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Com o encontro dos três desconhecidos, Aura, Sapphire e Renier, a tensão pairava no ar, cada um deles alerta para as ameaças não humanas que espreitam na escuridão da floresta.

— Até que foi divertido para o primeiro monstro derrotado — afirmou Renier, retirando sua espada do crânio do Pesadelo de três faces caído ao chão.

— Não sei onde você encontrou diversão nisso — respondeu Aura com um leve suspiro. — Mas ao menos os outros Pesadelos recuaram após a morte deste. Agora podemos respirar um pouco.

— Uh… Quem são vocês dois? — perguntou Sapphire, interrompendo a conversa com uma cautela perceptível em sua voz.

— Você deve ser a garota que causou o incêndio nesta região. Me chamo Aura, pode me chamar assim mesmo — introduziu-se Aura, optando pela franqueza.

Sapphire acenou com a cabeça, sentindo-se aliviada por estarem diante de pessoas normais. Um suspiro involuntário escapou de seus lábios. — Como você disse, fui eu quem causou o incêndio. Sou Sapphire, a propósito.

— Eu sou Renier Kanemoto, é um prazer! — disse Renier com um sorriso, enquanto seu olhar se voltava para a figura solitária próxima ao lago escuro. — E aquela garota está com você? — perguntou ele, curioso.

Apesar dos Pesadelos terem desaparecido, a garota com a boca costurada, segurando a boneca, permanecia imóvel, observando-os em silêncio.

Assustada, Sapphire recuou para perto de Aura. — Por que ela ainda está aqui? —  perguntou, sua voz carregada de apreensão, enquanto observava a criança parada à beira do lago escuro, envolta pela escuridão da noite.

— Vamos… Brincar… — repetia a garota incessantemente, sua voz ecoando de forma assustadora por todo o ambiente.

Renier, surpreso com a aparência macabra da garota, questionava-se se era isso que Aura havia mencionado sobre os Pesadelos assumirem formas humanas para perturbar suas presas mentalmente.

“O que ela quer exatamente ao repetir isso?” ponderou Renier, examinando-a com cautela.

Aura ergueu a espada com uma intenção assassina. — É apenas um truque. Temos que ir, então deixe-me lidar com isso rapidamente, — afirmou ela, indicando que seria ela a encerrar a vida do Pesadelo.

Entretanto, Renier deu um passo à frente, avançando em direção à garota enquanto guardava sua espada na bainha.

— O que ele está fazendo? — perguntou Sapphire, assustada ao vê-lo se aproximando da criança ameaçadora.

Preocupada, mas sem agir, Aura observava Renier. — Renier? — chamou ela, sem receber resposta.

“Será que é algum tipo de manipulação mental?” questionou-se Aura internamente, considerando a possibilidade de Renier estar sendo iludido, mantendo-se em alerta máximo.

À medida que Renier se aproximava da garota com a boca costurada na margem do lago escuro, ele se ajoelhou diante dela, enquanto seus olhos vermelhos o observavam atentamente. Essas ações mantinham Aura e Sapphire em alerta total.

— Se você deseja brincar, então por que não brinca comigo? — disse Renier, soltando um sorriso sincero, sua curiosidade despertando diante do Pesadelo diante dele.

A garota olhou para ele em silêncio por um momento, estendendo a boneca na direção do rosto de Renier.

— Você vai brincar comigo? É verdade? — perguntou ela inocentemente, enquanto a boneca parecia observá-lo com olhos que pareciam estar vivos.

— Eu prometo, mas só se você nos ajudar a sair da floresta. Depois disso, poderemos brincar o quanto você quiser. O que acha? — afirmou Renier, dando uma pequena palmada de animação, seus olhos azuis brilhando brevemente.

Aura se perguntava sobre as intenções de Renier ao dialogar com um Pesadelo. Ninguém havia feito isso e sobrevivido para contar, mas era a primeira vez que alguém tentava uma abordagem tão pacífica com uma criatura assim. “Isso é incrível de se ver, um diálogo com um Pesadelo é algo raro”, pensou ela, ponderando se Renier estava agindo por compaixão ou se havia algo mais por trás dessa interação.

Renier voltou segurando a mão do Pesadelo, a menina com a boneca ao lado dele, se aproximando de Aura e Sapphire.

— Eu sei como sair da floresta… — afirmou o Pesadelo, olhando para Renier com entusiasmo.

— Espera, vocês vão simplesmente confiar nessa criatura? — perguntou Sapphire, olhando para ela com desconfiança.

— Não temos muita escolha — informou Aura, curando seus braços. — Confiança ou não, ela é nossa única esperança. Uma vez dentro da Floresta Perdida, não há como sair, daí o nome — explicou ela.

— Floresta Perdida? — perguntou Sapphire, confusa. Ela estava por fora de tudo o que estava acontecendo ao seu redor desde que acordara naquele pequeno templo.

Renier e Aura trocaram olhares, surpresos com a falta de conhecimento de Sapphire. — Você não entrou na floresta? — perguntou Aura, curiosa.

— Acho melhor trocarmos informações. Pode ajudar a clarear as coisas se ambos os lados se conhecerem melhor — afirmou Renier.

Sapphire concordou, suspirando. Parecia ser a melhor opção reunir informações. “Eles parecem saber mais do que eu, então podem me ajudar neste lugar”, ponderou ela. “E depois de derrotarem aquela coisa que chamaram de Pesadelo, pode ser uma boa ideia me aliar a eles”, continuou, decidindo compartilhar tudo o que acontecera desde que acordara no templo até o momento presente, enquanto Renier e Aura contavam seus objetivos e a situação em que se encontravam nesse mundo desconhecido.

♧—————

Aura acabou sendo a mais apropriada para explicar tudo que envolvia a Floresta Perdida, os Pesadelos e os motivos de estarem juntos até se depararem com Sapphire.

Renier, por sua vez, ficou um pouco distante enquanto conversava em tom mais baixo com o Pesadelo, a menina que havia feito amizade. Embora Sapphire e Aura ainda não confiassem totalmente na presença dela, mesmo o próprio Pesadelo garantindo que ela não causaria problemas.

Renier segurava a boneca da menina enquanto esta mostrava um sorriso, enquanto o corpo do Pesadelo permanecia em silêncio enquanto brincava com ele usando a espada.

“Talvez seja perigoso uma criança com uma arma, mas pelo visto ela não deseja mal algum, já que não usou a espada contra mim”, pensou Renier, observando a boneca em seu colo.

— Você tem algum nome? — perguntou ele, curioso, enquanto a menina voltava sua atenção para ele.

Como de costume, um breve silêncio se instalou entre eles até que ela decidisse responder, com a voz ecoando de dentro da boneca. — Pesadelo? — disse ela, como uma pergunta.

— Isso parece mais uma descrição do que um nome próprio — afirmou Renier, levantando a sobrancelha.

Percebendo que ela não era habilidosa em comunicação, Renier ponderou sobre um nome para chamá-la, afinal, referir-se a ela como Pesadelo parecia incômodo, considerando sua individualidade.

— Que tal Anny? — sugeriu ele. — Lembra uma personagem que usava marionetes em um jogo antigo. O que acha desse nome? — aguardou ansiosamente pela resposta.

— Anny… Um nome único… Acho diferente… — comontou ela com um aceno de cabeça. — Né… Porque você não me matou? — perguntou ela curiosa com o pensamento do porque ele nao a tratar como um ameaça como o resto de todos os seres vivos.

Renier ficando em silêncio por um momento, olhava para Anny pensando em sua pergunta. — Isso porque você… — começando responder a pergunta dela em um uma voz baixa, para que ambas as garotas a distância nao conseguissem ouvir…

Ao longe, Aura e Sapphire concluíam a troca de informações, e a cada nova revelação da garota samurai à sua frente, Sapphire não conseguia conter sua surpresa e espanto.

— Então estamos em uma espécie de purgatório, onde as almas ficam presas? — disse Sapphire, ponderando sobre sua situação.

— Bem, para muitos, esse é o resumo básico da Floresta dos Perdidos — respondeu Aura, com um leve sorriso, demonstrando familiaridade com a situação.

— Mas aquele rapaz ali parece ser diferente — comentou Sapphire, observando Renier de longe. — Até você está cautelosa com a presença daquele Pesadelo, então como ele pode estar tão calmo enquanto brinca com ela?

Aura seguiu o olhar de Sapphire, vendo Renier conversar com o Pesadelo sem parecer preocupado, apesar da tensão no ar. — Ele é especial, é tudo o que posso dizer sobre Renier… — afirmou ela, com um tom enigmático.

— Uh… Então vocês têm seus segredos, acho que posso respeitar isso… — disse ela, cruzando os braços enquanto refletia sobre a situação.

Ambos estavam no mesmo barco e precisavam seguir até a montanha, porém, no momento, nem mesmo Aura sabia a distância ou quantos dias levaria para chegar lá, já que a escuridão constante na floresta tornava difícil calcular o tempo. Poderiam ter passado horas, dias ou até mesmo anos, sem perceberem, o que era prejudicial.

Renier retornou com Anny ao seu lado. — Então podemos discutir nossa situação atual e como planejamos sair da floresta? — perguntou ele, olhando para Aura.

— Acho que sim. Esse Pesadelo vai nos ajudar como prometeu? — questionou Aura, dirigindo-se à garota.

— Anny… — disse ela.

— O que você disse? — perguntou Sapphire, confusa com a resposta do Pesadelo.

— Meu nome é Anny, não um Pesadelo — afirmou ela em um tom mais amigável.

Aura soltou um leve suspiro, olhando para a boneca. — Tudo bem, então, Anny, podemos contar com você para chegar até a montanha mais próxima? — perguntou, ajustando sua espada na cintura.

— Comigo por perto, atrairá muitos dos meus para a nossa localização — informou Anny. — Mas com Renier, e se seguirmos nesta direção correndo em linha reta, podemos chegar lá em menos de dois dias… — continuou, apontando para a escuridão adiante, entre as árvores.

— Porém, Sapphire precisará abaixar o fogo ao nosso redor. Mas, no momento em que isso acontecer, seremos alvos de vários Pesadelos desconhecidos — afirmou Renier.

Ambos olharam para Sapphire, vendo se ela concordaria em colaborar para iniciar sua fuga pela floresta. — Eh? Bem… Eu consigo abaixar o fogo, mas o que faremos caso os Pesadelos comecem a nos cercar? — questionou ela, preocupada.

Com o som de aço sendo retirado da bainha, a lâmina de Aura brilhou à luz, revelando sua katana escura e afiada. — Quando isso acontecer, deixe comigo. Mostrarei um pouco do meu poder — afirmou ela, com um sorriso confiante.

“Sabia que ela tinha algo além de habilidades com a espada. Os movimentos que fez ao enfrentar o Pesadelo de três faces e sua agilidade são características que um humano normal não teria,” pensou Renier, curioso para descobrir mais sobre sua parceira de combate.

— Então, todos preparados? Afinal, assim que o fogo abaixar, os nossos Pesadelos estarão por perto — afirmou ele, com um sorriso irônico.

— Esse trocadilho tinha que ser feito agora? — perguntou Sapphire, nervosa, percebendo a tentativa de Renier de descontração.

— Urg… Foi mal… — disse ele constrangido. — Entao vamos iniciar nossa fuga! — disse Renier animado.

Com todos prontos para iniciar sua saída da floresta, e com uma aliada inesperada como Anny, um Pesadelo contra sua própria espécie, o imprevisível era esperado em cada movimento na escuridão da floresta. No entanto, toda a esperança também repousava sobre ela.

Continua…

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