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Ao retornar ao Batalhão Zero, Fernando recebeu uma enxurrada de perguntas. Theodora, Noah e muitos outros ficaram estupefatos quando receberam as novas ordens, ‘aguardar mais uma semana’, então fizeram uma reunião de emergência com o alto comando do Batalhão. 

Nessa reunião, todos se juntaram, desde Cabos até Subtenentes. Mesmo os Cabos das Tropas de Reserva não foram excluídos, o que os surpreendeu muito.

“Fernando, afinal, como fez isso?” Ronald perguntou, cheio de dúvidas. Não só ele, todos estavam interessados.

O Batalhão Zero havia conseguido mais uma semana para treinar seus novos membros, bem como se ajustarem. Benefício esse, que nenhum outro batalhão havia obtido, muitos dos outros já haviam partido da cidade e estavam realizando missões nas redondezas.

“Não é nada, apenas conheci um velho ‘poderoso’ e essa pessoa quer que eu faça companhia a ela antes de ir embora de Belai.” Fernando respondeu, calmamente.

“Não acredito…” Lance falou, com uma voz trêmula. “E pensar que nosso pobre líder precisa se vender para um velho homem depravado e cheio de desejos por jovens rapazes… Eu o respeito Fernando, eu o respeito. Seu sacrifício não será esquecido!”

Bang!

Urgh!

Num momento, Theodora havia chegado ao lado de Lance, socando-o diretamente no estômago.

“Pequeno Lance, parece que você esqueceu os bons modos.” A mulher disse, com um sorriso ameaçador.

“Merecido!” Emily disse, rindo. “Afinal, que velho iria querer o Fernando?”

Ta!

Ai!!”

Dessa vez foi Karol quem deu um peteleco na cabeça de Emily.

“Droga, isso é agressão! Sua giganta, valentona!” A pequena ruiva reclamou.

“Você está falando do meu marido, não vai sair impune, pestinha.” Karol respondeu, rindo.

“Esse pessoal que não aceita a verdade, sempre partem pra agressão.” Lance resmungou.

Fernando balançou a cabeça, ignorando os dois palhaços, enquanto os outros riam de seu infortúnio.

Lenny e Trayan se entreolharam sem palavras, enquanto viam as pessoas que deveriam ser o ‘alto escalão’ do Batalhão Zero rindo e se divertindo numa reunião tão importante como essa.

Enquanto eram membros de guilda, sempre negaram-se a se juntar a uma legião por receio de perder suas liberdades pessoais. Mas vendo a forma como Fernando e os outros lidavam com as coisas, sentiram que ali, no Batalhão Zero, eles eram mais livres do que jamais haviam sido. 

Em comparação direta, a Guilda Valorosos, a qual pertenciam anteriormente, parecia ser muito mais semelhante a um verdadeiro exército do que onde estavam nesse momento. Ambos não sabiam como reagir de início, mas logo se entrosaram e começaram a rir e conversar com os outros, assim como os Cabos que haviam recém assumido seus postos.

Argos, diferente dos outros, não estava interessado em se enturmar. Então apenas observou a situação em silêncio no canto do salão. Em determinado momento, um leve sorriso surgiu em seu rosto. Movendo seu olhar, observou o jovem pálido no centro do local, a pessoa que havia reunido todos ali, seu líder, o Tenente Fernando Nobrega.

Apesar de seu rosto sempre sério e às vezes até assustador, hora e outra era possível ver indícios de alegria em sua expressão.

Esse é o tipo de Batalhão que você deseja construir, Fernando? Argos pensou, consigo mesmo, então sorriu. Agora eu entendo porque seus subordinados são tão leais, eles não o seguem apenas por sua força, mas porque valorizam esse ‘lugar’, o qual podem chamar de casa. Acho que consigo me acostumar a isso.

No fim, após a reunião, tudo que ficou decidido é que os Líderes de Esquadrões deveriam aproveitar esse tempo para se adaptarem, bem como treinarem os novos membros. Mesmo que tenham ganho mais uma semana de preparação, não seria suficiente para ter um preparo adequado, então deveriam fazer o possível nesse meio tempo.

Naquela mesma tarde, sons poderiam ser ouvidos vindos de toda parte da Residência de Guilda do Batalhão Zero. Todos os Cabos estavam empenhados em melhorar a força de seus próprios esquadrões.

Emily, por exemplo, estava treinando um esquadrão focado em arqueiros. Com sua experiência adquirida depois de tantas batalhas, bem como seu talento natural com o arco e magia de fogo, seus membros de esquadrão rapidamente aceitaram seus comandos.

Já Leo, talvez por influência de Theodora, focou em criar um Esquadrão de Assalto, focado em atacar e neutralizar o inimigo de forma rápida. Então todo seu treino era focado em velocidade e poder.

Quanto a Ugo, devido a seu porte físico e habilidades com o escudo, reuniu os homens com as melhores constituições do esquadrão e os treinou para serem ‘a defesa’ do grupo. Enquanto o restante focaria em dar suporte.

Quanto a Ronald, de todos, seu esquadrão parecia muito mais balanceado, com arqueiros, usuários de espada e escudo. Seu esquadrão não tinha um ‘foco’, mas conseguia se adaptar às mais diversas situações.

Lina, Cintia, Louise, Lance, Lenny, Magnus e todos os outros Cabos, cada um tinha sua forma de gerir seus subordinados. Apesar dos diferentes métodos, todos tinham algo em comum, seu empenho em se fortalecer!

Quanto a Karol, ela havia reunido seus membros de esquadrão e iniciado a interação dos mesmos com os Lobos de Prata. De início as criaturas ficaram irritadas e receosas com esses humanos subindo em suas costas, mas logo se acalmaram. 

Muitos ficaram com medo, temendo que os Lobos os atacassem num acesso de raiva, a própria Karol estava assustada na primeira vez que montou um, mas logo viu que as bestas estavam completamente adestradas. Além disso, ela confiava em Fernando.

Naquele mesmo dia Anane foi anunciado como Sub-Líder do Esquadrão Dama de Prata, bem como o responsável por treinar os outros na arte da lança.

“Muito obrigado pela confiança, jovem senhorita. Anane fará o seu melhor e não irá decepcioná-la.” O velho homem disse, com um rosto solene.

Karol não parecia preocupada, apenas sorriu.

“Não seja humilde Anane, você é muito forte e habilidoso. Por favor, me ajude a nos tornar mais fortes também.”

Tanto Anane, quanto os outros membros, ficaram impressionados. Normalmente um Líder de Esquadrão seria severo e rígido, mas Karol era o completo oposto. Mesmo sendo uma Cabo, ela não tratava ninguém como se fosse inferior, mas como iguais.

Essa forma diferenciada de tratamento fez muitos deles se sentirem confusos, mas ao mesmo tempo apreciarem a liderança de uma pessoa assim.

Pouco depois do início da familiarização com os Lobos de Prata, dois membros da Cavalaria de Lagartos Tarky haviam chegado ao Batalhão Zero.

*Algumas horas antes*

“Você quer alguns de meus homens emprestados?” Boris, o Comandante da Cavalaria de Lagartos Tarky falou, com os braços cruzados.

A sua frente, um jovem pálido em armadura negra mantinha uma expressão calma, mesmo com o gigante à sua frente que parecia descontente.

“Isso mesmo.” Fernando respondeu.

Boris tinha uma expressão estranha no rosto. Não muito tempo atrás, o jovem à sua frente era um pequeno Cabo, mas agora o mesmo estava apenas uma patente abaixo dele próprio. Em suma, o rapaz tinha as qualificações para negociar com ele.

“O que você quer com meus soldados?”

“Estou treinando um esquadrão montado, mas não tenho ninguém com experiência em montar. Espero que você possa me ajudar, um ou dois de seus homens é suficiente.” Fernando falou, com um rosto sério. “Obviamente não será de graça, pagarei o valor que você achar justo.”

Boris tinha um rosto pensativo, mas logo falou.

“Que tipo de montaria?”

“Lobos de Prata.”

Ao ouvir isso, os olhos do homem se arregalaram, cheios de surpresa. O que não era incomum, afinal, Lobos de Prata eram conhecidos por serem bestas ariscas. Eram extremamente territoriais e agressivas, ele nunca havia ouvido falar de alguém que conseguiu domar um antes.

“Isso… Você contratou um domador? É alguém famoso? Posso conhecê-lo?” Boris disse, entusiasmado.

Fernando ficou surpreso com isso, o sujeito gigante a sua frente, que parecia um guerreiro implacável, de repente ficou animado como uma criança.

“Infelizmente ele não está mais em Belai, é um domador novato, pelo que sei.” Fernando respondeu, com um sorriso forçado. Seria problemático explicar sobre Brakas a alguém que ele não conhecia, era muito melhor inventar uma história qualquer. 

“Entendo, é uma pena.” Boris falou, toda a animação de antes sumiu tão rápido quanto surgiu. “Posso emprestar dois de meus soldados a você, mas não garanto que eles serão de utilidade, afinal só treinamos com Lagartos Tarky.”

“Não é um problema, qualquer experiência é válida.” Fernando respondeu.

No fim, Boris não exigiu nenhum valor monetário, apenas pediu que fosse apresentado ao ‘Domador’ com o qual o Batalhão Zero havia feito um contrato caso surgisse a oportunidade.

Fernando forçou um sorriso no rosto ao ouvir o pedido, mesmo que quisesse negar, não tinha motivos plausíveis para isso, então forçou-se a ‘aceitar’.

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