

— Magia de ilusão… Nunca tinha visto uma antes! — Seus olhos brilhavam, enquanto cutucava as ilusões.

— É tão perfeito!  — Os meus também reluziram como estrelinhas. — Parece real!

Eu nem sabia que Alexandra tinha esses poderes. Também, a história só se focava mais na Meredith, no herói e sua equipe, numa jornada para destruir o exército das trevas.

— Com isso, poderei ajudá-los a escapar daqui! — Alexandra sorriu, determinada.

” Isso tá ficando…”, abri um sorriso largo. “Legal demais!”

Picture of Olá, eu sou o Andy Lucas!

Olá, eu sou o Andy Lucas!

Comentem e Avaliem o Capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥