Selecione o tipo de erro abaixo

Capítulo 10 – Demônio em ascensão

“Hm… onde estou?”, Noro olha ao redor e vê uma imensidão cinza. As árvores estão queimadas, desprovidas de folhas no topo, o chão transformou-se em cinzas e tudo que resta é pó. Tudo parece mórbido e a noite, cinza.

“É mesmo, cheguei à floresta morta”, ele se levanta, descendo da pedra. “A Serpente deve estar por aqui…”

‘Estou tão cansado… mas… tenho que ir, tenho que voltar ao mundo real e sobreviver.’

Uma determinação sombria percorre os olhos de Noro. Cansado, confuso e assustado, ele se mantém firme, impulsionado por algo que supera todas essas adversidades: sua promessa.

Noro sente-se ansioso e temeroso com a possibilidade de encontrar a Serpente, mas inicia sua caminhada para o norte, em silêncio.

“Quantos dias passei naquela floresta?”, questiona-se, enquanto se observa. Passando a mão pela cabeça, percebe que seu cabelo cresceu um pouco. “Droga…”

“É surpreendente que a Serpente não tenha continuado avançando… Haverá algum motivo?”, pondera, enquanto caminha. Seus pensamentos criam teorias, mas ele decide não se apegar a nenhuma delas.

“Será possível que a Serpente queira destruir a floresta? Afinal, ela também é uma criatura. Talvez seja por isso que tudo está em cinzas”, Noro reflete, olhando ao redor. “Mas acho que não importa.”

De repente, ele escuta algo e rapidamente se esconde atrás de uma árvore. “Vozes?”, ouve-se.

“O que terá acontecido com esta parte da floresta?”, questiona uma voz masculina, alta e grave. “Não tenho certeza, Rick, mas não acho que tenha sido algo bom…”, responde uma voz feminina, madura. “Deve ter sido um incêndio”, opina uma voz mais jovem e astuta.

“São pessoas! Não estou sonhando, não é? São pessoas de verdade!” Noro sorri, animado, e começa a sair de trás da árvore, mas logo hesita. “Espera… não posso confiar neles assim.”

Ele absorve a runa do Lobo das Sombras e espreita pelas sombras, buscando uma posição melhor.

Observa o pequeno grupo: um homem alto, musculoso e viril, com barba e cabelo negro penteado para trás, vestindo uma capa de pele e botas robustas, um escudo nas costas e uma espada na cintura; ao lado dele, uma mulher alta, com cabelos castanhos claros e olhos escuros, segurando uma besta e vestida em roupas de couro; e, por fim, um homem de cabelos castanhos que se estendem até os ombros, olhos da mesma cor, trajando uma armadura simples, com uma lança nas costas.

“São os caçadores que eu chamei!”, Noro logo pensa ao ver essas pessoas, tudo indica isso, afinal, por que estariam aqui se não fossem os caçadores? Noro então sai de trás da árvore devagar, sem fazer barulho. “Vocês são caçadores, certo?”

A mulher é a primeira a virar, apontando a besta para Noro, que está com as mãos erguidas no ar em rendição.

Em seguida, o homem jovem e o mais maduro também olham. Os três se entreolham e então o mais maduro responde, “Somos sim, e quem é você?”, ele diz, olhando para Noro. “Eu sou a pessoa que chamou vocês com o comunicador.”

O homem mais velho fala com um tom severo, “Então foi você? Procuramos por muito tempo.” A mulher abaixa a besta e olha para Noro. “Qual seu nome, garoto?”

Noro abaixa os braços. “Meu nome é Norowareta, mas podem me chamar de Noro”, diz ele, exibindo subitamente uma expressão sombria, rapidamente substituída por um sorriso forçado. “É bom ver que vocês me encontraram.”

“Norowareta? Que nome estranho”, comenta o homem mais jovem. Noro responde: “É que meu pai diz que meu nascimento foi amaldiçoado.”

Um silêncio quase palpável paira sobre o grupo, mas o homem maduro o quebra perguntando: “Bom, você tem algo aí com você, Noro?” Noro balança a cabeça negativamente.

“Estamos procurando uma masmorra”, diz o homem jovem. A mulher olha para Noro. “Melhor você vir conosco, criança.”

Irritado por ser chamado de criança só porque é baixo, Noro responde: “Claro, eu vou com vocês.”

Eles começam a andar, com Noro seguindo atrás. De repente, seu cordão de dentes brilha um pouco e ele para. “Ah, eu me lembrei agora. Pelo que eu saiba, tem uma masmorra ao norte.”

O grupo para e o jovem pergunta: “Você tem certeza?” Noro afirma com a cabeça. “Vamos para o norte, então”, diz o homem mais velho.

Caminham até o amanhecer, quando chegam a um local diferente: agora pisam em ossos de diversas criaturas. Todos olham ao redor, assustados.

“Que coisa mais estranha”, comenta a mulher. “Você tem certeza de que é por aqui?”, pergunta o jovem. “Tenho sim”, responde Noro.

“Bom, não há problema de todo modo”, diz o homem maduro. 

De repente, um som ensurdecedor rasga o silêncio da floresta morta: uma árvore tomba, fragmentando-se ao impacto. Diante dos “caçadores”, surge uma visão aterradora que congela o sangue em suas veias: a Pantera Alpha.

Esta criatura é a personificação do pavor. Com mais de quatro metros de altura, seu porte é colossal, impondo uma presença que desafia a própria natureza.

Sua pelagem é um mosaico de sombras, negra com listras indistintas, como se a própria escuridão tivesse se moldado em forma animal. Quatro caudas longas e poderosas agitam-se atrás dela, cada uma terminando em lâminas afiadas como navalhas, prontas para dilacerar a carne com a menor provocação.

Seus seis olhos, semelhantes a esferas de obsidiana, fixam-se nos caçadores com uma intensidade feroz e calculista. Eles irradiam uma inteligência sinistra, revelando um predador não apenas brutal, mas astuto.

A boca da criatura, grotescamente dividida ao meio, se abre em um abismo repleto de dentes enormes e irregulares, afiados como estiletes, prometendo uma morte dolorosa e desordenada.

As garras da Pantera Alpha, longas e finas, são como adagas mortais, perfeitas para rasgar e eviscerar. Seu corpo musculoso se move com uma graça ameaçadora, cada movimento exalando poder e ameaça.

Mais marcante ainda é a cicatriz em sua garganta, uma lembrança brutal de batalhas passadas. Feia e proeminente, ela se estende como um lembrete constante da resiliência e ferocidade da fera.

A presença da Pantera Alpha é como uma onda de terror que se espalha pelo ar, seu olhar é um convite silencioso ao desespero.

Nesse momento, diante dessa encarnação de medo e violência, os caçadores percebem que estão diante de algo muito além de uma simples besta: estão diante de um pesadelo vivo, uma lenda feita carne.

“M-mas que diabos é isso?!” exclama o homem mais velho, agarrando rapidamente seu escudo e espada. Ao mesmo tempo, o jovem pega sua lança e a mulher prepara sua besta.

O jovem se volta para Noro, mas Noro desapareceu. No instante seguinte, a Pantera avança em disparada como um trem-bala, atacando ferozmente o homem mais velho. A força do impacto o lança a dezenas de metros, fazendo-o colidir contra uma árvore.

Sua sobrevivência deve-se apenas ao escudo que usou para se proteger.

A batalha entre os caçadores e a Pantera Alpha se desenrola com uma brutalidade assombrosa. A mulher, Lira, ativa seu presente, e suas flechas tornam-se mais letais, seus virotes perfurando o ar com uma velocidade e ferocidade aumentadas.

Um deles se crava profundamente na barriga da fera, que em resposta, emite um rugido que ecoa por toda a floresta.

O jovem guerreiro, seu nome ainda desconhecido, concentra-se, e o ar ao redor de sua lança começa a girar violentamente. Ventos furiosos envolvem a arma, transformando-a em uma extensão do próprio turbilhão.

Com um grito de batalha, ele avança, lançando um golpe poderoso que atinge o ombro da Pantera, mas a criatura resiste, sua pele quase impenetrável.

O homem mais velho, agora com músculos visivelmente mais tonificados e robustos graças ao seu presente, avança como um touro enfurecido. Ele se choca contra a besta com um impacto tremendo, seu escudo e espada se tornando armas de pura força bruta.

A Pantera, empurrada para trás, recebe outro virote de Lira, que se crava ainda mais fundo, banhando o campo de batalha com o sangue negro da fera.

No meio do caos, a Pantera Alpha, com uma velocidade impressionante, balança sua cauda armada com lâminas afiadas, atingindo Lira e fazendo-a voar pelo ar, o impacto cortando sua barriga severamente.

“Lira, cuidado!” grita o homem mais velho, sua voz carregada de preocupação e fúria.

Enquanto a batalha contra a Pantera Alpha se intensifica, o jovem guerreiro, apesar de seu talento e habilidade, enfrenta um oponente formidável. A besta, com seus olhos inflamados de fúria, foca sua atenção nele, percebendo talvez uma oportunidade.

O jovem, sua lança envolta em ventos furiosos, tenta um ataque ágil, mirando o coração da fera. Mas a Pantera, com uma agilidade surpreendente para seu tamanho, esquiva-se. No mesmo movimento, ela contra-ataca com uma de suas garras afiadas, longas e letais.

O golpe é tão rápido que por um momento parece que não atingiu seu alvo. No entanto, a realidade cruel se revela quando o braço do jovem é brutalmente arrancado de seu corpo.

A dor é imensa, quase insuportável. O sangue jorra em um arco vermelho vivo, tingindo o chão de ossos e cinzas. O jovem guerreiro solta um grito de agonia que ecoa pela floresta, um som de desespero e dor que ressoa nas almas de seus companheiros.

A Pantera, com um rugido de triunfo, volta sua atenção para os outros, enquanto o jovem cai de joelhos, seu rosto pálido e contorcido pela dor, tentando desesperadamente conter o sangramento de seu coto sangrento. A batalha, já brutal, assume um tom ainda mais desesperador diante da perda chocante.

O homem mais velho, testemunhando a brutalidade desmedida com que a Pantera Alpha ataca seus companheiros, sente uma fúria ardente consumir seu ser. Vendo a mulher caída, gravemente ferida, e o jovem sem um braço, lutando pela vida, algo se rompe dentro dele. Com um grito primal de ódio e desespero, ele avança contra a fera, impulsionado por uma mistura de coragem e fúria.

Ele golpeia com seu escudo, acertando o rosto da besta com um impacto surdo. A Pantera recua momentaneamente, surpresa com a força do ataque. Aproveitando o momento, o homem mais velho crava sua espada no corpo da Pantera, uma tentativa desesperada de acabar com o pesadelo.

Mas a Pantera, apesar do ferimento, reage com uma ferocidade inimaginável. Com um movimento rápido e brutal, ela agarra a cabeça do homem com sua boca monstruosa e, num movimento horrível, arranca-a do corpo. O corpo decapitado do homem mais velho cai sem vida no chão, um fim trágico e violento.

O jovem, observando a cena com horror e desespero, percebe que não há esperança de vitória. Com o que resta de suas forças e coragem, ele se vira e foge para a floresta, impulsionado pelo instinto de sobrevivência.

Ele desaparece entre as árvores, deixando para trás o campo de batalha, agora um local de morte e desolação, dominado pela figura imponente e aterrorizante da Pantera Alpha.

“Maldição…” ele amaldiçoa silenciosamente, mas de repente, uma dor lancinante o derruba no chão. “O quê?!” Ele olha com incredulidade para a coxa, onde uma faca noturna está cravada. Das sombras, a figura esquiva de Noro começa a emergir.

“Vocês deveriam ter sido mais astutos como caçadores,” Noro zomba, enquanto o jovem, agora pálido e tremendo, o encara com um olhar de puro terror. “O que você está fazendo? Nós viemos para te salvar,” ele gagueja, sua voz traída pelo medo.

Noro solta uma risada fria e zombeteira. “Hahahaha… Ainda insistindo nessa mentira? Eu sei que vocês não são caçadores.” O jovem respira pesadamente, suor frio escorrendo pelo rosto. “Como… como você sabe?” ele pergunta, a voz trêmula.

“Caçadores nunca teriam perguntado meu nome. Eles saberiam através do comunicador, Richard… Por que não verificaram se aquele era meu nome?” O jovem abre a boca, mas as palavras falham em sair. Seus olhos, agora alargados pelo medo, apenas sussurram um pedido desesperado. “P-por favor, deixe-me viver.”

“De onde eu venho, o que importa é a sobrevivência,” Noro declara com uma frieza implacável, desfazendo a faca e materializando sua adaga. “Você… você não é uma criança… você é um demônio, um diabo em forma de criança!”

“Obrigado pelo elogio,” Noro responde com um sorriso sarcástico, cortando a garganta do homem num movimento rápido e letal. O jovem cai para frente, lutando por ar enquanto se engasga com seu próprio sangue.

“Espero que meu presente funcione em alguém com habilidades como as suas. Agora, me dê as informações que preciso.”

Picture of Olá, eu sou Azulin!

Olá, eu sou Azulin!

Comentem e avaliem o capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥