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Caído no chão, ainda processando o impacto contra o morro, Theo caiu de barriga para baixo, sem notar imediatamente as pedras desmoronando sobre ele. No entanto, Aryna rapidamente reagiu e criou um canhão de água com alta pressão, eliminando qualquer entulho que pudesse representar perigo para Theo.

— Loirinho inútil — exclamou Aryna, levantando Theo. — Está me escutando? — indagou, percebendo que Theo estava em êxtase.

Os cinco sentidos de Theo desapareceram. Mas não pelo impacto, e sim pela concentração dele. Ele excluiu qualquer coisa da visão, qualquer som, qualquer cheiro ou toque. Ele só estava pensando: “Qual o padrão deste cristal?”

Todos os cristais arcanos correspondem a um padrão diferente. O principal método de treino na infância de Theo fora derrotar cristais arcanos ao redor de casa, então ele sabe a principal estratégia para derrotar um desses cristais: conhecer o padrão.

Seja qual for o padrão, eles sempre levarão a um momento: um instante de vulnerabilidade do núcleo arcano.

“O tempo está correndo. Não posso perder… tempo…”

Uma luz iluminou a mente de Theo e seus cinco sentidos retornam.

— É isso! — exclamou Theo, olhando para frente e tendo uma surpresa.

A harpia estava avançando novamente contra Theo, que não teve outra reação senão criar um vórtex de vento que o jogou para o lado. Foi somente quando se jogou para o lado direito, que notou Aryna em sua direção.

Theo agarra Aryna com uma mão na cintura e outra na cabeça. Se jogando para o outro lado, ele usa o próprio corpo como escudo para proteger sua colega. O garoto bate de costas em uma árvore. Ele cai no chão por cima dela.

“O tempo é a causa.” pensou Theo, seus olhos quase fechando. Mas ao se lembrar, ele desperta gritando: — O tempo é o padrão!

Os olhos de Aryna se fixaram nos lábios de Theo, que foram neutros para um sorriso de felicidade. Theo olha para baixo e vê Aryna olhando para ele, engolindo em seco e com as bochechas rosadas.

— Você disse que não iria se envolver.

Ela virou o rosto de lado.

— Você estava perto, não consegui apenas assistir você morrer.

— Entendi… Obrigado, Sabbac. — Theo se levantou e estendeu a mão para Aryna. — Consegue se mover?

— Claro que sim.

— Ótimo.

Theo avançou contra o território usando o vento para impulsionar. Foi somente ele tocar no lugar que a harpia novamente atacou-lhe.

— Ivan! Mate-o! — ordenou Theo, segurando a pata da harpia. — Tenho um plano!

Um ar gelado escapou da boca de Ivan. Avançando contra a harpia, Ivan não se conteve em parti-lo ao meio com a foice.

— Porque ela atacava só você? — indagou Antony.

— O vento — retrucou. — Harpias são bestas mitológicas que supostamente são uma evolução dos kynigos anemus. Com isso, sempre irão atacar primeiro aqueles que tem o atributo vento. Provavelmente para dizer “eu sou superior”.

— Entendi.

— Qual seu plano? — perguntou Ivan.

Suspirando, Theo responde:

— O tempo é o padrão. Quando o Ivan estava matando os albastrons, notei que o cristal fica invulnerável por 0,5 segundos. Mas isso é muito pouco tempo para atacar. É por isso que pedi para matar a harpia. Se passaram vinte segundos. Esse é o tempo que o cristal demora para invocar a harpia.

Uma projeção de energia aparece no céu e gradualmente dá vida a uma nova harpia.

— Ainda não entendi o seu plano — disse Antony.

— Resumindo: temos que matar o máximo de harpias. Assim que o cristal estiver prestes a invocar a besta mais forte, temos que destruí-lo no momento de invulnerabilidade.

— Por que não matamos nestes vinte segundos?

— Nestes vinte segundos, tudo vai se tornar mais agressivo perto do cristal. Vejam que as outras aves estão circulando o núcleo como se protegessem uma rainha.

— O moleque pensa demais… — resmungou Paul, vendo de longe.

— Maldição Lawrence… Todos daquela linhagem são estratégicos. Não tem o que fazer com eles — retrucou Amiah. “Esse também é o ponto forte da família.”

Antes que a harpia completasse seu primeiro ataque, Antony cortou ela ao meio com facilidade. Visando comprovar a tese de Theo, Antony avança contra o cristal enquanto ainda invoca a harpia. Diversos albastrons atacaram Antony assim que entrou num raio de cinco metros do cristal.

“Então esse é o limite que podemos chegar…” pensou enfiando uma espada no chão, demarcando o perímetro.

Com os outros três derrotando as harpias e o máximo de albastrons, para que mais bestas mitológicas fossem criadas, Theo coloca a mão no peito e caminha por fora do território arcano.

“Tenho que amenizar o gasto… Estou usando muito éter. Em poucos movimentos posso extrapolar o limite.” Theo olha para o cristal. “Isso seria um problema? Se eu conseguir chegar perto o suficiente para absorver o éter desse cristal… Sim. Tenho que tentar. Me desculpem por usá-los como máquinas para mim, mas é necessário.” Virando lentamente o rosto de lado, ele vê Aryna retornando para o lado dos mentores. “E você é a minha chave principal.”

— Aryna — chamou. — Vejo que absorveu o que eu disse. Sobre o canhão de alta pressão.

Ela olhou para as próprias mãos.

— Sim. Eu testei, mas continua gastando muita mana. Mesmo com a minha reserva, é significativo…

— Entendo… Nesse caso, posso te roubar uma vez?

— Hã?

Theo estende a mão para Aryna, que estava prestes a se sentar no chão.

— Precisarei da sua habilidade. Te ajudo a controlar no caminho. E então, você vem? — indagou esticando a mão pela última vez. Aryna aceitou. Theo a puxa para cima dizendo: — Ótimo. Agora siga meus passos…

“Theo voltou…” pensou Ivan, vendo Theo entrar novamente no território. “Creio que ele vá ser mais cauteloso agora… sabendo que os monstros vão seguir ele caso use o vento, ele deve se limitar a combate físico…”

Com a espada feita por Antony em mãos, Theo avança contra os albastrons. Ao lado de Ivan, que logo se juntou a ele, começam a intercalar movimentos: em um instante, Ivan ataca enquanto Theo o protege das garras dos animais, e no outro instante o contrário ocorre, com Ivan protegendo e Theo atacando.

Usando o ombro de Ivan como apoio, Theo salta para cima, onde uma nova harpia começa a ser gerada. Theo a ignora e procura um lugar de refúgio. Olhando para o pequeno morro que cairia sobre ele, Theo decide usar o atributo vento para impulsioná-lo naquela direção.

— Aquela harpia… — murmurou Paul, com uma certa preocupação.

— É uma harpia kynigos… — retrucou Amiah. — Ela é mais forte e veloz. Se o garoto usar o vento na frente dela…

Não alcançando o morro, Theo novamente usa um impulso de vento para chegar ao destino. Tocando no chão com a ponta do pé, todo o corpo de Theo se arrepia.

Por instinto, ele se joga completamente no chão, sem se importar com os danos. Uma cauda, tão afiada quanto uma lâmina, passa de raspão nas costas de Theo.

Olhando para sua frente, lá estava a criação do cristal arcano: uma harpia, o corpo feminino como de costume. Porém, coberta por uma roupa verde que demarca as curvas de seu corpo, cabelos como folhas e um par de asas que mais parecem vidro. Seu rosto, ao contrário de qualquer harpia, é belo como o de uma donzela. Acima de seus cabelos, uma runa flutuante e quase transparente emerge. E, finalizando, sua cauda mais parece com a de um escorpião.

Uma esfera de energia começa a entrar em colapso no peito da harpia, mas Theo não espera o resultado. Avançando contra aquela besta, que logo lança o ferrão de sua cauda contra o garoto, mas Theo desvia deslizando pelo chão. O ferrão passa lentamente pelo corpo de Theo, tocando apenas na ponta mais alta de seu nariz. Aquele simples contato foi o suficiente para transmitir a sensação de que a cabeça do garoto fora explodida pela harpia.

Se virando contra a harpia, Theo tenta atacar com sua espada. Para se defender, o animal usa de sua cauda como escudo, não só bloqueando, mas sim destruindo a espada de metal como se fosse de vidro. Surpreso e em êxtase pelo que aconteceu, a harpia golpeia Theo no rosto com sua cauda.

Bolando no chão sem ter no que se apoiar, Theo pega impulso no solo e desliza para correr pela floresta. Naquele instante, como um assobio, a voz da harpia ecoou na floresta:

‘Sabe apenas correr? Criança.’

“De onde veio essa voz?” Theo pensou correndo. Olhando de lado, ele observou a harpia ainda parada no ar. “Ela falou? Não. Harpias não falam. Ao menos que sejam evoluídas…!”

A harpia surge repentinamente à sua frente. Balançando a cauda, a besta cria rachadas de vento que cortam o ambiente. Theo consegue desviar da maioria, menos de um que corta o ombro dele.

Ignorando a harpia, Theo usa de dois troncos para tentar despistar a besta. Tentando dar a volta na floresta, Theo só consegue sentir o próprio coração: tão acelerado que aparenta saltar do corpo. Sua respiração se torna cada vez mais rápida, o suor escorre pelo rosto com mais frequência.

Seus sentidos se tornam aguçados, principalmente sua intuição. Mesmo com a harpia sendo rápida o suficiente para fugir de seus olhos com facilidade, Theo consegue, através da intuição, prever os futuros lugares que o monstro estará. Suas pupilas dilatam quando ele consegue entender aquela sensação: adrenalina e ansiedade, tendo em mente a possibilidade de que ele possa morrer novamente.

Uma runa verde-escura surge na palma da mão esquerda de Theo: como uma flecha que aponta para o norte, acompanhada por fragmentos de vento. Todos os ventos e a energia das moléculas do próprio ar começaram a ser sugadas para a marca. Quanto mais energia é sugada, mais clara se torna a marca.

A marca começa a doer como nunca, ardendo e queimando, mas o mesmo tempo trazendo um ar frio consigo. A sensação de dor não poderia ser mais pura. Mesmo sofrendo, Theo não parou de fugir da besta.

Somente quando olhou para frente, ele sentiu o ferrão da harpia tocando em seu pescoço. A besta para logo à sua frente e o observa de cima, tratando Theo com desdém.

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