Selecione o tipo de erro abaixo

Capítulo 37: Casos de Família

Partindo assim que o sol nasceu, viajantes, ainda traumatizados com o ataque, continuaram a viagem até o vilarejo mais próximo em silêncio.

Ninguém queria reviver a tragédia da noite passada.

Os dois irmãos clandestinos, se sentiram mais seguros com seus colegas de viagem e ficaram interessados em ver até onde todo o poder daquele grupo poderia chegar.

Os gêmeos observavam Colin colocar curativos em Alunys e Kurth. Colin havia dado um jeito de consertar os óculos de Alunys, mas uma das lentes estava trincada bem no meio. Com cuidado, ele passava no rosto dela uma mistura de plantas que ele triturou, onde Samantha disse que seria eficiente para diminuir inchaço.

— Ai! — reclamou Alunys.

— Fique quieta! Se continuar se mexendo assim pode ser pior.

Depois de Alunys, foi a vez de Kurth.

Colin o cobriu com bandeje acima do supercílio e no meio do nariz. Ele se parecia com um pai cuidando de suas crianças após se ferirem brincando no jardim. Liena tentou puxar do abismo de sua memória qual foi a última vez que seu pai a tocou com afeto, que a elogiou ou lhe deu um abraço.

Não conseguiu encontrar essas memórias.

O imperador sempre foi ocupado, dando mais atenção aos afazeres do império e meretrizes de bordéis do que seus próprios filhos.

Lumur foi o único filho que teve tal aproximação com o pai desde a tenra idade, mas isso não significava que eles se davam bem. Já sua outra irmã, Lina, foi criada por empregadas, já que era fruto de uma relação extraconjugal.

— Prontinho! — Colin deu um suspiro — É só vocês não se mexerem demais. Não temos um usuário da árvore do reparo por perto, então se mantenham cientes de não fazerem tantos movimentos exagerados.

Os dois fizeram que sim e ficaram cabisbaixos. Eles se sentiam culpados de não terem conseguido lutar contra os bandidos sozinhos.

Ambos queriam se tornar poderosos, e não visavam depender sempre de Colin ou de terceiros para se protegerem. Queriam fazer as coisas por conta própria.

— Senhor Colin… — chamou Alunys — Sentimos muito por não termos conseguido ajudar o senhor. — Alunys encarou Samantha — Senhorita Samantha é bem forte, estava pensando se ela poderia nos ensinar…

Erguendo as sobrancelhas, Samantha ficou surpresa com aquele pedido.

— Bem… Acredito que tudo bem… teremos mais alguns dias até que a viagem termine de fato. Suponho que consigo ensinar a vocês uma coisa ou outra.

— Tem certeza que está tudo bem com isso? — perguntou Colin de braços cruzados.

— Ah… sim — ela abanou as mãos — Não tem problema, eu os ensino com prazer. Será importante que aprendam a se defender sem magia durante a nossa jornada.

— Bem… — disse Liena baixinho, se aproximando sorrateira — Pode ensinar a gente também?

Todos da carruagem encararam os gêmeos, que encolheram os ombros de vergonha. Era a primeira vez que Liena pedia algo. Seu costume era de mandar e desmandar, mas pedir as coisas desta forma era uma experiência nova.

— Não sei se seria uma boa ideia… — disse Samantha relutante.

— Por favor! — insistiu Liena — Temos noção de magia, sabemos o básico de nossas árvores… por favor, senhorita Samantha… — Liena fez uma pausa e abaixou a cabeça — Você é a primeira mulher que vejo lutando desse jeito… eu só… queria ser como você…

Todos ficaram em silêncio e Samantha se sentiu pressionada, não só pelas palavras de Liena que a tocaram de algum modo, mas porque ela sempre sonhou em lecionar daquela forma.

O pai de Samantha é um homem que ama ensinar a outras pessoas, ele sempre diz que ensinar é uma arte que caminha em via de mão dupla e traduz com excelência a bendita lei do retorno, pois, quando você ensina, acaba também gerando resultado para si mesmo.

— Suponho que tudo bem então! — disse ela abrindo um sorriso gentil — Devemos levar mais alguns dias para chegarmos ao nosso destino. Proponho treinarmos antes de comermos e antes de partirmos.

image 45

 Cruzando a estrada quase sem fim, chegaram finalmente a um vilarejo não muito grande. Todos eles foram bem recebidos por camponeses humildes, e lhes foi explicado o que havia acontecido na noite passada. Eles haviam escrito uma carta para entregar ao império, amarrando-a em uma águia correio que partiu rapidamente em direção a capital.

Com cuidado desceram os corpos dos estudantes mortos e colocaram na enfermaria daquele vilarejo. Fora um processo bastante rápido, até mesmo os gêmeos ajudaram.

Aquela foi uma experiência que os deixou um pouco traumatizados, pois, foi a primeira vez que eles viram a morte de frente. Era comum que desistissem da jornada, mas Loaus queria ver por completo o enorme império de seu pai de perto e seu atual estado.
A primeira coisa que sentiu foi uma enorme decepção.

Mesmo em vilas próximas não havia segurança. Os guardas raramente patrulhavam tão longe. As residências não passavam de choupanas caindo aos pedaços. Não havia remédio suficiente para todos e nem armas para se defenderem.

Era um lugar largado as traças.

Sua irmã ainda não sentia o mesmo, mas ela estava mais empática de alguma forma. A agenda expansionista de seu pai parecia ter mais malefícios que benefícios, despertando um descontentamento que ela não tinha sentido até então.

Passaram mais algum tempo no vilarejo, e Loaus estava parado em frente a uma loja de roupas e equipamentos. À primeira vista, aquela loja não era grande coisa. A vitrine era bastante empoeirada e mato crescia ao redor. Loaus não tinha escolha, afinal, ele não sabia quando iria ver outra loja como aquela, e com o treinamento de Samantha se aproximando, desejou vestir-se a caráter. Sua irmã estava ao seu lado, e ambos adentraram a loja.

Não demorou muito para que saíssem equipados de lá.

Liena estava com calça marrom, bota de cano longo que ia até à coxa, blusa de manga longa branca com uma cinta e luvas. Loaus, por outro lado, trocou de blusa, trajando agora uma jaqueta de couro leve e luvas pretas que o auxiliaria na pegada da espada.

Depois de uma breve conversa com o velho responsável pelas caravanas, Colin conseguiu convencê-lo a ficarem por ali até o amanhecer.

Era importante que não somente eles, mas que os cavalos estivessem descansados, seria uma longa viagem.

Montaram o acampamento nas mediações do vilarejo e esperaram até o anoitecer. Wiben caçou alguns coelhos, os esfolou com cuidado e improvisou um forno. Continuou ali no canto, encarando Samantha se aproximar de Colin. O medo que ela tinha dele pareceu desaparecer como fumaça após trocarem meia palavra.

De fato, Colin não era o monstro que eles pintavam em sua cabeça. Wiben até estava começando a achá-lo um cara legal, mas ainda tinha suas desconfianças. Talvez fosse ciúme da forma como Samantha havia perdido aquele medo por ele ou fosse apenas precaução.

— Valeu por pedir ao velho para ficarmos essa noite. — disse Samantha a Colin, que estava sentado em uma pedra comendo ratos fritos.

Eles eram bastante gostosos, lembravam aves de pequeno porte.

A carne era macia e saborosa.

Cuspindo os ossos de uma pata, Colin olhou para cima encarando Samantha.

Hum, tudo bem. É bom para os garotos, e você parece saber o que está fazendo.

— Eu nunca ensinei ninguém antes, mas acredito que pode ser uma boa experiência.

Samantha se sentou ao lado de Colin e tornou a encarar as chamas do fogão a lenha improvisado. A madeira estava bem seca, e o fogo dançava agressivamente, crepitando cadenciadamente.

— Wiben e eu deixamos a guilda de Loafe… — Colin a encarou com o canto dos olhos, mas não disse nada. — Sei que vocês tiveram algum desentendimento no passado, mas ele é uma boa pessoa… ele mudou bastante, nós mudamos bastante.

— Vocês parecem boas pessoas. — disse Colin terminando de engolir parte do rato frito — Por que deixaram a guilda de Loafe? Não era mais benéfico continuar debaixo das asas dele?

Samantha engoliu o seco novamente e abraçou os joelhos enquanto encarava o fogo.

— Existem muitas facções na guilda de Loafe, algumas, ele nem faz ideia que existam. Loafe é a imagem da guilda, mas tem coisas bem mais sujas por trás. Alguns integrantes da guilda estão metidos com magia proibida, necromancia e bruxaria, nobres que financiam tantas coisas horríveis que me sinto até mal em dizer…

— Horríveis de que tipo? — indagou Colin, ignorando completamente como Samantha se sentia.

Ela relutou por um instante. Olhou para Colin e notou que aqueles olhos incisivos continuavam a encarando, esperando por uma resposta. Sentindo-se pressionada, ela resolveu dizer.

— A guilda de Loafe é a única guilda não imperial com aval do império para atuar fora da capital. Os membros da guilda são todos nobres, senhores que ganham dinheiro com a guerra… Você sabe o que acontece com os habitantes de uma vila ou cidade tomada pelo império, não sabe?

— Tenho meu palpite.

Samantha apoiou o queixo nos joelhos dobrados e assumiu um semblante cabisbaixo.

— Antes de o meu pai ser o comandante da guarda imperial, ele era um soldado com muitas honrarias. Eu ainda era criança quando eu e minhas irmãs visitamos uma vila inimiga do império. Na época, o império não era tão poderoso quanto é hoje, mas a forma que ele trata os inimigos continua a mesma. — Depois de uma breve pausa encarando as chamas, Samantha continuou — Vi crianças mais novas que a mim, vendidas como escravas para nobres nojentos… Pais que nunca mais veriam suas filhas ou esposas que jamais veriam seus maridos. Quando de fato entendi o que estava acontecendo, fiquei devastada, mas… o império é bem forte… não tem como lutar contra ele ou ir contra a vontade do imperador. Senti-me mal, mas agradeci por não fazer parte daquele vilarejo e de nenhum outro.

Colin jogou o resto do rato no fogo e labaredas subiram. Todo aquele papo de Samantha soava como um berro de covardia, mas ele a entendia.

— E você entrou na guilda de Loafe para se sentir protegida disso tudo? Afinal, você se juntou aos agressores impiedosos… deve ter sido bem reconfortante.

Samantha encarou Colin de soslaio e percebeu que aqueles olhos incisivos a julgavam silenciosamente. Após engolir o seco, ela desviou o olhar.

— Não me olhe assim, se você tivesse visto o que vi, certeza que me entenderia.

— Eu entendo, só acho isso uma atitude bem covarde. Dá para entender um pouco porque você e Wiben se achavam donos do mundo na universidade.

— Não vem com essa, quando te conheci, você quase quebrou meu braço, mesmo nem me conhecendo. E se eu tivesse contado pro meu pai?

Colin deu de ombros e disse:

— Meu pai sempre dizia que violência se resolve com violência. “Filho, se derem um tapa em você, devolva com um soco” e veja só… Briguei com Wiben, quase quebrei seu braço e aqui estamos, conversando como se fossemos amigos… julgo que meu pai estava certo no fim das contas.

— Bom… — disse Colin mudando de assunto — Se estavam com Loafe pela segurança, por que deixaram a guilda? Você não está exposta agora já que saiu de debaixo das asas dele?

Samantha ficou em silêncio por alguns segundos.

— Eu só… cansei de fazer parte disso… dessa podridão…

Colin fez que sim com a cabeça.

— Não sei se essa foi uma decisão muito inteligente. Pelo que você disse, a guilda de Loafe é bem mais influente do que imaginei. — Colin se recordou da festa de calouros quando viu Stedd chamar para a briga todos aqueles nobres — Pode não ter sido uma boa ideia mexer com ele.

Samantha ergueu uma das sobrancelhas. Colin e seu grupo de amigos desajustados não pareciam temer absolutamente nada. Stedd diminuiu todas as famílias nobres de uma única vez e quase saiu na mão com Loafe.

Ela não sabia se os via como corajosos ou um bando de suicidas.

— Por que desafiaram os nobres na frente de todo mundo? Eles com certeza vão retaliar, o ego deles é bem grande… Não vão deixar essa passar.

Colin deu de ombros.

— Stedd e o pessoal são muito fortes, e acredito que ninguém vai fazer nada. Os universitários devem estar cientes que se fizerem, irá haver troco.

— Você fala assim, mas não penso que reagiria dessa forma. Estaria comprando briga com gente grande demais.

— Talvez você esteja certa, mas mesmo assim, não deixarei os nobres nos tratarem da forma que quiserem e saírem impunes. Você mais que ninguém deveria entender isso.

Samantha entendia e muito bem. Sempre que olhava para seu pulso, se recordava daquela noite que Colin quase esmagou seu braço e espancou Wiben sem piedade. Com certeza, alguém assim seria capaz de tudo.

Erguendo-se, Colin se espreguiçou e olhou para baixo encarando Samantha.

— Devia dormir, vai começar a treinar os garotos no amanhecer, certo? Você tem que estar bem descansada.

Ah, sim… vou deitar em breve, não se preocupe comigo.

Colin ergueu uma das sobrancelhas.

— Não estou preocupado com você. — Ele se virou de costas e começou a caminhar para longe.
Colin passou por Wiben, cruzando olhar com ele e foi para mais fundo do acampamento, deitando-se debaixo de uma árvore com as mãos atrás da cabeça. Sua mente pensava no império, na universidade, magia, poder, mas por mais que sua mente desse tantas voltas, seus pensamentos sempre terminavam em Brighid e isso o incomodava.

Ele não queria que esse tipo de dependência emocional retornasse, da última vez não terminou muito bem.

image 44

Revirando papéis em cima da mesa, um soldado apanhou uma carta suspeita e entregou para um homem de cabelos negros longos na porta do quarto.

— Aqui está, senhor Lumur! — Lumur apanhou a carta e começou sua leitura silenciosa.

“Não faço ideia de quem irá encontrar esta carta que escrevi às pressas, não tem melhor forma de me expressar do que dizer que tanto eu quanto Liena nos sentimos encarcerados neste lugar que fede a quinquilharia e papel mofado. Nosso irmão, Lumur, sempre nos conta como é belo lá fora, divaga sobre terras de gelo e oásis tão belos que nem mesmo ele consegue descrever. Partiremos em uma viagem e retornaremos em breve, não procurem por nós, pela primeira vez decidimos algo por conta própria.

Ass. Loaus Ultan II.”


Ao terminar de ler a carta, Lumur a embrulhou e ela virou cinzas em sua mão. As cinzas escorreram por seus dedos até desaparecerem por completo.

Os guardas atrás dele fizeram reverência e uma mulher de cabelo negro curto, portando uma armadura prateada e com uma espada na cintura, entrou no recinto.

— Para onde eles foram? — indagou de maneira feroz.

— Não faço ideia, só disseram estarem cansados de ficarem presos aqui, partindo em uma viagem. Disseram que retornariam em breve.

— E você vai acreditar neles? Até onde sei, eles mal haviam pisado fora do castelo, e agora saíram em uma viagem? É melhor dizer ao papai que eles se foram e nunca mais retornarão.

— Que coisa horrível de se dizer, Lina. São os nossos irmãos mais novos, tenha mais compaixão.

Lina tornou a caminhar pelo quarto, observando a estante de livros e lendo por alto os diversos pergaminhos que se encontravam em cima da mesa.

— Invocação elemental, poções para o fortalecimento corporal, corpo humano no espaço-tempo e um monte de bobagem sobre o continente e sua cultura — Ela pegou um pergaminho e jogou no chão próximo aos pés de Lumur. — É assim que os treinavam? Com um monte de porcaria? — Ela olhou para os guardas — Todos vocês, esperem lá fora. Quero ficar sozinha com meu irmão.

Depois de uma reverência, os guardas saíram um a um, e Lina tornou a encarar os livros e pergaminhos tendenciosos em cima da mesa.

— Era você quem trazia isso para eles, não é? Já estava contando com a ideia de fuga deles, estou certa?

Lumur abriu um sorriso de canto e deu de ombros.

— Essa é uma acusação bastante séria, minha irmã. Eu me preocupava com a educação deles, apenas isso.

— É mesmo?! Para mim isso parece outra coisa.

Lumur cruzou os braços e abriu um sorriso debochado.

— Ah! É? Com o que isso se parece, minha irmã?

— Papai já disse que você não serve para se tornar o imperador, por isso ele pretendia fazer de Loaus o próximo no trono.

— Olha, suponho que tudo isso é inveja, porque papai quer que um filho homem sente ao trono, não uma bastarda. — Lumur se aproximou de Lina e disse baixinho em seu ouvido — Vai fazer o quê? Virar Loaus contra mim?

— … eu não…

Shhh, não aprendeu ainda, né? Ficar contra mim sempre foi uma péssima ideia.

Lina engoliu o seco e ficou em silêncio.

Ela sabia que Lumur era ardiloso, talvez fosse a pessoa mais perigosa de todo alto escalão do império. Seus contatos eram extensos, e ele tinha espiões em todo lugar, mas não era somente por isso que o temiam. Conhecido como: o monarca do caos flamejante, alguns especulavam que Lumur era tão forte quanto o próprio imperador.

— Fique longe do meu caminho. — Lumur afastou uma mecha de cabelo de Lina, movendo-a para de trás de sua orelha e beijou o rosto de sua irmã — Quem vai se tornar o próximo imperador serei eu, e não tem nada que você possa fazer para mudar isso. Continue brincando de soldadinho, mas longe de mim, ou vai se arrepender.

Os lábios de Lina começaram a tremer e ela encarou os olhos frios de Lumur. Ela o conhecia muito bem, e sabia que ele era o tipo de pessoa que faria de tudo para alcançar seus objetivos.

Ela olhou para baixo e disse com a voz trêmula:

— Você foi escolhido como membro do lótus para proteger o império e o próximo imperador que é Loaus. Se você ascender ao trono, os outros membros do lótus não vão aceitar isso… de mãos atadas.

Lumur deu dois tapinhas no rosto da irmã.

— Aquele grupo de imbecis não tem de opinar em nada. A ordem do imperador é absoluta, e se eu me tornar imperador, então eles irão me obedecer. Acha mesmo que temo Hodrixey ou aquela corja de ratos do lótus? Sou tão forte quanto o papai e você sabe disso muito bem. Agora, se me permite, tenho que ir em algumas reuniões e assinar uma pilha de documentos.

— E os gêmeos? — perguntou Lina ainda sem olhar o irmão nos olhos — Vai deixar assim?

Lumur deu de ombros.

— Você quem sabe. Quer ir atrás deles? Sinta-se à vontade e boa sorte nessa sua busca inútil por duas merdinhas como aqueles. Com as estradas tão perigosas como estão, talvez eles já estejam mortos. — disse Lumur com um sorriso enquanto se retirava do quarto.

image 43

 No meio da noite, em meio ao bosque fora do castelo, uma pessoa conjurava algo em meio as sombras. Um enorme círculo mágico estava demarcado no solo. Retirando o capuz, Lumur se revelou.

Ele cortou a palma de sua mão e deixou o sangue pingar no círculo.

O enorme círculo mágico começou a brilhar em um tom púrpuro e uma mão grande e peluda saiu dele, seguido por outra e enfim uma cabeça que não tinha músculos nem pelo. Estava mais para somente o crânio de um alce gigantesco.

A criatura tinha mãos humanas, crânio de alce e patas de cavalo. Ela tinha braços nas costas e em sua barriga parecia haver um amontoado de corpos em posições horripilantes, como se tivessem sido retortas.

Aquela coisa era grande o bastante para colocar medo em um exército. Ela tinha cerca de 10 metros de altura e 15 de comprimento.


— Aí está você! — disse Lumur — Minha invocação favorita. — Ele acariciou o rosto da criatura — Tenho um serviço para você.

— Senhor Lumur… — disse uma mulher atrás dele — Creio que devemos nos apressar.

— Eu sei, Briana, já estou terminando.

Lumur apanhou uma blusa de Loaus e a escova do cabelo de Lina, aproximando os objetos para perto do focinho feito de ossos da criatura.

— Siga esse cheiro, e se estiverem vivos, mate-os. Não posso deixar que Lina traga-os de volta, por isso se a encontrar, ou encontrar algum oponente difícil de lhe dar, eu autorizo a anulação de todas as restrições impostas a você. Apenas termine o trabalho. Agora vá!

A criatura, que parecia uma montanha com patas, saiu correndo floresta adentro, destruindo árvores e qualquer coisa que estivesse no seu caminho.

— Não penso que precise chegar a tanto, senhor… — disse Briana.

— Não posso vacilar, não agora. Há outros conspiradores no império. Se papai morrer, não posso deixar que alguém como Loaus assuma. Tenho que tomar as rédeas da situação, executar os traidores e fazer o que papai não consegue a anos. Com o império sob meu comando, unificarei todo o continente.

Picture of Olá, eu sou Stuart Graciano!

Olá, eu sou Stuart Graciano!

Comentem e avaliem o capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥