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Capítulo 34 – Antares

Nos poucos segundos que estive em contato com a cidade Capital, Antares, pude sentir a hostilidade do lugar. A sede de sangue me rodeava e cada vez mais pessoas começavam a aparecer de todos os cantos.
Eu percebi a situação em que estava e imediatamente tentei sair voando com chamas nos pés. Eles tentavam me acertar com tudo que tinham em mãos, enquanto eu me esquivava apenas por sorte, até que um cano de metal acertou minha perna, quebrando meu equilíbrio e me derrubando no chão. Me levantei o mais rápido que pude e todos ao meu redor se aproximavam de mim com chamas, espinhos de gelos, rochas enormes e até mesmo armas e espadas que eram extensões do seu próprio corpo, a face maligna de cada um deles gritava que iriam me matar.
Quando pensei que seria meu fim, um homem desceu dos céus pousando de forma suave, todos pararam com espanto em seus rostos. O homem de cabelos grisalhos vestia uma jaqueta de couro marrom e uma calça com grandes rasgos.
— Essa caçada é minha, idiotas — erguendo sua cabeça, retirou uma simples pistola de sua cintura e apontou para os caçadores ali presentes.
— Não dessa vez, Cassidy! Suma daqui — um deles gritou.
— Tsc, já estou velho para lidar com mulas como vocês.
— A gente te mata, seu velho desgraçado.
Cassidy suspirou fundo e disse — Acorde, Hawkeye — dando o seu primeiro disparo.
A bala que saiu no cano de sua arma foi de encontro ao olho daquele que se opôs contra o velho, ela o atravessou e sua trajetória mudou acertando os outros ali. Em sequência, mais 5 tiros foram dados e cada uma das balas seguiam seu trajeto como se estivessem vivas.
Seus inimigos caíram um a um, restando apenas a mim, ainda no chão. Cassidy se virou para mim, girou sua arma com o dedo no gatilho, recarregou o tambor do seu revólver com mais 6 cargas e apontou para o meu rosto.
Eu finalmente pude ver seu rosto, seu bigode grisalho seco e mal cuidado, seus olhos caídos em cansaço e sua boca desidratada.
— Não se levante, garoto. Se ficar parado sentirá menos dor — ele deu mais um passo para frente, saindo das sombras que o cobria.
A luz do fogo ao redor iluminou seu corpo e trazendo a tona a frieza em seus olhos.
— Espera aí, não precisa fazer isso comigo — eu virei minha capa para ele, mostrando o símbolo no manto.
— O que deveria significar? Nunca vi isso em toda a minha vida — sua resposta me chocou.
— É o que?
— Não sei por que está me mostrando isso, criança, não vai te salvar.
— Do que está falando? Não reconhece este símbolo?
— Cale a boca e morra de uma vez — ele suspirou.
— Eu vim aqui para reerguer—
— Eu não te perguntei o que veio fazer aqui, moleque.
Enquanto conversávamos, as sirenes que ouvi durante a perseguição se aproximaram de nós.
— MÃOS PARA CIMA! OS DOIS ESTÃO PRESOS — com enormes armas apontadas para nós.
— Tsc, perdi tempo demais com você…
— Você matou todos aqui sozinho e esses dois vão te parar?
— Você não sabe de nada, idiota, isso já é muito mais do que um bando de arruaceiros — Cassidy pos as mãos para cima e se entregou a eles.
— E o que a gente faz?
— Você pode fazer o que quiser, pra mim acabou.
Certamente eu não tinha chances, mas ainda assim, abri uma cortina de fogo em minha frente e tentei correr, mas logo ela foi apagada por um jato d’água e em seguida uma corrente de ar me puxou para trás rapidamente. Meu corpo caiu nos pés dos policiais e minhas chances que já não existiam se foram.
— Quanta teimosia…— Cassidy suspirou.
Eu fui jogado dentro do carro revestido por uma camada de algo verde e brilhante. Nunca tinha visto nada parecido, era possível sentir as partículas de magia saírem do meu corpo, enquanto eu ficava cada vez mais fraco.
Enfim, me colocaram dentro de uma cela escura e fedida junto a Cassidy, minha frustração aumentava a cada segundo enquanto eu tentava encontrar uma forma de fugir.
— Esquece, moleque. Não dá pra sair daqui.
— Tem que ter um jeito. Eu preciso achar um jeito!
— O que tem de errado com você? Seu povo, NOSSO povo tá-
— O seu povo.
— O que te faz ser diferente?
— Eu não conheço essas pessoas, não tenho motivo para ajudá-los.
— Faz ideia de quantas pessoas eles deixaram para trás? Eles estão lutando por suas vidas!
— Essa luta já ACABOU! — Cassidy gritou enfurecido — Escuta aqui criança, você não vai conseguir sair daqui e mesmo se conseguir, não vai conseguir mudar o mundo e transformá-lo no seu conto de fadas — ele se virou e sentou-se encostado na parede, esperando seu julgamento.
Eu estava sem palavras, não concordava com o que disse, mas não fui capaz de refutar seus argumentos.
— Heh! Você é um velho bem rabugento, Senhor Milhaw Cassidy — uma voz jovial ao fundo da cela ecoou.
— Hunf! Essa cela tá ficando pequena.
— Uma lenda viva por aqui… Por acaso já foi preso alguma vez, Mr. Six?
— Mais vezes do que posso contar…
— Pensei que estávamos sozinhos aqui, quem é você? — perguntei.
O jovem de cabelos negros e escovados para o lado, antes deitado com a barriga para cima, se levantou. Suas roupas eram um pouco sujas, porém elegantes em tons de azul e branco, combinando assim com seus olhos azuis. Seu nariz era um pouco pontudo e também um pouco abaixo de sardas quase que invisíveis.
Dando um passo para frente, disse — Sou Kaiser J. Pinocchio. Prazer em conhecê-lo… — estendendo sua mão direita para mim.
— Akira, só Akira — apertei sua mão.
Ele rapidamente a cobriu com sua mão esquerda, uma prótese metálica, um tanto enferrujada.
— O seu braço…
— Não é nada, na verdade, isso é bem conveniente — ele sorriu se gabando.
— Há quanto tempo está aqui, garoto? — Cassidy interrompeu.
— 3 semanas — respondeu prontamente.
— Hunf — Ele parecia satisfeito com a resposta, logo, recostou sua cabeça na parede e começou a dormir.
— E aí, Akira, tá afim de sair daqui?
Ponto de Vista de Saki:
Eu, Noelle, Shosuke e Ego passamos facilmente pelas muralhas de Antares. Aparentemente Ego possui um certo grau de autoridade naquela cidade e ele nos permitiu entrar sem dificuldades.
Nós fomos até uma taverna próxima para repousar da longa viagem, tomamos umas bebidas e em seguida Ego nos levou à um lugar onde poderíamos passar a noite. No dia seguinte, Ego nos alertou.
— Tenho que resolver algumas coisas agora, estarão por conta própria. Se seus únicos objetivos são aprender as técnicas de combate dos Antarianos, sigam o caminho até a academia Zyn — ele apontou para uma rua repleta de pessoas, onde seguia apenas um caminho reto a um castelo distante.
Eu ainda não havia me acostumado com aquela cidade, a variedade de pessoas e o tamanho do lugar me deixavam tonta. Diferentemente da noite, quando chegamos, as pessoas ali eram amigáveis, sem todo o caos que havia se instaurado horas atrás.
— Antes que me esqueça, alguém invadiu a cidade na madrugada, ele já foi preso, mas ainda há suspeitas de que ele não estava sozinho. Dito isso, tomem cuidado.
— Entendi, esse lugar é mais caótico do que eu imaginava.
— Você não viu nada, Kekekeke — ele riu com um olhar perverso.
— Ugh… vamos logo — apressou Noelle.
Nós andamos alguns minutos em silêncio, até que Noelle o quebra repentinamente.
— Sabe, enquanto estávamos vindo eu andei pensando… Como vamos convencer a academia a nos ensinar? — ela indagou.
— Sendo bem sincera, eu não sei, talvez se você explicar sobre sua jornada eles permitam.
— Isso pode funcionar, mas e vocês?
— É… a gente resolve na hora.
Então, sem plano algum, seguimos.
A longa ladeira parecia não ter fim, estávamos exaustos, até que finalmente chegamos no topo. Lá se encontrava um enorme estabelecimento semelhante a um campo de treinamento militar. Haviam várias pessoas ali, algumas com a armadura uniformizada do exército Antariano, com um Dragão carmesim em seu brasão.
Nós nos aproximamos e logo todos se viraram para nós, alertas para qualquer movimento que fizéssemos.
— Apresentem-se imediatamente! — Disse um dos Cavaleiros andando até nós.
Não sabíamos exatamente o que dizer, então o silêncio perpetuou pelo local.
— Eu dei uma ordem! — elevando o tom de voz.
— Somos viajantes, Viemos receber seus ensinamentos! — Noelle disse em um grito envergonhado.
— Não é assim que as coisas funcionam por aqui, podem estar cometendo um crime. Saiam daqui agora e todos vamos fingir que nada aconteceu.
— Fala aquilo — sussurrei em seu ouvido.
— Não sei se devo…
— Que outra escolha temos?
Ela relaxou de ombros com um suspiro desapontado.
— Meu nome é Noelle, Filha de Viollet, a última Bruxa Celestial — disse constrangida, claramente desconfortável em se apresentar de tal forma — Vim aqui em busca de continuar minha “Jornada ao Céu”.
Todos olharam levemente surpresos e em seguida, o cavaleiro apoiou um de seus joelhos no chão, fazendo reverência à Noelle.
— Jovem Mestre, aguardávamos a sua chegada — rapidamente, os outros cavaleiros próximos também a reverenciavam.
— É… — os braços da minha amiga estavam perdidos sem saber como reagir.
— Foi dito há muitos anos que a Filha de Viollet, com seus cabelos prateados, tal como os de sua mãe, viria até aqui. Está alguns anos atrasada, mas não tem com o que se preocupar.
— Não poderia ser qualquer outra garota de cabelo cinza? — eu resmunguei baixinho em seu ouvido.
— Melhor nem perguntar…
Os cavaleiros se ergueram em instantes e aquele que estava à nossa frente virou suas costas e disse.
— Me acompanhe, por favor, o rei vai adorar vê-la.
— C-Certo…
Nós seguimos em frente, mas ao escutar nossos passos, ele parou de repente.
— Vocês dois não virão, não fazem parte da missão da Jovem Mestre.
— Espera, eles estão comigo — Noelle interviu — realmente não podem vir?
— Não — respondeu friamente.
— Só um minuto.
Noelle correu até mim e cochichou algo em meu ouvido, era uma ideia interessante e logo concordei.
— Me desculpem, mas se eles não podem vir, eu também não irei.
— Tsc, perdoe o que direi, mas não seja tola e apenas deixe-os para trás.
— É uma pena, mas não posso fazer isso.
Enquanto discutíamos, um som estranho, porém familiar veio aos nossos ouvidos. De longe pude ver os cavaleiros prestando continência um a um e por fim, um homem com uma grande armadura branca e dourada surgiu em minha visão.
Sua armadura brilhante possuía detalhes dourados que contornavam toda a vestimenta e por fim se cruzavam próximos ao pescoço. Seu cabelo castanho e caído para os dois lados, juntamente com sua feição amigável, equilibrava a aura intimidadora da sua armadura, trazendo um certo alívio para quem o visse. Seu carisma se espalhava por todo o local.
— Ah, o Grande Soberano está aqui, certamente ele fará vocês irem embora — falou com seu nariz empinado.
— Guldaf! — o tal Soberano gritou — Quem são esses? Recrutas?
— Sr. Frost — acenou — Aqui está a nova Bruxa Celestial, assim como esperávamos — arrastando Noelle para frente — esses dois são apenas alguns incômodos.
— A nova Bruxa Celestial? Ótimo, estávamos nos perguntando quando chegaria — Ele a cumprimentou assim que se aproximou, mas logo seus olhos se voltaram para mim e Shosuke.
— Soberano, deveríamos levá-la para o rei? — Guldaf perguntou.
— Ele está ocupado no momento. De qualquer forma, deixe-a descansar, deve ter sido uma viagem cansativa de Raven para cá.
— Espera! — Noelle interveio mais uma vez — Não vou a lugar nenhum sem eles — ela se manteve firme ao plano.
— Então vamos ver, qual é o problema aqui?
— O exército de Antares é o mais temido de todos, queremos treinar com os mais fortes — gritei.
— Sigh… De longe eu vi que vocês não são daqui, provavelmente estão ilegais no país, por que deveria correr o risco de ensinar dois desconhecidos os métodos de batalha de Antares? — perguntou de um jeito estranhamente carismático.
Eu olhei rapidamente para Noelle que já estava olhando para mim e recebi uma piscadela dizendo que poderia fazer a proposta que combinamos.
— Certo. Que tal o seguinte, caso nós dois te derrotarmos, a gente pode treinar livremente como todos os soldados aqui.
— Hahahahahaha! — ele riu descontroladamente — Você é o que? Uma criança? Por que eu aceitaria isso?
— Aposto que não gostaria de perder 2 talentos como esses no seu exército — eu tentei o provocar.
De repente, um vapor começou a exalar de sua armadura, as juntas metálicas se abriam pouco a pouco, revelando seu interior. O homem que parecia ter 2,5 metros saltou para fora da armadura. Não tão mais alto do que eu, ele olhou fixamente para os meus olhos.
— Quer saber? — ao ouvir essas palavras, meus olhos logo se alegraram — gostei de você. Eu aceito!
— Mas o que? — gritei junto a Guldaf, nem mesmo eu acreditava naquilo.
— Mas Grande Soberano…
— Não se preocupe, não sou líder do primeiro esquadrão atoa.
— E então? Quando iremos fazer isso?
— Agora. Me acompanhem.
— COMO É? — Noelle e eu gritamos.
— Não darei tempo para armarem truques, quero ver a força bruta de vocês.
Não é como se eu fosse fazer algo do tipo, mas fui pega de surpresa naquele momento. Nós o seguimos até uma plataforma plana branca com um círculo azul no centro, ele virou-se para mim e disse.
— Não vá amarelar na hora garota, nos vemos em alguns minutos — e em instantes, ele desapareceu em um feixe de luz.
— O que foi isso? — perguntei assustada.
— Um Transportador Estrela. Vocês serão levados à arena agora.
— Esper— Antes que eu pudesse concluir, Guldaf nos transportou para um quarto com a janela de frente para uma arena de concreto, cercada por quatro pilares em suas vértices.
Noelle não havia vindo conosco, mas assumi que ela estivesse segura e que seria questão de tempo para nos vermos novamente.
— E agora? O que vai ser? — Shosuke perguntou.
— Agora? Agora a gente luta — respondi confiante em minhas habilidades.
— Não tem plano?
— O plano é lutar e vencer. Simples.
Ele suspirou claramente decepcionado.
Assim como Frost havia dito, em poucos minutos nós estávamos na arena. Guldaf se posicionou bem ao meio, agindo como narrador e juíz dessa batalha. Por algum motivo, a arquibancada estava cheia de soldados, vários deles surpresos dizendo coisas como: “O top 1 vai lutar?” “O chefe vai mesmo fazer isso?”.
Nas primeiras cadeiras da arquibancada, no topo da arena, havia mais 7 cavaleiros com armaduras iguais a do Frost, mudando apenas as suas cores.
— Senhores cavaleiros! Assim começa nosso inesperado e privado evento! De um lado temos 2 jovens que nem mesmo sei o nome — a narração mais sem vida que já vi — Do outro, nosso amado e querido Grande Soberano — Os portões do outro lado começaram a se abrir lentamente, exalando uma fumaça gelada que tomava a arena — aquele que lidera a tropa de combate mais forte do exército Antariano! THE TOP ONE! SR. FROOOOOOOOOOOST!
Em sua armadura, Frost andou até o centro da arena, apenas a poucos metros de mim, com seu sorriso carismático e brilhante disparou.
— Me desculpem pela torcida, a fofoca se espalha rápido por aqui.
— Sem problemas, é bom que eles me vejam mesmo.
Ele riu e continuou — Te desejo sorte, garota. Eu não vou pegar leve.
— Digo o mesmo!
Guldaf, o juiz, buscou todo o fôlego que tinha e em um grande grito que ecoou por toda a arena, exclamou.
— QUE A BATALHA COMECE!

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Olá, eu sou Smaell!

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