Um mar de chamas acendeu-se em meio ao exército Orc. Gritos, urros de dor e um odor repugnante de carne podre queimando espalhou-se por todo o campo de batalha.
Na parte de vanguarda, os Batalhões ficaram estupefatos quando viram centenas de Orcs sendo engolidos por fogo.
“Mas que diabos?!” Um dos Subtenentes exclamou, incrédulo.
“Os Orcs… Estão queimando!” Um dos soldados gritou, cheio de choque.
Dos quase 1.000 Orcs, pelo menos um terço tinha sido pego na explosão de chamas.
Raul, Nina, Marlon e Túlio estavam sem palavras ao verem a cena se desenrolando em sua frente. Mesmo os Orcs contra os quais estavam lutando pararam por um momento, sem saberem como reagir.
“Isso foi… O Pelotão Zero e Lazuli?” Túlio perguntou, sem acreditar.
Nina e Marlon se entreolharam, mesmo eles não conseguiam absorver isso.
“Aquele moleque…” Raul disse, com uma expressão solene.
O Orc Líder também tinha parado de atacar Raul e os outros, olhando para o mar de chamas que queimava suas tropas, uma expressão furiosa tomou conta de seu rosto, então ele se apressou naquela direção.
Vendo isso, Raul franziu a testa, correndo atrás da criatura.
Swish!
Sentindo algo, o Líder Orc parou e balançou seu machado.
Ting!
Com um movimento, Raul foi enviado voando para trás. Os Orcs próximos, que estavam aturdidos, se recuperaram e atacaram em sua direção.
“Porra!” Defendendo-se de ataques de todas as direções, Raul recuou.
O Líder Orc deu uma última olhada nesse humano persistente, com uma expressão sanguinária virou-se. Mesmo que os Orcs Dobats não tivessem a mesma perspicácia que os humanos, ele havia entendido que isso tudo era um plano de seu inimigo.
Vendo o Líder Orc se afundando no exército, Raul franziu a testa. Com seu ombro esmagado, ele não tinha condições de entrar em meio às fileiras inimigas e enfrentá-lo. Mesmo em perfeitas condições e usando magias e habilidades de incremento físico, ele mal conseguia enfrentar aquela coisa.
Com um rosto sério, moveu o pulso, uma lança apareceu em seu braço esquerdo, o único ainda bom. Então ativou todas as habilidades que podia. Veias se espalharam por todo seu corpo, seus músculos se retorceram, em sinal de que estavam em seu limite.
Isso é tudo que posso fazer por você, garoto. pensou.
Tac! Swish!
Com um movimento rápido, jogou a lança em sua mão esquerda. Foi tão rápida e com tanto poder, que mesmo seu ombro esquerdo deslocou-se pela pressão repentina.
O Líder Orc que estava correndo em direção ao mar de chamas, sentiu algo. Assim que o fez, uma dor aguda o atingiu no abdômen.
“Ruaaah!” rugindo de dor, olhou para seu abdômen. Uma lança estava cravada firmemente em si próprio.
Olhando para trás, viu o humano que tinha enfrentado antes, com um sorriso de deboche. O Líder Orc tinha uma expressão furiosa, ele nunca tinha sido tão humilhado e desonrado antes.
Puxando a lança, arrancou de seu corpo. No último instante, antes de ser atingido conseguiu reagir a tempo e evitar seus pontos vitais, caso contrário mesmo ele, um Orc poderoso, morreria instantaneamente.
Mesmo com toda a ira que estava sentindo, rugiu uma última vez e desapareceu no meio do exército.
Vendo isso, o sorriso no rosto de Raul lentamente desapareceu.
Crack!
Com um movimento brusco, seu ombro deslocado retornou ao lugar. Pegando seu Cubo Comunicador, falou, com uma voz séria.
“Todos os Batalhões, avancem! Aproveitem que o inimigo está confuso e os esmague!”
Ouvindo sua ordem, todos os Subtenentes e Sargentos tinham rostos solenes. Depois de perderem tantos homens, todos estavam assustados, apenas mal segurando-se em suas posições, aguardando uma ordem de retirada. Mas agora o comandante havia dado uma ordem de avançar! Quão louco isso era?
Apesar de pensarem assim, ninguém ousou desafiar o comando. Mesmo que achassem loucura, entendiam mais ou menos suas intenções. Depois de serem atingidos por trás, os Orcs perderam muito de seu impulso, não só isso, mas seus números caíram em centenas, era a melhor chance que tinham.
“Ataquem!”
“Carregue! Avance, avance!”
Vários comandos foram ouvidos em todos os lados.
Os soldados ficaram assustados, mas rapidamente se organizaram e começaram a correr em direção aos Orcs que estavam confusos.
Bam! Perfura! Swish!
“Urk shara!” (Malditos humanos!) Um Orc gritou, cheio de ódio.
Vários levantaram seus machados, preparando-se para enfrentá-los, mas ao ver suas costas, perceberam que muitos dos seus tinham recuado, em direção ao mar de chamas.
Nesse momento, havia menos de 700 Orcs, metade avançou em direção ao Pelotão Zero e Lazuli, enquanto a outra metade enfrentou os 800 homens restantes dos Décimo, Décimo Primeiro e Décimo Segundo Batalhões. Ou seja, ficaram numa desvantagem de um Orc para cada humano.
Como se isso não bastasse, os Orcs viram os humanos que ficaram os assediando e recuando do lado esquerdo avançando, cheios de ferocidade.
Raul, Nina, Marlon e Túlio lideraram o restante do Décimo Terceiro Batalhão, cerca de 200 homens ainda restavam. Com isso houve uma investida de 1.000 homens, da frente e da direita, os Orcs que ficaram logo entraram em pânico.
Na parte da retaguarda, Fernando viu o mar de Orcs queimando, sua expressão permanecia calma e indiferente. Muitos Orcs em chamas tentaram quebrar o bloqueio e sair das chamas, mas as tropas do Pelotão Zero e Lazuli os bloqueou.
“Que tenacidade monstruosa!” Lance disse, socando com seu braço metálico um Orc que mal estava vivo, com boa parte do corpo carbonizado, mas mesmo assim tentava fugir, desesperado.
Muitos dos soldados do Pelotão Zero e Lazuli estavam incrédulos com a cena diante deles. Eles haviam se esforçado tanto, lutado tanto e perdido tantas pessoas para matar algumas centenas de Orcs, mas com um único ataque um número ainda maior de inimigos pereceu, sem sequer conseguir reagir.
Apesar de Louise e o mago Lazuli terem participado do ataque, todos olharam para Tom, com os olhos espantados. Estava claro que o que causou toda essa explosão foi aquela grande Bola de Fogo.
Muitos Cabos estavam incrédulos ao saberem que o jovem responsável por esse ataque poderoso tinha a mesma patente que eles.
Tom, que era foco de todos os olhares, estava ajoelhado no chão, todo seu corpo estava encharcado de suor e tremendo. Ele nem conseguia reunir forças para ficar em pé, havia dado tudo de si nesse ataque.
Mesmo que não parecesse, o uso excessivo e irrestrito de magia colocava uma grande pressão sob o corpo de alguém. Normalmente os magos usariam pequenas quantias de mana. Usar todo o mana de uma única vez numa magia, era algo que poucas pessoas se atreviam a fazer, tanto pela dificuldade de manipulação, quanto pelo risco de perder o controle e morrer.
“Você tá legal?” Uma voz feminina e sedutora soou.
Ao olhar para cima, Tom viu o rosto de Theodora, sorridente.
“Acho que sim… Talvez.” respondeu.
Logo Theodora o puxou, apoiando-o. Então tirou uma poção de mana de sua Pulseira de Armazenamento.
“Beba, a luta ainda não acabou.”
Vendo isso, Tom assentiu, em silêncio, então bebeu num único gole o frasco de poção.
“Você os fez pagar, um preço bem caro eu diria. Parece que você não é uma princesa, afinal de contas.” Theodora disse, rindo.
Ouvindo isso, Tom sorriu. Lembrando de Simon, sentiu que definitivamente o tinha vingado.
Fernando, que olhava para o mar de chamas que lentamente diminuiu, franziu a testa.
“Recuem e agrupem!”
Os soldados do Pelotão Zero ficaram confusos com o comando de seu Oficial, mas rapidamente responderam. Enquanto os membros do Pelotão Lazuli, apesar de responderem ao Oficial Argos, instintivamente acataram o comando.
Nessa batalha eles viram pessoalmente vários monstros, como a Cabo Theodora, que dizimou dezenas de Orcs por si mesma. A lanceira que a seguiu de perto, trucidando tudo que entrasse em seu caminho.
Não só isso, mas o Cabo Noah era como um tank de guerra, atropelando tudo que tinha em seu caminho, enquanto o Cabo Ilgner era imparável com seus dois machados poderosos.
O Cabo Gabriel, apesar de não ter tido tanto destaque, foi responsável por avançar o centro do perímetro. E por fim, o Cabo Tom, o jovem por si mesmo tinha simplesmente aniquilado centenas de Orcs com uma única magia de fogo.
Cada um destes Cabos tinha vários outros homens poderosos sob suas asas, mas o mais imaginável de todos era o Oficial Fernando, que foi capaz de reunir tantos monstros sob seu comando.
Ao receber a ordem de Fernando, nenhum deles ousou demorar um segundo, rapidamente se agruparam, como se esperassem algo.
Argos, que viu seus homens respondendo ao comando de outro Oficial que não ele, ficou sem palavras. Apesar disso, não questionou.
De repente, cerca de 300 Orcs surgiram das fracas chamas, pisando sobre os corpos de seus companheiros carbonizados. Depois de verem o ataque traiçoeiro que esses humanos fizeram, estavam com olhos vermelhos, cheios de fúria.
A frente dos mais de 300 Orcs, um se destacava, ele era um pouco maior e mais imponente, todos os outros pareciam temê-lo e respeitá-lo.
Vendo tantos inimigos se aproximando, todos ficaram com rostos escuros. Estavam exaustos e tinha perdido muitas pessoas. Atualmente, somando ambos os Pelotões, eles tinham apenas 130 homens, menos da metade!
“Azat!” (Matem!) O grande Orc gritou.
