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A porta de entrada para o Dojo Imperial havia se fechado, o vento suave que corria pela montanha refrescava meu corpo no clima quente do meio dia. Com a mochila nas costas e bastante confiança sobre mim mesma, segui a trilha de volta para a cidade.
Andei todo o percurso calmamente admirando toda a paisagem. Quando cheguei a altura das árvores da floresta passei a ouvir o som das plantas e animais, criando um clima agradável para uma caminhada
Enfim estava de volta aos portões da cidade, os dois guardas continuavam segurando suas lanças, sem mover um milímetro.
Antes que pudesse falar com eles, escutei ao fundo, uma voz me chamando.
— Ei, Saki! Espera aí! — À medida que a voz se aproximava, fui a reconhecendo como algo familiar.
— Eu já ouvi essa voz…
Assim que olhei para trás, vi Akira de frente para mim, parando repentinamente.
— A-Akira? — Ele parecia o mesmo de antes, mas havia algumas pequenas queimaduras pelo seu corpo. Também passou a usar a parte de baixo e as ombreiras de uma antiga armadura chinesa. Ainda carregava um bastão em suas costas, mas ele parecia de um outro material, um mais resistente porém desgastado.
— Fala aí! Faz um tempinho, não? — perguntou acenando com a mão.
— Acho que uns 6 meses… O que tá fazendo por aqui?
— Eu tô atrás de algumas coisinhas, então resolvi passar pela cidade pra ver se conseguia algo — respondeu caminhando para frente dos portões.
Os guardas cruzaram suas lanças impedindo a passagem de Akira.
— Qualé, já vou ter que usar isso? — disse em um suspiro e pondo suas mãos no bolso.
Assim que fez isso, os guardas imediatamente tomaram uma postura defensiva e de repente seus corpos se tornaram malhados e definidos.
— Calminha aí — puxando suas mãos lentamente, ele mostrou uma insígnia, a mesma com um brasão dourado que Elliot possuía — Certo? Posso entrar?
Os guardas voltaram à sua forma normal e abriram os portões. Akira passou tranquilamente, mas eu fiquei tão confusa com o que tinha acabado de acontecer que esqueci de aproveitar o momento e entrar na cidade.
Quando me aproximei, eles cruzaram suas lanças para mim.
Felizmente Akira olhou para trás e disse — Podem deixar ela entrar! Tá comigo!
De alguma forma eles obedeceram suas ordens e me deixaram entrar.
— Valeu mesmo — agradeci acelerando meus passos para o acompanhar.
— Tranquilo.
Caminhamos em silêncio por alguns minutos, e nesse pouco tempo senti que havia algo diferente em Akira.
Além de suas novas roupas, sua pupila estava com uma coloração diferente. Se me lembro bem, seus olhos eram castanhos, mas naquele dia estavam avermelhados em um tom bem escuro.
Enquanto eu reparava nessas mudanças, ele perguntou:
— Então, Saki, pra onde tá indo?
— Ah, é… tô indo na casa do amigo do meu pai…
— Como é? O amigo do seu pai? Você é daqui?
— Não, não, talvez meu pai, mas eu definitivamente não.
— Tem razão, quando te vi, você estava completamente perdida — disse rindo.
— E você? — Curiosamente, estávamos andando na mesma direção, logo me veio a dúvida.
— Eu nasci na floresta, sou de uma vila pequena e escondida — sua resposta me confundiu e demorou um pouco para entender sobre o que ele estava falando.
— To perguntando pra onde vai… — respondi com um olhar um pouco decepcionado.
— ATA! Hahaha! Eu tô indo pra casa de um amigo do mestre Elliot — mais uma vez, sua resposta me confundiu e muitas dúvidas vieram à minha mente.
“Um amigo do Elliot? Pior ainda, MESTRE? Desde quando esse cara tem esse tipo de relação com ele? Agora que ele falou, aquela insígnia é do Elliot também?”
Mesmo com tantas perguntas, preferi não externalizar nenhuma delas.
“Isso não é da minha conta, além de que se ele não contou nada até agora, então ele não deve poder contar” foi o que pensei.
Continuamos enquanto conversávamos amigavelmente. Depois de mais alguns minutos, foi dado um momento onde a situação estava estranha para nós dois. Ambos fazíamos o mesmo caminho, até chegarmos à casa de Galliard.
Nos olhamos por alguns segundos sem acreditar na situação — Tá falando sério? — perguntamos um ao outro.
Antes que pudéssemos bater na porta para chamá-lo, Galliard abriu a porta com tudo. Seu sorriso gigantesco permanecia em seu semblante, sempre com sua calorosa recepção.
— Finalmente chegaram! — disse em um grito empolgado — Saki! Com você mudou! Parece mais forte, Elena me contou sobre seu treinamento. E você deve ser o tal Akira, certo? Elliot deve ter dito algo sobre mim, prazer, meu nome é Galliard! — ele falava tão rápido que mal tive tempo de o responder direito, por algum motivo, estava mais feliz do que o normal.
Enquanto Akira e Galliard se apresentavam, eu procurava por Noelle em algum lugar, tentei olhar para dentro da casa, cheguei até a pensar que estivesse escondida nos entulhos ao redor. Não a achava de forma alguma, então perguntei.
— Desculpa interromper o papo, mas onde é que tá a Noelle?
— Aquela menina com as orelinhas de lobo? Ela veio com você? — perguntou Akira.
— Sim, ficamos uns 3 dias por aqui.
— Hehe! Procuram pela Noelle? Ela está vindo — Com um sorriso orgulhoso no rosto, Galliard aponta para cima.
De longe, escutamos passos leves e velozes vindo em nossa direção. Ao olharmos para cima, vimos uma figura saltando sobre o céu com luzes azuis, semelhantes à raios, piscando sobre seu corpo. A luz do sol formava a silhueta de uma garota de cabelo longo usando um chapéu de bruxa em sua cabeça e um vestido que balançava no ar juntamente com seu manto.
A garota começou a cair rapidamente com o chapéu cobrindo seu rosto, então, ela abriu seus braços e assim seu chapéu foi ao ar, revelando a face de Noelle, com seus olhos azuis e um semblante feliz, diferente do que uma vez já foi.
— SAKI! — ela gritou, caindo de braços abertos.
— N-Noelle?! — Eu não a reconhecia de forma alguma, parecia que aquela menina frágil e chorona havia ido embora. Me senti feliz ao vê-la bem e com um sorriso tão belo.
Abri meus braços a fim de retribuir o abraço que estava por vir.
Seus braços se envolveram em meu corpo, tornando o nosso reencontro totalmente diferente do que havia imaginado.
Enquanto nos abraçávamos, o chapéu ponto pousou suavemente em sua cabeça.
— Noelle? É você mesmo? — perguntei surpresa.
— É claro! — ela me soltou e olhou para mim sorrindo gentilmente.
Acabei me perdendo totalmente naquele momento. Seu rostinho bonito me prendeu sem que eu percebesse.
— O que foi? Tem algo no meu rosto? — perguntou confusa
— Ah! Não… Não é nada! É só que você tá um pouquinho diferente — De certa forma, fiquei aliviada por vê-la mudar o seu semblante, mas algo me dizia que ainda faltava algo.
— Mesmo? Deve ser o chapéu! — disse, pondo o chapéu em suas mãos.
— Vem aqui rapidinho — Akira me puxou pela gola da camisa, deixando Noelle sem entender o que aconteceu.
—Tá maluco? O que foi? — perguntei arrumando minha roupa
— Tem certeza que aquela é a Noelle? Parece outra pessoa! — enquanto Akira me perguntava, Noelle olhava confusa, sem entender nada do que estava acontecendo.
— Do jeito que você fala, parece até que ela era alguém sofrida e depressiva… — Assim que disse aquilo, nós dois nos lembramos de quando a conhecemos — Tá, ela tá um pouco diferente, mas ainda é a Noelle — a mudança na sua personalidade realmente nos assustou, mas de alguma forma, não me senti incomodada.
— Noelle, me diz, onde conseguiu esse chapéu? — perguntei me aproximando.
— Foi o senhor Galliard que me deu! Além de ser um objeto bem único, ele me ajuda a controlar os feitiços.
— Entendi… Espera aí, feitiços? Desde quando? — até onde me lembro, ela não tinha poder algum. Estava sendo um dia cheio de surpresas.
— Sim, por algum motivo eu ainda não tinha despertado meu núcleo mágico e não era capaz de usar a mana — senti a mentira vindo em seguida — Galliard disse que era algo normal, mas eu desconfio disso… — disse sussurrando.
Eu olhei para Galliard apertando meus olhos enquanto ele estava lá sorrindo como sempre.
— Depois a gente conversa isso. De qualquer forma… De que elemento você é? Qual o seu estilo mágico? Me diz, me diz! — perguntei com estrelas no olhar, tudo que envolvia magia me interessava, não conseguia me conter.
Noelle também se animou quando perguntei sobre suas habilidades, mas ainda assim, olhou para mim e disse — é segredo! — em um tom debochado.
— Ah qualé! Me fala!— minha curiosidade falava mais alto do que qualquer outra coisa naquele momento.
Antes que eu pudesse insistir mais, Galliard nos interrompeu. — Agora que estão todos aqui, entrem por favor — ele nos convidou para entrar na casa e assim fizemos. Não havia mudado nada durante esses meses, então já estava familiarizada.
Nos sentamos no sofá enquanto nosso anfitrião subia as escadas, e em poucos minutos voltou com uma bola (idênticas há uma bolinha de gude) onde dentro dela havia alguns riscos semelhantes à galáxias.
Ele veio segurando a esfera e parou em nossa frente.
— Saki, Noelle e Akira, cada um de vocês treinou suas habilidades do zero durante 6 meses e meio e todos vocês têm um sonho a seguir. O mundo que enfrentarão não é um lugar fácil. Dito isso, preparei uma prova final para mostrar o resultado de seus treinos — disse Galliard pondo a bolinha no chão.
— Akira, você não será obrigado a fazer se não quiser, não é algo que posso decidir. Saki, seu pai me disse que eu não deveria deixar você sair se não estivesse pronta, então deve passar por isso — suas palavras novamente pesaram em meus ombros, sempre que o assunto envolvia o meu pai, era como se o mundo inteiro dependesse dos meus resultados.
Olhando para Noelle, ele continuou — Noelle, esse é o começo da sua jornada, sei que consegue passar por isso, vá e torne-se o que quiser ser — ao contrário de mim, as palavras de Galliard a motivaram, era nítido a confiança em seus olhos. Mesmo assim, não me deixei desanimar e decidi seguir apenas para ver o quão forte fiquei.
— Certo! — Eu e Noelle confirmamos sem pestanejar.
Akira não havia dito nada e ao ver que nós estávamos prontas para ir, suspirou e disse — É, acho que não vou ficar de fora dessa. Tô dentro!
— Hehehe! Jovens determinados, gosto disso.
Após aceitarmos ir (não que eu tivesse alguma escolha) Galliard se abaixou e tocou a superfície da esfera com seu dedo indicador.
— Sendo assim, boa sorte! — Com seu sorriso de sempre, ele se afastou e de repente a esfera flutuou até a altura de nossas cabeças. Sentimos nossos corpos sendo atraídos para ela, como se fosse um buraco negro.
— Aí Galliard! Isso tá certo? — perguntei no início de um futuro desespero.
Ele continuou calado. Nós começamos a ser puxados na mesma direção, em meio a gritos de medo, nossos corpos foram tomando um formato de espaguete e passou a girar em espiral para dentro da esfera.
Em um piscar de olhos, estávamos caídos no chão gelado de um lugar escuro.
Eu me levantei cuidadosamente e procurei os outros. Noelle se levantou logo depois junto a Akira.
— O que foi isso? Minha cabeça tá doendo — questionou Akira.
— Onde é que a gente tá? — No momento em que Noelle perguntou, tochas de chama branca se acenderam iluminando um pouco do caminho.
Estávamos numa caverna escura onde tudo que conseguimos ouvir eram ruídos e goteiras.
— Uma caverna? — eu olho ao redor procurando algum caminho além do que estava à nossa frente.
“Não tem outro caminho” uma voz familiar soou em minha mente.
— Vocês ouviram isso?
— Sim, é a voz do Sr. Galliard.
— É, eu também ouvi.
“Deixe-me explicar tudo. Vocês estão em uma dungeon, haverá criaturas e chefes que deverão encontrar e derrotar. O objetivo de vocês deve ser encontrar essa chave” a chave apareceu em nossa frente de forma holográfica. Ela tinha um formato comum, mas parecia bem grande “Assim que tocarem na chave, voltarão para casa e poderão seguir em frente. Por mim seria apenas isso, mas Elena achou interessante dificultar um pouco as coisas”
— Tinha que ser ela — resmunguei.
“Alguns de seus itens foram confiscados, tudo que podem usar são seus punhos e magias. Se querem uma dica, não se separem. Boa sorte!”

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Olá, eu sou Smaell!

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