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Os três Lordes Dobats, que estavam bem ao centro do grande exército, voltaram sua atenção para a cavalaria.

Por mais que sentissem que era algum tipo de esquema dos Humanos, a ameaça de uma cavalaria tão poderosa simplesmente não poderia ser ignorada. Se a carga do inimigo perfurasse suas formações e não fosse impedida, seria um desastre.

“Izg’ll marr gakh ob. Ukh!” (Eu cuido disso. Vão!) O Orc ao centro, que tinha uma barba grisalha e rosto cheio de rugas, disse. Este era claramente um poderoso Orc Lorde Soberano, Mestre de Clã.

A maioria esmagadora dos Orcs morria antes mesmo de atingir metade de sua expectativa de vida, então mais velhos como esse eram raros e poucos entre seu povo. Principalmente porque quando um Mestre de Clã envelhecia e enfraquecia, se houvesse outro Orc Lorde no Clã, este o desafiaria e o mataria, para tomar seu lugar. Essa era simplesmente a ordem natural da raça, um ritual de passagem onde o sangue do mais velho perecia e o do mais novo ascendia.

Entretanto, havia exceções para isso. Quando não há novos Lordes, ou quando a força do Mestre de Clã é absoluta, onde nenhum dos Orcs Lordes consegue derrotá-lo, este permaneceria em sua posição até sua velhice.

Este era o caso para Augak, Mestre do Clã Gokut. Um dos dez Clãs mais poderosos dos Dobats. Ou pelo menos este era o caso até antes da guerra.

Os olhos do Mestre Dobat voltaram-se para a grande cavalaria que vinha em direção ao centro das suas tropas, seus musculosos braços estavam cruzados, enquanto sua expressão era um misto de desprezo e aversão em relação aos Humanos.

Desde o início da guerra, ele havia perdido dois filhos, dois Lordes, que pereceram nas batalhas. Seu ódio pelos Humanos havia chegado a um nível irreconciliável.

Mas mesmo sentindo isso, não se deixou tomar pela raiva, pois o futuro do seu Clã estava em jogo. Olhando para trás, para a cidade humana que ele havia tomado, sua expressão escureceu.

“Urk karn riip.” (Maldito pele vermelha.)

Após dizer isso, Augak olhou para o lado, quatro Orcs Líderes carregavam uma grande espada, do tamanho de um ser humano. Os quatro eram Orcs fortes, mas mesmo assim estavam com dificuldade de manter a gigantesca espada erguida.

O Mestre do Clã, que era pelo menos três palmos mais alto que qualquer outro Orc ao redor, pegou o punho da espada, então firmando-a com a mão direita, levantou. Assim que o fez, o chão abaixo de seus pés afundou.

Nas mãos de Augak, ela parecia tão leve como se fosse feita de alumínio, mas pela expressão dos Orcs Líderes, que estavam exaustos de carregá-la, era obvio que esse não era o caso.

Essa não era uma espada comum, mas uma forjada pelos Anões, incrustada com matrizes.

Mesmo que os Orcs fossem uma raça considerada desprezível pela maior parte dos povos de Avalon, para os Anões Viajantes do grupo dos Marteladores, eles eram apenas mais um cliente. 

O Deserto de Gash Karn, apesar de ser um dos locais mais terríveis de se viver, com inúmeros perigos, também era um local cheio de riquezas naturais, como minérios raros, animais e muitos outros tipos de recursos. Para a raça Orc, a maioria dessas riquezas era inútil, mas para o restante do continente eram tesouros e os Anões sabiam disso. Apesar de não terem qualquer tipo de simpatia pelos Orcs, desde que pudessem obter lucros, não deixariam de negociar com eles.

Os Orcs, mesmo sendo um povo bárbaro, também não eram idiotas. Eles sabiam quem poderiam ou não atacar e os Anões Viajantes eram um grupo que eles definitivamente não se atreviam a ofender, pois grande parte de seu armamento personalizado vinha deles.

Augak ergueu sua grande espada, então gritou em plenos pulmões.

“Urgai!” (Formação!)

Assim que ele disse isso, milhares de Dobats avançaram, com lanças em suas mãos, formando um gigantesco paredão vivo, com as pontas das lanças apontadas na direção em que a cavalaria estava vindo.

O Mestre de Clã era um Orc antigo e vivido, após experienciar milhares de confrontos, ele havia aprendido muitas dos estratagemas dos Humanos e Elfos.

Normalmente ele nunca enfrentaria uma cavalaria tão poderosa como essa de frente, optando por recuar para as florestas e esmagá-la aos poucos em emboscadas, ou usando a cidade como refúgio para forçar uma luta corpo a corpo. Entretanto, a situação era diferente agora, suas tropas não mais lhe pertenciam e ele precisava cumprir a missão que lhe foi dada.

Sabendo disso, Augak havia se preparado, saqueando boa parte dos armamentos dos Humanos nos últimos dias na cidade e também fazendo lanças improvisadas com madeira e pontas de metal afiado. Mesmo que fossem medidas rústicas, eram extremamente efetivas contra cavalarias.

Do outro lado do campo de batalha, em meio a Cavalaria Blindada Nagalu, um homem alto, com um rosto sério e cheio de cicatrizes, empunhando uma grande alabarda, estava acima de um dos maiores e mais imponentes Nagalus. Este era Rayzor, o Major e comandante dessa cavalaria.

Dentre todas as Divisões, a Segunda era a única que não estava sendo liderada por um General, mas pelo próprio Major Rayzor. E havia um motivo para isso, ele tinha as qualificações necessárias!

Não havia ninguém em todo o exército de Wayne que tinha maior maestria que ele na liderança de tropas montadas. Além disso, sua força era a segunda dentre todos os Majores nesse campo de batalha, superando facilmente Dimitri, que tinha a força de um Major Mediano.

Percebendo a movimentação dos Orcs do outro lado, o homem rapidamente passou instruções.

“Cavalaria Nagalu, formação de flecha, em frente! Quebrem essa defesa fraca desses malditos! Cavalaria Pleiasus, quebra de formação, divisão lateral pela direita! Cubram o Pelotão Blindado!”

Além da Cavalaria Blindada Nagalu e dos Lagartos Tarky, havia mais uma cavalaria importante dentre o grupo de 6.000. Essa era a Pleiasus, formada com cavaleiros montados em animais que se assemelha a aves bípedes como avestruzes, sendo extremamente velozes.

Suas plumas azuis e garras poderosas as destacavam facilmente entre as muitas montarias do tipo ave em Avalon, sendo uma das mais famosas e requisitadas pelas Legiões. As aves Pleiasus não só eram muito rápidas, como tinham uma grande facilidade em mudar de direção, mesmo em alta velocidade, sendo perfeitas para manobras evasivas e de assédio. 

Era por isso que a Pleiasus não era do tipo combatente direta, mas uma Cavalaria Arqueira, que usava pouca armadura, com foco na mobilidade.

Com a ordem de Rayzor, a tropa montada de Pleiasus, liderada por um Capitão, destacou-se da formação, indo para a direita, ficando lado a lado com a tropa Nagalu. Ambas as cavalarias avançaram juntas, com a Blindada, aos poucos, se afunilando numa formação triangular.

Erguendo sua gigantesca espada, o Mestre do Clã Gokut passou um sinal as tropas traseiras. Rapidamente os gigantescos Ogros, que estavam usando suas magias de terra contra a Primeira e Quinta Divisão, mudaram seu foco.

Um dos Ogros moveu sua gigantesca mão, raspando-a no chão como se fosse uma pá, arrancando grandes bocados de terra, então começou a apertá-la e moldá-la com as mãos. Aos poucos, a terra fofa, sob o despejo de mana de suas palmas, começou a mudar suas propriedades, ficando rígida como rocha. Feito isso, a criatura gigantesca pegou impulso, então usando seu braço como um chicote, arremessou a bola de pedra.

Swish! Swish!

De todos os lados, os Ogros começaram a mirar na Cavalaria Nagalu.

Boom! Boom!

“Em frente, mantenham-se firmes!” Rayzor gritou, em plenos pulmões.

Dezenas de rochas atingiram a cavalaria, derrubando muitos dos Nagalus e matando seus cavaleiros, que foram pisoteados instantaneamente por aqueles que vinham atrás. Muitas vezes, formando um pequeno efeito cascata, onde outros Nagalus caiam, devido aos da frente.

Entretanto, a Cavalaria Blindada parecia treinada para esse tipo de situação, com a maioria de seus cavaleiros habilmente desviando daqueles abatidos. Além disso, a blindagem dos Nagalus era tão poderosa, que a menos que atingisse uma área critica ou suas patas, dificilmente seriam parados!

Mesmo quando seus cavaleiros eram mortos pelos estilhaços das magias de terra, as montarias continuariam em frente seguindo o rebanho. Era uma verdadeira onda imparável!

Do lado direito, a Cavalaria Pleiasus não era tão ousada, optando por usar a grande mobilidade das montarias para evitar o bombardeio de rochas.

Em pouco tempo, a Cavalaria Blindada chegou a linha de defesa dos Orcs Dobats.

De um lado, Orcs erguendo lanças afiadas e do outro, Humanos montando Nagalus gigantescos.

Bang! Boom! Crack!

Em poucos segundos ambos os lados se chocaram.

“Ah!”

Gritos de dor e som de ossos quebrando soaram por todo o lado.

Era um costume das tropas de cavalaria sempre sortear aqueles que iriam tomar a frente. Se os sorteados sobrevivessem, esses ganhariam grandes recompensas no pós-batalha. Entretanto, a maioria morreria na primeira carga.

A maior parte daqueles que estavam na ponta da formação da Cavalaria Blindada foram obliterados pelo choque ou empalados pelas lanças. Entretanto, isso era algo que já era esperado por Rayzor.

Mesmo com a blindagem, grande parte dos primeiros Nagalus foram mortos, com lanças atravessando seus corpos, mas seu sacrifício abriu um caminho para aqueles que vinham depois.

“Morram, Orcs malditos!” Um cavaleiro urrou, golpeando com sua alabarda em direção a garganta de um dos Dobats, que estava com a lança ainda presa no corpo de um Nagalu.

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