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No momento em que Kifon foi morto, todo o campo de batalha parou. Como se tivesse caído num abismo gelado.

Os olheiros, das diversas Guildas e poderes na região, estavam abismados. Um poderoso líder de guilda, com altas probabilidades de se tornar um Major ou mesmo alcançar patentes mais altas, havia perecido assim. Nas mãos de um jovem Tenente que mal havia ascendido ao seu cargo.

BOOM!!

Como se para quebrar o clima e assustando as pessoas no campo de batalha, a grande Residência da Guilda Fúria explodiu em um mar de chamas.

Os soldados ficaram confusos, mas logo entenderam e identificaram a causa após a segunda explosão.

BOOM!

Parada à frente do local, uma garota ruiva disparava alvejas de Flechas de Fogo da sua besta, queimando todo o local.

Normalmente, construções militares, como Residências de Guilda, tinham uma proteção própria baseada em matrizes mágicas que a impediria de ser tão danificada, mesmo que recebesse poderosos ataques. No entanto, nesse momento, estava pegando fogo como se fosse uma simples casa de papel machê, sem qualquer sinal da ativação da matriz.

“Cabo Emily! Ela está viva!”

“Cabo!”

“Líder!”

Vários gritos soaram dos soldados do Batalhão Zero que se aproximavam.

Ao lado da pequena ruiva, Kelly tinha um rosto complicado ao olhar para o par de homem e velho que estavam inofensivamente sorridentes. Pareciam apenas dois meros civis, mas ela sabia que eram muito mais que isso.

O velho em especial havia quebrado a matriz de defesa da Residência da Guilda. Algo que ela havia ouvido falar ser extremamente difícil de fazer e mesmo assim ele o fez, como se não fosse nada demais.

—–

Fernando, que estava apoiado em sua espada Lumeris, olhou para o cadáver imóvel de Kifon.

Por mais que odiasse admitir, o homem era um mago prodigioso, provavelmente mais talentoso que sua própria professora. Claro, isso era apenas um palpite baseado em suas suposições.

Em termos de idade, Kifon não parecia ser tão mais velho que ele, com algo em torno de 25-27 anos. Mas mesmo assim, acabou morto por suas mãos.

Fernando sabia que a morte do Líder da Guilda Fúria era uma perda para Belai, mas não se arrependeu. Por mais que o homem fosse talentoso, sua má índole o levou para o caminho da destruição.

“Você buscou isso para si mesmo. Se houver uma vida pós morte, espero que tenha aprendido com seus erros e se arrependa.” disse, com uma voz fria.

Argos e Theodora que estavam ao lado, observaram a cena em silêncio.

“Deveríamos ver o que ele carregava consigo. Como Líder de uma Guilda como a Fúria, deveria ter coisas de valor.” Argos disse, com olhos brilhando enquanto coçava a mão, como se estivesse ansioso.

Vendo isso, Fernando levantou uma sobrancelha. Sem entender desde quando o sujeito, recatado e educado, havia se tornado um famigerado saqueador de cadáveres.

Com quem ele aprendeu isso? Fernando se perguntou, balançando a cabeça.

Apesar de pensar isso, seus próprios olhos fixados na pulseira, mostravam alguma expectativa, traindo-o.

No fim, Argos habilidosamente arrancou tudo de valor que havia no corpo de Kifon, quase o deixando nú. Fazendo os soldados da Guilda Fúria, rendidos não muito longe, ficarem chocados.

“Olha essas roupas, parecem ser de alta qualidade. Você não encontra facilmente esse tipo de tecido por aí.” Argos comentou.

Vendo isso, Fernando suspirou.

“Deixe ao menos as roupas do morto…” disse de forma repreensiva.  Mas então, após se aproximar e tocar na pulseira, vendo o par de botas sofisticadas, hesitou. “Apenas os sapatos, mortos não precisam deles, afinal.”

Theodora, que estava ao lado, riu baixinho. Mesmo que Fernando tentasse parecer alguém razoável, seu lado ruim sempre aparecia quando se tratava de saquear os inimigos.

Então, o trio olhou para o longe, vendo a Residência da Guilda em chamas. Até esse ponto, Theodora começou a relatar sobre o sucesso do resgate de Emily e também sobre os estranhos prisioneiros que encontraram. 

O doutor, um velho de barba longa branca suja, chamado Wedsnagauer e seu assistente, um homem com barba mediana e cabelos longos, que usava óculos com lentes transparentes, Alfie Caiman.

Ela relatou como eles os ajudaram na fuga e na quebra da matriz de defesa. Não só isso, mas o velho homem, que se autodenominava Mestre de Runas, havia até mesmo quebrado a matriz do cofre interno da Residência. Permitindo que eles levassem tudo que havia dentro.

Fernando ficou imediatamente interessado ao ouvir a respeito das façanhas dos dois homens, mas seu coração acelerou muito mais ao saber sobre os bens apreendidos no interior da Residência.

“De quanto estamos falando?” perguntou, com um olhar curioso.

Vendo o interesse de seu líder, Theodora sorriu com indiferença enquanto olhava para o lado.

“Muito.” respondeu vagamente.

Ouvindo isso, Fernando franziu a testa, pois sabia que ela o estava provocando.

“Não faça essa cara, líder. Nós pegamos tudo que podia ser carregado, assim como você queria. Nem mesmo os tapetes do chão escaparam. Não deixamos nenhuma única moeda de cobre para trás. Os poucos guardas que haviam dentro não conseguiram resistir, no mínimo.”

O jovem Tenente, ao ouvir isso, sentiu-se ofendido. O modo da mulher falar o fazia parecer um vilão que ordenou que saqueassem inocentes. Claramente ela estava fazendo de propósito.

Apesar de seu rosto de desagrado, estava internamente satisfeito.

Pelo que Argos havia investigado, a Guilda Fúria estava envolvida em todos os tipos de crimes. Como coerção, sequestros, assassinatos e várias outras coisas ruins.

Depois de desmantelar a guilda, se eles não pegassem todos seus pertences, eles seriam levados por outros, ou mesmo pelo Salão de Belai. Logo, era mais conveniente que esses recursos terminassem em suas mãos.

“E quanto aos outros prisioneiros?” perguntou, com cuidado.

“Haviam algumas pessoas em celas no subterrâneo. Depois de garantirmos a segurança da pirralha, os libertamos.”

Ouvindo isso, Fernando assentiu. Ele ouviu que, além de Emily, Kifon havia sequestrado muitas mulheres no passado.

“Líder, acho que já é hora…” Argos disse ao lado, com uma expressão séria.

Mesmo sem dizer, Fernando sabia o que ele queria.

Atualmente, Kifon estava morto, bem como a maioria de seus Vice-líderes. Tirando alguns poucos rebeldes, a maioria já havia se rendido. Era a hora de declarar sua vitória.

Retirando um item redondo de sua Pulseira de Armazenamento, pensou sobre. Esse era um amplificador de voz, usado apenas pelos alto escalões de Guildas e Legiões ou grandes organizações. Custava algumas dezenas de moedas de prata, então poucas pessoas tinham o luxo de possuir algo assim.

Pensando sobre seu tempo em Vento Amarelo, lembrou que apenas gente importante, como Claud, Kalfas e alguns outros com patentes altas ou cargos específicos que exigiam o uso do objeto, tinham autorização para usar isso.

Movendo o mana para o pequeno aparelho, o rosto do jovem ficou gelado.

“Meu nome é Fernando Nobrega, Tenente e Líder do Batalhão Zero.” A voz de Fernando soou, espalhando-se por todo o campo de batalha. Fazendo todos prestarem atenção.

Bam!

Ilgner recebeu um chute no estômago, forçando-o a dar alguns passos para trás. Olhando para o velho, que tinha um rosto calmo, franziu a testa. O sujeito era mais forte do que imaginava.

Quando estava prestes a atacar novamente, a voz de Fernando soou, fazendo ambos os combatentes pararem.

“Hoje, pela manhã, o líder da Guilda Fúria sequestrou um dos meus Cabos. Mesmo depois de tentarmos uma negociação pacífica, seu líder, Kifon, recusou-se. E como podem ver, o resultado é esse.” disse, fazendo uma breve pausa. Então, continuando, seu tom de voz ficou mais frio. “Kifon está morto! Sua Guilda Fúria foi derrotada.”

Diversos cochichos espalharam-se. Enquanto os membros da Guilda Fúria lamentavam e os olheiros comentavam uns com os outros, os membros do Batalhão Zero comemoravam.

Quando Kifon foi morto, muitas pessoas haviam visto, no entanto, nem todos do campo de batalha haviam notado esse fato. Agora, com as palavras de Fernando, somado à residência em chamas, essa informação foi confirmada.

“Eu, Fernando Nobrega, declaro hoje, o fim da Guilda Fúria. Qualquer um que ousar carregar esse nome, seja agora ou no futuro, será destruído pelas minhas mãos.” As palavras arrogantes do jovem Tenente fizeram todos entrarem em ebulição.

“Pirralho arrogante, um mero Tenente ousa fazer uma declaração como essa?” Um homem velho disse, irritado.

“Essa nova geração não tem senso do perigo que suas palavras carregam.” Outro comentou.

“Humph, esse cara não vai viver muito tempo com essa atitude.”

Depois de um breve e frio silêncio, Fernando olhou na direção das construções ao longe, onde pessoas de diversos poderes observavam o conflito, como se pudesse ouvir suas vozes.

“Qualquer um que tocar em um membro do Batalhão Zero, receberá o mesmo tratamento que a Guilda Fúria. Não me importa quem seja ou que tipo de autoridade pense que tenha. O Batalhão Zero responderá a altura!” gritou, rangendo os dentes. Suas palavras não eram mera bravata, Fernando estava sério sobre isso.

Para ele, as pessoas do Batalhão eram importantes, quase como uma família, e jamais permitiria que o que aconteceu com Emily naquele dia se repetisse no futuro.

Os membros do Batalhão Zero, que ouviram isso, sentiram um arrepio percorrer suas espinhas. Com um misto de sentimentos os preenchendo naquele momento.

Muitos deles não tiveram muito contato com seu Tenente, Fernando. Mas desde que se juntaram ao batalhão, sentiram que aquele lugar não era como os outros.

A maioria das legiões e guildas tratavam as pessoas como peões descartáveis. Por isso, apenas membros de grande talento recebiam recursos, equipamentos e treinamentos especializados. No entanto, no Batalhão Zero as coisas eram diferentes.

Não só os membros do alto escalão não tratavam alguém de forma diferente, devido ao seu baixo talento, como até mesmo forneciam equipamentos e davam a oportunidade desses receberem recompensas de acordo com sua contribuição. Isso era algo absurdo de acontecer em outros lugares.

Naquele momento, ouvindo as palavras de seu jovem Tenente, os membros do Batalhão Zero sentiram seus corações aquecidos. Se um deles sofresse um destino igual ao da senhorita Emily, ele realmente desabafaria sua ira nos inimigos como aconteceu naquele dia?

Mesmo parecendo algo fantasioso e dito de forma irresponsável, sentiram que ele não estava mentindo quando disse isso.

“Unidade!” Um soldado gritou, com um coração fervendo pelas palavras de seu Tenente.

“Unidade!” Outro gritou. Logo gritos semelhantes foram ouvidos em todos os lados.

“UNIDADE! UNIDADE! UNIDADE!…”

Mesmo Noah, Leo, Ronald e os outros, não ficaram de fora, levantando suas armas e gritando junto aos soldados.

Karol, que estava montada em cima de seu Lobo Prateado, levantou sua lança.

As vozes estrondosas e clamorosas dos membros do Batalhão Zero somado à batida de suas armas em escudos, num ritmo lento, fizeram todo o local tremer.

Bam! Bam! Bam!

Seja os membros rendidos da Guilda Fúria, os membros de outros poderes estacionados em Belai, que observavam de longe, ou mesmo os cidadãos escondidos em suas casas. Naquele dia, todos ouviram o canto dos membros do Batalhão Zero.

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