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Capítulo 89: A ira da irmã mais velha

— Tem um atirador! Tem um atirador na floresta! — gritou um dos Vigias no alto dos muros.

— Um míssil! Protejam…

Uma explosão atingiu o muro de pedra, abrindo um buraco nele e jogando ao ar vários estilhaços. Foi tão forte que o chão tremeu. As pedras caíram, fumegantes, feito avalanche.

O general Kézar, tomado por um ódio gigantesco, fez a espada Jóia do Arcanjo materializar-se em sua mão, em meio a um brilho suave e várias partículas de luz.

Sobre a lâmina, uma gota de sangue seco descia em espiral. Era o sangue do próprio Cristo, de acordo com a lenda, que caíra do céu.

— Morra, demônio! — O general grunhiu, com dentes cerrados e saltou em direção a Renato, golpeando com sua espada, num movimento diagonal, de cima para baixo.

Renato bloqueou o ataque usando sua Espada do Ódio. O som de metal batendo contra metal ressoou, tinindo, e as lâminas vibraram com o impacto, e Kézar foi empurrado um pouco para trás.

O anel de fogo queimando sobre o cascalho e o chão batido era a única fonte de iluminação, pois a terra inteira tinha mergulhado em trevas; e a luz alaranjada refletiu nos rostos dos dois lutadores. Ambos tinham expressões animalescas; eram feitos de puro ódio e vontade de matar. E a intenção assassina estava tão forte que fedia e deixava o ar mais denso.

Renato puxou sua espada e mandou o contragolpe, atacando pela lateral. Atingiria as costelas do general e partiria ele ao meio.

Mas o general bloqueou, colocando sua espada na frente. Kézar não foi atingido, mas o impacto fez ele sentir que seus braços seriam arrancados. Ouviu um deslocamento no ombro e saltou para trás, ganhando alguma distância. Com uma careta, ele voltou o ombro pro lugar.

O general percebeu uma coisa: a força desse garoto era terrivelmente grande, e se não fosse por seu braço mecânico, ele próprio não conseguiria segurar seus golpes.

Sentiu a respiração forte. E então, dirigiu os olhos ao céu, que estava completamente escuro.

— Uriel, preciso de seu auxílio… — sussurrou.

E então:

— Vai morrer, demônio imundo! — gritou ele e atacou, usando toda a força do braço mecânico para segurar a espada.

Cada vez que as lâminas se chocavam, faíscas brilhavam. Renato também precisava ficar atento aos soldados à sua volta, que tentavam atingi-lo com tiros. A maioria dos soldados já estavam mortos, vítimas da ira destruidora de Renato com a espada ou da mira implacável de Clara, mas alguns ainda lutavam.

O garoto, portanto, bloqueava os ataques da Jóia do Arcanjo, e tentava desviar das balas, saindo da frente da mira das armas. Era uma luta desigual. Por sorte, Clara estava dando auxílio, mesmo que à distância.

Mical estava movendo suas pernas, de modo a afrouxar o nó que a mantinha presa ao poste. E finalmente, conseguiu libertar uma das pernas; e, logo em seguida, a outra. E, desesperadamente, tentou soltar os braços.

Asafe estava encolhido num dos cantos próximo ao templo, aterrorizado com a carnificina diante de seus olhos, quando viu a garota. Puxou uma faca do corpo de um soldado morto e correu até ela.

— Fica longe de mim, seu maldito! — gritou a menina.

Asafe tocou a ponta da faca no peito da garota e gritou para Renato.

— Você veio por ela, não foi? Renda-se! Ou eu mato essa pecadora agora mesmo!

Renato ouviu isso, bem na hora em que estava se esquivando do ataque da espada de Kézar. Renato, num impulso desesperado, contra-atacou com sua espada, num golpe vertical.

Kézar se abaixou e, chutando o chão, conseguiu saltar para perto dele, diminuindo a distância, e atacou com um golpe de estocada.

Renato desviou o ataque dele usando a própria espada, batendo com ela lateralmente na lâmina do adversário.

Asafe pressionou sua faca contra as costelas de Mical.

— Vou matá-la!

Mical conseguiu pegar Asafe de surpresa, movendo rapidamente sua perna e passando uma rasteira nele. O acólito caiu de cara na madeira, e então Mical o chutou, fazendo ele cair longe, no chão de cascalho.

Ele se levantou, com a boca sangrando e algumas pedrinhas ainda grudadas em sua pele, enfurecido, e correu até ela, com a faca.

— Vou matá-la agora mesmo, bruxa!

Jéssica se debatia debaixo de Hernandes, que a mantinha presa sob o peso de seu corpo.

O Cruzado não acreditava nos próprios olhos. O Priorado sob ataque dessa forma, era algo que ele não achava possível nem em seus piores pesadelos. Pior ainda: como um demônio desses poderia estar ali, mesmo com a barreira que a Pedra Fundacional garantia?

“Não importa!” pensou. “Ele vai se arrepender de vir até nós!”

Jéssica, tentando se libertar, atingiu uma cotovelada no rosto dele. Hernandes segurou os cabelos dela por trás e pressionou, fazendo o rosto da garota bater contra o chão, e repetiu, batendo o rosto dela contra o chão uma segunda vez.

Então ele puxou Jéssica, se erguendo, ficando ambos de pé. Ele desembainhou a espada e tocou a lâmina ao pescoço da garota.

— Renda-se, madito, ou eu mato essa vadia! — gritou para Renato.

Jéssica, aproveitando-se da maior mobilidade, lentamente para que Hernandes não percebesse, deslizou a mão até o bolso e tirou de dentro o taser que tinha pegado do soldado quando invadiram a biblioteca.

— Vamos, desgraçado! — Hernandes gritou mais um vez. — Vou passar minha lâmina na garganta dessa garot… arg!

O segundo grito foi de dor. Jéssica pressionou o taser contra a coxa do soldado. O homem tremeu e caiu no chão, se contorcendo. A Espada caiu ao seu lado.

Jéssica se pôs sobre ele e deu mais um choque, longo, até que Hernandes desmaiou.

Então ela tirou a pistola do coldre na cintura dele e pôs na própria cintura, e em seguida, pegou a espada com as duas mãos e a ergueu diante de si.

Kézar, segurando a Jóia do Arcanjo com uma única mão,  golpeou, horizontalmente, Renato pôs sua espada na frente, bloqueando; então o general avançou, tentando acertar um soco com seu braço mecânico.

Renato segurou o braço com as duas mãos. Kézar, rosnando, salivando, impulsionou seu corpo para frente, empurrando Renato. O garoto jogou o corpo para o lado e, usando a própria força de Kézar, jogou ele ao chão.

— Mande-o pra mim! — gritou Jéssica. — E ajude Mical!

Kézar se levantou, rapidamente, ergueu sua espada e correu em direção ao garoto. Era como um trem descarrilado. Era pura vontade de matar.

Mas, assim que chegou perto o suficiente, Renato parou o Cruzado com um chute, com a sola do pé, que afundou no peito dele. Um golpe chamado Benção, que ele aprendera uma vez, enquanto lutava contra o Mercenário Possuído.

O impacto foi forte. Kézar só não soltou a espada porque era seu braço mecânico que a segurava.

Então, Renato saltou no ar e afundou os dois pés no peito de Kézar, num tipo de voadora, com os pés carregados de Energia Hermética.

 O corpo do general foi arremessado como uma pedra lançada por um estilingue, e caiu, sendo arrastado pelas pedras devido a energia cinética, e parou próximo de Jéssica. Estava atordoado, com o rosto machucado, cortado pelas pedras. Mesmo assim, estava se levantando.

Mas Jéssica já o aguardava com espada em mãos e, num movimento rápido, passou a espada no braço de carne que ainda lhe restava.

Ele gritou de dor. E enquanto ele gritava, Jéssica riu.

— Eu jurei que arrancaria sua mão! — disse ela, rindo. — E que riria ouvindo seus gritos.

E então a garota puxou a pistola da cintura e apertou o gatilho. A bala afundou na testa de Kézar. 

— Não devia ter batido em Mical.

O corpo dele tombou para trás, imóvel feito estátua.

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