Capítulo 15
A Queda e Ascensão do Cavaleiro do Terror
Tradutor: Zekaev
Grunhindo de dor, Ranta abraçou sua longa espada contra si, com a mão direita e, simultaneamente, pressionou seu braço esquerdo ferido.
— Owww… — A palavra escapou de seus lábios enquanto tentava dobrar a mão direita. Não! Ele tinha que ser absolutamente silencioso.
Ele estava escondido, como de costume, em um cercado de porcos-verme… Mais precisamente, ele se escondeu no meio de um grupo de porcos-verme. Para ser ainda mais preciso, os porcos-verme é que esconderam ele. Encontravam-se espalhados em um canto do cercado, com Ranta no meio deles tentando manter a respiração tranquila. Ele estava sozinho. Completamente sozinho.
Mesmo Zodiac não estava com ele agora, porque o tempo do feitiço Convite Sombrio acabou. Demônios só podem ser convocados por trinta minutos antes de retornarem aos seus lugares, aos pés do Senhor Skulheill, e Ranta não tinha força mental para invocá-lo novamente. As provocações do demônio realmente o deixaram desanimado.
Ele também tinha ferimentos por todo o corpo. O corte em seu braço esquerdo era tão profundo que impedia de movê-lo. Ranta estava tão machucado ao ponto de não conseguir mais distinguir a dor dos seus inúmeros cortes. Ele sequer queria olhar para eles e pensar sobre quanto sangue deve ter perdido.
Seu braço latejava e, a cada batimento, muito sangue fluía dali. Ele não percebeu que sua respiração havia enfraquecido.
— Eu vou chorar~ ★ … — Disse para si mesmo, com o timbre mais bonito que pôde usar, mas, mesmo assim, não obteve nem um pouco de consolo.
Meninas quentes. Dançando nuas. POR FAVOR. Ele queria que meninas sexy dançassem nuas para ele. Não, não… Completamente nua não era bom. Talvez devessem vestir apenas calcinha ou algo assim. Mmm… Mary. Nah, Mary era tão bonita que sua imaginação não poderia gerar nada apropriado. Não, se tivesse que ser alguém, teria que ser a Shihori. Porque os seios dela são enormes. Sim. Enormes. Yumi não é nada mal. Seus seios não são gigantes, mas servia. Sua aparência plana era mais o tipo dele, apesar dos pesares. Sim.
Hmm… Mas, de alguma forma, ele não se sentiu satisfeito. Isso tudo foi… muito real. Eles eram seus companheiros e estavam sempre juntos. Eles eram. Não mais. Pensar nisso, desta maneira, o deixou deprimido.
Mas tanto faz, está tudo bem… Eles não estavam vindo. É claro que eles não estavam. Era natural que não viessem. Pelo menos, ele acreditou nisso. Mas agora… Já não sabia mais. Seu braço estava ferido e doía muito. Nesse ritmo, ele acabará aleijado. E não era só isso. Correr ou qualquer tipo de esforço físico enviaria ondas de dor à ferida, fazendo ele gemer em voz alta e aumentando as tonturas.
Todas as tentativas para bloquear a dor falharam.
Eu não posso fazer isso. Eu não posso ir além disso. Não tem como sair daqui, não para mim… Não! Ranta queria se livrar desses pensamentos fracos. Ao invés das coisas que ele não podia fazer, deveria se concentrar apenas nas coisas que ele poderia fazer.
Porque as coisas tinham que ser dessa maneira? Porque ele tinha que parecer legal. “Você primeiro”, ele disse a Mogzo. Desejou não ter dito. Ele realmente fez. Por que fez algo assim? Só para saber como é? Porque era uma frase legal que ele queria usar apenas uma vez? Foi por isso mesmo?
Não, não foi.
Eu só queria ser aceito. Fazer algo com auto sacrifício, ou algum tipo de frase como esta, poder fazer outros pensarem que sou incrível. Sim, teve um pouco disso também. Eu sou eu. Outros são outros. Eu não dou a mínima para o que os outros pensam de mim, isso era uma mentira.
É claro que ele queria que os outros pensassem bem dele, se possível. Procurou ser amado. Queria que os outros se preocupassem com ele. E não era por não saber fazer com que outros gostassem dele, porque ele sabia. Definitivamente, é assim, certo? Atuando como mocinho. Fazendo coisas pelo bem de todos, considerando as pessoas e tudo. Até dizendo as coisas certas no momento certo, se fosse suficientemente inteligente.
Heh. Isso era o Manato. Eu não. Ranta não era Manato e não conseguiu que fossem amigos próximos. Além disso, já tarde demais para tentar. Ninguém pensava bem dele, ninguém gostava dele. E, certamente, ninguém se preocupava com ele.
Mas ele estava feliz com isso, pelo menos. A coisa de “Mogzo, você primeiro”. Se os outros tivessem conseguido fugir por causa disso, talvez fossem gratos a ele. Talvez dissessem: “Obrigado, Ranta, você nos salvou”. Cara, isso seria tão legal.
— Vocês vão lembrar de mim de vez em quando? — Ranta sussurrou e os procos-verme ao redor dele começaram a gritar e o abraçaram vigorosamente.
— Hey! Não! Não me refiro a vocês! Eu queria dizer a minha equipe, não vocês, malucos!
Justamente quando ele tinha elaborado um modo sentimental, os porcos-verme conseguiram arruinar tudo. Talvez fosse uma coisa boa. Mas se ele morrer aqui, não queria que isso acontecesse junto aos porcos-verme. Ele queria morrer de uma forma mais legal. Como um guerreiro que morre em batalha.
— Sim.
Ele empurrou os porcos-verme para o lado e pulou para fora do cercado. Um pouco mais cedo – ele não tinha certeza – este lugar encontrava-se repleto de kobolds, e agora eles já não estavam ali. O silêncio reinava.
— … Eles desistiram?
Covardes. Ranta sorriu. Talvez ele pudesse fugir daqui depois de tudo. Ele tentou balançar sua espada longa usando apenas a mão direita e, embora o movimento causasse dor no braço esquerdo, era suportável.
— De jeito nenhum eu vou morrer tão facilmente… agora que penso nisso…
Um pensamento lhe ocorreu enquanto caminhava sozinho, cantarolando uma melodia. Será que eles realmente o abandonaram aqui? Sim, sua equipe é fraca, mas, em princípio, não são pessoas ruins. Talvez o odiassem, mas todos eram camaradas e os camaradas não se abandonam por qualquer coisa, não é? Ranta acreditava que os verdadeiros companheiros simplesmente não fariam isso um ao outro, não importa o quanto desejassem.
Talvez, apenas talvez, eles procuravam por ele. Isso não estava fora de questão.
— Embora eu espere que vocês não estejam aqui… — Ranta suspirou. Porque vocês são fracos. Não tem porquê vocês arriscarem suas vidas por mim. Fazer coisas assim é mais para um homem viril como eu.
Se um dos outros acabar morrendo porque vieram por ele…
— Essa merda não é engraçada. — Calafrios percorreram a coluna de Ranta só de pensar nisso. Ele balançou. De jeito nenhum. Nem fodendo. Ele não queria ser grato a eles desta maneira. De jeito nenhum. Pare com essa merda. Se sua voz pudesse chegar aos outros no lugar distante onde eles provavelmente estavam, teria dito a eles para que o esquecessem e saíssem das minas o mais rápido possível. Talvez, não partir imediatamente de volta para Allpea, mas esperar em algum lugar
perto da saída.
— Ugh. — Ranta rosnou quando uma dor aguda subiu pelo braço ferido, ele se inclinou contra uma cerca próxima. Ainda assim, estava bem.
Um par de kobolds apareceu numa curva à frente. Eles não olhavam para ele agora, mas era só uma questão de tempo. Ele não tinha escolha a não ser tomar a iniciativa. Decisão tomada, Ranta retomou seu passo. Não podia correr com o braço ferido, então deslizou seu pé até ficar bem perto de um dos kobolds.
Eles olharam para ele e, neste momento, Ranta saltou, usando Impulso de Raiva. Não era apenas o mesmo velho Impulso de Raiva que ele sempre usava. Este foi o Impulso de Raiva versão dois: Impulso de Raiva Silencioso. A longa espada perfurou a garganta do kobold exatamente no centro. A criatura se debateu, mas o corte nas cordas vocais impediu qualquer ruído.
Ranta brandiu a espada para baixo, varrendo o pé do outro kobold . Enquanto a criatura caía, ele chutou-lhe na cabeça, deixando-o instantaneamente imóvel. Ele se curvou. Seu braço doía de uam forma quase insuportável. Mas quanto mais determinado estivesse, menos severa era a dor.
Depois de coletar os talismãs dos corpos, balançou a cabeça com força.
— Eu vou matar todos eles. Um de cada vez.
