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Com o grupo formado por Renier, Aura e Anny, eles aguardavam o sinal de Sapphire para abaixar as cortinas de fogo ao redor do lago, dando início à sua fuga.

Aura respirou fundo, concentrando-se enquanto se preparava para lançar uma magia em larga escala. Seus braços se moviam como se estivessem puxando o cordão de um arco, recuando ligeiramente.

Chifres emergiram de sua testa, enquanto um sorriso convencido e cruel aparecia em seus lábios.

— Como os sete mandamentos da Imperatriz das sete camadas do submundo, o portão se abre para subjugar aqueles que desafiam a Rainha! — recitou Aura com majestade e orgulho, lançando um feitiço desconhecido para os três presentes.

Seus olhos carmesim começaram a emitir um brilho intenso, enquanto ela voltava seu olhar para Sapphire, que rapidamente compreendeu seu sinal e se preparou para desempenhar seu papel.

Sapphire estalou os dedos, o som ecoando pelo silêncio da floresta enquanto o fogo ao redor deles se dissipava, substituído pelo escuro e vazio que permeava toda a floresta. Ruídos e grunhidos dos Pesadelos se aproximando rapidamente preenchiam o ar.

Estalos sob as árvores e galhos sendo quebrados ecoavam em todos os cantos, mantendo o grupo em alerta constante.

— Eles parecem ter desistido de brincar com nossas mentes e agora estão partindo para o ataque direto — comentou Renier, segurando Anny sob seu ombro.

— O que está acontecendo? — perguntou ela, surpresa.

Sem esperar por uma resposta, Renier saltou para o lado, evitando por pouco um ataque de teia lançado à distância. A mesma aranha vista anteriormente estava nas copas das árvores, mirando-os como alvos.

“Mesmo não vendo ela senti sua presença, talvez seja meus sentidos que foram aprimorados apos se tornar um Guardião Negro?” ponderou ele, enquanto volta sua atenção para Aura.

— Aura, estamos prontos para seguir em frente ou precisamos esperar? — indagou Renier.

Seus olhos se fixaram no impacto da teia no chão, que começava a corroer o solo como ácido. “Espero que ela tenha tempo para agir antes que aquela coisa nos atinja,” pensou ele, preocupado.

Uma poderosa onda de energia irrompeu de Aura, arremessando a aranha e vários Pesadelos para longe, enquanto uma onda de choque varria a área, afundando o solo.

— Estamos prontos para ir! — afirmou ela, correndo à frente com a katana em punho, sem explicar o ataque repentino.

Sapphire e Renier seguiram logo atrás, observando o estrago deixado para trás, onde árvores foram arrancadas de suas raízes e arremessadas ao longe.

— Sua amiga é incrivelmente forte, não é? — comentou Sapphire, dirigindo um sorriso nervoso para Renier.

— Acabei de descobrir isso também, hehe… — respondeu ele, tentando manter o humor apesar da gravidade da situação.

Renier sentia que Aura era mais que uma simples espadachim, pelo fato dela entrar sozinha na Floresta Perdida a qual Sapphire e ele estavam tendo dificuldades, ela porém às vezes demonstrava ter mais poder quando a situação necessitava. “Ela é bem mais do que pensava a princípio além dos chifres que surgiram sonde sua testa serem uma questão sobre sua real identidade” pensou ele enquanto voltava sua visão para frente.

A situação começou a se alarmar quando os Pesadelos, se recuperando do ataque da Aura, começaram novamente sua perseguição indo atrás do grupo que seguia em linha reta.

A corrida começou com Aura na frente, Renier e Sapphire dois passos atrás, protegendo os cantos, enquanto Anny ficava encarregada de proteger as costas deles, uma estratégia feita por Renier para garantir a segurança de todos durante a fuga.

— Sapphire, você só sabe usar fogo, certo? — comentou Renier, mantendo o ritmo da corrida ao lado delas.

— Sim, tentei usar outras magias, mas parece que só consigo controlar o fogo… — respondeu ela, ainda não compreendendo totalmente seu poder.

— Normalmente, o fogo comum não deveria queimar tão intensamente na floresta — informou Anny, entrando na conversa enquanto se acomodava no ombro de Renier e observava a escuridão à frente. — Mas o fogo dela, só apagou quando ela quis…

— Ela é uma usuária de magia espiritual… — comentou Aura, olhando adiante. — Magia de Fogo Espiritual é diferente da magia comum; é concedida pelos espíritos, que são a própria personificação dos elementos naturais. Nem mesmo a floresta conseguiria apagar o fogo dela…

No mesmo instante que Aura e Renier pressentiram algo vindo por trás, uma tentativa falha de esquiva resultou em Renier sendo atingido por uma espécie de crânio afiado em seu ombro, fazendo-o rolar pelo chão e soltar um pequeno grito de dor.

— Que droga foi essa? — exclamou ele, segurando sua espada enquanto as garotas paravam suas corridas, olhando em todas as direções em busca do responsável pelo ataque.

Anny rapidamente removeu a ponta afiada que havia se cravado nas costas dele. — Isso está doendo? — perguntou ela, preocupada.

Segurando o ombro com a dor aguda, Renier acariciou a cabeça de Anny com um sorriso. — Estou bem… — disse ele, para dissipar qualquer preocupação desnecessária.

A mesma aranha monstruosa emergiu novamente, suas pernas peludas movendo-se rapidamente enquanto ela avançava em direção ao grupo. Ao mesmo tempo, de diferentes direções, uma criatura grotesca, com o crânio de um servo preso a um corpo maciço, emergia do breu das sombras, seus dois pares de olhos vermelhos brilhando intensamente na escuridão. Um arrepio percorreu a espinha dos presentes diante da presença ameaçadora dos três Pesadelos.

— Achamos… Ajuda… — murmurava o Pesadelo com sua voz distorcida, tentando iludir os três com suas palavras sinistras, enquanto se esgueirava sorrateiramente entre as árvores, sua presença ameaçadora pairando sobre eles como uma sombra nefasta.

Cada um posicionado de costas para o outro, Renier, Aura e Sapphire, com Anny no meio, encontraram-se cercados pelos Pesadelos ao seu redor.

— Parece que o tempo de fugir acabou, — comentou Aura, sua espada apontada na direção do Pesadelo envolto por folhagens, que repetia suas falas ininterruptamente.

— Aura, há alguma chance de você lançá-los para longe novamente? — perguntou Sapphire, usando sua adaga como defesa.

— Por razões pessoais, estou bastante limitada, então não poderei fazê-lo desta vez. Temos apenas a escolha de lutar ou tentar fugir, — informou ela, empurrando Sapphire para trás.

O Pesadelo avançou rapidamente em direção a Sapphire com seus braços longos, seus golpes logo bloqueados pela lâmina de Aura, que se movia com agilidade para parar cada investida.

— Correr… Ajudar… Vamos? — murmurava o Pesadelo, desferindo golpes incessantes, enquanto Aura esquivava e contra-atacava com destreza, bloqueando as garras com habilidade.

Aura movia-se com destreza e agilidade, sua katana cortando o ar com precisão milimétrica enquanto ela se esquivava dos golpes do Pesadelo. Cada movimento era calculado, cada passo coreografado para manter a defesa contra as investidas da criatura.

Sapphire estendeu a mão enquanto o Pesadelo estava ocupado com a Aura, seus olhos novamente emitiram um brilho vermelho.

— Aura se afasta! — alertou Sapphire, que no mesmo instante sua companheira toma um recuo para trás.

Um grande tornado de fogo se inclinou ao redor do Pesadelo que começou a gritar e berrar de agonia como choro de uma criança sofrendo enquanto seu corpo era carbonizado rapidamente pelas chamas espirituais da Sapphire.

Na conclusão de um confronto que parecia mais suportável devido à magia espiritual de Sapphire, outro embate intenso se desenrolava um pouco à distância.

Renier avançou imediatamente contra o Pesadelo que o havia ferido anteriormente, mergulhando em um duelo frenético com a criatura. O Pesadelo, com um crânio de cervo adornando seu rosto, era duas vezes maior que Renier e empunhava uma lança esculpida de calcário, feita de ossos de alguma besta imensa.

A intensidade do combate era palpável, com bloqueios precisos e ataques rápidos entre os dois combatentes. Enquanto trocava golpes com a criatura, Renier reconhecia a astúcia singular do Pesadelo, diferente de seus congêneres. “Esses Pesadelos são verdadeiramente fora do comum. Este aqui parece possuir uma inteligência incomum”, refletiu Renier, enquanto continuava a luta.

Em um momento de desatenção durante o combate, Renier foi perfurado pela lança no ombro novamente. — Maldito… No mesmo lugar, — afirmou ele, sentindo a dor aguda da ferida. O golpe havia sido desferido enquanto ele se recuperava de um ataque anterior, sendo lançado contra as costas pelo Pesadelo.

Renier apertou o punho com firmeza em torno da lança do Pesadelo, impedindo-o de retirá-la. Com um sorriso determinado, ignorou a dor e concentrou-se em suas habilidades mágicas. Usando magia, começou a comprimir o ar ao redor do punho do Pesadelo, aplicando uma pressão crescente.

A dor intensa pulsava em seu ombro ferido, mas Renier se recusava a ceder, canalizando toda sua determinação para manter o Pesadelo sob controle. Com cada respiração, a compressão do ar aumentava, exercendo uma força crescente sobre o punho do Pesadelo e mantendo-o imóvel.

Com um sorriso convencido, Renier girou o corpo, torcendo a lâmina ao redor de seu ombro ferido. A dor intensificou-se, mas ele ignorou-a, concentrando-se no momento. Com um grito de esforço, desferiu um chute poderoso impulsionado pelo ar comprimido contra o peito do Pesadelo, lançando a criatura pelo ar.

— Anny, é hora de você brincar! — exclamou Renier, animado.

Ao ver o Pesadelo caindo em sua direção, Anny soltou um sorriso macabro, desencadeando uma manifestação sinistra ao seu redor. Mãos negras surgiram do ar, agarrando cada parte do corpo do Pesadelo enquanto ele caía. O ar ao redor da floresta ficou tenso com a energia sombria emanando das mãos.

O Pesadelo, olhando para Anny com olhos estreitos, murmurou suas últimas palavras. — Trai… Trai… Traidora… — Antes que pudesse concluir, seu corpo foi despedaçado pelas mãos sombrias. Membros foram arrancados um a um, até que o crânio, com seus olhos vermelhos brilhantes, caiu no chão, extinguindo-se lentamente.

Anny se aproximou de Renier, esperando receber um elogio após ter derrotado o Pesadelo. Ele sorriu e acariciou a cabeça dela, deixando-a feliz.

— Você se saiu muito bem. Quando sairmos da floresta, talvez mereça alguns doces como recompensa — disse ele com carinho.

— Hehe, é uma promessa então? — respondeu Anny, sorrindo inocentemente. Apesar da aparência macabra causada pela boca costurada, seu sorriso transmitia uma doçura surpreendente.

Enquanto Renier refletia sobre a força impressionante de Anny, seus olhos se voltaram para a frente. A aranha colossal que antes os perseguia jazia sem vida, com vários troncos de árvores atravessados por seu corpo, evidenciando o poder do ataque de Anny.

Soltando um leve suspiro de alívio, Renier se virou para Aura e Sapphire, que pareciam um pouco desgastadas também. Sapphire levou a mão ao ombro, amarrando seus cabelos suados e sujos em um rabo de cavalo para trás.

— Pelo menos nos livramos desses monstros — afirmou ela, visivelmente cansada.

— Até que não foi tão difícil, considerando que enfrentamos eles em equipe — comentou Renier. — Embora a Anny tenha lidado com a aranha sozinha — acrescentou, dando de ombros para minimizar a importância.

— Para alguém que ainda não aprendeu a usar seus poderes, Renier, você se saiu muito bem na luta — elogiou Aura, impressionada com sua habilidade com a espada e reconhecendo seu potencial.

Voltando a caminharem, eles sabiam que ainda poderia haver mais Pesadelos por perto, então decidiram, mesmo levemente exaustos, continuar sua marcha até o pé da montanha, que seria o ponto de salvação deles.

— A propósito, Renier, eu notei que você está usando um uniforme escolar. Você foi invocado? — perguntou Sapphire, curiosa sobre a presença dele, que já havia notado desde que o viu, mas ainda não tinham tido a chance de conversar sobre isso.

No entanto, sem receber resposta, Renier só conseguiu soltar um leve grunhido de agonia após soltar um comentário. — Foi mal… Acho que não vou estar nesse mundo para saber… — afirmou Renier, com sangue escorrendo pela boca.

Uma grande lâmina negra atravessada no peito de Renier o pegou de surpresa, enquanto atrás dele emergia uma figura de cavaleiro negro com dois chifres sob um capuz escuro, segurando o cabo da espada em suas mãos. Renier tentou desesperadamente se libertar do aperto.

Uma grande pressão se instalou no ambiente com a presença do novo Pesadelo, que havia chegado sem que ninguém notasse. Sapphire, Aura e Annye observavam a cena chocadas.

— Renier! — gritou Aura, pronta para atacar o novo Pesadelo, mas uma grande muralha de terra surgiu do chão, separando Renier e o Pesadelo das garotas.

Renier usou magia para barrar o avanço delas, sabendo que seria um peso morto se elas tentassem resgatá-lo.

— Renier! O que você está pensando em fazer!? — desesperada, Sapphire tentou usar suas habilidades de fogo para destruir a muralha, mas sem sucesso.

Estalando os lábios, Renier foi jogado contra uma árvore com força, sem conseguir reagir, apenas aceitando o que estava por vir.

Olhando para a muralha que os separava de Renier, ele gritou para o outro lado. — Anny! Mesmo contra a vontade, faça Aura e Sapphire chegarem na montanha. Lembre-se da promessa! Seja uma boa garota e cumpra-a! — disse ele, em um tom alarmante.

Aura e Sapphire tentaram derrubar a muralha, mas era tarde demais. Renier estava preso do outro lado, e eles não tinham esperança de contorná-la a tempo.

— Anny, você precisa nos soltar! Temos que salvá-lo agora, não podemos deixar o Renier para trás! — disse Aura, irritada, tentando se soltar do aperto da habilidade mãos escuras de Anny.

— Desculpe… Tenho que ser uma boa garota… — afirmou ela, começando a caminhar, mesmo estando angustiada por dentro ao deixá-lo para trás e ouvindo os gritos de Aura e Sapphire para buscá-lo.

Assim que sentiu a presença delas diminuir do outro lado do muro, um sorriso de alívio escapou dos lábios de Renier, enquanto ele limpava o sangue ao redor da boca.

Ele olhou para a figura encapuzada, notando o vazio por baixo do capuz. — Essa sensação de ser perfurado é um tanto familiar… — murmurou Renier, sentindo a vida esvair-se de seu corpo, enquanto o sangue jorrava pelo buraco feito pela lâmina em seu peito.

O Cavaleiro negro ergueu a espada brilhante, as bordas tingidas de vermelho carmesim pelo sangue de Renier. Renier sorriu para o Pesadelo, que se preparava para o golpe final. O som metálico da armadura escura se misturava com a aura vermelha, criando uma atmosfera tensa e sombria.

Renier fechou os olhos, aceitando seu destino iminente. A lâmina atravessou sua cabeça, encerrando sua vida sem piedade.

O Pesadelo retirando a espada do corpo inerte com seus passos pesados seguiu em frente, destruindo o muro sem olhar para trás deixando para tras o corpo morto de Renier que jazia em silêncio e escuridão na floresta, abandonado e solitário como da primeira vez…

Continua…

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