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Uma reunião curiosa, “ele” nunca havia participado de uma tão estranha, embora jamais tivesse participado de qualquer tipo de reunião antes. Suas conversas com a Bruxa poderiam ser consideradas uma? Provavelmente não.

Aquela seria sua primeira reunião então, começara muito bem. Três dos membros queriam se ver mortos, quatro mal se conheciam e ninguém confiava em ninguém.

Poderia ter sido um cenário pior.

Lauany e o bovino não eram questões com as quais deveria se preocupar, não o machucariam sem motivos fortes para isso, eram uns tolos. O Orc seria sua única preocupação, mas ele temia a Bruxa mesmo que fosse bom em esconder esse fato.

Era inteligente de sua parte ter esse sentimento, a mulher possuía o poder para matar a todos ali e não apenas por causa do artefato que carregava. Quando o hobgoblin questionou a origem de seus poderes pela primeira vez, ela ainda não confiava nele, talvez devesse refazer o questionamento muito em breve.

Os cinco estavam sentados na grama, as tropas Orcs e Pseudo-centauras descansando distante deles. Os irmãos ficaram lado a lado, assim como a Bruxa e o Hobgoblin. O grande líder ficou mais deslocado, embora ainda próximo o bastante para que discutissem sobre o que fosse necessário para eles.

“Hob, é melhor que você explique toda a situação.” A Bruxa declarou, afinal fora ideia de última hora do idiota fazer aquela pequena reunião.

“Oh, Hob? Seu nome?” A Matriarca pseudo-centauro questionou curiosa.

Não, é abreviação de Hobgoblin, a minha espécie.” Explicou querendo evitar um mal entendimento e olhou para Bruxa. “Eu deveria explicar?

O monstro tinha mais confiança na autoridade que o poder da demônia iria conferir a ela,  todos levariam suas palavras mais a sério. O que objetivavam naquela situação era realmente simples.

Enquanto assistiam a batalha das duas tribos, ocorreu ao Hobgoblin que não precisaria resolver o problema dos humanos. Outros poderiam fazer isso por “ele”, um hábito que estava se tornando comum, obrigar os outros a realizarem seus objetivos em seu lugar. Era mais simples.

Os Orcs nutriam desprezo pela maioria dos povos, a humanidade sempre ocupou uma posição especial no pódio, sempre buscando matar aqueles monstros em específico.

Os pseudo-centauros apesar de costumeiramente pacíficos, guardavam conhecimento sobre o potencial de destruição da raça humana que poucas vezes chegou até suas planícies com objetivos obscuros.

Todavia, nunca foi um problema a ser realmente levado a sério. Humanos mal sobrevivem às primeiras camadas da selva. 

“Claro, afinal, você é a criatura mais inteligente de toda a floresta.” A réptil declarou em bom tom para que os outros três ouvissem.

“Ele” primeiro achou estranha a afirmação, mas sem demonstrar em seu rosto. Sua amiga sempre o diminuía tratando-o como a segunda existência mais esperta da Floresta de Dante e se colocando como primeira.

Possivelmente estava apenas afirmando sua autoridade perto dos outros, o ajudando a criar uma reputação. No entanto, com as descobertas recentes, podia acreditar que se o monstro não ocupava o primeiro lugar, iria inevitavelmente o fazer.

O hobgoblin observou as reações dos presentes, Lauany não pareceu surpresa com a afirmação. Seu irmão o observou com olhos semicerrados e involuntariamente moveu a cabeça um pouco para baixo, como se concordasse.

O grande líder Orc, parecia curioso, não tomara a afirmação como uma mentira por completo, entretanto ainda iria esperar mais para escolher no que acreditar.

A situação ainda está sob um controle razoável, embora pareça que há um progressivo escalonamento no risco.”

“Ele sempre fala assim?” O Orc perguntou coçando a cabeça.

“Infelizmente, ele é um elitistazinho, se acha melhor.” Respondeu a Bruxa se divertindo, mesmo que os outros não possuíssem noção do que a palavra significava.

“Oh, sim, é um linguajar… Único.” Lauany comentou um pouco sem graça.

Não é importante.” O hobgoblin interrompeu as divagações deles. Sim, tinha muita noção de que sempre falava mais do que precisava e usava mais palavras que o necessário, mas gostava de ser assim. “A questão que exige nossa atenção é o risco de sobrevivência que paira sobre nós.

“Risco, humanos, palavras normal de estarem juntas.” Comentou o maior deles segurando seu martelo de guerra. Não estava tratando a situação com a mesma seriedade que os outros e só não atacou a Matriarca devido a presença da loira.

Recentemente, incursões humanas se tornaram frequentes a noroeste de onde estamos no atual momento.” Apontou para a direção indicada apenas para ter certeza de que todos conheciam a localização mencionada.

“Oh, bom, também são seres vivos, podem andar por onde quiserem. Assim como nós.”

Sua mentalidade pacifista, Lauany, não é compartilhada por eles. Seus propósitos nesta terra não são compatíveis com os nossos.”

“E quais os nossos propósitos?” O Orc perguntou zangado, querendo ouvir o que o monstro menor achava que tinha a dizer sobre suas vontades.

Sobreviver, não é o que todos fazemos?” Respondeu segurando seus longos cabelos os jogando para trás, uma luta contra o vento que insistia em os colocar na frente de seus olhos amarelos. “Mesmo que os povos de vocês e vocês próprios desejem a eliminação da existência do outro.

“Oh, não, nunca.” A Matriarca pseudo-centauro imediatamente negou aquele objetivo, até mesmo se sentindo triste pelo amigo esperar algo como aquilo dela.

“Oh, sim, sempre.” Falou o grande líder rindo e debochando das palavras daquela que enxergava apenas como uma covarde.

“A animosidade mútua que ambos compartilham deve ser deixada de lado, pelo menos no atual contexto da situação.” Falou, outra vez colocando seu cabelo para trás.

A Bruxa se cansou da cena patética e começou a amarrar o cabelo do monstro em um rabo de cavalo. Ação que deu muito o que pensar ao líder Orc.

“Os humanos, ande logo, explique.” O aperto firme no martelo de guerra evidenciou a paciência escondida.

Chegou ao meu conhecimento, por meio de um conhecido, em uma das minhas viagens que a raça humana pretende tomar o controle da floresta.” O monstro pausou por um momento para observar as reações, gostou do que viu. “Agora estão apenas realizando incursões em trechos a noroeste daqui, conhecendo o território, uma noção de quantos habitam o lugar e o melhor meio para se livrar de todos.

“O que?” Foi a primeira vez que o bovino se pronunciou.

As reações foram diversas, mas dentro do que “ele” esperou ver. Lauany mostrou uma expressão de terror absoluto, o horror que passou por sua cabeça com aquela afirmação era indescritível, o peso em seu peito, doloroso.

O líder Orc suspirou cansado, as olheiras em seu rosto denunciavam o cansaço que pesava em suas costas. O hobgoblin se questionou quais motivações levaram um monstro tão cansado a um conflito tão sangrento.

Existiam maiores razões para o embate daquele dia do que apenas o ódio histórico compartilhando entre ambas as espécies.

“Isso é realmente verdade?” Foi do chefe que esse questionamento saiu, o maior guerreiro foi quem soou mais triste com a expectativa da batalha.

O monstro menor encarou a sua amiga réptil rapidamente, a expressão dela curiosa com o caminho que o hobgoblin estava tomando. “Ele” apenas sorriu por poucos segundos, rápido o bastante para que ninguém percebesse e falou com uma voz triste:

Infelizmente, cada palavra é verdade.

Uma pequena mentira para solidificar seus grandes planos.

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