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Ponto de Vista de Saki:
“O mundo está acabando” as palavras de Ego reverberavam na minha cabeça mesmo após 5 dias desde a festa. Eu constantemente pensava sobre o que ele disse, mas no momento minhas obrigações eram outras.
— Além do Frost, nenhum dos Soberanos está no país, então querendo ou não, eu vou ter que ir nessa festa — desabafei com minha amiga enquanto trocávamos golpes no armazém em que treinávamos.
— É a festa mais importante do mundo, chega a ser estranho todos eles estarem tão afastados.
— Prefiro não pensar tanto nisso, pensar mata — respondeu Saki.
— De onde tirou isso? — perguntou rindo.
— Chega de conversa — respondi dando um passo e recolhendo meu punho para perto do meu peito.
— Pensar, em 99% das vezes — enquanto a deixava falar, desferi um golpe em sua direção — É a melhor solução — ela completou ao se transportar para o orbe de raios atrás de mim.
Eu me virava para trás, procurando alguma forma de reverter a situação, porém, em um segundo após o meu ataque, escutei o som de uma arma cravando sua lâmina em carne humana.
— Noelle? — gritei preocupada.
— Eu tô bem — ela também parecia confusa — o que foi isso? — procurando suspeitas ao redor.
— Não sei.
Minha visão procurava por cada canto do armazém, até encontrar uma foice fincada em um manequim de combate largado no chão.
— Essa é…
— É a arma que Elena me deu.
— Mas como ela apareceu ali?
— Não faço ideia, coloquei ela dentro da mochila, não era pra nada sair dela a não ser que eu a pegasse.
Eu me agachei cautelosamente em direção a foice fincada na madeira e perto dela estendi minha mão para agarrá-la, mas para nossa surpresa, ela veio rapidamente até mim.
— E-Ela voou até você? — Noelle perguntou curiosamente assustada.
— Foi o que pareceu — eu não podia negar, aquilo tava me dando calafrios.
A foice exalava um leve brilho violeta, seus adornos em cinza metálico tinham um contraste muito nítido com o cabo na cor preta, o que deixavam o brilho ainda mais evidente.
— Isso foi estranho…
— Tem certeza que é só uma foice normal?
— Tenho — eu ria nervosa — ela não tem nada demais.
Com a arma em mãos, me levantei, procurando algo nela que pudesse responder as minhas dúvidas. Foi então que uma ideia me veio à mente.
— E se eu… — sem saber o que poderia acontecer, levantei meus dedos um por um lentamente a fim de soltá-la.
Quando finalmente a livrei da minha mão, a foice se manteve no ar, levitando levemente para cima e para baixo.
— Isso é novo — empolgada com a descoberta, com um sorriso de orelha a orelha.
— Mas como? — Noelle indagava — Magia de manipulação espacial? Feitiço de tempo? O que poderia ser?
Enquanto ela ficava imaginando um milhão de coisas que possivelmente estavam acontecendo, continuei fascinada e quis testar o que poderia fazer com aquilo. Movi minha mão direita para os lados e então a arma acompanhou o movimento. Aos poucos comecei a movê-la para várias direções, entendendo como a controlava, aprendendo gradativamente.
Algumas poucas horas se passaram até Noelle finalmente voltar ao mundo real e vir até mim.
— Saki — ela surgiu tirando toda minha concentração, o que me fez atravessar a foice pelo portão de ferro — Tenho uma ideia do que pode estar acontecendo.
— Tá, fala aí — ambas fingimos que nenhum estrago havia sido feito.
— Você disse que não é capaz de usar nenhum tipo de magia elemental, não é?
— Sim, basicamente só consigo aumentar minha força, resistência e velocidade.
— Certo, então a gente deveria testar isso — indo em direção a uma bola de papel ao lado do lixo.
— O que exatamente?
— Consegue infundir essa bola com sua mana? — a colocando em minha mão.
— Claro, a Elena me ensinou isso.
Fiz assim como pediu.
— Agora tente mover ela.
Instantaneamente, joguei a bola para cima usando meus braços. Noelle apertou os olhos com os dedos e suspirou desapontada, mas com um leve sorriso no rosto.
— Tá, vou fazer direto.
Eu me concentrei o máximo que pude e consegui facilmente levantar a bola de papel, por outro lado, a foice do lado de fora do armazém fazia o mesmo movimento.
— Certo… — ela suspirou mais uma vez — A boa notícia é que você consegue controlar os objetos que tem sua mana infundida…
— Deixa eu adivinhar, a má é que eu acabo controlando todos de uma vez.
Independente das notícias, o céu escuro me lembrou de um compromisso importante.
— Merda, já tá de noite! Tenho que ir.
— É a festa da virada?
— Sim! E eu tô muito atrasada!
— Te vejo lá! — se despediu.
Apressada, coloquei minhas coisas na mochila e corri para onde o Rei Welt daria sua festa. Em meio a rua, as pessoas festejavam alegres, com bebidas e fogos para todos os lados, uma típica festa de ano novo.
— Saki! — atrás de mim, a voz inconfundível de Frost soou.
— Frost! Que bom que te achei.
— Bem, parece que fui eu que te achei — ele riu — onde estava?
— Eu e a Noelle descobrimos uma parada sobre minha magia, acabamos perdendo a noção do tempo.
— Que boa notícia, mas deixe para me contar os detalhes depois, agora, preciso de um favor.
— Que? O que foi?
— É aquele caso da Sombra Dourada, parece que eles estão planejando fazer algo essa noite.
— Alguma ideia do que possa ser?
— É isso que quero que descubra. Eles devem estar na zona leste, se for agora, consegue chegar antes que façam qualquer coisa.
— Certo! Mas e o rei?
— Eu cuido dele.
Ponto de Vista de Akira:
Na zona leste de Antares, Kaiser e eu estávamos voltando para o esconderijo da Sombra Dourada. De repente, ouvimos o som de um objeto metálico caindo no chão seguido de um resmungo.
— Akira, não podemos ser interrompidos, não hoje.
— Pode deixar, vou dar uma olhada.
Rapidamente fui investigar a causa do barulho. A rua estava calma, todos, além de nós foram para as festas na zona norte e oeste, não havia motivo algum para ter mais alguém vagando por ali.
— Está perto… — minhas técnicas sensoriais não eram tão boas quanto as do Kaiser, mas pude sentir o uso de mana próximo a mim.
Andei mais um pouco, mas não encontrei ninguém nas redondezas, então decidi voltar.
— O que você tava fazendo com o líder dos Sombra Dourada? — Saki apareceu repentinamente.
Meu coração quase saiu pela boca, mas me contive e retruquei.
— E o que você tá fazendo aqui? Não tem nenhum trabalho para a “realeza”?
— Engraçadinho. A Sombra Dourada tá planejando fazer alguma coisa, vim ver o que está acontecendo.
— Até quando vai bancar a detetive?
— Até quando vai fingir que não se assustou?
Depois de sua resposta, desisti de manter a pose e relaxei rapidamente.
— Sabe, Akira, o líder dessa facção, o Kaiser, tem uma ficha bem suja, eu só não entendo por que você estaria andando com ele.
Eu hesitava em responder. Respirei fundo até tomar coragem e enfim falar.
— Promete que não vai contar pra ninguém?
— Prometo — respondeu após um longo suspiro.
Só de lembrar, meu corpo se arrepiava por completo, minhas mãos tremiam angustiantemente.
— Existe uma base no subsolo de Antares, uma instalação secreta onde pessoas são mantidas presas. Essas pessoas são usadas como fonte de energia para drenar sua magia, Saki. Suas vidas são sugadas lentamente para alimentar as forças militares do país.
Um silêncio pesado pairou entre nós enquanto minhas palavras ecoaram no ar. Senti meu coração pulsando freneticamente. Saki finalmente encontrou voz para responder, sua voz trêmula ecoando minhas próprias emoções.
— Akira… Isso é… inacreditável. O Rei Welt nunca faria isso… Ele é extremamente gentil com todos, não pode ser verdade.
— O garoto está certo, Saki — um homem de armadura e cabelo castanho emergiu das sombras, caminhando lentamente.
— Frost? — Saki gritou.
— Merda, quem é você? — eu me posicionei para lutar.
— Um dos 9 Soberanos, Frost, é um prazer finalmente conhecê-lo, Akira — ele sorria gentilmente enquanto se apresentavam.
— Como assim ele tá certo? — ela questionou.
— Infelizmente, é verdade — Noelle apareceu atrás do homem armadurado.
Seu semblante decepcionado não a deixava mentir, mas vê-la com um dos soldados do rei me deixava com uma pulga atrás da orelha.
— Noelle, até você?
— Queria que nos encontrássemos em uma situação diferente — disse com um leve sorriso.
— A “muralha de diamante” não passa de um título para afastar os curiosos indesejados. A verdadeira força de Antares, é o seu poder militar, vindo da mana extraída dessas pessoas inocentes.
— Se tudo isso é verdade, por que não me disse antes?
— Eu precisava criar uma ponte entre mim e a Sombra Dourada, você foi essa ponte.
— VOCÊ ME USOU? — Saki gritou furiosa
— Não me sinto bem por fazer esse tipo de coisa, mas se não fosse por isso, não teríamos essa oportunidade que temos agora.
— De que merda você tá falando?
— Estou deixando os 9 Soberanos e me aliando a Sombra Dourada — a armadura do cavaleiro derretia como gelo em um vulcão — a partir de agora, o meu único objetivo, é derrubar o Rei Welt e acabar com seu governo podre e sombrio.
A feição de Saki congelou ao ouvir suas palavras, Noelle manteve um olhar determinado que nunca havia visto antes, enquanto eu não sabia nem como reagir.
— Duvido que o Kaiser aceite um ex-soberano no grupo — suspirei, sabendo da confusão que estava por vir — mas você deve ser forte, vale a pena a tentativa.
— Agradeço a chance, Akira.
— É melhor que esteja falando a verdade, além de mim, não existe uma pessoa da Sombra que não odeie a realeza.
— Não precisa se preocupar.
— Não é com você que tô preocupado — o respondi virando as costas — Vem, por aqui.
Frost passou a me seguir juntamente com Noelle que no caminho, levantou o maxilar de Saki que ainda estava caído. Eu os levei até Kaiser, no último nível do esconderijo. Ele conversava com Layla, nossa engenheira e mecânica chefe.
Layla era uma garota simples, tudo que envolvia engrenagens e parafusos era sua especialidade. Ela na maior parte do tempo, mesmo no calor e em meio o vapor das máquinas, vestia um macacão azul escuro com uma camiseta branca. Suas tranças azuis combinavam com seu macacão, mas sempre variavam pela cor da sua roupa. Seus olhos dourados e pupilas em formatos de engrenagens , diferente de todos, a permitiam enxergar os mínimos detalhes de suas “obras de arte”.
— Já está pronto, podemos usá-lo a qualquer hora — Layla afirmou com um sorriso.
— Vamos esperar o momento certo, a queima de fogos vai ser o momento per-
— Kaiser — eu o chamei.
— Ah, você chegou, o que tinha lá fora?
Ao perguntar, Saki, Noelle e Frost entraram.
— Essas são Saki e Noelle, amigas minhas. E esse cara é…
— Frost… um dos 9 soberanos — mesmo com sua feição inabalável, era possível ver que suas veias estavam prestes a explodir — Pode me explicar o que um Soberano está fazendo aqui? — perguntou calmamente.
— Não concordo com as atitudes do Rei Welt, também não sou mais um Soberano. Vim aqui para me aliar a vocês.
— Pode esquecer — um corte frio e seco.
Por mais que tivesse sido recusado, Frost sorriu.
— Imaginei que diria isso…
Sem pestanejar, ele colocou na mesa um pequeno pedaço, equivalente a meio palmo, de um metal.
— E agora? O que me diz?
— Hahaha! Está tentando me comprar?
— Digamos que é um presente e garantia de confiança.
— Huh! Layla, analisa pra mim.
— É pra já!
Layla se aproximou do metal e o olhou com seus olhos especiais. À medida que ela olhava, as suas pupilas cresciam e diminuíam a seu favor.
— Nossa! Isso deve valer uma fortuna! — ela exclamou rapidamente.
— E então?
— É tungstênio, quantidade o bastante para fazer uma adaga — explicou — o mais incrível disso é que ele está fundido com alguns cristais de mana, isso aumentaria em centenas de vezes o poder mágico do portador…
— Por quê está me dando isso?
— Acredito que um material desse estaria em boas mãos com um divergente como você.
— Sabe, Frost, homens como você… são os primeiros a morrer em batalhas.
— Sei bem.
— Eu me identifico com isso — Kaiser pôs sua mão nos ombros de Frost, dando um leve toque — será bem vindo aqui.
— Hahahahaha! É bom saber disso!
Os dois pareciam ter se entendido. Pude ver que em alguns minutos de contato, ambos compartilharam seus ideais e convicções com um sorriso, aquilo foi mais do que suficiente para fazer Kaiser ceder.
Com o plano já arquitetado e agora com a ajuda de um Soberano, nós fomos para a zona sul de Antares, onde toda a operação iria acontecer. Ficamos divididos em 2 grupos, Eu, Saki e Noelle iríamos para frente do centro de extração de mana, enquanto Kaiser, Frost e Layla usariam a máquina que criamos para invadir o lugar.
— Tem certeza que esse é um bom plano? — perguntou Saki.
— Em 15 minutos o mundo inteiro vai estar comemorando com fogos e músicas, precisamos mostrar isso pra todos e…
— Explodir a porta da frente! — ela concluiu — Eu gosto disso!
— Então vamos aproveitar essa oportunidade para camuflar nossas ações com o barulho da festa e depois libertar as pessoas lá dentro — Noelle afirmou — mas como vamos fazer para revelar tudo?
— Um membro secreto da Sombra Dourada consegue espalhar informações como água no deserto, foi ele que fez o país inteiro saber que a próxima Bruxa Celestial já estava aqui dias depois de vocês terem chegado.
— Um membro secreto? O quão suspeito isso é?
— Foi ele quem nos passou a localização desse lugar, além disso, eu confio no Kaiser, então não questionei sobre.
Ponto de Vista de Kaiser:
— Layla! Cadê ele? — Frost havia sumido segundos antes de iniciarmos o plano.
A máquina estava pronta para funcionar, tudo estava ocorrendo perfeitamente como planejado, mas o seu desaparecimento repentino me deixou com um pé atrás na situação. Com o pouco recurso que tínhamos, Layla e os outros mecânicos demoraram mais de um ano para construir uma simples máquina capaz de perfurar e explodir o caminho a frente, infelizmente, seu material era frágil e teríamos apenas uma oportunidade para ter o sucesso desejado.
— Não sei! Mas também não podemos esperar muito mais.
— Merda! — eu entrei na máquina rapidamente — Vamos seguir com o plano original! Vamos explodir esse lugar!
— Certo! Contagem regressiva!
— CINCO! — um enorme holograma com a contagem surgiu por cima de todo o país — QUATRO! — os motores começaram a roncar — TRÊS! — os sistemas de perfuração foram acionados — DOIS! — saímos agressivamente do esconderijo da Sombra Dourada — UM! — o mundo inteiro gritava — ZERO! — atravessamos a parede que separava a cidade do pior segredo que aquela nação escondia.

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Olá, eu sou Smaell!

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