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Capítulo 16

Vontade e Determinação

Tradutor: Zekaev

Haruhiro reparou como as coisas tinham acalmado. Ao menos já não era possível ouvir o mesmo estardalhaço da confusão de antes.

Ele e os outros se esconderam dentro de um cercado ocupado por porcos-rato. Ficaram a uma boa distância do lugar onde supunham estar o Ranta. Essa suposição baseava-se no alvoroço que os kobolds fizeram naquela região, mesmo que agora houvesse um silêncio quase absoluto.

Ou os kobolds o capturaram, ou ele escapou. O que poderia ser?

Neste último caso, Ranta possivelmente poderia até subir para o terceiro andar agora… Tal possibilidade ocorreu a Haruhiro, e o fato de que ele não considerou isso anteriormente o perturbou muito. Alguém mais inteligente teria imaginado os possíveis cenários e chegaria na conclusão mais provável. Infelizmente, Haruhiro não se achou dotado de tamanha inteligência. Ele só podia fazer o seu melhor com os recursos que tinha.

Não podemos ficar aqui, parados. Temos que encontrá-lo, pensou, e estava prestes a dizer em voz alta também, mas manteve a boca fechada.

Tudo bem, Haru. Mary colocou a mão em seu ombro. Só você faz as coisas à sua própria maneira.

É isso mesmo! Disse Yumi, batendo-lhe na cabeça. Seja você, porque você é você!

Haruhiro não entendeu nada do que ela disse, provavelmente foi porque não significava nada de qualquer maneira e… wow, ser acariciado por ela o deixou embaraçosamente bem, então, que seja.

Com um grunhido, Moguzo se levantou. Shihori respirou fundo várias vezes. Então eles se moveram, para frente, para o lugar onde Ranta supostamente deveria estar. Haruhiro acertou: havia inúmeros kobolds antes, mas nenhum agora. Nenhum. Uma tranquilidade difícil de acreditar.

Enquanto andavam de cercado em cercado, Haruhiro começou a ter um mau pressentimento sobre isso. Não deveria ser tão silencioso. Talvez… Ranta tenha sido capturado.

Ranta! Haruhiro queria chamá-lo, gritar o nome dele. Mas não o fez. Isso só lhe causaria estranheza. E, também, dizer algo em voz alta não era uma boa ideia. Analisando as expressões dos outros, Haruhiro deduziu o que eles poderiam estar pensando. Ninguém imaginava alguma coisa boa, afinal era difícil pensar de outra forma.

Nós não podemos ter certeza ainda. Haruhiro sussurrou, percebendo somente depois que a maneira como ele disse dificilmente inspiraria confiança.

Ele deveria ter dito algo como “Não tenho dúvidas que Ranta está bem” em vez de algo que parecesse tão bobo. “Faça do seu jeito”, disseram à ele, e, enquanto apreciava a solidariedade de seus companheiros, também sabia que suas falhas precisavam ser corrigidas. Mas pessoas de verdade não mudam drasticamente de uma hora pra outra, não é tão simples assim.

Um longo uivo ecoou pelo ar.

Mary parou subitamente. Isto foi…?

Fomos vistos? Yumi olhou em volta apressadamente.

Não. — Disse Shihori, com os olhos abertos e balançando a cabeça ligeiramente. Não fomos nós.

Então… Ranta? Moguzo pegou sua espada e assumiu uma posição defensiva.

Mas onde? À sua esquerda. O kobold que originalmente tinha uivado ficou em silêncio, enquanto outros uivos vieram em resposta. Não parecia ter muitos deles. Ou assim Haruhiro supôs. O barulho era muito menor do que antes.

O que faremos?

Vamos! Haruhiro saiu correndo.

Era esta a decisão certa? Ele poderia conduzir todos para uma situação muito perigosa… E se sua escolha estivesse errada? Se fosse algo ruim, então bastava voltar atrás. Certo. Sim. Não era como se já tivessem alcançado um ponto sem opções de retorno. Foi o que ele disse a si mesmo. Mas porque sempre há essa indecisão, porquê? Sua própria hesitação o irritou. Ele queria ser um líder confiável, mas talvez isso simplesmente não estivesse nele.

Se realmente não pudesse fazer isso, então o que ele poderia fazer era, pelo menos, projetar uma imagem de confiança. Apenas fingir. Pareceria legal e masculino, e os outros se sentiriam mais seguros.

Lá estavam eles, três, ou quatro, não… eram cinco trabalhadores e um ancião perseguindo um humano solitário numa corrida. Não havia muitos deles, mas cercaram seu alvo. O humano balançava uma espada comprida em arcos largos com a mão direita, na tentativa de manter os kobolds longe. Ele não estava tendo sucesso. O humano saltou para se distanciar de seus atacantes, mas os kobolds fecharam o espaço facilmente.

Ranta! Gritou Haruhiro.

Naquele momento, se Ranta pudesse ver a própria face, encontraria a mesma expressão de alguém que acabou de topar com um fantasma.

Isso é o que eu deveria dizer, pensou Haruhiro, mas qual era a frase errada? Afinal, Ranta não disse nada. Qual era a expressão para isso então? “Não me diga q-”, talvez… espere. Agora não era exatamente a melhor hora para pensar nisso.

Ranta ficou paralisado quando se deu conta da presença de todos, e um kobold saltou em sua direção.

Argh! Ranta gritou enquanto o kobold jogou-o no chão.

Estamos chegando! Gritou Haruhiro.

Os outros quatro kobolds também se mantiveram concentrados em Ranta, ignoraram Haruhiro e os demais membros do grupo. Isso realmente poderia funcionar.

Todo mundo, ataquem juntos! Haruhiro ordenou e assim que as palavras saíram de sua boca, a linha apareceu.

A linha de luz nebulosa e indistinta ia da ponta da adaga de Haruhiro até um dos kobolds trabalhadores, em seguida, fazia uma curva que terminava nas costas do capataz ancião. Whoa, isso é muito longo… Haruhiro refletiu interiormente.

Ele não precisava pensar, seu corpo se movia por conta própria, como se fosse controlado por um passageiro invisível. Primeiro ele esfaqueou as costas do trabalhador, depois o ancião. Haruhiro não conseguiu descrever como sua lâmina perfurou ambos os kobolds em pontos vitais. Foi como um aperto repentino em seu peito e, no momento em que recuperou a consciência, os kobolds estavam mortos.

Enquanto os alvos de Haruhiro foram atingidos, Moguzo finalizou outro com sua assinatura: Golpe de Fúria. Mary bateu n’outro com seu cajado e Shihori seguiu com Eco Sombrio. Yumi pressionou combinando Golpe de Varredura e Corte Cruzado. Moguzo finalizou desferindo um Golpe de Fúria novamente.

Merda! Ranta gritou, enquanto era forçado a recuar por conta dos ataques do kobold.

Haruhiro não respondeu, apenas se aproximou das costas do kobold, agarrou-lhe por trás, puxou-o para o chão e empurrou sua adaga na garganta – a técnica Viúva Negra.

Vou curar você. Mary disse, ajudando Ranta a se levantar e lançando um feitiço de cura imediatamente.

Ranta olhou para Haruhiro de soslaio, por cima dos ombros. Não grite meu nome assim, de repente! Você quase me matou de susto, seu idiota!

Apesar de sua bravura, Ranta parecia esgotado. Mary concentrava seus esforços em curar uma ferida particularmente profunda, no braço esquerdo dele, mas ainda havia aquele rasgo no rosto. Foi difícil, para Haruhiro, ficar com raiva vendo Ranta naquela condição.

Desculpe. — Ele disse com sinceridade. Ranta desviou o olhar.

Heeey… Yumi se dirigiu para o outro lado, querendo ver melhor o rosto de Ranta. Os olhos dela se arregalaram de surpresa. Ranta… você está chorando?

Não, eu não estou! Ranta retrucou com veemência.

Mas você está com os olhos todos aguados…

Isso é porque dói em todos os lugares! Ranta insistiu.

Não é preciso agir como se alguém o ajudasse por suas cuecas…. — Disse Yumi. Você está vivo e todos somos capazes de nos ver novamente.

Eu não esperava isso! Não! Quero dizer.. Ranta ficou nervoso. Quero dizer… não é que eu não queria ver vocês de novo! É só q-… pensei que nunca mais veria seus rostos e meu peito ficou todo… meu peito…

Ficou o quê? Yumi pressionou. Ficou todo apertado como se seu coração estivesse quebrando?

C-cale a boca! Disse Ranta. Eu não quero ouvir isso de alguém que tem uma tábua de lavar no lugar do peito!

Não chame Yumi de tábua de lavar. Yumi protestou.

Eu chamo você do jeito que eu quiser! Se eu quiser chamar você de tábua de lavar, eu chamo! Tábua de lavar! Tábua de lavar! Tábua de lavar!

Fique quieto. — Ordenou Mary, agarrando Ranta sob o queixo. Fique em silêncio. Ou você prefere não ser curado?

O rosto de Mary era inexpressivo, uma voz límpida – e isso lhe atribuía um grande poder de intimidação.

U-uh, n-não… Ranta sentou-se ereto. Sinto muito.

Agora você a deixou com raiva… Yumi provocou, os olhos de Ranta brilharam, mas nada mais. Ranta teve medo de Mary e permaneceu absolutamente quieto.

Eu estou… muito feliz. — Disse Shihori, afundando no chão.

Moguzo deu um suspiro pesado. Eu também.

Ainda não podemos baixar a guarda, pensou Haruhiro. Não em um momento como este… Eles precisam continuar alertas nessas situações. O inimigo aproveitaria qualquer oportunidade. Haruhiro passou os olhos pela área. Lá! Ele estava certo: dois, talvez três kobolds, saltando numa cerca distante. Se isso fosse tudo, a equipe não teria grandes problemas, mas não havia garantia de que não viriam mais

Mary, como está Ranta? Perguntou Haruhiro.

Ele vai ficar bem. Mary respondeu.

Certo, vamos embora então. Ranta, levante-se. Você pode correr?

É claro que posso! Com quem você pensa que está falando, seu idiota!

Quem você está chamando de idiota? Você devia estar me agradecendo por te salvar, seu babaca! Haruhiro pensou, mas não disse. Yumi disse uma vez que era impossível impedir Ranta de ser o Ranta, afinal o Ranta é o que ele é: Ranta. Haruhiro concordava plenamente com essa afirmação de Yumi, e ativou a “habilidade de deixar passar”…

Um uivo longo e afiado encheu seus ouvidos.

Esse uivo particular era o alarme do kobold e era exatamente o que Haruhiro temia. Bom, eles já começaram a correr, mesmo que isso não alterasse o fato de que estavam sendo perseguidos. Novamente. Claro que ainda era uma situação assustadora, afinal esse sinal sonoro representava um perigo consideravelmente grande.

Vamos voltar para o terceiro andar! Haruhiro decidiu. Sinto muito, Mary, mas você pode assumir a liderança? Eu não conheço a estrada tão bem quanto você! Leve-nos para o poço mais próximo!

Sim! Veio a voz de Mary.

Ranta, fique com Moguzo e cuide das costas!

Perfeito! Gritou Ranta. Mas ainda me incomoda receber ordens de você!

Pare de responder o tempo todo! Yumi admoestou-o, dizendo o que Haruhiro estava pensando. Graças a isso, Haruhiro não ficou tão irritado como de costume.

Com Mary liderando, seu caminho estava claro e seguro. Haruhiro percebeu isso inconscientemente. Talvez ela sempre transmitiu o desejo de voltar aqui e, portanto, conhecia as possíveis rotas dentro da mina. Considerando o fato de que ela disse que queria seguir em frente para se ver livre deste lugar.

Haveria alguma coisa, algum negócio inacabado para ela fazer aqui? Algo que ela sempre esperava fazer, mas nunca mencionou? Na perspectiva de Haruhiro, era apenas vingança.

Eles chegaram ao poço. As meninas subiram primeiro, seguidas por Ranta, Moguzo e Haruhiro, respectivamente.

Por que não estamos lutando? Protestou Ranta, mesmo depois de tudo que já aconteceu.

Haruhiro, tanto quanto ele, confiava em seus colegas de equipe, mas não queria assumir riscos desnecessários. Quando chegaram ao terceiro andar, os sinais de perseguição dos kobolds desapareceram. Todos estavam exaustos, então procuraram uma área relativamente oculta, sem flores brilhantes, onde pudessem descansar.

Ou era o plano, pelo menos.

Estava escuro. Um breu completo, impossível ver qualquer coisa. Era como se, de repente, a escuridão engolisse tudo.

Haruhiro estacou. Espere. Vocês ouviram alguma coisa? Aquele som…

Som? Repetiu Shihori, esticando o pescoço.

Ele apurou os ouvidos.

~ Clack, clack…

Ele podia ouvi-lo.

~ Clack, clack, clack…

~ Clack, clack…

Um som fraco. Mas algo estava se movendo. Não era um kobold. Isso não soava como um kobold…

Espere. — Disse Ranta, em seguida, correu para outro lugar.

Ele voltou momentos depois com um pacote de flores brilhantes em seus braços e começou a colocar dois punhados de cada vez, em um círculo além da escuridão em torno deles. A parca luz das flores brilhantes revelaram pegadas.

F-f-f… Moguzo recuou. F-fantasmas…

Yumi soltou um grito e saltou para trás, caindo em Ranta e agarrando-se a ele. Quando ela percebeu quem era, se afastou abruptamente.

Não tente nada engraçado! Yumi disse.

Você foi você que me agarrou! Ranta argumentou.

Você acha que eles podem ser… Shihori agarrou ainda mais forte em seu cajado, sua respiração ficou pesada. E-esqueletos?

Sim. — Disse Mary, e deu um passo à frente.

Quando Mary bateu no chão com a ponta do cajado, um um peculiar som de “Shooom” reverberou pelo ar.

Quando a transformação acontece pela primeira vez, a Maldição do Rei Imortal introduz vida falsa em um cadáver. — Explicou Mary. Os esqueletos são o resultado de quando a carne começa a apodrecer e cair.

Isso não pode ser… Haruhiro parou, as palavras fugiram de sua mente.

Os esqueletos – as pessoas – iluminados pela fraca luz das flores brilhantes, eram… eles eram…

Havia três deles. Ambos estavam muito bem equipados, mas sua carne, ou mais precisamente os seus ossos amarelados e desgastados apareceram sob as armaduras. Um usava armadura completa e mantinha a espada levantada. Outro, vestido como Haruhiro, tinha um punhal para se proteger. A última trazia consigo vestes de mago e um cajado.

Faz tanto tempo, todos… Disse Mary.

Que tipo de expressão era aquela no rosto da Mary? Ela estava parada na frente dele agora, mas Haruhiro não conseguiu discernir aquele semblante. A voz dela ainda era firme, como se estivesse casualmente saudando um velho amigo que há muito se vê. Mary provavelmente se decidiu muito antes desse momento.

Ela perdeu três amigos aqui embaixo, nas Minas Siren. Ninguém disse nada sobre voltar e recuperar seus corpos. Mesmo que ela quisesse dar um funeral adequado em respeito aos seus companheiros perdidos, a situação naquela época certamente não permitiu isso. Ela não tinha escolha a não ser deixar os corpos para trás.

Mas aqui, na fronteira de Grimgar, um corpo não cremado cairá sob a Maldição do Rei Imortal e, em três ou cinco dias, transformar-se-á em morto-vivo. Mary conhecia todo esse cruel destino que aguardava seus antigos companheiros.

Michiki. Ogg. Mutsumi. Mary sussurrou seu nome em voz baixa. Sinto muito…

Preparem-se! Gritou Haruhiro quando viu o esqueleto mago, Mutsumi, levantando o cajado.

Uma pilha de ossos não deve ser capaz de falar. Esqueletos não têm voz, mas, de alguma forma, todos ouviram a do esqueleto mago. Derem… hel… em…

Isso soou mais como uma lufada de palavras ao vento. Foi uma das coisas mais terríveis que já ouviram.

Se afastem! Mary gritou quando pulou para o lado.

Haruhiro e os outros fizeram o mesmo, depois de uma fração de segundo, saltando para direita e para esquerda.

O mago esqueleto continuou a cantar. Van… Alev…

Vento. Eles foram empurrados por uma rajada de vento, mas não um vento normal. Este trazia o ardor do fogo.

Whoa! Haruhiro levantou o braço para proteger o rosto.

O vento era muito quente, o suficiente para causar algumas queimaduras. Escaldante. Um calor que desafiava a crença. Se ele abrisse os olhos, tinha certeza que seus globos oculares iriam derreter. Provavelmente. Talvez não.

Eu vou Purificar eles dessa Maldição Blasfêmica! Gritou Mary. Ao contrário de sua forma costumeira, ela avançou agressivamente para a linha de frente. Eu preciso me aproximar!

Não tem como parar ela! Haruhiro pensou. Não faria sentido pedir a ela que parasse só porque é muito perigoso. Agora, só podiam deixá-la fazer o que tinha que ser feito, à sua maneira. Agora, bastava dar a ela o apoio necessário.

Moguzo, pegue o guerreiro! Ranta, o ladrão é seu! Ordenou Haruhiro.

Moguzo confrontou o esqueleto guerreiro de Michiki com um grito, balançando a espada.

Esse aqui é meu! Ranta gritou, saltando para o esqueleto ladrão, Ogg.

Yumi. Haruhiro lançou seu olhar na direção de Yumi..

Mary provavelmente tentaria usar Purificar em Mutsumi primeiro. Ele e Yumi precisavam ajudá-la, ou ela poderia não ter êxito.

Certo! Yumi assentiu.

Isto poderia ser inútil, considerando que o seu adversário era um esqueleto, mas Haruhiro gritou o mais alto que seus pulmões permitiram e atacou Mutsumi de frente. Yumi fez o mesmo. Mutsumi se movia como se estivesse lançando outro feitiço, mas esquivou-se instantaneamente. O feitiço lançado anteriormente era provavelmente Siroco, um feitiço de fogo. A magia de fogo é baseada em ofensas e focada na destruição, portanto, ser atingido por um dos feitiços de Mutsumi significava problemas.

Derem… hel… en… Mutsumi cantou enquanto esculpiu um sinal elementar no ar com a ponta de seu cajado.

Lá estava ele novamente. “Derem hel en”, parecia o mesmo feitiço que ela recitou antes.

Corra! Gritou Haruhiro.

Ele se esquivou à esquerda enquanto Yumi foi para a direita.

— … Rig… Alev…

O quê? Fogo. Chamas. Agora foram chamas reais. Uma cortina ardente na frente de Mutsumi.

Esta é a Parede de Fogo! Gritou Shihori surpresa. Ela levantou o próprio cajado e executou um cântico. Oom rel eckt nem das!

Este era o feitiço Ligação Sombria. A sombra elemental fixou-se no chão, exatamente onde Ogg estava prestes a pisar. O esqueleto ladrão pisou e acabou aprisionado.

Muito bem feito, Shihoriiaaaaa. —Disse Ranta, esticando a última sílaba enquanto avançava direto para o Ogg. Ranta desencadeou uma onda de ataques.

Ogg, no entanto, era da mesma classe que Haruhiro. Ele apenas utilizou Pancada para desviar várias vezes a espada longa de Ranta. Se o ataque fosse muito pesado, como a técnica de Moguzo, – Golpe de Fúria – a Pancada não funcionaria, mas era Ranta o oponente dele. Entretanto, não parecia que Ranta pudesse derrubar Ogg sozinho.

Não muito distante, Moguzo grunhiu enquanto brandia sua espada contra a de Michiki. Eles se pressionaram um contra o outro com uma força surreal. Moguzo pretendia torcer sua espada em torno de Michiki e desferir um Golpe em Espiral, mas Michiki também era um guerreiro e sabia as mesmas técnicas. Isso significa que, no presente estado das coisas, Moguzo teria uma luta complicada.

Q-O que vamos fazer agora? Perguntou Yumi, parando em frente à parede de fogo.

Mutsumi estava do outro lado, mas as chamas a ocultavam.

Eu não tenho cert– whoa! Haruhiro recuou, tentando evitar um raio de luz lançado de trás da parede.

O feitiço bateu na cara dele. Por um segundo, ele realmente achou que estava morto. Mas não foi dessa vez. Ele se sentiu como se tivesse tomado um gancho no queixo e, apesar de doer para caralho, não lhe causou um ferimento grave. Isso era… Míssil Mágico?

Ahh! Gritou Yumi. Ela foi atingida pelo feitiço também.

Os raios de luz do Míssil Mágico voavam por toda parte. Haruhiro saltou para longe da parede de fogo, incapaz de fazer qualquer coisa, mas evitou ser atingido por outro feitiço. Ele nem sabia que feitiços podiam ser combinados desta maneira.

De repente, Moguzo gritou. Moguzo caiu? Foi a primeira coisa que me veio à mente de Haruhiro. Não, parece que Moguzo também só evitou ser atingido. Michiki e esta técnica. Haruhiro só teve um breve vislumbre, mas pareceu que Michiki executou uma pancada dianteira enquanto balançava a espada. Deve ser uma habilidade de guerreiro, mas Haruhiro não sabia que guerreiros podiam usar tais técnicas acrobáticas.

Moguzo imediatamente se moveu para contra-atacar, mas Michiki pulou rapidamente e os dois ficaram paralisados de novo. Michiki. Tão forte. Ele era mais ágil, e suas técnicas eram melhores que as de Moguzo, embora eles fossem bem parecidos em termos de força .

Se a luta permanecesse nesse ‘um contra um’, Moguzo ficaria em desvantagem. Ele já estava começando a ser empurrado para trás. Se Moguzo caísse, ninguém mais seria capaz de segurar Michiki. Claro, eles tinham a vantagem em números, mas isso não significava nada, se seus oponentes conseguissem derrubá-los um por um. Eles dependiam da vitória de Moguzo.

No momento em que Haruhiro chegou a esta conclusão, Shihori lançou outro feitiço.

Oom rel eckt vel dash!

Eco Sombrio. A sombra elementar atingiu Michiki no ombro. Mas isso não foi o suficiente. O feitiço deve ter feito Michiki tremer, mas com certeza não pareceu algo significativo. Talvez o Eco Sombrio seja menos eficaz em esqueletos.

Shihori, use Ligação Sombria. — Disse Haruhiro.

Ao mesmo tempo, Ranta gritou. O feitiço já foi usado!

Haruhiro olhou e viu que Ranta estava certo. Ogg estava já se movia quase que livremente, em torno de Ranta, parecendo brincar com ele. A duração da Ligação Sombria era de aproximadamente 25 segundos. Já passou tanto tempo assim? Não, Haruhiro sentiu que foi menos do que isso. Ele não era realmente um especialista em magia, mas, até onde sabia, a magia funcionava melhor em alguns tipos de adversários do que em outros. Dependendo da força de vontade do conjurador, entre outros fatores, um feitiço, às vezes, poderia ser menos efetivo.

A-agora! Oom rê das eck! Shihori desajeitadamente lançou Ligação Sombria mais uma vez, novamente no local onde Ogg estava prestes a pisar.

Desta vez ele viu através dela, atravessou o local no chão onde a sombra elemental se fixou e pressionou o ataque contra Ranta.

Enquanto tudo isso estava acontecendo, os raios do Míssil Mágico nunca pararam de sair da parede do fogo. Haruhiro foi forçado a continuar esquivando. O que vamos fazer?

Mutsumi! Mary gritou o nome de sua amiga.

Espere, Mary! Gritou Haruhiro em descrença. O que você-

O que ela estava fazendo? O que diabos ela estava pensando? Mary saltou diretamente na parede de fogo. De jeito nenhum! Ela seria queimada até virar torrada. Ela ia morrer, fazendo algo louco assim. Haruhiro queria pará-la, mas não havia como alcançá-la a tempo. Ela desapareceu atrás das chamas.

Ó luz, sob a graça divina do Senhor Luminous… Purificar!

Haruhiro ouviu a voz de Mary e, momentos depois, as chamas começaram a diminuir e, em seguida, desapareceram completamente. Mary se agachou. Aos seus pés, o cajado de um mago rolou no chão perto das vestes de um mago, de um chapéu e… uma pilha de cinzas.

A voz de Haruhiro ficou presa na garganta. Ele não tinha palavras para isso.

Está tudo bem. — Disse Mary, enquanto se levantava.

Está tudo bem mesmo? Haruhiro pensou consigo. O que estava bem aqui? Nada. Agora, nada estava bem. O cabelo dela ficou chamuscado, o rosto vermelho, e outras partes encontravam-se em carne viva. Mas não era só isso. Mutsumi foi sua companheira de equipe, talvez elas fossem mesmo amigas, e, com suas próprias mãos, Mary tinha… Ela tinha… Como isso está bem? Como alguém poderia dizer que está bem como isso?

Mas qualquer tipo de conforto poderia vir mais tarde.

Yumi, Shihori, ajudem o Moguzo! Disse Haruhiro.

Entendi! Respondeu Yumi.

T-tudo bem! Disse Shihori.

Enviando as duas para apoiar Moguzo, Haruhiro concentrou-se em ocupar uma posição atrás de Ogg. Mas Ogg também era um ladrão; com muita agilidade, manteve Ranta sob controle, enquanto impedia Haruhiro de ficar atrás dele. Ele é mais habilidoso do que eu, Haruhiro percebeu. Apesar de ser um esqueleto, as habilidades motoras de Ogg eram muito superiores. Os esqueletos devem manter as mesmas habilidades que tinham antes de se tornarem mortos-vivos

Haruhiro poderia perder, talvez até muito facilmente, se ficassem face a face. Eu odeio ter que fazer isso com você, Ogg, já que você é um velho amigo da Mary. Sim, sou mais fraco do que você, mas, sinto muito companheiro, não estou lutando sozinho!

Ranta! Gritou Haruhiro.

Vamos! Ranta disse bruscamente.

Ranta e Haruhiro trocaram lugares. Ambos estavam em uma surpreendente sintonia desta vez. Os instintos de Ranta eram bons.

Ogg pareceu confuso por um momento, enquanto tentava encontrar Ranta novamente. Ao perceber a abertura, Haruhiro atacou. Ogg desviou com Pancada, depois contra-atacou, e, desta vez, foi Haruhiro quem usou Pancada. Quando Ogg atacou, Haruhiro usou Pancada. Quando Haruhiro atacou, Ogg usou Pancada.

Lá pela quarta vez que trocaram Pancadas, Ogg executou uma ação que fez o sangue de Haruhiro correr frio. Pouco a pouco, Ogg modificou sua habilidade, Pancada, para que, na quarta vez que se chocassem, ficasse perigosamente perto de fazer Haruhiro soltar sua arma.

Eu estava certo, pensou Haruhiro. Eu não posso ganhar contra ele. Mas eu nem preciso. Haruhiro de repente avançou e empurrou seu punhal. Pancada era, na melhor das hipóteses, uma técnica de defesa feita para bloquear o ataque do oponente. Para implementar isso, você gasta toda a sua concentração nos movimentos do adversário por um curto espaço de tempo. A técnica se transforma quase que em um instinto, uma vez que você se acostuma a usá-la.

Em outras palavras, você acaba por usá-la automaticamente, sendo uma coisa boa ou não.

Ogg usou isso agora, contra o ataque súbito de Haruhiro.

Tome isso! Ranta entrou por trás, um ataque cortante na diagonal, impecavelmente cronometrado. Sua longa espada se conectou à perna direita de Ogg.

Para ser honesto, calafrios percorreram a espinha de Haruhiro. Ele e Ranta não combinaram nada com antecedência, mas, ainda assim… Ranta, você sabia exatamente o que eu estava pensando. Isso fez Haruhiro se sentir um pouco sujo, na verdade.

Ogg. — Chamou Mary.

Com uma perna quebrada, o esqueleto Ogg não era mais capaz de se levantar. Mary se aproximou dele agora.

Ó luz, sob a graça divina do Senhor Luminous… Purificar!

Haruhiro não tinha certeza se era bom ou ruim testemunhar o que se desenrolava bem ali, diante de seus olhos.

A luz cegante envolveu Ogg e, momentos depois, seu corpo – ou melhor, seus ossos – desmoronou lentamente, criando um amontoado de pó. Isso fez o coração de Haruhiro doer e quase trouxe lágrimas aos seus olhos. Talvez fosse um alívio para Ogg: ser libertado da maldição por seu companheiro. Mas para Haruhiro não via isso como motivo de felicidade, porque, para Mary, certamente foi uma crueldade quase insuportável.

Mary agachou perto da pilha de cinzas que antes era Ogg e pegou um punhado. Embora não importasse o quão forte ela apertasse seu punho, pois as cinzas continuavam derramando pelas aberturas entre os dedos. Sem olhar para cima, ela balançou a cabeça.

Só falta Michiki agora. — Disse ela.

Oy! Ranta apontou sua espada para Mary. Haruhiro não tinha ideia do por quê, mas Ranta continuou. Você está com a gente agora! Não se esqueça disso!

Oh! Haruhiro entendeu as razões de Ranta, mas pensou que havia maneiras menos indelicadas e mais apropriadas de expor isso. E por que ele precisou apontar a espada para ela?

Haruhiro não se queixou, mas só porque Mary respondeu Ranta com um leve sorriso. Você está certo.

Haruhiro! Gritou Shihori.

Vamos acabar logo com isso! Disse Haruhiro, voltando-se para Michiki.

Moguzo recuou continuamente dos ataques de Michiki, enquanto Yumi e Shihori tentaram apoiá-lo, mas foi em vão. Mesmo se Shihori tentasse invocar Ligação Sombria poderia falhar caso Moguzo acabasse preso no feitiço.

Agora é a minha vez! Ranta atacou Michiki pelo lado.

Michiki bloqueou facilmente, mas isso deu, ao exausto Moguzo, a chance de recuperar o fôlego. Haruhiro focou as costas de Michiki. O guerreiro esqueleto era ágil, mas não tanto quanto Ogg. Ranta estava atacando com tudo o que tinha. Moguzo possuía uma certa graça quando lutava em conjunto com a equipe pois era bastante habilidoso em manter a coordenação com todos os outros. Eles poderiam fazer isso.

Agora! Haruhiro chegou nas costas de Michiki. Como Michiki era um esqueleto, seria inútil esfaqueá-lo, então Haruhiro visou o pescoço. Ele agarrou o crânio de Michiki com uma mão, a vértebra do pescoço com a outra e torceu ambos em direções opostas. Moguzo seguiu esmagando o braço direito de Michiki com sua espada bastarda, forçando o esqueleto a soltar a arma.

Ó luz, sob a graça divina do Senhor Luminoso… Mary invocou.

Ela apoiou os dedos de uma mão e, formando um pentágono em sua testa, apertou o dedo médio entre as sobrancelhas para completar um hexágono. O símbolo do Senhor Luminous. Ela então levou a palma da mão na direção de Michiki.

Purificar!

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Apesar de todo o brilho, era uma luz triste. Michiki começou a desmoronar nos braços de Haruhiro. Era estranho a forma como nada além das cinzas permaneceram. Mas foi o mesmo para Manato. Era o mesmo para todos quando a morte chegava. Cinzas.

A luz desapareceu e Haruhiro caiu no chão. Ele não podia dizer nada, ele não podia pensar, sua mente ficou em branco. Mary se agachou na frente dos restos de Michiki. Moguzo e Ranta ainda estavam de pé, assim como Yumi. Shihori segurou o chapéu com uma mão, respirando com dificuldade.

Está feito. Ranta concluiu.

Sim. Mary pegou um punhado de cinzas de Michiki e fechou os olhos. Acabou, de uma vez por todas. Eu fiz o que eu tinha que fazer. E eu consegui por causa de todos vocês. Obrigada.

Ele era forte, Michiki. Moguzo suspirou. Eu tenho que ficar mais forte também.

Shihori assentiu enfaticamente. Eu quero feitiços mais ofensivos. Eu vou aprender magia ofensiva… Eu tenho que aprender.

Ranta bufou novamente e puxou o queixo, pensativo. Talvez eu faça uma técnica de matança secreta que seja perfeita para mim.

Lá vai ele de novo, dizendo coisas estúpidas. Entretanto, esta foi fácil de deixar passar.

Yumi quer um lobo como companheiro. Yumi disse. Um filhote lobo custa um ouro, mas levará tempo até que ele fique grande…

O que você pretende fazer até lá? Haruhiro arriscou.

Mmmmm… Yumi inclinou a cabeça para um lado. Deve ficar comigo, ou então não vamos nos unir. Acho que só vou carregá-lo no meu bolso.

Será que vai caber? Perguntou Mary.

Yumi tocou o bolso da camisa. Hmm, não sei… talvez seja um pouco pequeno, afinal. Ou talvez eu compre uma bolsa para filhotes…

Ranta, como de costume, arruinou o clima. Essa será uma grande bolsa para carregar.

Yumi vai carregá-la, então, por que Ranta se importa? Disse Yumi. E Yumi nunca, nunca, nunca, NUNCA irá deixar Ranta tocá-lo.

Por que não? Disse Ranta. Eu não vou machucar ele só por fazer carinho. Mas tanto faz, ele vai ser muito forte com certeza!

Não, eu não vou deixar! Disse Yumi.

Ahhh, você vai, vai sim.

Não. Não. Não vou deixar.

Vai.

De jeito nenhum.

Droga, vai sim, idiota!

Você sabe. Haruhiro cortou com um sorriso irônico. É como eles dizem: “não coloque a carroça na frente dos bois”. Ele soltou um suspiro e finalizou. Mas isso não faz diferença agora.

Tornar-se mais forte, hein. Mais forte. O que isso significa para ele? O que isso significou para ele? Claro, ele tinha em mente algumas habilidades que gostaria de adquirir, mas não pensou que, de repente, isso o tornaria dramaticamente mais forte. Trabalhar na refinação do Punhalada pelas Costas e da Viúva Negra tinha seus limites também. Em qualquer caso, melhorar suas habilidades de combate é importante para seu próprio bem, mas se fosse um líder melhor, isso seria como aumentar o nível do grupo como um todo.

Ele sentiu que tais avanços não são visíveis a olho nu. Mas isso é bom, Haruhiro era o melhor para papéis de bastidores, afinal.

Mary… Haruhiro começou.

Sim? Mary respondeu.

Está tudo bem mesmo? Quero dizer, não guardar uma lembrança ou algo assim. Para levar com você.

Ah-. — Disse ela, piscando rapidamente como se fosse pega de surpresa com a pergunta. Eu não tinha pensado nisso. Tem razão. Acho que vou fazer isso. Quando voltar para Allpea, eu tenho que deixar Hayashi saber também…

Sim. Haruhiro assentiu. Certo. Tenho certeza que ele vai ficar aliviado ao ouvir a notícia.

Eu espero que sim…

Mary começou a olhar para os restos de Michiki. Haruhiro queria pedir-lhe para curar aqueles que precisavam, mas se deteve. Provavelmente era melhor não perturbá-la enquanto ela estava pegando os restos de seus preciosos amigos.

Tem sido um dia difícil. Sussurrou Shihori.

Verdade. — Disse Yumi, girando os ombros lentamente.

Isso ainda não acabou. Haruhiro lembrou, com o cuidado de não fazer parecer uma bronca. É melhor não baixar a guarda até voltarmos para Allpea… não que eu esteja esperando por mais problemas.

Nós podemos. Ranta riu de forma desagradável. Quem sabe…

Haruhiro desejou que Ranta ficasse quieto. É porque ele diz coisas assim que os problemas sempre os encontraram. Um arrepio subitamente correu pela espinha dorsal de Haruhiro. Ele se virou para olhar para trás.

De- Começou Haruhiro.

Huh? Ranta virou também. Uau…

Não é bom…. — Disse Moguzo.

Huh? Yumi parecia aturdida.

Shihori deixou escapar um pequeno suspiro.

Não pode ser… Mary sussurrou.

Porque agora? De todos os momentos possíveis, por que agora? Não que existisse um bom momento para isso.

C-corra! Haruhiro não conseguiu pensar em mais nada para dizer.

Ele estava vindo. Ele sempre esteve aqui. O quê? Vamos, não faça isso. O que diabos… Pêlo manchado, preto e branco, tão grande que era difícil acreditar que ele era um kobold, segurando uma enorme espada que parecia mais um cutelo gigante… Deathpatch. O monstruoso kobold fungou pesadamente quando correu, a saliva escorria pelo queixo formando cachoeiras, e os olhos vermelhos de sangue brilhavam.

O Deathpatch tinha três kobolds anciãos com ele, cada um equipado com armaduras de placas, elmos, espadas e escudos redondos. De jeito nenhum, eles não poderiam vencer essa luta. Mas poderiam simplesmente virar e correr? Não. Se dessem as costas para o inimigo, apenas seriam cortados, um por um.

Haruhiro não quer que isso aconteça, mas não via outra alternativa. E, se ficar era a única opção, então ele não podia perder a batalha mental antes mesmo da batalha real começar. Eles precisam vencer e, para vencer…

Moguzo, desculpe, mantenha o Deathpatch ocupado! Todos os outros, vão nos anciãos! Disse Haruhiro.

Em pânico, Haruhiro não ouviu suas respostas. Ele não pôde evitar. Mas isso não muda o fato de que precisavam derrubar os anciãos o mais rápido possível. Depois que os anciãos caíssem, a verdadeira luta começaria.

Oom rel eckt NEM DAS! Shihori segurou um dos anciões com Ligação Sombria.

Graças a isso, Haruhiro foi capaz de se acalmar um pouco.

Ranta, cuide de um sozinho! Yumi e eu lidamos com outro! Disse Haruhiro.

Yumi e Ranta gritaram em concordância.

Eu também! Mary aumentou o aperto em seu cajado, seguindo logo atrás de Haruhiro e Yumi.

Haruhiro estava prestes a detê-la, mas decidiu não fazer. Até que os anciões estivessem mortos, talvez fosse melhor ter Mary na linha de frente também. Depois de cuidar dos anciãos, ela poderia voltar para a retaguarda. Sim, isso era bom.

Obrigado!!! Moguzo desencadeou um Golpe de Fúria com força total.

O Deathpatch, manipulando sua espada-cutelo como se fosse uma simples folha de alumínio, desviou o ataque de Moguzo com facilidade e contra-atacou imediatamente. A força por trás daquele movimento foi monstruosa. O Deathpatch desferiu vários golpes, e Moguzo mal conseguiu bloqueá-los. Se qualquer um desses golpes quebrasse a defesa de Moguzo, poderia ser fatal, com ou sem armadura.

Isso deixou Haruhiro assustado, mas Moguzo devia estar aterrorizado. Era difícil manter a concentração, mas era necessário encontrar uma maneira de conter o medo. E havia algo mais que pudesse ser feito? Não, esta não era a questão agora. Havia outro problema para resolver…

Os dois anciãos ignoraram o Deathpatch e Moguzo, a atenção deles passou inteiramente para Haruhiro e os membros restantes do grupo.

Corte de Ódio. Ranta saltou para o ancião C, e recuou de volta.

Estou indo! Disse Haruhiro, correndo atrás de Yumi, indo diretamente para o ancião B.

No entanto, ele não tinha intenção de atacá-lo. O ancião B ergueu sua espada repetidamente, e Haruhiro usou Pancada para desviar, desviar e desviar continuamente. Enquanto isso, com o ancião B focado apenas no Haruhiro, Yumi e Mary flanquearam pelos os lados e atacaram simultaneamente.

Corte Cruzado!

Esmagar!

O ancião B bloqueou um com a espada e o outro com o escudo, mas perdeu o equilíbrio. Agora! Pensou Haruhiro. Ele se moveu habilmente para trás do ancião B e usou Viúva Negra. Agarrando-se às costas do inimigo, levantou a viseira do elmo dele, enterrou-lhe a adaga no olho direito, torceu-a e depois a puxou para trás antes de se afastar.

Ele ainda não estava morto, então Mary o acertou com seu cajado, enquanto Yumi o derrubou com um chute. Ele não se levantou mais. Ainda restavam dois. Suas opções eram: ou matar o ancião A, preso pela Ligação Sombria, ou ajudar Ranta com o ancião C. Haruhiro não hesitou em ir para ancião A, Yumi e Mary seguiram sua liderança. O alvo não pode se mover, então a luta deve ser fácil.

Yumi e Mary estavam logo atrás de Haruhiro, enquanto ele foi para as costas de ancião A e executou Viúva Negra. Os três agiram da mesma forma quando mataram o ancião B. Agora restava apenas um, o ancião C.

Moguzo estava em apuros. Cada golpe do cutelo do Deathpatch o forçava a apoiar um joelho no chão. Ele, de alguma forma, encontrou uma maneira de ficar de pé entre os ataques, mas Haruhiro sabia que não dava para aguentar isso por muito tempo.

Eu vou terminar isso sozinho! Gritou Ranta.

Haruhiro hesitou por um momento antes de responder. Obrigado! Ele confiou em seus companheiros. Ele acreditava em Ranta. Mary, volte! Ele ordenou, enquanto ele e Yumi se posicionaram para atacar o Deathpatch pelas costas e pela lateral.

A questão era, mesmo com os dois ajudando, é possível conter o Deathpatch? Por que ele estava se sentindo tão intimidado? O Deathpatch deixou suas costas viradas para o Haruhiro agora, e sequer pensou em lançar um olhar de volta. Apesar disso, Haruhiro não teve a menor ideia de como deveria executar seu ataque. Parecia que qualquer coisa que ele fizesse seria totalmente ineficaz.

Não importava. Eficaz ou não, ele teve que tentar. Não tinha o que fazer agora. Eles estavam comprometidos com isso.

Ele tentaria Punhalada pelas Costas primeiro… deve tentar pelo menos. A próxima coisa que viu, ele estava no chão, caindo para trás. Hã? Ele foi chutado pelo Deathpatch enquanto estava se aproximando? Vagamente lembrou de algo assim, mas não tinha certeza.

Ele estava ferido? Tentou se levantar. Seu corpo doía por toda parte e sua cabeça ainda girava um pouco, mas sentia-se relativamente bem. Talvez. Ele realmente não podia dizer.

Tome isso, isso e isso e isso! Ranta atacou com uma rápida sucessão de golpes, tirando a espada e o escudo das mãos do ancião C. Com um grito, ele deu uma trombada com o ombro, levando o inimigo ao chão.

Isso não era nada mais do que uma exibição de força bruta, mas funcionou. Ranta usou sua espada para remover o elmo da cabeça do ancião e perfurou-lhe na garganta.

Haha! Outro vícius para mim! — Ranta comemorou.

Haruhiro não pôde acreditar que Ranta pensava em colecionar vícius em um momento como este. Mas, embora houvesse muito a dizer sobre sua falta de caráter, Haruhiro admitiu que Ranta era bastante confiável

Só falta o Deathpatch agora! Gritou Haruhiro, tão firme quanto podia, tentando elevar o moral da equipe.

Mas uma parte dele sabia que era inútil. Haruhiro ouviu o grito gutural do Deathpatch. WRO-ga-huah! Wro-ga-huah! Wro-ga-huah! E então Moguzo foi completamente dominado.

Claro que Haruhiro, Yumi e Ranta queriam chegar ao auxílio de Moguzo, mas havia algo que os detinha. Um ar de intimidação, quem sabe. Foi realmente por uma razão tão incerta e pouco clara?

Não. Foi a forma como o Deathpatch se movia, dinâmico e rápido. Ele avançou e saltou como se tivesse molas nas pernas, tudo ao mesmo tempo, além de empunhar habilmente sua espada gigante. E ele nunca parou de se mover, então era difícil encontrar uma abertura.

Deve existir algum padrão ou hábito que possam explorar. Haruhiro e os outros só precisam encontrá-lo. Mas ninguém teve tempo de analisar cuidadosamente aqueles movimentos.

Oom rel eckt vel dash! Veio o Eco Sombrio de Shihori, no momento certo, mas isso não foi suficiente.

O Deathpatch brandiu a espada com um rugido e cortou a sombra elemental pela metade, fazendo-a desaparecer. Esse era o momento. Pequeno demais para ser chamado de abertura, mas foi aí que Moguzo pôde atacar. Pela primeira vez, desde que a luta começou, ele partiu para a ofensiva.

Ele estava completamente sem fôlego e com ferimentos por toda parte, mas Moguzo certamente sabia que seria cortado se abusasse mais. Ele não teve escolha senão esperar por uma chance e entrar. Moguzo tomou uma decisão calculada e Haruhiro achou que estava bem. Nenhuma outra conclusão foi possível. Mas assim que esta ideia atravessou sua mente…

Gro-huah! — O Deathpatch gritou e bloqueou a espada bastarda de Moguzo, não com a sua espada, mas com o braço esquerdo.

O que-! Isso é mesmo possível?! Haruhiro pensou . Ele estava chocado, Moguzo ainda mais, provavelmente. Surpreso ou não, isso não mudaria o que aconteceu em seguida.

O Deathpatch trouxe sua espada para baixo, cruelmente atingindo o ombro esquerdo de Moguzo. O rasgo penetrou a placa da armadura, a cota de malha, e foi ainda mais fundo.

MOGUZOOO! Ranta avançou no Deathpatch.

Merda! Ranta não estava pronto para assumir um adversário como o Deathpatch. O grande kobold brandiu a espada para Ranta, com força suficiente para esmagá-lo e cortá-lo ao meio. De alguma forma, Ranta abaixou a tempo de evitar o golpe. Boa jogada! E, graças à intervenção de Ranta, Moguzo conseguiu se afastar do Deathpatch.

No entanto, sua ferida parecia horrível e sangrava muito.

Mary, cure Moguzo! Haruhiro não precisava dizer, Mary já ia ao socorro dele.

Imediatamente ela lançou um feitiço de cura sobre ele, mas levaria tempo para surtir efeito. Era necessário ganhar mais tempo para ela. Em algum momento Yumi pegou o arco e disparou uma flecha no Deathpatch. A uma distância tão próxima, era impossível errar. A flecha enterrou na lateral do chefe kobold. O gigante rugiu e voltou sua atenção para Yumi.

Você não devia olhar para longe! Gritou Ranta, atacando novamente.

O Deathpatch bloqueou a espada longa de Ranta com facilidade e, em seguida, foi atrás de Yumi violentamente. Yumi, é claro, correu.

Wah! Horrível, horrível, horrível… Yumi gritou, jogou o arco para longe e, usando a habilidade de rotação dos ratos do fosso, fugiu.

Haruhiro seguiu o Deathpatch, mas não conseguiu compensar o atraso. E não foi só dessa vez, Haruhiro não conseguiu entrar em posição em nenhum momento.

Merda! Haruhiro grunhiu.

Ó trevas, Ó Senhor da Corrupção… Ranta lançou um feitiço. Convite Sombrio.

Um torso humano roxo-escuro e sem cabeça. Tinha um olhar profundo e um rasgo na boca. Um demônio. Zodiac.

Pegua ele, Zodiac! Ranta comandou.

Não quero! Não quero! Não quero! Não quero! Keehehehehe… Heehehehe!

Eu sabia… Ranta suspirou.

Haruhiro sequer pôde expressar o quão assombrado ficou. De todos os idiotas, preguiçosos… ele não encontrou palavras. Yumi gritou quando o Deathpatch a chutou. Foi absurdamente forte, e mandou ela pelos ares.

Demônio estúpido! Venha aqui! Ranta pegou Zodiac pelo braço e puxou-o para perto.

Haruhiro nem sabia que os demônios poderiam ser agarrados assim. Ranta então virou para o Deathpatch e lançou Zodiac na direção dele, com todas as suas forças.

Vai se Fuder! Vai se Fuder! Vai se Fuder! VAAAAAAI SEEEE FUUUUUUUDEEERR!. — Gritou o diabinho.

O demônio atingiu o Deathpatch no rosto. Não foi exatamente “atingir”, estava mais pra “ficar preso”. O Deathpatch imediatamente removeu o demônio e o afastou, mas esse momento deu a Ranta a chance de se aproximar novamente – com Impulso de Raiva.

O ataque foi direto para a garganta do chefe kobold, mas ele se contorceu o suficiente para que a espada longa de Ranta apenas raspasse alguns centímetros do pêlo ao lado do pescoço. Ainda assim, o Deathpatch foi ferido e estava sangrando, mas ainda não era algo significativo.

Isso! Haruhiro pensou. Eles finalmente o acertaram. O Deathpatch não era invencível e esta não era uma luta perdida apesar de tudo. Eles poderiam fazer isso. Era um adversário possível de ser derrotado, se o grupo trabalhasse com mais afinco. Haruhiro vislumbrou a vitória, mas estes pensamentos evaporaram rapidamente.

O Deathpatch soltou um grito horrível. A cor de seus olhos mudou. Até um momento atrás, a luz que brilhava naqueles olhos era nada mais que peculiar. De repente, em menos de uma fração de segundo, Ranta estava caído e imóvel no chão.

O que aconteceu? Haruhiro não conseguiu ver. Tudo o que ele viu foi o corpo Ranta estirado no chão, banhado de sangue, e o Deathpatch levantando sua espada acima da cabeça para entregar um golpe final. Algo agarrou no seu braço com a espada… uma forma roxa-escura. Haruhiro não podia acreditar em seus próprios olhos.

Zodiac? Haruhiro murmurou.

Keehehehe… Eehehehe… Heehehehehehe! O demônio riu.

O Deathpatch rosnou e zombou como se dissesse “você está no meu caminho”, em seguida, agarrou o demônio como uma águia agarra sua presa e o arremessou no chão. Com um som sibilante, o demônio evaporou e desapareceu. Graças à interferência de Zodiac, a vida de Ranta foi salva.

Quando o Deathpatch ergueu sua espada mais uma vez, e voltou sua atenção para acabar com Ranta, Moguzo pulou e bloqueou o ataque, justo quando o Deathpatch estava abaixando a espada-cutelo. O que aconteceria se Zodiac não tivesse obstruído o Deathpatch? Moguzo provavelmente não chegaria a tempo. Zodiac acabou de salvar a vida de Ranta.

Shihori estava ajudando Yumi a se levantar, mas ela tinha uma mão pressionado a cintura e a dor era evidente. Moguzo, mesmo sendo quase esmagado pelo Deathpatch, assegurou-se de tirar o kobold de Ranta.

O Deathpatch se torna mais forte quanto mais se machuca! Mary disse enquanto corria para Ranta. Haru! Estou quase no meu limite! Eu só posso invocar duas magias, talvez três, se eu me esforçar, mas isso é tudo!

Haruhiro prendeu a respiração, o maxilar apertado. Moguzo, mesmo que Mary tenha curado as feridas, ela não pode restaurar a resistência, e ele já estava mostrando sinais de fadiga. Deathpatch. Quanto mais dano receber, mais forte ele se torna? Isso significa que a luta será gradativamente mais difícil. Que porra é essa? Como deveriam lutar contra algo assim? Eles não podiam.

Eles tinham que correr. Essa era a única opção agora. Mas poderiam realmente escapar? Se fosse uma opção, já teriam corrido logo no início. Não, o Deathpatch tinha três subordinados com ele antes. Mas as circunstâncias mudaram. Agora, era só ele. A questão era, todos eles estariam seguros se corressem agora?

O Deathpatch é rápido. Se o kobold decidisse persegui-los, eles não poderiam ultrapassá-lo. Se fossem atacados pelas costas enquanto correm, morreriam imediatamente. É fato, isso não era uma opção. Haruhiro esperava que todos pudessem recuar, mas as circunstâncias não permitiam isso.

Se todos corressem, alguns deles seriam mortos. Se tivessem sorte, talvez alguns conseguissem escapar. Mas, se forem azarados, todos poderiam morrer.

Um. Pelo menos um deles tinha que ficar para trás. Um deles tinha que manter o Deathpatch ocupado. Seria uma luta até a morte. Quem ficar para trás morrerá. Um morreria para que os outros cinco sobrevivessem.

Esta é sua única opção agora. Haruhiro entendeu isso. Nada mais lhe veio à mente. Enquanto se afoga em suas suposições, o Deathpatch pode matar Moguzo a qualquer momento. Se Moguzo cair, acabou para todos. Se Moguzo morrer, todos morrem. Esse é o pior resultado possível e deve ser evitado a todo custo.

Deixe o Deathpatch matar uma pessoa para que os cinco restantes possam viver. Quem então? Quem ficaria para trás? E Haruhiro tem que ser o único a perguntar? Ele tem que dar notícia, “todos vão correr agora, mas você fica”? Ele tem que pedir que outro morra por eles? Talvez alguém como… como… Moguzo.

Ranta, com o feitiço de cura fazendo efeito, sentou-se com um grunhido.

Haruhiro fechou os olhos. Todo mundo, eu sinto muito…

Sinto muito por ser um líder tão patético… Mas fazer o impossível era apenas isso: impossível. Haruhiro saltou para as costas do Deathpatch, quando ele estava prestes a vencer Moguzo. A manobra não fez o chefe kobold tremer, mas Haruhiro conseguiu encaixá-lo com uma facilidade inesperada. Sua decisão foi tomada, ele não tinha mais nada a temer. Ou assim foi como se sentiu. O que tiver de ser, será…

O Deathpatch girou, tentando se livrar de Haruhiro. Eu não vou deixar você! De jeito nenhum, ele se permitiria ficar abalado. Haruhiro agarrou-se desesperadamente, atingindo Deathpatch repetidas vezes no topo da cabeça, com o cabo de sua adaga.

Ele estava batendo no kobold quando gruitou. Moguzo, Ranta, Mary, Yumi, Shihori…! Agora, enquanto ele está distraído…! Corram!

M-m-mas! Haruhiro pensou que era Moguzo quem estava falando, mas ele não podia ter certeza.

Eu vou ficar bem! Disse Haruhiro, o único objetivo era continuar batendo com seu punhal.

Bater, bater, bater. Bater incessantemente. O Deathpatch é um kobold e, como tal, seu corpo é diferente do de um humano. Um kobold pode alcançar suas costas com mais facilidade do que um humano, e o Deathpatch aproveitou isso para golpear Haruhiro. Mesmo que não conseguisse chegar tão longe com sua espada, o Deathpatch ainda acertou a cabeça e as costas de Haruhiro com o cotovelo.

Merda. Haruhiro sequer tinha forças para expressar a dor que sentia. Mesmo assim, não estava completamente derrotado.

Não me faça arriscar minha vida por nada! Haruhiro gritou. Eu já estou derrotado! Não tenho salvação agora! Já era, então VÃO! Por favor, corram! POR FAVOR!

Vamos lá! Gritou Ranta.

Ah, Ranta. Boa. Isto foi bom. Isso foi o que fez Ranta ser quem ele era. Eles precisavam de alguém como ele, ou a equipe teria problemas. Ele poderia persuadir os outros a ir. Somente Ranta poderia fazê-lo. Estou contando com você, Ranta… Pelo canto do olho, Haruhiro viu Yumi virando a cabeça para olhar para ele, mas seu corpo estava de frente para o outro lado. Ela também estava indo, o que o tranquilizou um pouco.

Se Yumi foi, então Shihori também. Yumi. Ele lembrou o quão bem se sentiu quando ela lhe acariciou na cabeça. Shihori… ele esperava que ela não continuasse a viver apenas pelo Manato.

Haru. Mary chamou.

Vá. Apenas corra… Ele estava começando a gostar de Mary, só um pouco, então queria que ela sobrevivesse e continuasse. Não parem, saiam daqui… Ele ainda podia ouvir o grito de Moguzo ao longe. Sim, tudo bem, pensou Haruhiro. Corra, Moguzo. Você é forte e pode ficar ainda mais forte. Torne-se mais forte… Moguzo é o coração da equipe. Não somos nada sem ele.

Só que não era mais um “nós”. Haruhiro não seria mais parte da equipe. Apenas ele foi deixado. Foi inevitável. Ele tomou a decisão porque não havia outro jeito. Ele não poderia dizer a nenhum dos outros para morrer em seu lugar.

Ainda assim, seria difícil para todos. Ninguém se sentiria bem em estar vivo porque Haruhiro se sacrificou. Ele não queria que pensassem assim, mas provavelmente o fariam. Ele esperava que, pelo menos, pudessem superar. Se não pudessem, então, fazer algo estúpido como isso não valeria a pena.

Michiki. Ogg. Mutsumi… Se morresse, poderia Haruhiro acabar como eles? Se assim for, ele desejou que Mary pudesse voltar e usar Purificar. Por favor, me transforme em cinzas… A equipe procuraria por um substituto? O pensamento fez Haruhiro se sentir irremediavelmente solitário e deprimido.

Foi bom que ele não precisasse pensar mais, porque já estava no limite. Ele sentiu que podia flutuar e sair de seu corpo a qualquer momento. Merda. Ele foi descartado. O Deathpatch finalmente o eliminou.

Haruhiro bateu no chão e o Deathpatch virou-se para correr atrás dos outros. Ele não mataria Haruhiro? O Deathpatch deixaria Haruhiro escapar da morte enquanto perseguia o resto do grupo? Não, não, não, não, não, NÃO!

Quanto tempo Haruhiro ganhou para eles? Quão longe já estavam? Seu relógio interno lhe dizia que já se passou uma boa quantidade de tempo, mas talvez apenas se sentisse assim. Talvez não tenha passado tanto tempo. Ele não sabia.

Ei! Por aqui! Gritou Haruhiro.

Haruhiro levantou, mas o Deathpatch não olhou em sua direção. Eu não posso deixá-lo ir, eu não posso deixá-lo escapar! Foi então que, naquele momento, como um milagre, a linha apareceu. Não era a linha nebulosa e desfocada que ele costumava ver, esta era afiada, bem definida e brilhante. Haruhiro sentiu seu corpo se mover involuntariamente.

Tão lento, ele pensou consigo mesmo. Por que eu estou me movendo tão lentamente? Mas não foram apenas seus próprios movimentos, o Deathpatch também se movia como se o ar fosse feito de melaço. Talvez fosse uma coisa boa. Mais fácil para ele fechar a lacuna desse jeito. Ele estava perto agora. Lá está!

v2c16 2

Haruhiro saltou para o Deathpatch. Estava lá, um ponto nas costas do kobold, um órgão vital ou algo assim. O punhal de Haruhiro deslizou suavemente e, sem qualquer resistência, atingiu esse ponto vital.

Haruhiro não teve a menor dúvida. Acabou. O Deathpatch lançou-se para a frente e caiu no chão. Por um momento, a cabeça de Haruhiro foi enterrada no pêlo irregular e sujo do kobold enquanto eles caíam juntos, mas ele rapidamente rolou para o lado. Ele queria dizer alguma coisa, mas tudo o que saía da base da garganta era um um fraco ruído.

Ele sentiu que sua cabeça e pescoço estavam cobertos de sangue. Havia vários ferimentos. Um pensamento de repente lhe ocorreu. O quê? E se eu for deixado para trás aqui, desse jeito? Merda, isso não é bom. Mas ele não pensou que pudesse caminhar agora.

E-ei! Pessoal! Todos, voltem! Finalmente conseguiu chamar os outros, acreditando que realmente poderiam voltar.

E eles voltaram.

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Olá, eu sou o Asu!

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