— “Lolicon Slayer”?
— Yep! Bem legal, não é?
— Não dá para repensarmos… — ele hesitou ao ver o olhar da deusa — quero dizer, se a senh… se você diz…
— Então, primeiramente vamos precisar te deixar um pouquinho mais forte para trabalhar como um aventureiro… Abracadabra! [Body Improvement]!
Uma luz esverdeada envolveu o corpo de Kurone — que tremia até o momento. O jovem teve a impressão de ficar mais leve.
— I-isso é magia?
— Sim, sim, essa que usei agora é uma Magia Sagrada que só pode ser utilizada por um deus para melhorar os atributos dos humanos.
— Em outras palavras, é um cheat… Droga, tô começando a falar igual a você. Eu vou poder usar magia também? — O jovem perguntou, um pouco entusiasmado, a Cecily, que estufava o peito voluptuoso enquanto falava.
Magia. O sonho de todo homem depois de um harém interespécie — pelo menos, era assim para o jovem.
— Hmmm... Talvez a mais básica de todas do tipo fogo. De acordo com suas informações, você não tem muita afinidade com magia…
— Então como vou sobreviver nesse mundo, caramba?! — gritou em um tom frustrado para a deusa que destruiu suas expectativas.
— Ah, sim! Essa é a melhor parte! — Cecily pulou de seu trono e invocou um baú médio à sua frente. — Você levará isso! Uma arma de seu antigo mundo, modificada para usar magia de fogo e mana como munição! Não fique com essa cara, a boa notícia é que: você é uma fonte de mana ambulante!
Aquilo que Cecily tirou de dentro do baú era uma arma negra com o dobro do tamanho daquela pequena caixa de madeira — um ato que só viu em desenhos animados. Uma M16A2, um fuzil militar semiautomático utilizado pelo exército, Kurone tinha esse conhecimento devido ao tempo que passou desenhando um mangá — erótico — sobre guerra, mas nunca chegou sequer a tocar em uma arma de verdade, claro, com exceções de bastões do seu tempo de delinquência, mas tudo que usava de referência eram imagens da internet.
— Mana como munição? Mas o que a senho… ou melhor, o que você quer dizer com “fonte de mana ambulante”? E você também mencionou “magia de fogo”, mas eu não tenho afinidade com magia…
— Ahh! Quantas questions! Eu tinha esquecido que essa parte é tão chata! Hmm… Então, isso será um bônus que vou te dar… não conta a ninguém, tá!? — A deusa deu uma piscadela para Kurone e girou graciosamente pelo pequeno salão, fazendo seu vestido translúcido levantar um pouco. O jovem, que agora havia percebido seu corpo avantajado, ficou um pouco corado.
— [Summon Advanced Fragment]!
“Por que isso pareceu algo que ela acabou de inventar?”
Uma luz, dessa vez azulada, envolveu todo o pequeno salão infinito. O brilho intenso obrigou Kurone a fechar os olhos, caso contrário, seria acometido por uma dor de cabeça insuportável. Mesmo a franja, que cobria os olhos, não poderia proteger o jovem da luminosidade.
A intensidade da luz foi diminuindo gradualmente e ele pôde abrir os olhos novamente.
— No que você tava pensando? Eu quase fiquei cego! — berrou, ainda sem recuperar a visão totalmente, para a silhueta de Cecily que provavelmente estava à sua frente.
— Faz séculos que não recebo uma visita, eu tenho que me mostrar um pouco, não acha? A-ainda mais se for um homem b-bonito. — A voz de Cecily diminuiu conforme ela ia ficando corada, o final, quando estava vermelha como um pimentão, foi quase inaudível.
— Pelo menos avisa na próxima… — o jovem respondeu em um tom mais calmo, com receio de irritar Cecily, sua futura chefe.
— Ah! Não precisa se conter, pode gritar comigo e me xingar o quanto quiser, eu prefiro isso a escutar bajulações de um puxa saco.
“Você é algum tipo de deusa masoquista?”
Após recuperar a visão completamente, Kurone voltou sua atenção a algo que estava ao lado da deusa excêntrica de cabelos loiros, ou melhor, alguém que permanecia em silêncio até o momento. Uma pequena garotinha olhava fixamente para Kurone sem demonstrar nenhuma expressão.
O jovem ficou atônito, a garotinha ao lado de Cecily se assemelhava — muito — a sua irmã, Raika, a mais velha entre as três, em tantos aspectos que chegava a ser assustador.
Um diferencial visível entre elas era que a garotinha à frente possuía longos cabelos prateados e olhos vermelhos carmesins reluzentes — não, por algum motivo, eles não brilhavam.
O corpo magro da garotinha era coberto por um uniforme militar negro com abotoaduras douradas, havia muita coisa errada ali, mas uma criança com vestimentas de soldado era o ápice.
— Ela será sua nova companheira de agora em diante… — Cecily disse, dando a ordem para que a garotinha ficasse ao lado de Kurone.
— Por que uma garotinha vai comigo? E por que ela se parece tanto com minha irmã?
— Essa “Garotinha” na verdade é… — A deusa olhou para a menina, aguardando uma confirmação que nunca veio. — Ah, sim! Um fragmento de mim, ela pode aparentar ser fraca, mas é mais forte que qualquer humano que você vai conhecer, por isso, não tente nenhuma gracinha, tá?
— Quem é o caçador de lolicons mesmo?!
— Sim, sim, respondendo sua segunda pergunta, eu fiz isso para você poder ter uma lembrança de seu mundo anterior e também para que possa se dar bem com ela, já que tem uma aparência familiar.
— Não importa como eu olhe, ainda não sei como essa garotinha pode me ajudar.
— Hmm… — Novamente, Cecily vislumbrou a menina antes de falar. — Um tipo de pacto! Vocês farão isso, assim podem compartilhar mana entre si. Ela poderá usar essa arma da maneira que quiser até sua mana se esgotar. Lembra que te falei que você é uma “fonte de mana ambulante”? Então, ela não tem quase nothing, mas em compensação, sua nova companheira tem compatibilidade com todo tipo de magia!
— Isso quer dizer que…
— Você fornece a mana e ela cuida do attack power, todos saem ganhando, não é? — Cecily explicou enquanto entregava a M16A2 para a garotinha.
— A propósito, não me sinto confortável a chamando de “ela”, essa garotinha não tem um nome?
— Ummmm… Ela se chama… — Outro olhar suspeito. — Não! Não tem nome. Você pode dar um nome a ela se quiser, eu não sou tão criativa assim, hehe. — a deusa falou com um sorriso, mostrando a língua para fora enquanto fechava um dos olhos, empurrando a responsabilidade para Kurone.
— Parece que terei que ser responsável por você agora… É… Vamos ver… que tal Shirone?… Não, é sempre o primeiro nome que se passa na minha cabeça… Ah, que tal Rory? — Kurone sorriu para a garota que nomeou convenientemente como “Rory”.
A garotinha — Rory —, que até o momento não havia pronunciado uma única palavra ou demonstrado qualquer expressão, deu um sorriso, porém aquilo fez o jovem sentir calafrios percorrendo todo o seu corpo. Ela abriu a pequena boca e falou em um tom tão frio quanto a temperatura daquela sala:
— Espero que não me atrapalhe em minha missão, idiota incompetente, se fizer qualquer besteira, vai desejar morrer. E pare de me encarar, imbecil nojento. — Rory estreitou os olhos para o jovem. O seu rosto familiar fazia com que o coração do garoto acelerasse novamente, da mesma maneira de quando foi trazido àquele salão por Cecily.
— Ok, ok! Apresentações feitas, estão prontos para ir? — Cecily, que estava no centro da sala, chamou a atenção da dupla que se encarava. — Eu vou tentar entrar em contato o mais rápido possível para mandar novas instruções… Como é mesmo que que vou fazer isso…? Ah, enfim, depois vejo como vai ser isso a, good lucky to you! — Ela estendeu a mão em direção do jovem e a garotinha inexpressiva com a arma militar ao lado.
— Ei, você falou algo preocupante!
— Espero boas notícias de você, grande herói caçador de lolicons.
— Espera, pelo menos repensa esse nome…
Um círculo mágico apareceu abaixo dos pés da dupla e uma luz intensa fez com que sua alma se desintegrasse no ar daquele salão, se tornando pequenas luzes brilhantes.
— Espero que tudo dê certo dessa vez… Luminus — murmurou a deusa com um suspiro, em um tom e expressão séria que ninguém acreditaria que ela poderia fazer.