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A fenda no chão cresceu em direção ao círculo mágico que mantinha Uriel preso.

— Se o círculo for rompido, o anjo vai conseguir escapar! — disse Mical. O vento forte agitava seus cabelos.

Um redemoinho de vento e fogo se erguia e agredia as nuvens.

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Renato sacou sua espada de ódio, que cintilava entre uma névoa negra, e enterrou a lâmina gelada no chão, bem em frente da fenda que se abria.

— A Terra também brilhou aquele dia! — gritou.

E a fenda parou de aumentar e de se mover.

O anjo, incrédulo, bateu suas asas e o fogo ao redor dele se agitou, girando, enlouquecido, porém era completamente detido pelo poder do círculo mágico, que funcionava como uma barreira.

— Como… tu podes ter tal afinidade com Fogo e Terra? Dois elementos alquímicos? Somente criaturas divinas possuem tamanha dignidade!

— Os demônios também podem! — retrucou Clara.

— E agora… — Renato puxou sua espada, fazendo a lâmina tinir no ar — os humanos também.

— Homo non est! Abominatio est. Monstrum — disse o anjo, com dentes cerrados de ódio.

— O que esse arrombado disse? — perguntou Renato.

— Te chamou de abominação e de monstro — respondeu Jéssica.

Renato estalou o pescoço, preparando-se para a luta mais difícil de sua vida.

— Talvez eu seja isso mesmo.

E entrou no círculo mágico.

O anjo, sem hesitar um segundo sequer, ergueu uma bola de fogo em suas mãos e a atirou contra Renato. Todo o interior do círculo se tornou alaranjado com as chamas e era impossível ver o que estava acontecendo lá dentro. 

A pressão do ataque foi tão grande que empurrou o círculo, dilatando-o, e a barreira quase se rompeu. Mical ergueu sua vareta de feitiço e a fincou no chão, e dessa forma, pôde impedir que a barreira se rompesse. A pressão, no entanto, a empurrou para trás, e seus pés deslizaram no cascalho. A garota teve que fazer uma força gigantesca para segurar.

Jéssica a seguiu e também fincou sua vareta mágica no chão, ajudando a manter o círculo mágico no lugar. O calor tocou seus rostos. As mãos arderam, e fumaça quente saiu das varetas.

— Renato… — disse Tâmara, com preocupação.

Jéssica mordeu os lábios, com nervosismo.

— Não morra…! — gritou ela.

Assim que as chamas finalmente se dissiparam, o garoto estava de pé, para o espanto de Uriel e de todos os outros, e nenhum fio de seu cabelo tinha sido queimado.

— Já disse que seu fogo não é problema pra mim.

— Abominatio est! Abominatio est! Abominação! Tu és uma mancha na preciosa criação de Deus! Deves ser extirpado!

Renato deu um soquinho na palma de sua mão, em provocação.

— Por que não tenta me extirpar no soco?

— Morrerás agora!

O anjo, ensandecido, pulou sobre Renato. Cegado pelo ódio, focou apenas no garoto à sua frente, e não viu que Tâmara lhe direcionava a mira do fuzil.

Os dois tiros bateram contra seu rosto, na região da boca, e o anjo se desequilibrou, e quase caiu. A mandíbula, deslocada com a força do tiro, ficou torta para a lateral.

E Renato, imitando um golpe que tinha visto num filme, pulou, com as pernas dobradas, sobre o anjo e apoiou as duas pernas em cima do ombro dele, e em seguida bateu na cabeça de Uriel usando os cotovelos.

Conseguiu dar dois golpes seguidos.

A cabeça do anjo retumbou e ele ouviu um zumbido agudo.

Na mesma hora, Clara estava se materializando atrás do anjo, junto de sua névoa avermelhada, e ela girou com sua espada em mãos e golpeou.

A lâmina bateu contra o calcanhar de Uriel.

Mais dois tiros do fuzil de Tâmara bateram contra o peito dele.

O anjo caiu no chão.

— É agora! — Renato, sobre o peito do anjo, ergueu sua mão e materializou sua Espada do Ódio e golpeou.

Mas Uriel segurou a lâmina da espada com as mãos nuas.

Clara golpeou logo em sequência, e Uriel também segurou a lâmina rosada de sua espada.

Agitou as asas, criando um turbilhão de fogo, e os dois foram arremessados com o impacto.

Renato atravessou a barreira e caiu longe, rolando sobre o cascalho; porém Clara bateu contra a barreira do círculo mágico e caiu no chão próximo do anjo. Tentou rolar para fora, mas não conseguiu. Foi quando percebeu que ela também estava presa.

O anjo a pegou, segurando pelo pescoço, e a ergueu. Direcionou para a súcubo um olhar carregado de ódio, e finalmente voltou sua mandíbula para o lugar, usando uma das mãos.

Em seguida, numa das mãos dele, uma bola de pura energia surgiu.

— Queimarás eternamente, demônio! Serás enviada ao Gehenna.

Uriel deixou a bola de energia cair no chão. Assim que ela tocou a terra, uma onda de choque se espalhou e todo o Priorado tremeu. A barreira enoquiana cedeu e, como cacos de vidro feitos de puro ar, caiu e se dissolveu. Mical e Jéssica, bem como Tâmara e e camponeses, foram atingidos pelo impacto e arremessados, bateram contra a parede do templo e depois rolaram pelo cascalho.

 As árvores da floresta em volta rangeram e se partiram, e seus restos de madeira e folhas foram lançados longe. Até a montanha distante retumbou, sentindo o impacto. Foi como se a terra tivesse sido atingida por um meteoro.

Uma cratera estava aberta onde a bola de energia bateu, e de dentro dela saíam as labaredas infernais do Gehenna. Um vento sugava tudo para dentro.

Renato forçou as pernas a se erguerem, e correu feito um raio. Estava longe, e aquele anjo maldito estava prestes a lançar Clara para dentro da cratera. Isso ele não podia deixar!

Tudo o que ele pensou foi em chegar o mais rápido possível. Aquela distância também era sua inimiga.

E, sem saber direito como fez, deslizou sobre o cascalho. Era como se flutuasse. Uma sombra o envolveu como um casulo fantasmagórico. Não era quente, mas também não era gelada. Havia naquela sombra a mais completa ausência. O vazio perfeito.

Uriel o viu e ficou em choque. Mal teve tempo de reação. O garoto chegou nele feito um míssil. O punho fechado afundou no plexo solar do anjo.

Uriel se inclinou de dor e sangue saiu de sua boca. Num movimento rápido, ele largou Clara e materializou sua espada de fogo, e a girou almejando atravessar o corpo do garoto. Renato seria partido ao meio.

Mas o garoto subiu aos ares. A sombra o ajudou. E ele evitou ser atingido. E, girando o corpo, atingiu um chute no rosto de Uriel. A energia proveniente de seu movimento giratório tornou o golpe ainda mais poderoso.

Clara olhou para Renato e ficou maravilhada. As sombras que o envolvia tinham duas projeções nas costas que se moviam feito asas espectrais. Por um momento, teve fé que Renato poderia mesmo lhe devolver suas asas.

A súcubo, sem perder tempo, sacou sua Espada do Pecado e avançou em direção à luta.

O anjo bateu suas asas, tentando ganhar altura, mas Renato pulou em suas costas, o segurou pelas asas e o puxou de volta para o chão.

Na sequência, ainda nas costas do anjo, envolveu o braço em volta do pescoço dele, num mata-leão. E o virou em direção a Clara, que vinha, rápida como o vento, com sua espada numa posição de estocada.

Numa tentativa de defender-se, o corpo todo de Uriel se incendiou. Mas aquele fogo não queimava Renato, e o garoto não o soltou.

A ponta da espada de Clara bateu contra o peito de Uriel, e foi como bater em metal. A pele era impenetrável.

Uriel gargalhou enlouquecido e, movimentando os braços, dava cotoveladas em Renato, que ainda o segurava no mata-leão.

— Morrerás, abominação! Matar-me é impossível! Vós morrereis!

Clara gritou de ódio e frustração, e continuou golpeando com a espada, mas a lâmina não perfurava o corpo do anjo.

— Morre, desgraçado! Morre! — gritava ela, enquanto golpeava.

Renato, usando uma das mãos, desferiu socos em sequência na boca de Uriel e, quando finalmente viu uma oportunidade, meteu as duas mãos dentro da boca dele.

Com a mão esquerda, segurou a arcada dentária superior; e com a direita, a inferior.

Uriel tentou fechar a boca, mas não conseguiu. 

Renato ouviu um estalo vindo da mandíbula de Uriel, e se lembrou dos tiros que Tâmara atingiu ali, e soube que se não fosse aquilo, seus dedos já teriam sido arrancados na mordida.

E enquanto brilhava feito uma tocha, sua boca foi aberta à força.

— Clara! Aqui!

E a súcubo moveu sua espada.

A lâmina entrou na boca do anjo, penetrou sua garganta, desceu pelo esôfago, estourou os pulmões e finalmente encontrou o coração.

As chamas se apagaram. A cratera no chão, que servia de entrada para o Gehenna, se fechou.

E Uriel caiu de joelhos. Seus olhos emitiram um brilho branco e intenso, e uma onda de energia se desprendeu dele, e então ele caiu com o rosto no cascalho e o brilho de seus olhos desapareceu.

Palavras do Autor:

A partir de agora teremos imagens em alguns capítulos (talvez eu adicione imagens também em capítulos anteriores).

Espero que gostem.

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