Gravis e o pássaro se olharam, um com um sorriso de satisfação, o outro com fúria. Gravis não tinha intenção de sair tão cedo. Ele ficaria ali até que estivesse completamente curado.
“Espere só, pombo de merda!” Gravis gritou para o pássaro, que apenas grasnou de volta em fúria. O pássaro continuava grasnando incessantemente, tentando provocar Gravis para fora da lava. Mas quanto mais o pássaro mostrava sua raiva, melhor Gravis se sentia. “Sim, vá morrer de frustração, pássaro nojento! Espere até eu estar curado, aí eu vou te dar uma surra!”
O pássaro não entendia a linguagem humana, mas entendia que Gravis estava provocando, então só ficou mais furioso. Tentou várias vezes alcançá-lo, mas teve que parar todas as vezes. Em algumas dessas tentativas, até algumas penas pegaram fogo, e o pássaro teve que apagá-las. Com o tempo, ele foi perdendo penas, mas também conseguiu se aproximar mais.
“Sim, vai arrancar suas penas, galinha depenada! Assim eu não preciso fazer isso quando eu te cozinhar!” Gravis continuou suas provocações. Mesmo que o pássaro não entendesse as palavras, sua raiva aumentava. A essa altura, o pedaço de lava tinha esfriado um pouco e tinha derretido um buraco de vários metros de profundidade. A lava agora parecia um pequeno lago brilhante.
A cabeça de Gravis emergia do topo do lago de lava, como uma melancia brotando.
Depois de um tempo, o pássaro não aguentou mais e tomou uma decisão drástica. Ele pousou e começou a arrancar todas as suas penas. Cada pena arrancada doía, mas sua raiva suprimia a dor. “Sim, continua, seu frango idiota! Já que está aí, vem se cozinhar você mesmo!” As provocações não paravam.
Isso só alimentava mais a sua raiva, e o pássaro aumentou sua velocidade. Depois de alguns minutos, o pássaro estava sem penas. Ele arrancou as penas de sua cabeça com suas garras, deixando alguns cortes no processo. Sua determinação era impressionante.
O pássaro despido de penas caminhou em direção a Gravis, cada vez mais próximo. O ar ainda estava escaldante, mas pelo menos o pássaro não pegava fogo. O pássaro parou em frente ao lago de lava e encarou os olhos de Gravis. Gravis ainda tinha um sorriso provocador no rosto. Eles continuaram se encarando por alguns segundos.
PECK!
O pássaro bicou, e Gravis imediatamente afundou a cabeça. O bico do pássaro não tocou a lava. Estar perto e realmente tocá-la fazia uma grande diferença. O pássaro errou, e a cabeça de Gravis surgiu novamente, ainda olhando para o pássaro com um sorriso. O pássaro bicou de novo, mas Gravis desviou.
Isso continuou por um tempo, como uma variação de ‘Whac-A-Mole’1. O pássaro começou a bicar mais rápido, fazendo o possível para pegar Gravis, mas ele sempre desviava com facilidade.
De repente, quando o pássaro bicou novamente, Gravis segurou seu bico. “Te peguei!” E puxou para baixo. Ele podia controlar partes da lava, e quando começou a puxar, não era só sua força, mas toda a lava que o puxava para baixo. O pássaro imediatamente mergulhou na lava e gritou. A lava correu pela sua garganta e queimou seu interior e exterior. Ele morreu rapidamente.
Algumas tartarugas caçavam pássaros de maneira semelhante. Quando um pássaro chegava muito perto, elas atacavam e agarravam uma parte do corpo. Depois, puxavam o pássaro para baixo da água até afogá-lo. Gravis disse que seria a tartaruga dessa vez, e ele cumpriu sua palavra!
Quando Gravis percebeu que o pássaro havia morrido, ele imediatamente o jogou para fora. Não queria queimar sua refeição. Não poderia comer o centro devido à lava engolida, mas o exterior ainda estava bom. Gravis suspirou. Finalmente, pela primeira vez nesse mundo, ele teve tempo para relaxar. Olhou ao redor e percebeu que estava em uma floresta… que estava pegando fogo. Muitas árvores pegaram fogo devido à chuva de lava. À distância, ele podia ver os restos fumegantes do vulcão. Parecia que ele havia voado por vários quilômetros.
Ele não conseguia ver ou ouvir mais animais ou bestas. Provavelmente, todos fugiram da catástrofe natural. O céu escureceu com a fumaça, e cinzas começaram a cair.
O céu escuro, a chuva de cinzas, a floresta em chamas, a piscina de lava e a floresta silenciosa lembraram a Gravis dos desafios ambientais do teste prático. Isso provavelmente era como um desafio de fogo se pareceria. Seus nervos relaxaram mais, e ele começou a cozinhar o pássaro acima da lava. As penas já tinham sido arrancadas, então isso economizou um trabalho para ele.
Depois de uma refeição suntuosa, ele voltou para o lago de lava e dormiu. Ele preferia a segurança da lava ao invés da floresta aberta, mesmo que a floresta estivesse queimando ao redor. Nada digno de nota aconteceu enquanto ele dormia.
Gravis abriu os olhos após um bom sono e notou que estava ficando difícil se mover na lava. Ela estava começando a endurecer em obsidiana. Ele colocou a cabeça para fora e viu que só havia cinzas ao seu redor por centenas de metros. O chão e o céu estavam pretos. Parecia um mundo de fogo e enxofre.
“Cara, o Céu realmente não se importa com danos colaterais quando lida comigo”, Gravis comentou enquanto olhava ao redor. Seu corpo já havia curado para cerca de metade de sua condição máxima. Ele decidiu ficar ali por mais um dia. Era mais seguro nesse inferno, pois nenhuma besta queria vir até aqui. Quando Gravis olhou de volta para o lago de lava endurecendo, ele teve uma ideia e pulou de volta.
Ele tentou controlar a lava o melhor possível e viu algum sucesso em seu plano. Como ele tinha que esperar seu corpo se curar de qualquer forma, poderia muito bem passar o tempo com sua ideia. Apenas sua cabeça permaneceu acima da superfície, e ele ficou nessa posição o dia inteiro.
A noite chegou, e um grupo de quatro pessoas estava caminhando pelos restos da floresta. Eles vestiam roupas verdes e carregavam arcos. Obviamente, era uma equipe de caçadores, procurando por recursos. O grupo consistia de três homens e uma mulher. Os homens provavelmente estavam na casa dos 30, mas a mulher parecia jovem. Ela tinha acabado de completar 20 anos.
“Tem certeza de que vamos encontrar algo aqui, Sarah? Só há cinzas até onde a vista alcança”, comentou um dos homens. “Talvez seja melhor se caçarmos em uma floresta de verdade, e não neste deserto de cinzas.” O homem não soava rude, mas preocupado. Ele queria encontrar algumas bestas para caçar.
A mulher, Sarah, sorriu levemente. “Depois de uma calamidade natural, os elementos ficam em desordem. Se tivermos sorte, podemos encontrar uma oportunidade neste deserto, e essa oportunidade pode finalmente mudar nossa sorte. Mesmo que não encontremos nada, pelo menos poderemos dizer que tentamos.”
Os outros homens suspiraram e continuaram procurando. Depois de caminhar por algum tempo, chegaram a uma clareira com menos restos de árvores semi-queimadas. A clareira era excepcionalmente plana.
Um dos homens levantou a sobrancelha. “O que é isso?” Ele apontou para o centro da clareira. Os outros olharam e seus olhos se arregalaram. Uma cabeça solitária estava no meio de uma plataforma preta plana. Seus olhos estavam semicerrados, e parecia que ela estava olhando para eles. Quando eles olharam para seus olhos, sentiram um calafrio.
“Por que há uma cabeça no meio de uma plataforma preta no meio da floresta?” Um dos homens comentou enquanto olhava para Sarah. “Essa é a oportunidade que você mencionou?” Ele perguntou, incerto.
Sarah estreitou os olhos. Isso era muito estranho! Não poderia ser natural! Ela hesitou, mas finalmente apertou os dentes e começou a caminhar em direção à cabeça. Os outros homens olharam para Sarah nervosamente, mas a seguiram com coragem.
Quanto mais perto Sarah chegava da cabeça, mais ela sentia que seus olhos a seguiam. Ela chegou à plataforma preta e…
“Pare!” A cabeça gritou antes que eles pudessem pisar na plataforma.
O grupo deu um salto para trás e sentiu como se seus espíritos tivessem deixado o corpo. A cabeça havia falado! O que estava acontecendo? O coração de Sarah acelerou, e seus instintos de lutar ou fugir estavam gritando para ela. Mesmo assim, ela não recuou. Foi preciso toda a sua coragem para não fugir.
“O que você é?” Ela perguntou.
A cabeça falou com uma voz imponente. “Sou um espírito da terra!”
- Um famoso jogo onde se tenta acertar toupeiras que saem de buracos usando uma marreta.[↩]
