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Capítulo 33: Sonho lúcido

“Eu morri?”

Os meus olhos se abriam, ainda sonolentos, mas podendo vislumbrar o ambiente ao redor. Um lugar enevoado e repleto de muitas árvores bizzaras ao meu redor. Seus troncos faziam expressões horrendas e assustadoras que deixavam o meu corpo todo arrepiado.

Algumas tinham olhos finos e vazios, nariz grande e boca repleta de dentes de madeira verde. Outras faziam cara de enjôo, outras de irritação e haviam as que faziam um sorriso sinistro.

No entanto, em meio ao cenário de terror, havia algo que me intrigava bastante naquele momento e era…

” Por que raios os meus pés estão afundando?” Quando inclinei a cabeça, os meus olhos encontraram uma lama marrom sugando as minhas pernas. E como se não bastasse, para aumentar o meu azar, eu podia ver duas pessoas de roupas medievais correndo em minha direção com passos apressados. Era o Faisal e sua amante. Suas mãos agora eram carregadas de foices.

Ah, não…”

Eu acabei de me lembrar que não havia tomado o remédio para o pesadelo que Theresa havia me receitado.

“Droga e agora?” Eu tentava inutilmente sair daquele lamaçal que insistia em me afundar, mas era impossível e aqueles dois estavam cada vez mais próximos de mim.

“Agora que penso… Não há motivos para esses dois estarem me atormentando nos pesadelos, afinal nem fui eu quem os matou! Então, por quê?”

Eu não encontrava resposta para isso. Tudo bem, tudo bem que fui eu quem levou Meredith para o ninho deles, mas aquilo aconteceria de qualquer forma. Era tudo culpa do roteiro e não minha.

Mas eles não iriam querer saber disso.

” E agora, o que eu faço? Eu preciso sair desse pesadelo… Espera?” Eu subitamente entendi agora. Se eu tinha noção de que eu estava em um pesadelo, então as chances de eu poder usar àquilo eram altas.

Há muito, muito tempo, no meu mundo, algumas vezes eu despertei em meus sonhos, ou seja, eu tive noção de que eu estava sonhando. E adivinha o que eu fazia com essa informação?

Hehehe! Obviamente, eu fui capaz de tornar os meus sonhos realidade dentro do sonho. Confuso, eu sei, mas é isso! Eu era capaz de controlar os meus sonhos, sendo capaz de moldar e criar tudo dentro dos limites da minha imaginação.

Pena que não durava muito, porque infelizmente minha mãe me acordava para fazer a limpeza da casa, justo quando estava ficando tão bom, tão bom…

Eu me perdi naquelas lembranças e esqueci que aqueles dois estavam mais próximos de mim e que o meu corpo havia alcançado a metade.

Mas agora que eu sabia que estava em um pesadelo, não tinha nada a temer.

Quando as foices daqueles dois estavam perto de despedaçar o que havia restado do meu corpo, parte do peito ao rosto, eu gritei para que desaparecessem e resultou. Como num passe de mágica, eles sumiram sem deixar rastro nenhum de sua presença.

Dei ordens para que o lamaçal que me engolia sumisse também. Agora livre, respirei o ar não tão agradável do pântano enquanto observava aquele ambiente tenebroso ao meu redor.

Estalei os dedos e ordenei que uma cadeira aparecesse naquele chão enegrecido. Agora com o punho contra a bochecha, comecei a pensar no que eu faria agora que eu tinha o domínio de tudo nas minhas mãos.

Era assim que eu deveria renascer nesse mundo, mas não, não! Eu tinha que renascer sem magia nessa desgraça de mundo! Eu mereceria mais, não mereceria? Mas agora eu até era perseguido por aventureiros que buscavam pela minha vida.

Tudo isso poderia ser resolvido se eu tivesse um desses poderes.

“Enfim…” Dei um suspiro, criando uma pequena fumaça no vento. “Vou aproveitar isso aqui antes de acordar para vida e descobrir que o mundo é, na verdade, uma ilusão.”

“Que comecem as realizações dos sonhos do Jarves! Hehehe!

Eu ria que nem um louco em meio ao pântano, as árvores que tinham o rosto risonho me fazendo companhia. Eu tive uma ideia maravilhosa para aproveitar a minha estadia nesse mundo em que eu podia tudo.

“Se não posso ser feliz na realidade, vou ser feliz nos sonhos!”

Apertei os punhos.

“Isso mesmo! Eu vou me casar!”

“E a noiva seria? Tchan! Tchan!

Estalei os dedos, apontando para minha plateia composta por árvores.

“A minha maravilhosa Alexandra!”

“Mas espera um pouco… Por que eu estou fazendo tanto suspense, se, na verdade, estou sozinho?”

“Enfim, às vezes precisamos de uma dose de loucura para dar sentido a vida.”

Ordenei que aquele pântano sumisse e aparecesse um lindo jardim em seu lugar. Num abrir e piscar de olhos apareceu um lindo jardim como eu havia imaginado. Um gramado limpo e com diversas flores e árvores que se estendiam ao horizonte.

Olhando para o céu, via nuvens em diversos formatos e o sol era amarelo e sem raios que incomodavam a visão.

“Perfeito!”

Depois, fui ordenando que surgisse uma longa tenda branca, mesas, cadeiras e um balcão para o padre realizar a cerimônia. Primeiro, fiz o Zik aparecer no balcão vestido de uma batina negra. Ele pareceu meio confuso, mas ordenei que ele agora era um padre e fim de papo.

Fiz aparecer um livro qualquer para o entreter enquanto eu andava de um lado para outro, tentando decidir quem eu iria convidar para o meu casamento.

O rei e sua família real com certeza estariam de fora. Não queria correr risco de, por descuido, acabar sendo atacado por eles. Bem, como eu não queria perder tempo chamando um por um, ordenei que aparecessem todos que eu simpatizava e que desejavam o meu bem acima de tudo.

Num piscar de olhos, as cadeiras foram preenchidas por rostos familiares. Todos estavam bem vestidos para o meu casamento, menos a Theresa. Por alguma razão, ela estava com o seu jaleco, mas bem, era a roupa que a identificava.

Zernen estava de seu macacão e sentava ao lado de seu avô de terno preto. Meredith que vestia seu vestido azul, estava ao lado do herói de terno azul-escuro e capa vermelha, como eu havia projetado. Eles estavam de mãos dadas enquanto sorriam um para o outro.

Era esse o final que eu tanto buscava!

Custava que fosse assim?

Lamentei e ordenei que aparecesse a estrela do dia, a minha noiva majestosa. Alexandra apareceu em seu vestido branco que rastejava no gramado, seus olhos verdes estavam mais brilhantes do que nunca e seus lábios tinham um rosa mui brilhante. Seus lisos cabelos castanhos possuíam uma tiara prateada. Suas mãos macias e delicadas carregavam um buquê de flores com diferentes cores, parecendo um arco-íris.

Agora que noto, estava faltando um terno em mim. Ops! Ordenei que o meu corpo fosse vestido por um terno e assim aconteceu. Segurei uma das mãos da minha noiva. Nossos olhos se encontraram e um sorriso se formou em nossos lábios, enquanto caminhávamos pelo tapete carmesim em direção ao balcão onde se encontrava o padre Zik.

“Espera, espera…” Estava faltando a música. Estalei o dedo para que aparecessem alguns músicos aleatórios que tocassem aquela melodia clássica dos casamentos. Eram trigêmeos. Olhando bem, a cara deles não me era estranha, mas enfim, quem se importa? Com um piano, violino e gaita em suas mãos, teciam um som agradável aos meus ouvidos enquanto os convidados nos recebiam em pé com acenos e pétalas vermelhas jogadas ao vento, desejando felicidades aos noivos.

“Obrigado!” “Obrigada!”

Eu e Alexandra agradecíamos aos nossos amados convidados, retribuindo os acenos e os sorrisos. Quando chegamos ao balcão onde estava o padre Zik, paramos. Zik ordenou que todo mundo fizesse silêncio e se sentasse para que ele começasse a cerimônia.

Ainda bem que ele estava entrando no papel, seria um empecilho ter que mudar de padre na última hora.

Todos sentaram, calmos e comportados como eu desejei.

Zik começou a falar aquelas palavras faladas nos casamentos até chegar na parte mais importante e decisiva de todas.

— Alexandra Theodoria Hengracia, aceita Jarves… — Zik parou e olhou para mim com uma sobrancelha erguida. — Qual é o seu nome completo mesmo?

— Apenas Jarves.

Ele estranhou, mas deu os ombros e prosseguiu com sua fala.

— Aceita Jarves Jarves Jarves como seu esposo e…

— Ei! Como assim “Jarves Jarves Jarves”?

— Seu nome completo precisa ser proferido, Sr. Jarves.

— Querido… — Os meus olhos se encontraram com os adoráveis de Alexandra. — Pare de cortar o padre, sim? Eu quero logo me casar.

Oh!” Minhas bochechas coraram, o rosto da Alexandra bem de perto estava tão lindo.

Balancei a cabeça.

— … E promete amá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença, na tristeza e na felicidade, na pobreza e na riqueza?

Sem pensar duas vezes, Alexandra respondeu que sim.

Zik olhou para mim enquanto carregava aquele livro aleatório, pela capa pareceria ser o livro dessa história.

— Agora, Sr. Jarves Jarves Jarves, aceita Alexandra como sua esposa e promete amá-la e respeitá-la na saúde e na doença, na tristeza e na felicidade, na pobreza e na riqueza?

Quando eu estava prestes a responder que sim, senti uma agulhada no ombro direito. Se bem me lembrava, quando eu sentia esse tipo de dor enquanto tinha ciência de estar em um sonho, era o indicativo de que alguém estava ou tentando me acordar, ou mexendo com o meu corpo.

Sei disso porque já tive essa experiência três vezes, da minha mãe me acordando para a dolorosa realidade.

— Eu… Aí! Aí! Aí!

Não consegui responder devido à dor que se tornava mais intensa, minha cabeça começou a doer também.

Eu me perguntava o que estava acontecendo com o meu corpo no mundo real, mas só por lembrar que ele havia ficado à mercê daquele cientista maluco, senti um arrepio tomar conta do meu corpo. Eu precisava me apressar e acordar desse sonho antes que eu fosse dessa para melhorar.

— Querido, o que foi?

Alexandra fazia uma cara de desespero enquanto eu pegava a minha cabeça de dor.

— Me desculpa, mas eu… eu não posso!

Os olhos da minha Alexandra foram se acumulando de lágrimas enquanto eu saí correndo dali. Os convidados e o padre ficaram boquiabertos enquanto eu passava por eles naquele tapete carmesim.

— Volte aqui!

Era Meredith quem gritava. Ela sacou sua espada e começou a me perseguir, seus passos ressoando cada vez mais altos.

Não só ela, muitos outros convidados, como Sr. Alexodoro e Zernen também começaram a me perseguir revoltados enquanto erguiam os punhos para cima em um gesto de protesto.

— Pare!

— Pela justiça, não poderei deixá-lo escapar impune!

Era o herói.

— Eu sempre soube, você é um verdadeiro manipulador charlatão!

” Não é verdade, Theresa!” Cobri a boca enquanto despejava lágrimas ao vento.

— Se você pagar, a gente te desculpa!

” Espera, é isso…” Zernen acabou me dando uma boa ideia. “Vou distraí-los, fazendo aparecer algo de que eles gostam. Não, melhor fazer eles desaparecerem mesmo”, ordenei que desaparecessem, mas não deu certo.

” Droga! Droga! Droga!” A minha mente estava tão confusa que eu não visualizava eles desaparecendo.

“Certo, não tem problema.” Ordenei que a porta aparecesse bem na minha frente e ela apareceu alguns metros perto de uma árvore. Devido à minha mente confusa, eu precisava correr mais um pouco.

“Mas antes de sair desse mundo, eu preciso fazer uma coisa.” Fiz com que uma esfera de flashback que eu tanto desejei aparecesse na minha mão e nela pude observar os treinamentos que eu havia feito com o Sr. Alexodoro.

“Certo, adeus, mundo maravilhoso! Nos vemos em breve!” Abri a porta no último momento em que Meredith e os demais estavam quase a colocar as patas no meu corpo. Após fechá-la, contemplei um imenso breu. Senti as minhas pálpebras se remexerem, sinal esse que anunciava o despertar dos meus olhos.


Aaaaaaah!

Eu gritei de susto quando me deparei com aquela visão, o cientista estava penetrando uma seringa no meu ombro direito. Estava prestes a puxar aquele líquido verde para dentro de mim, quando eu arrastei instintivamente o meu punho para frente.

Ele foi arremessado pela pressão exercida para bem longe de mim. Eu retirei aquela seringa e joguei para bem longe de mim.

— Maldito, como ousa profanar o meu belo corpo?

Soou narcisista, mas eu achei bem legal.

— Teria sido melhor se você não tivesse acordado.

“E de quem é a culpa?”

Ele baixou os braços cruzados que o protegeram do meu ataque.

— Agora que acordou, não terei escolha se não o torturar, mero mortal — finalizou com um sorriso maléfico e começou a caminhar em direção a mim.

Graças ao flashback que invoquei no sonho, as minhas memórias estavam mais claras do que nunca quanto ao que eu deveria fazer contra aquele cientista maluco. Era como se visse diante dos meus olhos o duro treinamento que passei e as lições cravadas na minha pele.

— Pois é, amigo. Agora que recebi o flashback, prepare-se para apanhar feio!

Levantei e apontei o dedo indicador para ele.

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Olá, eu sou Andy Lucas!

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