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Capítulo 02

Perdidos e Confusos

Embora parecesse bom deixar a sede da Lua Vermelha, onde eles deviam ir a partir daqui? Mesmo que aprender mais sobre Allpea fosse o primeiro passo, Haruhiro e os outros não tinham ideia de por onde começar. Eles também não sabiam a quem poderiam pedir ajuda. O grupo de Renji, Kikkawa, Manato, e até mesmo Kazouka e Moguzo não estavam à vista. Parecia que todos tinham ido por caminhos distintos.

Haruhiro, Ranta, Shihori, e Yume estavam do lado de fora do edifício sede, ficaram atordoados por um tempo.

Shihori foi a primeira a quebrar o silêncio. … o que devemos fazer?

Por que a pergunta? Sou eu quem deveria estar te perguntando, Haruhiro queria explodir, mas em consideração aos bons costumes de um cavalheiro, respondeu com mais gentileza. Boa pergunta. O que fazer …

O que… devemos fazer? Ela repetiu.

Vocês… Ranta suspirou profundamente. Vocês precisam ser mais, você sabe, autossuficientes ou algo assim. Agora não é o momento de ficar se perguntando “o que fazer, o que fazer”.

Alguma ideia, então? Disse Haruhiro.

Eu estou pensando seriamente sobre isso. O que devemos fazer, o que poderia ser…

Yume riu. Então você não tem ideia.

Ranta esfregou a parte inferior do nariz com o dedo indicador. Droga, tão direta… É eu não sei.

Isto é meio que uma droga, Haruhiro não pode deixar de pensar. Talvez Kazouka estivesse certo, talvez eles eram os inúteis que sobraram. Eles eram as quatro escórias que não poderiam tomar qualquer decisão, não podiam fazer nada por conta própria. Não era nem mesmo eles que decidiram ficar juntos, em primeiro lugar. Eles simplesmente acabaram todos de pé em frente ao edifício sede. Levando em conta todas as possibilidades, este era, provavelmente, o pior dos resultados.

Moguzo teve tanta sorte. Ranta disse e ,internamente, Haruhiro não conseguiu discordar. Kazouka parece ser o tipo meio sombrio, mas é um veterano. Moguzo não tem casa e… Talvez até fique bem junto de um grupo veterano que sabe o que fazer. Por que ele foi escolhido? Eu sou o único que deveria ter sido escolhido. Eu seria realmente mais útil. Ah…

Eu não acho isso. Disse Yume, agradavelmente, e Haruhiro acrescentou: Eu duvido.”.

Ranta apontou um dedo acusador para os dois, em discordância. Você só diz isso porque você não tem ideia do que EU posso fazer! Não se esqueça disso: Eu sou um homem de habilidades! Sou famoso como um homem que tem um potencial secreto, desde o nascimento!

O seu potencial não seria muito secreto se você fosse famoso. Disse Haruhiro.

Menos detalhes! Você vai ficar cansado de tanto que se preocupa com detalhes, o tempo todo.

Eu sou do tipo que fica cansado apenas em conversar com você.

Afinal, você não tem nada demais, Haruhiro. Não é útil à todos. Não, não é nada bom mesmo. Não é bom, não é mesmo.

Falou o cara cuja única característica é ter “cachinhos”.

Não me chama de “cachinhos”!

Eu disse sua característica. O cabelo cacheado é um ponto forte, certo?

Você realmente acha isso? Ter um cabelo assim é realmente tão bom? Eu não estou realmente convencido…

O cabelo de Yume é reto… Yãn.. Yume sempre foi ciumenta de cabelos naturalmente cacheados. O cabelo de Ranta é ótimo!

De verdade? O meu cabelo é legal mesmo? Sério?

Sim! Cabelo cacheado significa uma mente bagunçada e é adorável!

Adorável? Eu não sei não hein, um cara sendo chamado de adorável por uma menina… Mas não deve ser tão ruim, eu acho. Ainda assim, “mente bagunçada” me faz parecer um pouco idiota …

Uma pequena voz sufocada podia ser ouvida. Haruhiro virou-se e viu que Shihori escondia o rosto atrás de ambas as mãos, com os ombros estavam tremendo ligeiramente.

Whoa. Ranta encarou com surpresa.

Yume também olhou para Shihori e piscou. Claro, Haruhiro também ficou surpreso. Shihori estava chorando.

O-o que há de errado? Perguntou Haruhiro, estendendo a mão para colocar em seu ombro, mas parando no meio do caminho. Talvez não tenha sido uma boa ideia fazer contato físico. Ela era uma menina, apesar das circunstâncias.

— … N-nada. Shihori soluçou. Eu só… Não é nada… Eu só estou um pouco preocupada, isso é tudo…

Ah… Disse Haruhiro.

Quando pensou nisso, ele não encontrou nada para consolá-la. Mesmo naquela situação, três deles estavam discutindo como se não houvesse coisas mais urgentes com as quais deviam se preocupar. Pelo menos Shihori estava dizendo o que ela realmente sentia sobre toda a situação.

Não, não. Yume acariciou delicadamente as costas de Shihori. Boa menina, boa menina, está tudo bem. Tudo ficará bem. Como vai ficar bem, Yume não sabe, mas…

Ranta franziu a testa. Isso… Na verdade, não é tão reconfortante.

Haruhiro esfregou a nuca. Mas eu não acho que é bom ficar aqui sem fazer nada. Mesmo se pararmos de falar, não vai ajudar. Talvez devêssemos, você sabe, talvez… Tem que existir outros veteranos da Lua Vermelha como Kazouka. Talvez a gente possa procurar por alguém assim e fazer algumas perguntas.

Nesse caso, vai você! Ranta bateu nas costas de Haruhiro. — Rápido, encontre alguém e traga informações dele! Vou deixar isso com você, Haruhiro!

Que ideia original, colocar os outros para fazerem todo o trabalho.

Fácil assim!

Você realmente me irrita.

Para ser totalmente franco e honesto, eu realmente não me importo com seus sentimentos.

Idiota.

Cale-se. Foi sua sugestão, então faça você mesmo. É assim que as coisas funcionam normalmente. Ranta afirmou. Mas… Bem, vamos dividir o trabalho, então. Haruhiro, o seu trabalho é ir encontrar um membro da Lua Vermelha e obter informações, o trabalho de Shihori é ser deprimida, o trabalho da Yumi é fazer ela se sentir melhor, e o meu trabalho é ficar aqui esperando você para voltar!

Ranta, você realmente pretende ser tão preguiçoso ao ponto de, simplesmente, ficar parado aqui? Haruhiro respondeu.

Fico mais do que feliz em fazer qualquer coisa, mas eu não quero fazer qualquer coisa que não seja divertida.

Ser divertido… Esse não é o ponto.

Mas a diversão é tudo! Eu sou um cara cujo único objetivo na vida é curtição. Se minha vida não é boa, então não é a minha vida. Que tal você, Haruhiro? Você, certamente, é o tipo que não sabe curtir a vida, o que há com esses seus olhos sonolentos afinal.

Essa é minha aparência natural, desde que nasci! Ranta estava pronto para retrucar novamente, mas Haruhiro continuou. Tudo bem, eu vou. Vou dar uma olhada nas redondezas e ver se encontro um membro da Lua Vermelha;

Finalmente. Por que você não disse isso logo de início? Teria nos livrado de todos os problemas.

Haruhiro estava tentado a se virar contra ele, mas decidiu não fazê-lo. Caras como Ranta têm um jeito, quase um dom, de fazer você sujar as mãos. Ele simplesmente não valia a pena.

Não vou demorar muito, é só esperar aqui. Disse Haruhiro para Yumi e Shihori enquanto deixava a sede da Lua Vermelha para trás. Ele ainda não tinha idéia de onde deveria ir. A direção do sol é, provavelmente, a leste, o que significa que ali é o norte, aqui era sul, oeste e… É nessa direção.

Ao norte, uma enorme torre de castelo se erguia para o céu. Era um bom ponto de referência, de modo que Haruhiro decidiu ir na direção dessa torre, por enquanto. Isso não é um passeio turístico, Haruhiro lembrou a si mesmo. Seria uma boa ideia ir lá?

Haruhiro não tinha dúvida de que tudo ia bem, para o grupo de Renji. Manato estava, provavelmente, se virando de uma forma ou outra e Kikkawa, excessivamente positivo, estaria conversando amigavelmente com as pessoas da cidade. Haruhiro esperava que Moguzo não tenha sido enganado por Kazouka. Assim sendo, Moguzo certamente teve o melhor início entre os doze.

— … acho que não tenho escolha a não ser encontrar alguém para perguntar. Haruhiro disse para si mesmo. Mas quem? Talvez essas pessoas, andando pela rua lá… mas espera. Em primeiro lugar, o que devo fazer? O Corpo de Voluntários. Certo, devo perguntar sobre a Lua Vermelha. Onde encontrar um membro da Lua Vermelha, então?

Ele começou a procurar entre os pedestres alguém “apropriado” para perguntar. A idade não importa, mas alguém carismático seria bom. Quase metade daqueles que passavam na rua percebiam seu olhar. Mais precisamente, eles estavam olhando para ele. Haruhiro parecia estranho? Ele provavelmente parecia. Suas roupas eram, no mínimo, exóticas.

Não importava onde olhasse, ele não conseguia encontrar alguém que parecesse “acessível”. Ele tinha a sensação de que todos ali o viam como uma espécie de alienígena. Ou ele estava apenas sendo paranóico?

Essa tarefa é um obstáculo alto demais para mim. Ou talvez eu não tenha a coragem necessária…

Haruhiro vagou pelas ruas desconhecidas, indo na direção da torre e tentando reunir toda a sua coragem. Bem, lá no fundo, algo lhe dizia que mais cedo ou mais tarde o seu interruptor de coragem de repente seria acionado. Quanto mais cedo, melhor, entretanto…

Então ele ligou. Passado uma praça pública, impecavelmente limpa, ficava a torre de pedra elevada. Os edifícios que a cercavam eram, em sua maioria, de dois andares – exceto uns poucos edifícios célebres aqui e ali. Em contraste, os edifícios menores faziam a torre parecer ainda mais alta, mesmo assim, com aquele tamanho, eles não eram coisas fáceis de ignorar.

Era uma estrutura magnífica, possuía aquele ar de imponência. Parecia ser construída visando a máxima resistência e solidez, suas janelas e porta foram enfeitadas com decorações finamente trabalhadas. Ao lado do portão, e aqui e ali – ao redor da praça pública – homens cobertos de armadura montando guarda, empunhando lanças em um lado e escudos no outro. Um prédio tão fortemente vigiado deveria abrigar alguém de status elevado. Talvez seja a casa do governador, Haruhiro pensou.

Enquanto Haruhiro ficou no meio da praça, com os olhos arregalados e vislumbrando a visão diante de si, um guarda se aproximou. A armadura emitia um som característico de metal contra metal.

O que você está fazendo aqui? Você tem negócios com a Torre Tenbourou?

Tenbourou? Err, não. Nenhum negócio…

Então, saia. Ou você deseja ser preso em flagrante, como um perturbador da paz de Sua Excelência, o Conde de Allpea?

Uh, não, eu não quero ser preso … Certo. Desculpe, já estou saindo.

Haruhiro apressadamente deixou a praça. Ele não podia ter certeza, mas, aparentemente, a torre chamada Tenbourou abrigava a pessoa que era conde desta cidade fronteiriça. Ele teve a sensação de que havia coletado, com sucesso, sua primeira peça de informação sobre este lugar. Afinal, qualquer um que vivesse em um edifício tão conspícuo tem de ser conhecido por todos os habitantes da região.

Allpea. Conde de Allpea. Sua Excelência. Torre Tenbourou. Fronteira … Exército da Fronteira. Lua Vermelha. Forças Reserva… Haruhiro sussurrou todas as palavras estrangeiras para si mesmo, enquanto seguia rumo ao norte.

Durante a caminhada, a quantidade de pessoas na rua começou a aumentar pouco a pouco. Lojas. Ele tinha chegado em uma área onde estandes de lojas e barracas de rua foram comprimidas em duas fileiras, ocupando as laterais da estrada. Embora algumas das bancadas ainda não estivessem totalmente preparadas, mais da metade já fora aberta para os negócios. Barracas de comida, lojas de roupas, artigos diversos, todos os tipos de mercadorias podiam ser encontradas ali. As vozes dos comerciantes animados, promovendo os seus produtos, ecoavam pela rua.

Um mercado? Disse Haruhiro retoricamente.

Sem perceber, Haruhiro encontrou-se caminhando para o mercado. Toda aquela vivacidade foi incrível. Os preços de todos os itens estavam escritos como 1C, 3C, 12C, e assim por diante. Haruhiro podia ler as etiquetas de preço, mas não tinha ideia do que realmente significavam. Os comerciantes chamavam-lhe: “Você senhor, o que você gostaria de comprar …” ou “Você senhor, venha dar uma olhada …”. Mas Haruhiro os evitou e seguiu em seu caminho, amaldiçoando-se por sua timidez.

De repente, um perfume maravilhoso encheu o ar. Haruhiro sentiu um breve arrepio na nuca.

Carne…

Sua boca começou a salivar. Comida… Um estande com espetinhos de carne; algo borbulhava em um enorme pote, n’outro estande; uma montanha de pão foi empilhada, num estande mais à frente. Havia algum tipo de sanduíche lá, bolos de carne estavam postos numa tábua de madeira… O vapor, a fumaça, o cheiro. Haruhiro não aguentava mais. Suas mãos apertaram seu estômago e ele descobriu um enorme vazio. Como pôde não notar isso até este momento? A fome o consumia.

Mas… Shihori e Yume estão esperando. Haruhiro repreendeu-se. Quem se importa com Ranta, mas… Não é certo deixá-las lá enquanto eu encho meu estômago. Mas… o velho ditado, “saco vazio não pára em pé”. Minha barriga está roncando… Ah, que seja… de estômago vazio, não vou muito longe… Desculpem-me!

Incapaz de resistir por mais tempo, Haruhiro fez o caminho mais curto para os espetinhos de carne. Procurou freneticamente a bolsa de couro e tirou uma moeda de prata. Ele seria capaz de pagar com isso? Seria o suficiente? E se não fosse o suficiente? Ignorou esses pensamentos e foi ao estande.

Um espetinho, por favor! Disse Haruhiro.

O quê !? Os olhos do homem barrigudo, atrás do suporte, se alargaram. Prata ?! Você não precisa de tanto! Um espeto custa apenas quatro kappas, olhe, está escrito aqui, viu? Eu não faço descontos, nem adianta insistir! Isso é como Dory Espetinhos faz negócios!

Quatro kappas? Haruhiro olhou para a moeda. Você quer dizer que eu não posso comprar um espetinho com isso?

Uma prata vale cem kappas. Você pode comprar 25 espetos com essa moeda. De jeito nenhum que você vai ser capaz de comer tantos, certo? E não é hora do almoço ainda, então eu só tenho 50 kappas para vender no momento.

Então, uma kappa é…

As moedas de bronze, é claro. O homem barrigudo tirou uma moeda que se parecia com a insígnia de recruta da Lua Vermelha, mas era uma ou duas vezes menor, e mostrou para Haruhiro. Isto é um kappa. Não me diga que você não sabia? Você até usa essas roupas estranhas. Você não é um membro da Lua Vermelha?

Hum, não exatamente. Sou apenas um recruta. Acabei de me tornar um, na verdade “.

Entendo. Bem, vocês, membros da Lua Vermelha, são todos um pouco “diferentes”… Bem, você sabe o que quero dizer. Mesmo que tenha pratas, você não tem nenhum kappas?

Não, sem kappas. E uma de prata são cem kappas… Em outras palavras, as dez pratas que Haruhiro tinha agora era o mesmo que mil kappas. Ele poderia comprar duzentos e cinquenta espetinhos. Mas apenas um desses era tão grande que já equivalia a uma refeição completa. Assim, 250 espetos equivalem a 250 refeições. Com três refeições por dia, garantiria mais de 80 dias de comida. Isso era muito. Desculpe, ainda sou apenas um aprendiz.

Então você não sabia sobre as kappas. O homem barrigudo franziu a testa e, em seguida, respirou fundo. Eu acho que isso significa que você não sabe sobre o Banco do Yorozu então. Por que você não vai lá e dá uma olhada? Você pode fazer câmbio lá e, pagando uma taxa, pode depositar o seu dinheiro também.

Banco de Yorozu…

É ao sul deste mercado. Saia pelo lado da Torre Tenbourou, vá três ruas para baixo, depois, vire à esquerda. É por ali. Você vai ver um “sinal”, então não deve ser muito difícil de encontrar.


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Olá, eu sou o Asu!

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