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Ninguém ousava tomar alguma ação, qualquer movimento em falso teria fortes consequências. O primeiro a quebrar o impasse foi Vítor, que deu alguns passos à frente, com a névoa sempre ao seu lado.

— Ficarei responsável por Zoe e as gêmeas — disse ele para Herman. — Sei que você pode cuidar dos outros.

Herman concordou com a cabeça. Com o sinal, Vítor correu até as três garotas na frente da loja de roupas. Zoe soltou as sacolas, e nove esferas brancas começaram a orbitar ao redor dela.

Vítor abriu os braços, e sua névoa envolveu tanto ele quanto as garotas. Quando a névoa se dissipou, nenhum deles estava mais lá; apenas as compras permaneceram, jogadas na calçada.

— Bela artimanha — comentou Lucciola com um meio sorriso, ainda sentado na calçada.

Herman apontou as armas para os dois homens, enquanto a figura encapuzada encarava a face séria de Otaviano. Os olhos vermelhos brilharam ao provocar seu adversário: 

— Agora é a nossa vez… — Ela removeu a capa e o capuz, revelando uma bela mulher de cabelos brancos e olhos vermelhos. Quando o sol tocou em sua pele pálida, seu tamanho começou a aumentar e a aumentar, até chegar no mesmo patamar de Otaviano.

Otaviano abriu a boca por um momento até recuperar a compostura.

— Se considera digna de lutar contra mim? — zombou ele.

— Sedenta! Que diabos faz aqui? — gritou Herman do outro lado da rua.

— Erobern disse que vocês precisavam de reforços — respondeu ela com uma voz grave.

Otaviano tentou a golpear no estômago, o golpe seria fatal caso Sedenta não segurasse a mão dele no ar. 

 — Você é uma presa apetitosa! — Sedenta contra-atacou, fazendo com que Otaviano atravessasse uma das vitrines das lojas.

Lucciola levantou-se, incrédulo, e pela primeira vez em muito tempo, seus olhos estavam totalmente abertos e atentos.

— Persiga Alice! Uriel a quer viva! — ordenou Otaviano ao se levantar ileso, mesmo com os cacos da vidraça. — Irei cuidar dessa coisa blasfema.

— Certo. — Lucciola olhou para ela, soltou um segundo sorriso, e seu corpo transformou-se em um enxame de vaga-lumes. 

Herman atirou no enxame; alguns insetos caíram, todavia eram muitos, e Herman não tinha munição suficiente para exterminá-los um a um. Quando viu os insetos se aproximarem, Alice começou a fugir daquelas criaturas que momentos antes eram Lucciola, ela correu pelas ruas, enquanto enxame permanecia no seu encalço.

Sem muitas alternativas, Herman guardou suas armas e iniciou a perseguição. Os únicos que restaram na rua foram Sedenta e Otaviano, encarando-se continuamente, aguardando o movimento oponente. A pequena vidente permanecia debaixo da mesa, a única na multidão que não havia fugido.


Vítor flutuava no ar, imerso em um vazio negro onde não era possível discernir o chão do céu naquele lugar desconhecido. Do outro lado, Zoe estava acompanhada das gêmeas, Daisy e Dália.

— Você não consegue nos derrotar, nem juntas, nem separadas — zombou Zoe, materializando uma esfera branca de trinta centímetros na mão.

— Sei — respondeu Vítor com seu tom sarcástico. — Mas posso atrasar sua participação na luta com meu exército necromante.

— Todas conhecemos a verdadeira classe que você possui, senhor da névoa.

— Como sabem? — Vítor paralisou por um momento, ao refletir sobre como seu segredo vazou.

Zoe sorriu e lançou a esfera na direção de Vítor. Ele desviou do projétil, em vez de simplesmente deixá-lo passar por seu corpo de névoa. “Uma esfera abençoada? Todos conhecem minha fraqueza?”, ponderou ele. “Explica o comportamento de batalha que Otaviano teve… Mas fora Alice e os membros do exército de libertação, ninguém mais sabe… Exceto se…” Vítor parou de focar nisso e tentou se concentrar na batalha diante dele.

— Tanto faz, minhas marionetes são perfeitas para esses momentos. — Vítor moveu as mãos, e o chão começou a tremer; as marionetes ergueram-se uma a uma, assim como ocorreu na clareira da floresta. — Façam o seu melhor, meus súditos.

As marionetes de Vítor avançaram em direção a Zoe e as gêmeas, movendo-se com agilidade surpreendente. Cada uma possuía uma movimentação própria, um estilo único de combate encorporado dos corpos originais.

Porém, as esferas que Zoe conjurarava destruía-as em pedaços. Vítor fazia o seu melhor para desviar dos projéteis e tentar atacar as gêmeas, que se defendiam com as suas armas.

As irmãs possuíam uma estatura mediana, com cabelos pretos amarrados em um coque. A primeira empunhava uma espada de duas mãos, enquanto a segunda estava armada com um arco recurvo, com uma aljava de couro nas costas.

“Só tenho que segurá-las por dez minutos, eu tenho que conseguir…” Vítor pensava ao utilizar as sombras da sua pequena dimensão para criar ilusões de ótica e enganar os seus adversários.


Ao mesmo tempo, do lado de fora da dimensão das sombras, Alice continuava a fugir na cidade de Etterbachen. Até que ela se viu encurralada em um beco, uma enorme parede impedia que ela continuasse seu caminho.

— Droga! — bradejou ao ver o enxame se aproximar.

Estendeu as mãos e disparou uma rajada de fogo contra os vaga-lumes. Aquilo foi o suficiente para o dispersar no ar.

— Por que não fez isso antes? — perguntou Herman que estava no encalço dos insetos. — Detesto admitir isso, aquele protótipo de Erobern estava certo… Você precisa realmente do exército de libertação do seu lado. Não é prudente da sua parte ficar sozinha.

— Sei me cuidar, caí fora — respondeu ela.

— Sei… E qual o grande plano da senhorita para escapar?

— Voltar para a cidade celestial e entrar de volta no portal que me trouxe.

— Muito inocente da sua parte. — Herman começou a rir incontrolavelmente. — Acha que ninguém tentou isso antes?

Alice formulava uma resposta adequada em mente, mas o barulho dos insetos voltou. Lucciola se materializou na frente deles, formado pelo que sobrara dos insetos.

— Irritante, vocês dois são irritantes. Acham que um herói de quatro estrelas como eu seria derrotado dessa forma tão idiota? — bradejou ele.

Estava sem metade do rosto, que estava incinerado, porém, Lucciola não manifestava dor ou incomodo com isso. Ele era como Vítor, seu corpo regenerou-se da mesma forma, enquanto Vítor utilizava sua névoa, Lucciola usava os seus insetos.


De volta ao mercado, o impasse entre Sedenta e Otaviano continuava. Ambos estavam preparados para o próximo movimento do outro, porém não se atreviam a iniciar o combate. Sedenta, com sua forma brutamontes, era uma figura imponente e ameaçadora.

— Não sei quem você, mas não pode me vencer. Desista agora, e talvez eu seja misericordioso com a sua pobre alma — provocou Otaviano.

Sedenta riu, um som profundo e sinistro.

— Não há misericórdia para aqueles que se nomeiam como heróis. Vocês são o lixo da nossa da sociedade, aqueles que trazem as maldades do seu mundo para o nosso, os que blasfemam e vão contra a autoridade do legítimo Imperador. Serei aquela que purificará este mundo! Enfrente-me herói, e se prove digno de ser morto pelas minhas mãos.

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Olá, eu sou Miltil!

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