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Aiko foi tirada dos seus pensamentos pela empregada.

“Senhora, eu sou Lenore Der Gottfried! É um prazer conhecê-la!” Ela fez outra reverência e falou: “A Rainha me deixou encarregada de cuidar de você, Senhorita Aiko! Tudo que precisar, por favor, deixe comigo!”

A mente de Aiko girou por alguns segundos até voltar ao seu estado normal, então percebeu que a empregada à frente estava olhando-a, mas não havia expressão em seu rosto calmo. Porém, ela era uma jovem bonita, embora vestida de empregada era elegante e cuidava bem de si mesma.

“Ah! Me desculpe! Por favor, conto com você.” Aiko finalmente falou. Ela aproximou-se das roupas em cima da cama e as olhou por alguns segundos enquanto acariciava seu queixo. Até que viu um vestido azul-escuro longo, com bordas douradas em volta; não era nada exagerado, era simples, no entanto, bonito para ela. Assim que o pegou, observou a seda fina que, com certeza, era uma fortuna, o que a fez assimilar as roupas que tinha visto pela janela.

Não demorou muito para que ela o vestisse, depois de tomar um banho perfumado e quente; sua pele parecia renovada, estava macia e com um ótimo aroma. Fazia algum tempo que Aiko não se sentia tão bem assim o que a fez sorrir um pouco.

Enquanto Lenore arrumava seu cabelo loiro cor de trigo em um coque para trás, com mechas caindo para a frente, Aiko falou enquanto olhava seu reflexo no espelho: “Senhora, Lenore! Que lugar é este para o qual me trouxeram?”

“Senhorita, este é o mundo dos vampiros! Esta é a Romênia, estamos no pico de uma montanha fantasma que mais ninguém tem acesso, apenas nós, vampiros! A senhorita deve ter visto a barreira, certo?!” De fato Aiko a viu, entretanto, era assustador para ela. Embora tenha se surpreendido com as palavras dela, Aiko ficou mais surpresa com a descoberta de que vampiros realmente existiam. 

Isto era algo que ela só via em animes ou em filmes fictícios. 

Aiko não conseguia acreditar.

Lenore tirou-a dos seus pensamentos conturbados, dizendo: “Fora da barreira, é impossível ver o nosso mundo. Você deve ter visto a névoa escura, senhorita.”  

“Sim! Eu vi!” Aiko concordou.

Lenore continuou enquanto penteava o cabelo gentilmente. “A névoa é uma maneira de defesa da própria barreira! Ela é invisível para as pessoas do mundo externo, mas é visível para nós, já que fomos nós quem a criamos a centenas de anos!”

Então, tudo o que estava acontecendo com a Aiko devia ter alguma ligação com seus pais, o que a fez lembrar do sonho que teve. Orlok Blade e ela estavam correndo na floresta escura e depois de muito correr, tinham chegado em uma parede vermelha carmesim após serem perseguidos por todo o caminho por pessoas que tinham olhos vermelhos-sangue e auras aterrorizantes.

Porém, muitas coisas estavam fora do lugar. 

Porque meus pais tiveram que morrer?! 

Por qual motivo eles tiveram suas vidas tiradas dessa forma? 

Quem, no mundo, poderia querer meus pais mortos? 

A última lembrança que passou na mente de Aiko foi a imagem de sua mãe morta diante dos seus olhos e por fim as palavras de Orlok Blade dizendo que a amava com lágrimas nos olhos.

“Senhorita, está pronto!” Lenore falou após terminar de arrumar o cabelo, Aiko olhou no espelho e viu que seu cabelo estava muito bem penteado em um coque para trás e com mechas soltas para a frente. “O que acha, senhorita?!”

“Está muito bom, Lenore!” A voz saiu alegremente enquanto olhava novamente para o cabelo bem arrumado e seu corpo no vestido de seda fina, elegante e bonito. “Me sinto lisonjeada, senhorita! Mas, agora, devemos descer para o café da manhã. A Rainha deve estar aguardando sua presença.”

“A Rainha?!” Aiko falou nervosamente, então virou-se para olhar sua nova amiga, Lenore Der Gottfried, afinal ela iria encontrar novamente a mulher que fez algo com o seu corpo quando se encontraram pela primeira vez. E ela era a própria Rainha dos vampiros, um ser mitológico, inimaginável.  “Ah! Sim, vamos!”

Aiko levantou-se enquanto Lenore tomou a frente para conduzi-la até o local onde a mulher estava esperando. Enquanto caminhava no corredor com Lenore, Aiko reparou nos quadros nas paredes, nos móveis em volta e nas portas dos muitos quartos que existiam, se perguntando se o garoto que veio com ela estava em algum desses se recuperando da terrível batalha que ele teve com aqueles assassinos.

Aiko sabia que ele não estava nada bem, e que provavelmente após sofrer muitos ferimentos, precisaria de algum tempo para se recuperar. Aquela forma de Yuji com uma armadura voltou a sua mente, naquela época, ela estava em transe quando viu o garoto naquela forma que mais parecia algum tipo de cena fictícia. Além do poder esmagador que ele emanava. 

Naquele dia Aiko duvidava que algo assim poderia existir, mas o que mais a deixava assustada, foi a mudança em seu comportamento e personalidade. Era como se um ser demônio perverso tivesse tomado o corpo dele. Aquilo realmente assustou-a, ela até pensou que iria morrer ali mesmo com todos aqueles assassinos.

“Senhorita, chegamos!” Disse Lenore parando abruptamente na perspectiva de Aiko. Quando ela percebeu, havia uma enorme porta dupla à frente, com ornamentos esculpidos e exagerados, mas neste momento a voz de alguém soou, dizendo-lhes para entrar. 

Aiko Engoliu em seco, observou a nova amiga, enquanto ela se movia para abrir a porta.

***

A sala em que Neferat Tepes Druilla estava era um local grande o suficiente para uma mesa com mais de 30 assentos caber, e era onde ela estava sentada na cabeceira da mesa enquanto a mesma continha várias especiarias em cima. A sala tinha janelas grandes que davam a visão da cidade dos vampiros o que uma vez ou outra Neferat fazia para passar o tempo que tinha sobrando, visto que era raro ter visitas no castelo. 

Porém, os olhos de Neferat estavam fechados enquanto ela tomava um gole do chá e sua secretária pessoal, Carmilla Mezzadri, estava ao lado em silêncio. Neferat falou após terminar o chá: “Então, como ‘ela’ está reagindo ao sangue do Yuji?”

“Senhora, é como você imaginou, ele é a chave para o despertar dela. Ela está reagindo bem, no entanto, creio que precisaremos do sangue da garota também.” Um brilho surgiu em seus olhos com essa notícia. Finalmente, depois de muitos experimentos para despertá-la de seu sono de anos, Neferat finalmente podia concretizar seus objetivos.

“Então era como eu imaginei, era preciso o sangue de um Beelzebub e de um vampiro para despertá-la. E pensar que os pais de Aiko trocaram de papel nesta história toda. A mãe, era a verdadeira vampira, enquanto o pai era um verdadeiro demônio.” Neferat comentou com um sorriso irônico. “Nem imagino o que poderia ter acontecido se a notícia de que uma vampira puro sangue se envolveu com um demônio.”

Neste momento, a porta da sala se abriu e a garota Ayumi Aiko entrou elegantemente, caminhando até a mesa. Ela estava com o cabelo em um coque para trás, com mechas soltas para a frente, e o vestido azul em seu corpo magro e delicado estava lindo.

“Bom dia, Aiko!” Neferat falou enquanto ela se sentava à mesa, Aiko parecia um pouco nervosa, nem mesmo olhou para Neferat diretamente. Suas pupilas baixaram e seus ombros ficaram levemente rígidos. “B-bom dia, Rainha!”

“Por favor, não me trate com tanta formalidade. Estamos em família aqui.” 

“Ah! Sim! Família. Quero dizer, desculpe… Estou um pouco… Nervosa.” Aiko suspirou silenciosamente.

Neferat sorriu ironicamente mesmo já esperando por este comportamento, até mesmo porque ela podia imaginar a confusão na mente dessa garota. E também podia adivinhar as perguntas que ela queria fazer. “Tudo bem! Você deve ter muitas perguntas para fazer, certo?! Mas, vamos aproveitar o café e eu responderei o que quiser.”

“Ah! Sim!” 

Elas ficaram em silêncio por algum tempo enquanto tomavam o café da manhã. Haviam pães, bolos, frutas, sucos de frutas e muito mais algumas outras guloseimas para comer. Até que chegou o momento da conversa principal, que era a que tanto Neferat quanto Aiko estavam à espera. “Você disse que sabe porque meus pais foram mortos. Por favor, me diga, Rainha.”

Neferat encarou-a seriamente e disse: “Sim, realmente sei o porque eles foram mortos. Primeiro de tudo isto, o maior motivo foi a traição.” Aiko arregalou os olhos quando ouviu. “Traição?! O que quer dizer?”

“A verdade é que a sua mãe, Luixya Tepes, não era um Demônio, mas sim uma vampira de sangue puro. E acima de tudo, minha irmã mais velha!” Aiko congelou de repente, até que ela falou novamente. “O quê?! Então você quer dizer que minha mãe…”

“Sim! Ela era a verdadeira herdeira do trono, era quem deveria ter se tornado Rainha, até que seu pai apareceu do nada e ela deixou tudo de lado por ele. Orlok Blade era o verdadeiro demônio de sangue puro. No entanto, nós também tivemos culpa pelo que aconteceu, se não tivéssemos enviado ela ao Mundo Inferior junto da família Blade, nada do que aconteceu, teria acontecido e você não teria nascido.”

Neferat continuou: “Lembra quando falei que você não se parecia nada com ela?! Eu menti, a verdade é que você é igual a ela, tanto na aparência quanto no seu jeito, no entanto, menti porque a história que foi contada foi o contrário do que realmente ocorreu.”

“O que você quer dizer?!” Aiko engoliu em seco.

“A família Blade foi quem encobriu seu pai aqui no mundo dos vampiros. Naquele tempo nós não tínhamos conhecimento de que um demônio estava entre nós e que a família Blade estava persuadindo, para que seu pai colaborasse com eles. Por ventura, seu pai ficou conhecido como o filho mais velho dos Blades, um jovem de renome que chamava muita atenção entre os jovens daquela época, e mesmo com muitas pretendentes, ele só tinha olhos para uma pessoa.”

“Porque meu pai ajudou a família Blade?!” Aiko perguntou com uma voz trêmula. “Não é óbvio? Era uma troca, apenas um negócio entre eles, seu pai os ajudou a garantir muito mais prestígio por terem se tornado membros da família real dos vampiros, até mesmo superar os Vlad, enquanto seu pai ganhou o casamento com a minha irmã. O envolvimento de vampiros e outras raças é proibido desde os tempos antigos, mesmo na era atual, ainda existem conflitos por causa disso.”

Aiko abaixou os olhos, seus dedos se entrelaçaram e ela disse com a voz nervosa. “Então eles fugiram depois que tudo foi descoberto, e por causa disto… Desta traição, os dois foram mortos por se amarem?” Ela bateu com os punhos sob a mesa. “Não é justo. Porque… Porque eles tinham que passar por isso, só por causa de uma regra dessas?!”

“Entendo o que quer dizer, Aiko. Eu também me perguntei a mesma coisa muitas vezes quando criança, eu era fraca e não pude ajudar minha irmã, tudo que houve naquela época abriu meus olhos… Percebi que os vampiros sempre seguem o mesmo caminho, sempre as mesmas regras, os mesmos costumes de casamentos… Sempre o mesmo ciclo de gerações em gerações.”

Aiko olhou-a com lágrimas surgindo em seus olhos. “O que aconteceu com a família Blade?!” Neferat suspirou e virou os olhos levemente para o lado. “foram todos mortos!” Então continuou: “Apenas seus filhos que eram pequenos na época continuaram vivos e são eles quem assumiram a liderança da casa nobre, Blade.”

Aiko ficou em completo silêncio e de cabeça baixa enquanto as lágrimas desciam sob seus punhos apertados. “Eu sinto muito por tudo o que aconteceu com eles.”

“Tudo bem! É doloroso descobrir a verdade, mas em algum momento eu teria que descobrir. Mesmo no último momento entre eu e meu pai naquela floresta, ele me disse que um dia, eu descobriria a verdade do porque tudo aquilo aconteceu conosco. E sabe quais foram suas últimas palavras? … Eu te amo!” As lágrimas desceram sem parar.

Através do vínculo de despertar que Neferat usou nela, ela podia sentir suas emoções vazarem para si mesma. Era como uma cachoeira sem fim de dor em seu coração, Neferat não sabia mais o que fazer, ou o que dizer para reconforta-la como uma segunda mãe. Ela sabia que não podia tomar o lugar de sua irmã, nem mesmo servir, de alguma forma, como um pai para sua sobrinha.

Ela apenas colocou sua mão sob as de Aiko e formou um arco em seus lábios desajeitadamente. 

“Aiko, eu quero que você veja algo!” Neste momento, Aiko olhou-a, enquanto Neferat moveu seus dedos gentilmente em suas pálpebras, enxugando as lágrimas e em seguida levantando-se. “Venha comigo!”

***

Aiko e Neferat caminharam por um corredor estreito abaixo do castelo, mais precisamente, estavam no subsolo onde havia uma sala secreta que Neferat queria que Aiko visse o que tinha lá. Após alguns minutos elas pararam em frente a uma porta de metal que tinha alguns ornamentos esquisitos que Aiko não conseguia entender.

“Está aqui, o que quero que você veja.” Assim que ela engoliu em seco, Neferat abriu a porta com um sentimento conflitante de medo surgindo em seu coração. Ela não sabia o que Aiko poderia fazer após ver quem estava dentro da sala, ou até mesmo que sua sobrinha passasse a odiá-la pelo resto da vida.

Aiko entrou na sala; era um laboratório de pesquisa e experimentos que Neferat havia construído para a pessoa que estava lá, ou melhor para mantê-la viva, mesmo em seu estado vegetativo.

“Aiko, por aqui!” Neferat conduziu-a até uma parede onde havia várias câmaras com um líquido dentro onde a sua irmã estava desde que a trouxe de volta para o mundo dos vampiros. Não só ela estava lá, como também o Yuji estava em uma das câmaras, recuperando seu corpo. 

Aiko arregalou os olhos assim que viu as duas pessoas lado a lado nas câmaras líquidas. Eles estavam como vieram ao mundo, completamente sem roupas, no entanto, desacordados. O garoto ainda tinha veias vermelhas em seu corpo, enquanto a mulher  ao lado, estava apenas dormindo.

“Mamãe?!” Aiko falou completamente pasma. Embora sua confissão não fosse tão simples assim. “Ela está aqui desde aquela noite. Tudo o que a mantém viva, é este Cristal da Alma em seu peito.” Neferat apontou o objeto cravado entre seus seios, a pedra tinha uma cor vermelha-sangue com tons de preto.

“Porque ela tem isso?! Minha mãe não tinha sido assassinada?! Eu vi com meus próprios olhos… Não tinha como ela ter sobrevivido.” 

Aiko não percebeu que estava tendo uma crise de ansiedade repentina.

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Olá, eu sou Ashura!

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