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Capítulo 76: Passeio agradável

“Caxias, eu não acredito no que tô vendo.” E como poderia acreditar de qualquer forma?

“É uma reação natural, não se preocupe.” A Mestra da Guilda brincou passando a mão em seus próprios cabelos bagunçados pela descida acelerada.

“Impressionante não é? Ela foi do grupo do herói e é a pessoa mais forte do país!” O aprendiz de jardineiro exclamou com felicidade incontida.

Não que Aidê houvesse escutado qualquer uma dessas coisas, a criança estava presa em sua própria incredulidade com a imagem. Era impossível, era inatural, um espetáculo que não poderia ser concebido na própria realidade. Definitivamente, se Floriana não era a prova definitiva de estar em um mundo mágico, Anabiela era.

Pois um par de seios tão grande era a definição de fantástico.

“Isso não é de Deus, Caxias. Isso não é coisa que se vê.” A pequena loira falou mais para si do que para os outros envolvidos.

Não que alguém tenha entendido o que ela falou, nenhum deles parecia achar absurdo as proporções da guerreira. Um pouco incomum, mas nada tão extraordinário que os deixassem boquiabertos tal qual Mariela.

“É divino, mesmo, eu acho.” A felina tentou salvar a situação estando tão perdida quantos os outros.

Anabiela encarou sua funcionária, a resposta nem condizia com o que a pequena nobre disse. A loira maior apenas balançou a cabeça e tentou mudar o foco do assunto com a pergunta óbvia que deveria ser feita:

“O que traz a senhorita até aqui no dia de hoje, minha Lady.”

“Ah, eu queria muito conhecer esse par, quer dizer, essa guilda. Nunca vi nada tão grande, digo grandioso como aventureiros.” A criança falou com seus olhos indo do rosto de Anabiela até os pontos mais baixos nela.

“E o seu pai?” Floriana perguntou antes de sentir um puxão não violento em sua cauda.

“O seu interesse a muito nos honra, minha Lady.” A Mestra declarou ainda segurando a cauda de sua funcionária para que ela ficasse calada. “Eu ficaria feliz em apresentar toda a guilda a senhorita e seu amigo.”

“M-Mas” Flor tentou protestar, mas o aperto que recebeu calou sua boca.

Aquela estava sendo uma situação muito constrangedora, vergonhosa. Os envolvidos em sua maioria queriam enfiar suas cabeças em um buraco e num mais retirá-las, menos Caxias, ele estava muito animado com a perspectiva de finalmente conhecer cada andar do edifício.

A grande aventureira fez um gesto para que as crianças a seguissem e subiu pela escadaria permitida apenas aos membros da administração. Estando distante alguns metros das duas mulheres que foram a frente, Aidê perguntou em um sussurro:

“Ela é humana?”

“Até onde sei, sim, por que?” Foi o que Caxias respondeu.

“Nada.”

“O primeiro andar da Guilda.” A loira mais velha deu início a sua apresentação quando deixaram o térreo. “Onde nós tratamos os corpos de monstros capturados. Há muitas partes que podem ser usadas para a criança de remédios, poções e outros afins dependendo da criatura, até mesmo criação de armas.”

Aquilo fez a garota finalmente parar de pensar na incongruência anatômica que viu mais cedo, o novo cômodo era mais impressionante. Monstros ocupavam o espaço, mortos, mas ainda assim monstros que nunca esperou ver em outro lugar além de sua imaginação. Ao contrário do térreo, poucos móveis variavam naquele ambiente, quase todos, mesas retangulares planas nas quais os cadáveres eram largados.

Nas paredes, ficavam as ferramentas necessárias para o desmembramento, abertura dos corpos, retirada de órgãos, escamas e ossos. Se não soubesse que estava em uma instituição para guerreiros, Tundria pensaria ter entrado em um açougue.

Caxias imediatamente correu até uma mesa onde viu um rato, em outros casos seria uma visão comum, se aquele redor fosse normal. O animal era do tamanho da criança, até onde sabia era comum que um daqueles crescesse nos esgotos ocasionalmente.

Aidê também não conteve sua própria excitação e caminhou o mais rápido que seu vestido permitia até um corpo no salão. Era humanóide, e coberto por pêlos escuros, alto, possivelmente na faixa dos dois metros. Sua cabeça era animalesca, um rosto de bode com chifres longos. O defunto fedia e não parecia ser por causa da decomposição, como se já cheirasse mal antes.

“É um demônio?” Perguntou curiosa, uma pitada de medo em sua voz.

“Não, essa é uma Cabra Cabriola. As vezes invade cidades pra matar crianças.” Floriana falou sem pensar, apenas para levar um pisão em seu pé, proveniente do salto alto de sua chefe. “Ai”

“É uma monstro de Rank Alto, normalmente precisa de um aventureiro prateado para o derrotar. Não se preocupem, um desses entrando em cidades é um evento muito raro.” Disse Anabiela tentando se livrar de qualquer medo.

“Mamãe diz que se eu me comportar mal, a Cabra Cabriola vai me pegar. É verdade” Falou o aprendiz de jardineiro na correndo para outro corpo.

“Sim.” Mentiu Flor.

“Apenas superstição, não se preocupe.” A Mestra pareceu pensar por um momento, aquilo era incentivar o mal comportamento?

“Também diz que se eu dormir tarde, a Cuca vai me pegar.”

“Isso é só um boato falso. A história de que a Cuca sequestrava crianças era na verdade uma piada de mal gosto criada por um dos generais do Rei Demônio que acabou se espalhando. Não é verdade, ela inclusive preferia evitar as pessoas.” Explicou a heroína, mostrando um conhecimento que ia além do superficial.

A Lady se sentiu compelida a questionar mais sobre as histórias que a mulher teria a contar sobre sua jornada contra a tirania do Rei Demônio, no entanto não havia tempo. Era melhor que terminasse sua visita e corresse de volta à mansão antes de ter problemas. Felizmente, sua vontade de ser rápida era compartilhada com outra pessoa.

“Bom, não há tempo a perder.” A Mestra declarou batendo palmas. “Para o próximo andar, e quando voltarmos deixo vocês levarem um pedaço de monstro que quiserem.”

“Sério!!?” As duas crianças perguntaram com estrelas em seus olhos.

Uma empolgação infantil que fez a mulher rir alegremente de forma comedida. Pensou em ter filhos um dia, um garoto talvez, para poder mimar e entregar todo o amor do mundo. Uma vontade soterrada pelo tempo. De qualquer forma, o tempo era curto demais para pensamentos como aquele.

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