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Ao ouvir a voz estranhamente familiar, Fernando sentiu seu corpo arrepiar-se, numa mistura de descrença e alegria.

Vendo o rosto da pessoa que o ajudou tanto ao chegar nesse mundo nesse momento crítico, até pensou ser uma ilusão da sua mente, era Raul!

“Quando você…” tentou dizer algo, mas foi interrompido pela explosão de chamas que se seguiu.

A Tenente inimiga ficou levemente cautelosa ao ver um sujeito surgir repentinamente a sua frente, apesar disso não havia mais tempo para recuar. Com ambas as mãos imbuídas em poderosas chamas, ela avançou em direção ao novo inimigo, seu objetivo era queimá-lo vivo!

Fernando tentou dizer algo, mas as chamas que se acenderam eram poderosas, mesmo estando a quase dez metros da mulher, sua pele queimava e ardia.

Raul deu um olhar de desdém para Fernando ao vê-lo cobrir o rosto, enquanto deu uma leve piscadinha a ele.

Que merda ele ta fazendo?! pensou, ao ver o homem parado, enquanto a inimiga atacava. Mesmo sabendo que Raul era um Tenente poderoso, parecia idiotice tomar esse ataque de frente.

A Tenente também ficou surpresa ao ver esse novo inimigo parado com uma expressão desdenhosa. Isso a encheu de fúria.

“Morra!” Ambas as mãos em chamas aproximaram-se, então agarraram a face de Raul.

Um turbilhão de chamas queimou tudo, sua incandescência obrigou Fernando a fechar os olhos.

Arslan, Nina e os outros, que ainda corriam, pararam ao sentir as fortes chamas viajando pelo ar. Eles haviam visto Fernando parando repentinamente e voltando, o que os deixou incrédulos, quem em sã consciência voltaria para enfrentar uma Tenente sozinho? Só puderam deduzir que o mesmo estava se sacrificando para permitir que um pequeno número deles escapasse.

Quando sentiram o ar quente soprando em suas costas, assim como o clarão repentino, não puderam deixar de se virar e encarar as fortes chamas que queimavam.

De repente as chamas cessaram, todos então viram Fernando encolhido no chão como uma bola, com ambos os braços cobrindo seu rosto, todo seu corpo estava chamuscado. Mas isso definitivamente não foi o que atraiu sua atenção, e sim o homem moreno em armadura negra que estava logo à frente. Isso porque esse sujeito parecia ter sido o foco do ataque, mas parecia completamente bem.

Fernando sentiu todo seu corpo arder, se não fosse sua armadura Negra Kinfar o protegendo, ele sentiu que teria morrido. E isso era apenas os resquícios do ataque! Forçando seus olhos, os abriu lentamente e o que viu a seguir os deixou perplexos.

A Tenente inimiga estava com ambas as mãos apertando o rosto de Raul, que ainda mantinha uma expressão sorridente e cheia de si.

Depois de ver o sujeito a sua frente intacto, o rosto da mulher ficou pálido, então rapidamente tentou recuar, mas um de seus braços foi firmemente agarrado por esse homem.

“Heh, Fernando. Não sabia que você tinha uma admiradora tão quente. Mas mocinha, você não deveria perseguir o garoto assim, ele já tem uma namorada, sabe.” Raul disse, com um sorriso no rosto.

Ao ouvir aquilo, Fernando tinha uma expressão complexa, mesmo numa situação como essa esse sujeito parecia brincar.

“Me larga, maldito!” A mulher gritou, se debatendo. Então tentou convocar novas chamas em suas mãos.

Vendo isso, o sorriso de Raul ficou mais largo ainda, puxando ambos os braços dela para os lados, interrompeu a magia que a mulher estava criando.

“Você parece carente, mulher. Que tal um abraço?” disse, agarrando firmemente a cintura dela e a puxando contra seu corpo.

“Argh!” A mulher gritou, ao ser agarrada de forma brutal, sentiu que o braço desse homem era como uma garra de metal que a apertava.

Ainda com um sorriso brincalhão, Raul soltou o braço da mulher e com a outra mão envolveu suas costas. Com uma mão em sua cintura e a outra sob seu ombro, tocando suas costas, parecia realmente ser um abraço comum.

“Não! Não! Me solta!!” A Tenente gritou, sentindo que seu corpo estava envolto em um aço duro e resistente, ela sentiu o ‘abraço’ apertando-se em torno de seu corpo, causando-lhe dor.

Fernando estava de costas para Raul, mas viu o rosto da Tenente inimiga sob seu ombro. Sua expressão de desespero e agonia mostrava que estava lutando para se libertar.

Isso causou-lhe uma sensação estranha, a mulher que estava prestes a matá-lo, que causou-lhe desespero e terror, agora estava passando pela mesma situação. Apesar disso, não sentiu a menor felicidade, mesmo sendo um inimigo, ele não conseguia sentir prazer em causar sofrimento nos outros.

Crack!

AHHHH! Não, por favor!, Não!” 

De repente, Fernando ouviu sons de ossos quebrando, seguido pelos gritos ensurdecedores da Tenente. Apesar disso tudo, Raul mantinha um sorriso calmo, enquanto ‘abraçava’ a mulher.

Os gritos aterrorizantes da Tenente eram altos, os soldados da Cidade de Mil Flores que tinham subido a muralha e outros que estavam prestes a sair pelos portões pararam seus passos ao verem aquela cena.

Uma orgulhosa e poderosa Tenente estava gritando em desespero, seus gritos cheios de pavor e desespero ecoaram por todo o lugar, os fazendo congelar no local.

Nina, Arslan e os outros Oficiais tinham rostos perplexos, sem acreditar naquilo que estavam vendo.

“E-esse, é o Tenente Raul, o Urso Tirânico!” Nina exclamou.

Todos olharam para ela, estupefatos, mesmo em suas Guarnições ouviram rumores sobre o homem conhecido como Urso Tirânico.

Crack! Crack!

“NÃOO!”

Fernando viu o rosto desesperado da mulher, enquanto seus ossos quebravam sobre o ‘abraço’ de Raul. Chegou a um ponto em que o aperto estava tão forte que ela não conseguia mais gritar, apenas emitir ruídos estranhos, seu rosto parecia implorar por piedade.

“Esper-”

Assim que ele estava prestes a dizer algo para interromper aquilo, viu os braços da mulher perderem a força e seu rosto ficar caído. Ela havia morrido.

“Hum? Que pena, parece que você não era o tipo de mulher que é capaz de suportar meu ‘abraço de urso’.” Raul disse, num tom de decepção. Então ele largou o corpo da mulher, que derramou-se no chão, sem vida.

Os soldados no topo da muralha e os que estavam nos portões da cidade ficaram atônitos, em transe. Uma de suas Tenentes havia caído assim, sem sequer conseguir lutar.

“Hey garoto, é bom revê-lo.” Raul disse, sorrindo.

Fernando tinha uma expressão complexa, ele estava aliviado e feliz de ver o rosto de seu mentor, a pessoa que o ajudou a crescer nesse mundo, mas ao mesmo tempo estava consternado por ser cumprimentado por ele logo após matar alguém de forma tão brutal.

Percebendo a estranheza no em seu rosto, Raul alargou seu sorriso.

“O que foi? Garoto, você está sendo um pouco mal educado, não acha? Que tal um abraço, para matar a saudade.” Raul disse, abrindo ambos os braços.

Ao ouvir isso, Fernando inconscientemente deu dois passos para trás.

“Hahahahaha.” Raul gargalhou ao ver a reação dele.

“Vamos, vamos voltar.” disse, caminhando até Fernando e tocando seu ombro.

“E quanto a eles?” perguntou, olhando para os guardas no topo das muralhas.

“Huh, eles não se atrevem a sair.” respondeu, com desdém.

Quando estava prestes a segui-lo, Fernando parou em seus passos. Então voltou correndo, o que chamou a atenção de Raul. Foi então que viu o rapaz ajoelhando-se ao lado da mulher.

Fernando tinha um rosto estranho, como se estivesse nervoso, mas rapidamente deixou isso de lado e segurou o pulso da mulher, tomando sua Pulseira de Armazenamento. 

Anteriormente ele não havia tomado os pertences da Subtenente com quem lutou na cidade, não porque não tinha tempo, mas foi uma forma de ‘respeito’. Ele respeitava as habilidades de luta dela e também havia ficado emocionalmente abalado depois de tê-la matado, porém depois de ir embora e pensar em como os bens dela iriam parar nas mãos da Legião, acabou se enchendo de arrependimento, então decidiu que não cometeria esse erro novamente.

Inicialmente Fernando estava nervoso, enquanto tirava a Pulseira de Armazenamento da mulher, mas ao pensar em como ela era um Tenente e sobre quanto dinheiro deveria haver dentro, seus pensamentos de reserva sumiram e rapidamente começou a tatear todo seu corpo.

Vendo aquela cena, Raul franziu a testa.

“Garoto, isso é um pouco doentio.”

Fernando lançou-lhe um olhar estranho ao ouvir isso.

“Diz o sujeito que a matou esmagada com um abraço.”

Raul levantou uma sobrancelha com a resposta, mas então riu consigo mesmo.

As tropas no topo das muralhas e nos portões assistiram impotentes, enquanto o inimigo não só tinha matado sua Tenente, como até mesmo revirava fervorosamente seu corpo. Isso era um insulto à Legião Pantera, o que fez seu sangue ferver de fúria, apesar disso ninguém se atreveu a deixar a cidade e mantiveram-se gritando e lançando insultos.

“Malditos covardes!”

“Porcos imundo!”

Vendo as tropas gritando furiosamente, Fernando percebeu que tinha ido longe demais, depois de pegar um brinco na orelha da mulher, levantou e saiu. 

Mesmo sendo inimigos, Fernando sentiu-se mal pela morte dolorosa que Raul deu a mulher, mas mesmo assim não deixaria esse saque para trás. Os mortos não tinham usos para bens materiais, pensou que seria muito melhor usar isso para si e os outros do que deixar para seus inimigos aproveitarem.

Enquanto caminhava para longe, ao lado de Raul, o mesmo deu-lhe um olhar de lado.

“Você sabe que essa Pulseira de Armazenamento é minha, né?”

“Não sei do que está falando, senhor Raul.” respondeu.

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