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A pessoa sentada dentro do restaurante era Berton Tenari, General da Legião Condor.

Fernando achou estranho, afinal, um general dificilmente se prestaria a estar misturado em meio a multidão de civis. Vendo suas roupas comuns, estava claro que estava tentando se misturar e passar despercebido. 

Olhando para o outro lado da mesa, havia alguém comendo ao seu lado. Era um homem relativamente velho, com cerca de 50 anos, com uma barba negra, bem feita.

O que o General Berton está fazendo aqui? perguntou-se.

Enquanto olhava de longe para os dois homens, que pareciam conversar num tom baixo e silencioso. O homem mais velho, como se sentisse algo, subitamente virou seu olhar em direção a rua.

“O que foi?” Berton disse, seguindo o olhar do velho homem. Entretanto, só havia pessoas caminhando e comerciantes do lado de fora.

O velho franziu a testa, então pegou um copo na mesa e deu um gole.

“Nada, só senti algo, mas devo ter me enganado.”

Logo ambos continuaram a conversar.

Fernando, neste momento estava longe dali. Caminhando com calma em direção a mansão de Ferman.

Apesar da expressão tranquila em seu rosto, suas costas estavam encharcadas de suor frio.

Aquele cara…

Não havia uma forma de deduzir a força de uma pessoa apenas olhando. Apesar disso, no momento em que pôs os olhos no velho de barba negra, Fernando sabia de uma coisa, aquele homem definitivamente era forte! A ameaça que sentiu vinda dele era muito superior à que havia sentido de Berton Tenari.

Isso só poderia significar uma coisa, o sujeito era alguém de nível General! 

Mesmo que seu palpite pudesse estar errado, costumava confiar em seus sentidos, afinal, já haviam salvado sua vida em mais de uma vez.

De repente, Fernando parou seus passos, pensando em algo. Lembrando da forma como o General Berton o havia tratado desde o início e a forma como se dirigia ao Cavaleiro Branco, não conseguiu evitar de franzir a testa.

Droga… Por isso não gosto de me envolver com esses manda-chuvas. pensou, irritado.

Balançando a cabeça seguiu em frente, independente do que acontecesse, isso não era algo que tivesse relacionado a ele. Nesse caso, o melhor era evitar se envolver o máximo possível.

Depois de algum tempo, chegou à mansão. Assim que entrou, encontrou Ferman sentado no mesmo lugar de sempre, o esperando, com uma espécie de cachimbo na mão.

“Está atrasado, jovem Fernando.” O velho homem disse, enquanto tragava o grande cachimbo, soltando uma lufada de fumaça branca.

“Desculpe, tive que resolver alguns assuntos internos do meu batalhão.” respondeu, com um rosto calmo.

“Entendo, entendo. Ser um Tenente numa idade tão jovem não deve ser nada fácil. Venha, vamos começar.”

Enquanto o velho, que era pelo menos trinta centímetros mais alto que ele, caminhava à sua frente, Fernando não pôde evitar de franzir a testa pensando nos assuntos de antes. Apesar disso, tentou jogar tudo para o fundo de sua mente.

Envolver-se com assuntos de gigantes só faria ele, uma mera formiga, ser impiedosamente esmagado.

Chegando ao grande pátio, ambos pararam. Então, Ferman apontou para a pilha de toras de madeira do dia anterior.

“Escolha uma, hoje você dará cem voltas.”

Ouvindo isso, Fernando olhou para o velho homem, cheio de dúvidas.

Apesar de não esperar muita coisa desse treinamento, sentiu que alguém que carregava o título de ‘Cavaleiro Branco’ também não iria passar treinamentos comuns a ele. No entanto, tudo que fazia, era mandá-lo carregar toras de madeira por ai.

Fernando sentiu-se como se estivesse de volta à Terra, fazendo todo tipo de trabalhos pesados para ganhar seu ‘pão de cada dia’.

Mesmo com o olhar questionador em sua direção, Sir Ferman mantinha-se com um sorriso gentil no rosto, indiferente a forma que o jovem Tenente o observava.

Suspira.

Dando um leve suspiro, Fernando caminhou em direção a pilha de toras, então escolheu uma do mesmo tamanho que pegou anteriormente. Quando estava prestes a puxá-la para cima, sentiu algo estranho.

Mesmo que não fosse muito, sentiu alguma dificuldade em levantá-la e jogá-la no ombro. Isso era estranho, afinal, quando terminou o treino no dia anterior, graças a Magia de Cura e Auto-Regeração, não estava sentindo tanta dificuldade em erguê-la.

Talvez meu corpo ainda esteja cansado? perguntou-se, intrigado.

Fernando logo chegou a uma conclusão, mesmo que a Magia de Cura e a habilidade de Auto-Regeneração curassem seus ferimentos e restabelecessem parte de sua estamina, havia um limite para isso. 

Ambas habilidade e magia usavam o mana como catalisador para forçar uma recuperação acelerada do corpo. No entanto, se o mesmo atingisse um grande nível de estresse e esforço, isso faria o corpo se desgastar, enfraquecendo efeitos de cura, musculatura e outras coisas.

Percebendo isso, Fernando franziu a testa. Anteriormente pensou que usando a Magia de Cura e habilidade de Auto-Regeneração poderia concluir as cem voltas em um piscar de olhos, mas a realidade provou-se não ser tão simples.

Forçando seus músculos, começou a caminhar, segurando a tora em seu ombro e dando início a primeira das cem voltas.

“Hoho, ele começou sem reclamar uma vez sequer. Que jovem excelente, se todos os garotos de hoje em dia fossem assim…” Ferman falou, com um largo sorriso.

Logo Fernando começou a caminhar. As primeiras dez voltas, apesar de difíceis, não foram tão exaustivas como no dia anterior, ele também usava cura sempre que sentia seu corpo chegando ao limite. Diferente do dia anterior, usaria a magia e habilidade com cautela.

“Ele evolui tão rápido.” Ferman falou, em tom baixo, com alguma alegria em sua voz.

Nesse momento, as pupilas do velho homem brilharam levemente, num tom branco.

Logo se passaram alguns dias. Assim como o Batalhão Zero havia recebido informações sobre as movimentações na guerra, os outros batalhões e forças importantes de Belai também receberam notícias similares. Cada uma delas tinha sua própria força de inteligência, então começaram a se preparar com antecedência para a próxima tempestade que viria.

Apenas os cidadão comuns, soldados de baixa patente e organizações pequenas não estavam cientes das mudanças que estavam prestes a acontecer. O controle sobre a informação era restrito e controlado.

Apesar disso, notícias sobre a retomada de duas cidades por parte dos Leões Dourados ainda se espalharam, causando um alvoroço em Belai.

“Fodam-se os Orcs!” Um homem num bar gritou, batendo com seu copo na mesa.

“É isso aí, os Leões Dourados vão fazer picadinhos desses monstros malditos.” Outro respondeu.

“Eu até sinto vontade de me alistar em algum batalhão, queria eu mesmo furar a carne desses malditos com meu aço.” Um homem mais jovem falou, empolgado.

Ao contrário do grupo que bebia e falava de forma animada, um sujeito sentado parecia irritado com os comentários.

“Que merda vocês estão falando? As tropas aqui só enfrentaram um bando de Dobats fracos e mesmo assim quase fomos aniquilados. Assim que os Urukkans e Marauders chegarem vamos estar acabados!” O homem disse, gritando.

Nesse momento, todo o bar barulhento ficou silencioso, enquanto as pessoas olhavam para o sujeito. Era um velho sem um dos braços, claramente um  veterano que abandonou o serviço militar.

Apesar de muitos quererem criticá-lo, sabiam que não poderiam, pois o que disse não era exatamente uma mentira. Mesmo que os Dobats fossem mais numerosos, as maiores ameaças eram os Orcs Urukkans e Marauders. Se não fosse pelas grandes Legiões e Guildas estarem os enfrentando, legiões de médio e pequeno porte já teriam sido varridas.

“Além disso, de que adianta retomar duas cidades? Se tudo que restam além do fronte são cidades vazias, cheias de corpos sem vida.” O homem disse, num leve murmúrio triste. “Minha filha… Se eu tivesse chegado antes, ela…”

Aqueles que estavam enfurecidos com as palavras do velho, se acalmaram. Muitos ali tinham familiares ou conhecidos nas cidades que foram perdidas, o destino dos cidadãos das cidades tomadas pelos Orcs era de conhecimento de todos.

“Fernando, tem certeza que você tá bem? Não exagera, tá?” Karol disse, enquanto massageava suas costas.

Todo o corpo de Fernando estava trêmulo e havia leves sinais de marcas de cortes espalhados, que eram quase indiscerníveis, mas que mostravam quão ferido ele já havia estado.

“Eu estou bem, apenas um pouco cansado.” disse, levantando-se e colocando sua camisa.

Nos últimos dias, os treinos de Ferman estavam ficando cada vez piores. Além de aumentar a quantidade de voltas carregando toras de madeira, também começou a treiná-lo em lutas de espada.

Mesmo que parecesse um velho frágil e debilitado, ele ainda era um Cavaleiro.

Sem esforço algum, derrotou Fernando centenas de vezes em lutas-treino. Mas não eram simples derrotas, estavam mais para massacres unilaterais.

Mesmo que estivesse sempre com um sorriso gentil no rosto, o velho era na verdade uma besta violenta e sem pudor.

Sempre que Fernando lembrava do rosto de Ferman, olhando para ele com um sorriso simpático, enquanto quebrava seus ossos e fincava espadas em seus membros, não conseguia evitar de tremer.

Aquele velho maldito… Se fazendo de bonzinho, enquanto na realidade é um psicopata. pensou, irritado.

“O que foi? Você parece mais pálido que o normal.” Karol disse, preocupada.

Ouvindo isso, Fernando forçou um sorriso.

“Nada, só lembrei de algo desagradavel… Mas esqueça isso, como está indo seu esquadrão?”

Nos últimos dias, devido aos treinos brutais do Cavaleiro Branco e de lidar com os assuntos burocráticos do Batalhão Zero, Fernando não tinha tempo ou disposição de fazer mais nada. Mas Karol falava constantemente sobre o progresso dela e dos outros.

“Minhas habilidades e do resto dos meninos com a lança tem melhorado muito, o senhor Anane é um senhorzinho incrível. Não só é forte, como sabe ensinar muito bem. Os dois homens que você trouxe para nos ajudar com os Lobos também tem ajudado muito. Finalmente conseguimos fazer uma carga montada adequada.”

Logo Karol começou a falar sobre tudo que acontecia nos últimos dias. Como os outros esquadrões e o dela própria estavam se fortalecendo a cada dia que passava.

“É bom saber que tudo está indo bem então.” Fernando falou, satisfeito.

“Bem… Nem tudo.” Karol respondeu, hesitante.

“Oh, por que não?”

“A Subtenente Theodora tem infernizado a vida dos esquadrões mais fracos e das tropas de reserva. Soube que ela é chamada de Subtenente lunática. Sempre obrigando as tropas a fazerem treinos terríveis e levar todos ao limite. Ao que parece, alguns soldados se demitiram, enquanto outros pediram transferência e alguns falam sobre sair do Batalhão, apesar disso, o número não é realmente grande.”

Fernando ouviu tudo em silêncio.

“Você pensa em fazer algo a respeito?” Karol perguntou, curiosa.

“Por que eu deveria? Ela está fazendo um bom trabalho. Estamos numa luta pela sobrevivência, se algumas pessoas não podem por algum esforço nisso, é melhor que saiam. Nossos recursos são limitados, devemos priorizar quem merece.” Fernando disse, com um rosto frio.

Ouvindo isso, Karol ficou surpresa, mas não comentou. Mesmo que fosse esposa de Fernando, não queria se envolver em suas decisões.

Bam! Bam! Bam!

Ouvindo fortes batidas na porta, tanto Fernando, quanto Karol moveram seus pulsos, tirando suas armas.

“Líder, sou eu, Noah! Algo aconteceu!”

Olhando um para o outro, tanto Karol quanto Fernando ficaram confusos.

Depois que ambos se vestiram adequadamente, Fernando abriu a porta, encontrando um Noah tenso, além de Kelly, Ronald e alguns outros membros de alto escalão do Batalhão Zero esperando do lado de fora de seu quarto.

Vendo isso, ele imediatamente soube que algo grave havia acontecido.

“O que houve? Alguma ordem do Salão de Belai ou do General Dimitri chegou?”

“Não, na verdade…” Noah falou, hesitante.

Nesse momento Kelly avançou.

“Líder, algo aconteceu com a Emily. Ela foi… Raptada.”

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