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Clara e Jéssica estavam descendo o elevador. Garota de Ipanema tocava de um alto-falante no teto; e Clara, quem gostava da música, cantarolava ela baixinho.

Jéssica parecia nervosa. O fuzil estava escondido numa capa de violão, cuja alça estava presa ao pescoço.

De repente, a luz se apagou, o alto-falante ficou em silêncio e o elevador parou de descer.

— O que tá acontecendo?

— Calma, freirinha. A gente explodiu um andar inteiro desse prédio. Vai ver, a parte elétrica foi pro saco. No máximo, o elevador despenca com tudo no chão. Nada demais.

— Sabe que eu não viro fumaça igual você, né? E nem tenho resistência sobrenatural. Se o elevador cair, eu já era!

— Hum — Clara considerou um pouco. — Não se preocupe. Se você morrer, eu consolo o Rento.

— Sua vad…

E então tudo voltou a funcionar mais uma vez. A única diferença era que Garota de Ipanema tinha acabado, e tocava Menino da Porteira.

— Viu. Nada pra se preocupar — disse Clara.

Quando chegaram ao térreo, a porta se abriu, e as duas deram de cara com uma cena inesperada: o primeiro andar do prédio estava tomado pela polícia. Usavam coletes e fuzis. Pareciam preparados pra uma guerra. O prédio estava isolado com uma fita alaranjada; e de trás dela, vários curiosos tentavam bisbilhotar.

— Ei, moças! Vocês estão bem? Viram o que aconteceu lá em cima? — disse um dos policiais, se aproximando.

Clara bufou e pôs no rosto um sorriso tão falso que qualquer um notaria que era falso.

O policial pôs a mão na arma.

— Vão até ali — apontou. — Lá eles vão fazer algumas perguntas.

Jéssica mordiscou os lábios.

— E agora? — cochichou, nervosa. — O que faremos?

Clara sorriu para ela.

— Que tal um pouco de ação?

— Hum?

A súcubo, num movimento de seu braço, empurrou o policial para longe, colocando muito poder no ataque. A magia vermelha escura apareceu como fumaça, envolvendo o policial, e ele voou até bater contra uma parede.

Os outros policiais cercaram as duas e apontaram as armas.

— Coloquem as mãos na cabeça! Vamos! Deitam no chão!

— Eu tô confusa. É pra pôr a mão na cabeça ou deitar no chão… ? Por favor, decidam-se, policiais — disse Clara, com um sorriso zombeteiro. Olhou para Jéssica e: — Jés! Dá pra tirar a mão da cabeça?! Eu tô tentando impor respeito aqui! Mas tá difícil com você sendo tão obediente!

— D-desculpe…

— Mão na cabeça! Vamos! Ou vamos atirar!

Clara, num movimento tão rápido que eles nem puderam acompanhar com os olhos, juntou as duas mãos, e então elas brilharam no tom de seus olhos, e quando separou as mãos, um círculo mágico brilhou no ar.

— Ereção mortal! Explosão Peniana!

— Aaarrrrg! — Um grito de dor de várias vozes retumbou pelo local.

Todos os pênis nas proximidades explodiram. Cada um dos policiais caiu, um a um, gritando, gemendo de dor, se contorcendo, enquanto seus órgãos genitais sucumbiam à pressão interna e estouravam, jogando sangue pra todo lado.

— Jessiquinha, lindinha, vamos indo?

A garota tinha um olhar horrorizado.

— Vamos…

Os curiosos, que estavam do lado de fora do prédio, não foram atingidos, mas conseguiram testemunhar e ficaram completamente assombrados. Abriram caminho para as duas passarem; a maioria evitando contato visual, enquanto um forte buchicho se espalhava pelas pessoas.

Elas chegaram no camaro branco e entraram.

Os policiais, claramente de uma patente inferior, que estavam do lado de fora, ainda tentavam entender o que tinha acontecido. Não usavam colete e nem tinham fuzis.

Um deles sacou a pistola do coldre e apontou para o camaro.

— Parem!

Clara acelerou, se divertindo, e as rodas giraram com potência máxima, enquanto as balas batiam na lataria e nos vidros, sem causar qualquer dano.

*

Clara girou o volante quase todo para a esquerda, e o carro deslizou na pista, como numa manobra de drift, enquanto as balas ricocheteavam na lataria produzindo faíscas.

Apesar do cinto de segurança mantê-la presa ao assento, Jéssica se segurou com força na alça de teto, enquanto soltava um palavrão, coisa que era incomum para ela.

— … que pariu!

Clara gargalhou.

— Onde aprendeu isso?

Jéssica direcionou para a súcubo um olhar indignado.

— Vai matar a gente dirigindo assim!

— Eu não, mas eles vão!

Clara acelerou ao máximo, e o motor rugiu feito uma besta, tentando deixar as muitas viaturas para trás. Ela costurou na pista, desviando dos veículos, enquanto os ultrapassava.

Vuup! Vuup! Vuup!

Ouviram som de helicóptero. Clara olhou através do vidro da janela e estalou a língua.

— Parece que atingimos três estrelas de procurado.

Jéssica enrugou a testa. Suas mãos tremiam.

— Eu não sei o que significa.

— Significa mais diversão!

E, em mais um movimento de drift, mudou a direção do carro, subiu a calçada, fazendo os pedestres fugirem da frente, e o Camaro entrou num terreno gramado. Era um parque famoso na cidade por ter um lago e capivaras.

As pessoas fugiam ao ver aquele carro invadindo a praça de maneira ensandecida.

Clara ganhou os caminhos dentro do parque, destinados a pedestres. Tinha despistado as viaturas, mas o helicóptero continuava seguindo-as.

Em potência máxima, a mais de duzentos por hora, não demorou para sair do outro lado do parque, e voltar para as ruas onde as viaturas já as estavam esperando.

Clara girou o volante, evitando as viaturas, e acelerou na estrada. Mais tiros voltaram a atingir o camaro.

Jéssica sentiu um calafrio. Seus pelos se eriçaram e ela teve, por um segundo, dificuldade para respirar.

— Tem uma coisa vindo — disse ela.

— É claro que tem. A polícia! Estamos fugindo deles, se não notou!

— Não. — Jéssica estava pálida. — Tem alguma coisa! Alguma coisa não humana!

Clara franziu o cenho.

— E que tipo de coisa seria?

— Parece confuso. É maligno, com certeza, mas tem algo de… angelical.

— Ah, ótimo! Os anjos finalmente nos acharam?!

— Não acho que seja um anjo…

E então alguma coisa bateu no teto do camaro, produzindo um som de batida forte.

E a lataria rangeu e se contorceu. Estava sendo amassada feito uma latinha de refrigerante. Fios negros de pura escuridão perfuraram a lataria do teto, e então um pedaço grande do teto do carro foi arrancado e jogado para longe.

O pedaço de metal rodopiou no ar, girando, e se chocou contra o para-brisa de uma viatura, atingindo o policial. A viatura dançou na pista e capotou.

E pelo buraco no teto do camaro, Clara e Jéssica viram a imagem de uma menininha, cuja aparência parecia ser de alguém com oito ou nove anos; tinha longos cabelos loiros divididos em marias-chiquinhas e os olhos eram dourados, num tom escuro, semelhante ao cobre. E de suas costas, se projetavam duas asas brilhantes, brancas com detalhes dourados.

— Senhorita súcubo. Como vai?

— A-angélica?!

*

Mical estava deitada no sofá, preguiçosa, comendo brigadeiro de colher, enquanto assistia à TV.

O desenho que gostava tinha acabado, então ela trocava de canal um após outro, com olhar entediado.Tinha olheiras profundas e, como estava sentindo uma sede monstruosa o dia inteiro, a garrafa de água estava no chão ao lado do sofá.

Até que passou pelo telejornal e viu a cena de uma perseguição de carro. Um Camaro branco costurava entre os carros, furando sinais vermelhos, e às vezes até subia em cima da calçada para trocar de via, enquanto era perseguido por uma quantidade enorme de viaturas policiais.

As imagens eram obtidas por helicóptero, e o apresentador comentava a cena: “foi um suposto ataque terrorista! Explodiram uma bomba no alto de um edifício e depois liberaram um tipo de arma biológica que feriu gravemente todos os homens do local. Assim que tivermos mais detalhes, vamos informar nossos telespectadores! Tomara que peguem esses criminosos! Já não basta toda a tragédia que tem assolado nosso país, agora temos terroristas também, hein?”

Mical ficou de olhos arregalados, assustada.

“Tomara que Jés e Clara voltem logo das compras!” pensou. “As ruas estão perigosas demais”

Ela até achou que o carro nas imagens se parecia com um dos carros de Clara, mas a possibilidade de ser de fato um deles, não passou pela sua cabeça. Ela suspirou e comeu a última colherada de brigadeiro. Seus olhos cansados tiveram um brilho de felicidade.

“Ah, isso é tão bom!”

Assim que o brigadeiro acabou, ela desligou a TV, pegou a garrafa de água e bebeu quase um litro num único gole.

— Ah, que preguiça! Será que foi toda aquela bebida?!

Ela se ergueu. Decidiu que precisava de um banho. Enquanto caminhava até o banheiro, passou pelo quarto onde a demi-humana estava e sentiu uma pontada de curiosidade.

Abriu a porta e a viu. Não sabia o que sentir. Claramente, essa garota tinha algo de sinistro dentro dela. Estava longe de ser uma criatura divina, ou do bem, mas também não era de todo mal. Era mais como: um ser humano.

Além do mais, as orelhinhas eram bem fofas e Mical teve vontade de acariciá-las. Movimentou os dedinhos, enquanto decidia se faria ou não. Então se aproximou da demi-humana e tocou uma das orelhas bem de leve com o dedo indicador.

Viu que nada demais aconteceu, então pôs toda a mão na carícia. Era gostosinho de tocar, macio, como uma orelha de gato mesmo.

Enquanto acariciava, Mical sentiu uma sensação de formigamento na mão, parecido com um choque elétrico leve. Intrigada, a garota pôs as duas mãos sobre a cabeça da demi-humana e se concentrou. Ela, assim como sua irmã, tinha uma certa intuição para algumas coisas.

Quando percebeu do que se tratava, Mical ficou aterrorizada, e se afastou imediatamente. Suas mãos tremiam. Ela quase pôde ver a extensão do sofrimento que chegava ao corpo dessa garota.

— Uma maldição de pura dor!

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Olá, eu sou Max Sthainy!

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