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Igor:

— Você realmente acha que a gente vai achar ele? Tipo, o cartaz podia estar lá na parede a diversos dias e ele pode ter achado algum jeito de sair da cidade, não? – Izabella me perguntou enquanto estávamos rumo ao porto.

— Os cartazes só ficam nas paredes por 10 dias e depois são retirados pelos próprios guardas da cidade, assim aumentando o grau de perigo do procurado e o cartaz é levado para outras cidades e geralmente ficam nos postos de guardas invés de bares e hoteis, então se o cartaz ainda está lá, significa que está a menos de 10 dias e como eu disse quando estava falando com o Edwe, dificilmente ele fugiu daqui.

— Entendi… Aqui é diferente de onde a gente estava né?

Quanto mais chegávamos ao porto, mais sujas as ruas iam ficando e o chão que era de pedra polida, agora é de madeira extremamente resistente para não apodrecer devido a umidade.

O ar tinha cheiro de peixe e pelo de animal molhado, a maioria das pessoas que estavam no porto eram semi-humanas.

  — Semini ainda é um lugar do terceiro círculo, logo não é tão surpreendente ver um lugar assim, na verdade o lugar esquisito aqui é o centro.

— Hmm, mesmo que você disse que temos chances de achar ele aqui, você não acha que vão nos atacar para proteger o amigo deles?

— Pro bem deles, espero que não. – Apesar de eu achar que não, a preocupação dela é bastante plausível.

— …

Ficamos um tempo andando pelas docas, tinha diversos vendedores vendendo uma grande variedade de coisas e a maior parte dos produtos eram peixes, o que deixava o ar bem fedido.

— O selo fica por aqui? – Izabella perguntou.

— Sim, mas ele não ataca aleatoriamente e quando ataca o porto se fecha.

— Da para saber quando ele vai atacar?

— O selo tem um acordo com a cidade, ele aparece para comer, eles cedem alguém para isso e então ele vai embora, sem causar danos a cidade.

— Eles sacrificam as pessoas?! – Izabella parou.

— Antes um, do que centenas, não acha?

— Mesmo assim… por que as pessoas só não vão embora daqui?

— E para onde elas iriam? E se todas elas sairem daqui, por que o selo continuaria aqui?

— Então todos que moram aqui são… oferendas?

— Elas estão se sacrificando pelo bem do reino, para que nenhuma outra cidade tenha que passar por isso, para eles isso é uma honra.

— Uma honra? viver como simples alimento?

Ela estava começando a aumentar o tom e eu achei melhor terminar com a conversa:

— Sei que não é o ideal, mas é assim que é, agora vamos logo procurar o semi-humano.

Apesar de não ficar contente com a resposta, ela apenas continuou andando ao meu lado.

— Vamos aproveitar para mapear o porto e arrumar ele para quando formos enfrentá-lo, criar uma estratégia.

— Entendi, fazer o reconhecimento enquanto procuramos pelo semi-humano.

— Isso aí.

Continuamos andando pelas ruas de madeira perto do porto e algumas vezes perguntávamos para as pessoas que andavam pelas ruas, focamos as nossos perguntas para os humanos para não ter risco de sermos atacados por um aliado do semi-humano, infelizmente não estávamos chegando a nada, Izabella era bastante simpática com todos tanto que um dos vendedores de peixe frito deu um para ela de graça, sem ela nem pedir.

— Igor olha isso! A aparência não é tão boa e o cheiro também não, mas o gosto é incrível!

— Dizem que os peixes de Semini são os melhores.

— Eu nem sabia que dava para comer! – Ela disse enquanto dava uma mordida no peixe no espeto. – Quer?

— Nah, aproveita o peixe! – Seria nojento comer o mesmo peixe que ela está comendo.

Ficamos mais um tempo procurando-o, mas era inútil, isso é frustrante, por causa do juramento eu tenho que fazer o meu 100% para realizar as ordens de Edwe, o que torna eu não ter o achado extremamente frustrante.

— Arff, tomara que Edwe teve mais sorte que nós.

— É… Você não acha que aqui está mais vazio do que antes? Na verdade… Cadê todo mundo. – Izabella disse enquanto olhava em volta procurando por mais alguém.

— Verdade, era pra ter muito mais gente aqui, por que estamos só? 

Por que o porto está vazio? As pessoas fugiram, não faz sentido, não aconteceu nada de estranho, o porto só fica vazio quand-

— Igor!!!

Junto do grito de Izabella, uma mão enorme e cinza agarrou o meu rosto e me arremessou no ar com uma força colossal.

Splaash!!!

Eu caí no meio do mar perto do porto, a mais ou menos uns 20 metros do píer.

O que me atingiu?!

Não posso ficar pensando nisso agora, eu preciso voltar logo para o píer.

Eu comecei a nadar o mais rápido possível para sair da água, seja lá o que me jogou aqui, ele queria me enfrentar aqui, além disso, Izabella está sozinha com aquilo!

Enquanto eu nadava para o píer, em minha frente, uma grande barbatana emergiu da água em alta velocidade em minha direção.

Um tubarão!?

Não! Eu preciso desviar!

Usando o fogo como impulso eu desviei para o lado no último segundo antes de a barbatana me acertar.

Eu me virei na direção da barbatana e eu vi ela saindo da água e ficando em pé em cima da água como se fosse o próprio chão, uma criatura de 2,5 metros, extremamente musculosa de pele cinza, com a aparência de um tubarão, uma aura negra o envolvia demonstrando uma quantidade imensa de mana e uma fileira de dentes extremamente pontudos formando um sorriso malicioso.

Eu não podia confundir aquilo com nada, eu já estudei sobre ele e por causa disso, um arrepio subiu à minha espinha, na minha frente estava a categoria de demônio mais poderosa ao qual nenhum ser vivo tinha nem mesmo a permissão de matar, na minha frente estava “o selo”.

— Que incrível, você foi jogado na água com força e mesmo assim não ficou abalado e ainda por cima conseguiu desviar do meu ataque com facilidade… fu fu fu fu. – O selo começou a zombar da situação.

Que merda, eu preciso sair da água agora, se essa coisa me atacar com tudo eu não vou poder desviar dentro d’água.

Eu comecei a lentamente nadar de costas, as minhas chamas funcionam debaixo d’água, mas eu gasto muito mais mana para mantê-las acesa.

O selo começou lentamente a caminhar por cima da água em minha direção enquanto a água lentamente subia em direção a sua mão e começava a tomar forma.

— Você realmente acha que pode fugir? – Ele começou a tirar as bandanas que cobriam o pulso dele e mostrou a marca do selo, uma cruz – Não resista, você demorou demais para fugir assim como todos os outros, então apenas aceite o seu destino e depois de você eu vou atrás da elfa.

A voz dele era grossa e ecoava com imponência, ele tinha plena confiança no que dizia, se eu estivesse fora da água eu poderia retrucá-lo, mas aqui dentro eu estou em desvantagem, se ele me atacar com tudo eu não vou conseguir sair ileso.

Ele continuou se aproximando de mim e finalmente a sua arma terminou de se formar, uma foice com duas lâminas, uma ao lado da outra, similar a um martelo. 

Estou a mais ou menos 10 metros do píer, não vou conseguir chegar até lá antes que ele chegue em mim, eu preciso fazer algo logo! Pensa, Igor pensa!

Quando ele chegou perto de mim, ele levantou a foice para me matar.

Merda! Eu ainda estou longe do píer, não vou conseguir fugir de um ataque desses!

Fu fu fu.

balançando a foice lateralmente ele tentou acertar a minha cabeça.

Agora!

Eu aproveitei o golpe dele, eu poderia tentar desviar, mas seria inútil se eu desviasse desse golpe ele ia tentar de novo e de novo até me acertar, mas eu posso aproveitar o golpe dele para sair daqui, ele já mostrou que tem força suficiente, então eu só preciso confiar nas minha manoplas!

Antes que o golpe me acertasse eu ativei as minhas manoplas e coloquei os meu braços para me defender do golpe, não defletir, mas sim aguentar por completo!

O golpe acertou os meus braços com uma força descomunal, eu senti como se eles estivessem prestes a se quebrar, mas se eles só se quebrarem tudo bem, a foice só não pode quebrar as manoplas, eu só preciso aguentar o golpe e usá-lo como impulso!

Com a força do ataque eu fui arremessado do mar de volta ao píer, e usando o fogo, me equilibrei no ar e aterrissei com facilidade.

Eu desfiz a manopla e olhei para os meus braços, eles estavam vermelhos e o direito estava sangrando, mas não haviam se quebrado, agora eu estou fora do mar, eu vou poder enfrentá-lo com tudo.

— Igor! Você está bem? – Izabella chegou correndo até mim.

— Estou, Iza aquilo ali é o selo! você precisa correr.

— O que? Mas e você? Seus braços! – Ela disse enquanto olhava para os meus braços que estavam vermelhos e sangrando devido ao impacto do golpe.

— Isso não é nada, foi erro meu por abaixar a guarda em um território de um selo, agora eu preciso que você saia daqui e ache o Edwe, o avise sobre o que está acontecendo enquanto isso eu seguro ele aqui.

Que merda, como que eu não percebi que as pessoas estavam saindo do porto! Eu estava focado demais na busca que eu nem percebi algo tão óbvio, eu e ela fomos escolhidos como sacrifício.

— Não! Se você ficar, ele vai te matar! Foge comigo! Vamos achar o Edward juntos!

— Isso não é discutível Izabella! Se eu fugir ele vai atrás de mim e vai matar qualquer um que entrar no caminho dele, vai logo! – Eu gritei de volta para Izabella.

Talvez se eu não tivesse sido pego desprevenido eu poderia ganhar e talvez o matar, mas agora…

— Vai Iza! Vai antes que ele ch!!! – De um momento para outro eu vi uma foice aparecendo na minha frente em direção ao meu rosto em minha direção.

— Igooor!

Antes que a foice chegasse a me atingir uma forte rajada de vento negro apareceu na minha frente, refletindo a foice do selo e me jogando para trás.

— Arf Arf Arf, ele é muito rápido! – Ele apareceu na minha frente em instantes – Obrigado.

— Eu vou te ajudar a lutar!

Pelo jeito eu não vou conseguir fazer ela fugir daqui… He!

— Devo dizer que vocês me impressionam, qualquer um já teria morrido depois do meu primeiro ataque, mas você aguentou um dos meus golpes de frente e ainda o usou para sair de um lugar ao qual estava em desvantagem! – O selo disse ainda com um sorriso no rosto e enquanto preparava para mais um ataque.

— Quase sinto pena de matar você, é melhor vocês desistirem e aceitarem a morte, vocês não podem me matar e fugir não é uma opção, eu irei matá-los com apenas um golpe!

Ele me atacou novamente em alta velocidade com a foice, tão veloz que eu só tive tempo de levantar os braços e ativar as manoplas institivamente, quando o golpe me atingiu um vento negro apareceu entre meus braços e a foice dele, assim, amenizando o golpe, mas o selo já estava esperando algo parecido e continuou com um chuva de diversos ataques consecutivos, ao qual eu me defendia com a ajuda de Izabella, se não fosse por ela os meu braços já teriam sido quebrados.

Eu aproveitei o espaço entre golpes e me afastei dele.

— Pensei que você ia me matar com um golpe só. – Eu disse com um sorriso o desafiando, preciso provocá-lo para que ele não ataque a Izabella.

— Devo dizer que o subestimei. – Ele girou a foice e a apontou para mim – Mas direi agora, farei com que a sua morte seja a mais lenta e dolorosa possível, mas antes de você, irei comer a elfa na sua frente e então comerei você!

He, digo o mesmo, você deve dar um peixão assado!

— !!!

Eu disparei pra cima dele usando as manoplas para acertá-lo com o máximo de força possível, ele não esperava a minha velocidade ou na verdade ele não esperava que eu o atacasse e por isso acertei um soco em cheio na cara dele, o fazendo sair voando e bater em uma das casas de madeira do porto, quebrando a casa por completo.

!

Meu braço! O golpe dele me machucou mais do que eu pensei.

BRUUUM!!

— Isso!  – Izabella gritou em comemoração

— Ainda não é hora de comemorar… Na verdade não se tem nada a comemorar…

Dos escombros da casa o selo saia enquanto levantava um grande pedaço de madeira, eu acertei um golpe com força máxima nele e mesmo assim ele se levantou com quase nenhum arranhão.

Eu me preparei para atacá-lo de novo, se eu deixar ele me atacar primeiro, com certeza ficarei na desvantagem.

— Isso foi impressionante… e tolo, como ousa me atacar? Não tem medo da fúria de Deus? Mesmo que você me mate, você será caçado como um rato e no fim morrerá. Então apenas morra e aceite o seu destino inevitável!

O selo disse enquanto se recuperava do golpe, apesar de não ter machucado muito, abalou ele com certeza, agora ele sabe que eu não vou ter medo de atacar. 

O selo então pegou a foice martelo que ele havia deixado cair quando se chocou contra a casa e jogou o pedaço de madeira que estava segurando com a outra mão em mim.

Eu quebrei a madeira com um soco e no instante em que eu fiz isso ele disparou para cima de mim pronto para me acertar com a foice, mas antes que ele conseguisse, uma grande rajada de vento negro o atingiu, fazendo-o perder o equilíbrio e eu usei essa chance para ataca-lo novamente dando três socos rápidos consecutivos em seu peito.

Ele recuperou o equilíbrio e tentou me segurar pela cabeça, porém eu desviei facilmente e usando o fogo como impulso, pulei no ar acima dele dando um mortal e joguei a manopla do braço direito para a perna direita e usando o fogo novamente me impulsionei para baixo acertando um chute com o calcanhar acima da cabeça dele.

O golpe fez com que ele fosse jogado contra o chão, eu cheguei ao chão antes que ele caísse, rapidamente, mandei novamente a manopla para o meu braço direito e dei um gancho no “queixo” dele o jogando para trás. 

Apesar dos golpes bem encaixados, ele não caiu, ele se recuperou rapidamente e usando a foice, tentou acertar um golpe lateralmente em mim.

Eu não consigo defender um golpe dele sem tomar dano, sabendo disso eu pulei do golpe dele.

— Agora eu te peguei!!! – Ele em alta velocidade voltou a foice na mesma direção que eu pulei.

Vuush!

Mas antes que ele me acertasse, uma forte rajada de vento me jogou ainda mais para cima, fazendo ele errar o golpe.

Eu usei essa chance para me equilibrar no ar e pousar sem problemas.

Izabella com certeza está me ajudando, mas é problemático, se o demônio virar nela, ela não vai conseguir sair viva.

— Eu pensei que você fosse mais forte! – Eu gritei pro selo que estava preparando o próximo ataque.

— Admito que subestimei a estupidez que você teria em me enfrentar com intenção de me matar… – Ele cuspiu sangue no chão.

— Quebrei um dentinho?

— He!

Com essa provocação ele disparou para cima de mim, mas foi um golpe imprudente, com facilidade, já que eu estava me acostumando com a velocidade dele, desviei do ataque do demônio e segurei o cabo da foice dele com a mão esquerda e espalhei minhas chamas pela foice para tentar queimá-lo e ao mesmo tempo puxei ele para perto de mim e com o meu punho direito dei um soco com o máximo de força que eu conseguia naquele momento bem na cara dele.

O soco o fez se desequilibrar para trás, mesmo assim ele não soltou a foice, e usando ela, ele voltou a se equilibrar.

— Gah!! – Ele colocou a sua gigantesca mão direita, que estava cheia de queimaduras, onde seria o seu nariz que provavelmente havia se quebrado.

— Esperava mais de um selo. – Eu gritei de volta para ele.

Ele não me respondeu, pelo contrário, ele jogou a sua foice no chão e preparou para avançar para cima de mim com uma investida, e então ele arrancou quebrando o chão de madeira abaixo dele, mas ele não veio para cima de mim ele se virou para Izabella.

— Izaaa!

Izabella por reflexo jogou uma rajada de vento negro em cima dele, porém futilmente, foi como se ele nem sentisse. 

Antes que ele chegasse nela, usando meu fogo eu disparei para a frente dela e usei meus braços para segurá-lo, mas a força da investida foi maior do que eu imaginei.

CRACK!

— Gahh!

Com um estalo, eu senti uma dor aguda no meu braço direito, mesmo assim eu consegui aguentar a investida dele… em troca do meu braço direito.

Droga! Eu não estou mais sentido ele.

Em que que eu estava pensando? Tudo isso para salvar uma humana? Não! eu não posso pensar assim, eu vou salvá-la.

— Igor! – Izabella me chamou ao perceber o que aconteceu.

— Arff, arff, arff, ae idiota… Arf, arf, arf, o seu inimigo, SOU EU!!!

O selo que havia acabado de me dar uma cabeçada voltou a ficar completamente em pé, mostrando toda a sua imponência, seu braço e metade do corpo esquerda que estavam cheios de queimadura estavam quase completamente intactos novamente, nem mesmo as manoplas criadas pelo “pai” conseguiram parar a regeneração dele por muito tempo.

— Ha ha ha, devo admitir! Não me divirto assim a tempos, se você tivesse deixado a garota morrer, talvez você conseguiria com muito esforço me matar, mas agora…

Ele pegou a minha cabeça com a mão e me jogou contra o chão, quebrando o chão embaixo de mim e fazendo com que eu caísse na água.

Com um pouco de dificuldade, eu me levantei me apoiando no braço que ainda conseguia mexer.

O lugar onde eu estava era raso, a água não chegava nem aos meus joelhos.

O chão do pier acima de mim se quebrou e dele o demônio caiu em pé se apoiando nos joelhos.

— Ei! Volta aqui! – Ele disse em tom de zombaria.

Eu não conseguia mexer o meu braço direito nem um centímetro, então usei o meu esquerdo para me defender do ataque dele, porém futilmente, com um chute direto na minha barriga ele me arremessou novamente para cima me fazendo voltar para a plataforma de madeira.

— Gah!

O chute me fez perder por completo o ar e quando eu voltei para cima do chão de madeira, Izabella usou o vento para amenizar a minha queda e me segurou nos braços.

— Cof! Cof! Cof!

— Igor! A gente precisa fugir! Ele vai nos matar!

-… – Eu tentei falar que não, mas eu ainda não tinha fôlego para falar.

Eu empurrei Izabella para trás com os ombros e me afastei dela e me preparei para enfrentar aquela coisa de novo, sem meu braço direito vai ser complicado, mas eu vou conseguir, ele pode ser um selo, mas eu, eu sou o demônio do orfanato!

— Igor, não!

TRUUUM!

Com um estrondo vindo de baixo, o demônio com forma de tubarão voltou para cima da plataforma de madeira, talvez ele esperasse que eu tivesse corrido e por isso estava com uma cara de surpresa em seu rosto, o que rapidamente se mudou para um sorriso sádico.

— Você não cansa de me surpreender! – Ele olhou para Izabella que estava atrás de mim – Mas devo admitir que vocês são uma dupla perigosa, então…

Nesse momento comecei a perceber que meu pés estavam começando a ficar molhados (mais do que já estavam) e quando olhei para baixo.

— Igor, a água!

A água abaixo de nós começou a subir, quer dizer que até agora ele não estava usando a magia dele?

Em uma das aulas que sempre estávamos tendo com o pai, ele nos ensinou que é muito difícil uma pessoa nascer com duas magias, e que também, as magias não eram herdadas, logo, mesmo que duas pessoas com magia de fogo existam a magia não é a mesma, sempre vai ter uma diferença, e se elas tiverem um filho, o filho pode ter qualquer magia e não necessariamente de fogo.

Mas tudo isso só se aplica a seres humanos e elfos, animais sempre herdam magia e por isso por exemplo: um lobo das sombras sempre vai ter magia das sombras e assim por diante.

Essa lógica se aplica a semi-humanos, eles herdam a magia do animal ao qual se assemelham e também ganham uma magia única, logo eles podem ter mais de uma magia.

Acredito que isso também se aplica a esse demônio e ele tem a magia herdada de um tubarão de pele cinza por isso sua pele é resistente e a sua barbatana é quase que uma lâmina e se isso foi apenas magia herdada, a sua magia única deve ser a de manipular a água.

 Foi assim que ele pode caminhar sobre as águas, por causa do momento, eu não pensei muito sobre isso, mas vejo que foi erro meu, eu deveria levá-lo para algum lugar longe da água já que com certeza ele ficaria mais fraco.

A água já chegava em meus joelhos e não dava indícios de parar, ele está sendo cauteloso e não vai me atacar até a água nos cobrir por completo.

Talvez essa seja a minha única chance…

Eu comecei a preparar a minha magia nos meu pés para me impulsionar até ele, mas antes que eu desse minha investida eu senti as mão de Izabella abaixo do meu braço e no momento seguinte fui jogado ao ar junto a ela me segurando e então pousamos no telhado de uma das cabanas que estavam lá.

— O que você está fazendo?!

— Olha para você! Nem consegue mexer o seu braço! Pare de ser imprudente e vamos recuar!

— Mesmo que recuemos agora, ele virá atrás da gente e vai matar mais pessoas! Me deixe aqui e fuja e avise aos outros para fugirem, enquanto isso eu vou segurá-lo e talvez eles nem precisem fugir, porque eu vou acabar com ele aqui!

— Para de ser teimoso!

— Acho que já está bom…

— !

— !!

Quando eu percebi a água já cobria a cabana ao qual estávamos em cima por completo com exceção do telhado onde estávamos e assim como antes, o demônio estava caminhando em cima da água como se fosse o chão normal.

— Acho que não dá mais para fugir… – Izabella finalmente percebeu, todo o porto em que estávamos estava coberto de água, apenas os telhados das cabanas eram possível ver.

Izabella então invocou o bastão dela com uma forte rajada de vento.

— Está bem, eu vou te auxiliar com tudo que eu puder, mas se tivermos a oportunidade, nós vamos fugir sem pensar duas vezes.

Ela não deu espaço para recusas, eu não concordo em fugir, mas fiquei calado e coloquei a minha manopla que estava no meu braço direito na minha perna direita, um ataque direto com força e velocidade total, derrotá-lo com um único golpe, esse é a forma que consigo pensar agora.

Eu intensifiquei as chamas das manoplas que começaram a cobrir o meu corpo, Izabella que estava perto se afastou por causa do calor.

— Eu vou ir pra cima dele com tudo, use o seu vento para aumentar a minha velocidade.

— …Entendi! – Apesar de estar hesitante, ela aceitou o meu pedido.

O demônio se mantinha a uma distância considerável de nós, ele é cauteloso…

Os piores demônios são os que pensam, pois eles sabem que dão medo e usam isso para ganhar vantagem no combate, mas esse é diferente, eu não sinto medo dele, sinto algo estranho… receio talvez? 

O que vai acontecer quando eu matar um selo? O pai nunca tocou nesse assunto.

O demônio disparou para cima de nós dois, Izabella usou a sua magia de vento a amplificando com o bastão, a força foi suficiente para atrasá-lo.

Eu e ela pulamos para outro telhado enquanto ele destruía por completo a casa em que estávamos em cima.

— Igor? – Izabella me perguntou.

— Agora não, precisamos matá-lo com um único golpe, temos que esperar uma abertura, não baixe a guarda.

O demônio novamente nos atacou, dessa vez ele usou a foice de horizontalmente, eu e Iza desviamos pulando para outro telhado, Izabella aproveitou o tempo no ar para jogar projéteis de vento com força nele, os projéteis o acertaram em cheio, não foi o suficiente para perfurá-lo, mas mesmo assim parece ter tido algum efeito.

Nós pousamos em outro telhado e a abertura que eu estava esperando finalmente surgiu.  

— Agora! – Nesse momento eu corri até a beira do telhado e pulei no ar usando o fogo para me impulsionar.

No mesmo instante uma forte rajada do vento negro bateu em mim o que me jogou na direção do demônio em alta velocidade e usando o fogo para me posicionar no ar, eu mirei meu punho esquerdo cerrado bem na cara dele, ele se defendeu usando a mão direita.

Plaaaash!

O impacto do golpe o arrastou para trás.

Eu não posso parar agora! 

A mão dele começou a queimar o que fez ele não conseguir me segurar e usando o meu próprio golpe como impulso eu me joguei ao ar e usei novamente o fogo para me posicionar, dei um mortal no ar e tentei acertar um golpe com o calcanhar da minha perna direita usando o fogo para fortalecer ainda mais o golpe, ele colocou os dois braços acima da cabeça para se defender.

— Não se esqueça de mim! – Izabella gritou enquanto lançava uma rajada de vento negro em tamanha intensidade que que conseguiram até mesmo cortar a pele dele.

O demônio não teve escolha a não ser se defender do ataque dela, assim, perdendo a atenção do meu golpe e eu o acertei com força máxima acima da cabeça.

Splaaaash

 A água embaixo dele foi jogada para cima devido ao impacto, ao mesmo tempo que começou a evaporar devido ao calor das chamas.

— Arf! Arf! Arf!!!

Esse foi o golpe mais forte que eu posso dar nesse estado.

— Arf! Arf! Arf!

Ele afundou na água… eu consegui?

Eu caí dentro da água e estava tão cansado que esqueci de nadar e comecei a afundar, mas Izabella me segurou e me levou para o telhado de outra cabana e me arrastou para fora da água.

— Unng! Você é pesado!

Quando ela me tirou por completo da água, me soltou com cuidado e se levantou para ver onde o vapor estava saindo.

— Eu não acredito que nós conseguimos, você é incrível!

— Arf… Eu se–

Eu vi de relance a barbatana queimada dele saindo da água em alta velocidade e no momento seguinte o demônio que estava com o corpo completamente queimado saiu da água com a foice na mão e atacou mirando em Izabella, como se apenas por instinto, eu me levantei e a empurrei para longe do ataque, e por consequência a foice me atingiu no abdômen com a lâmina, perfurando a minha barriga e me arremesando para longe.

A dor de ter uma lâmina abrindo a sua barriga é absurda e se não fosse pelos treinamentos do pai, eu com certeza teria desmaiado na hora, mas mesmo assim eu senti que estava perdendo a consciência, os golpes anteriores e a quantidade de mana que eu usei com certeza deve estar influenciando nisso.

Preciso respirar fundo e manter a calma.

Isso doi!

Não posso pensar na dor, se eu desmaiar agora ela vai morrer.

Dói! Dói demais!

— Igoor!!!! – Izabella gritou.

Ela usou o vento como impulso, se jogou para me pegar no ar e o usou para amenizar a minha queda, graças a ela, ao invés de eu cair na água nós caímos em cima de outro telhado.

— Ei! Você está bem! Fica comigo, tá me ouvindo?!

Eu estou bem, por que você está com essa cara?

— Ei! Fala comigo Igor!

Foi então que eu percebi que eu não estava conseguindo falar nada e minha vista começava a ficar embaçada, droga… fuja… Iza

BLAAM!

Eu ouvi o demônio subir no telhado e vi o seu corpo totalmente queimado.

— Se eu não tivesse submergido na água eu com certeza morreria maldito! 

Ele veio andando até eu e a Izabella e seu sorriso sádico de habitual tinha dado lugar a um olhar de ódio puro, o que combinava com a sua aparência queimada.

Eu preciso tirar a Izabella daqui, eu preciso tirá-la antes que eu perca a consciência, eu…

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