O rapaz, — decepcionado com a sua incapacidade, começa a lembrar-se dos rostos cabisbaixos dos seus colegas, antes de sua chegada, e conclui o que fizeram eles ficarem daquele jeito. Por outro lado, Moira, começa a se retirar do local e retornar para atrás da parede que saíra, contudo, é surpreendida pela fala do jovem atrás de todos.
— É-é… madame Moira! E-eu tenho… algo também!
A exclamação feita pelo jovem chama a atenção de seu grupo, que chacoalham a cabeça em negação, de modo a tentar impedir que ele revele algo. No entanto, quando Moira percebe isso, o questiona:
— É mesmo? Então desembuche! Não fique aí calado.
— Bem, eu…
O jovem é interrompido pelo soldado anterior, que revela algo para dona da companhia:
— Senhora Moira, com as minhas sinceras desculpas, mas o cadete não queria te incomodar, por favor, volte a realizar seu trabalho que iremos…
— Calado! Eu não pedi para você falar, eu pedi para o garoto. Agora parem com essa palhaçada e o deixem dizer.
— Ce-Certo, minhas sinceras desculpas, madame…
O soldado desculpa-se com a mulher, removendo-se da frente do jovem.
Mesmo que Moira apenas pertença à distribuição de mercadorias da cidade, Moira é muito mais importante que o próprio prefeito, visto que é a encarregada pelo financiamento de toda a cidade. Ela é a responsável por manejar e distribuir todo o dinheiro — em forma de mercadoria, na cidade, e uma ação que implique no seu temperamento negativo, pode ocasionar em alguém perdendo completamente sua fonte de renda.
Agora com a liberdade para poder falar, o jovem, aproximando-se para a frente do grupo, revela o que sabe:
— Be-Bem, antes de virmos a cavalo até aqui, eu vi que alguns soldados no distrito sul… e eles estavam perseguindo uma mulher suspeita.
Demonstrando um pouco de curiosidade para com o relato do jovem, Moira, aproxima-se mais para perto dele, com uma feição ligeiramente atiçada e, em seguida, o questiona:
— E essa mulher… tinha orelhas pontudas e cabelo ruivo?
Observando uma expressão atípica e, ao mesmo tempo, um semblante completamente rígido como aço, o jovem, enquanto fala, começa a gaguejar, ao responder à indagação feita.
— Nã-não madame…
Desapontando-se uma vez mais por imaginar novamente algo que solucione sua insônia, a mulher revolta-se com a resposta, — alterando completamente seu semblante curioso como um coelho, para algo semelhante a um tigre feroz. Indignada com este fato, eleva sua voz afiada e ameaçadora para o jovem:
— Então, o que isso tem a ver com que estamos conversando! Por que você está fazendo eu perder meu tempo, garoto?!
— Bo-bo-bom, e-eu os ouvir dizer que ela é empregada do curandeiro chefe da cidade, Ivan Flamesworth… que em alguns dias teve um descontrole de mana na casa. No dia em questão, eu estava com o comandante e fomos juntos questionar o curandeiro, porém ele apenas tentou esconder algo.
Após ouvir o nome de seu colega, Moira cai em um questionamento.
”Espera! Ivan? Se bem que ele realmente estava agindo duvidosamente quando contei sobre a majin e, até então, não ouvi nada sobre ele. Na verdade, o meu filho disse que ele estava tirando um período de férias… logo um dia antes do anúncio…? ”
Moira, permanece estática por alguns segundos durante seu ponderamento, enquanto isso, Adrenalin, — o soldado que fora repreendido por ela, retorna para próximo do jovem, o questionando sobre o seu depoimento.
— Cadete Luke, você sabe o quão perigoso é supor uma coisa dessas? Você não ouviu o que eu disse na carruagem vindo até aqui? Decidimos que iriamos nós mesmo até a casa dele examinar isso a fundo. Você não deveria ter exposto isso aqui!
O jovem cadete encolhe-se com a advertência do seu colega, visto que tudo que ele fala parece ser verdade em seus olhos, no entanto, Luke não podia ver seu companheiro ser taxado de algo que ele não é, só por não conseguir informações suficientes.
Mesmo que outro grupo aparecesse novamente no armazém, para trazer mais informações, não seria o suficiente, pois a todo momento que os soldados investigam de canto a canto na cidade, são mandados imediatamente para informar o que descobriram, isso por parte dos seus superiores. O que acarreta relatos leves e sem importância.
— Se-sei disso, senhor, mas eu não poderia deixar o-o senhor levar a culpa novamente… Por isso eu decidi agir…
— Mm… Entendo… mas de todo modo, melhor que isso não seja apenas fruto de sua imaginação.
— …
Moira, após finalizar seu pensamento, posiciona-se próximo do garoto e, colocando sua mão esquerda em cima do ombro amadurado dele, pergunta com uma voz completamente séria.
— Espera, você ta dizendo que acha que Ivan, tem a ver com a criminosa majin, só porque houve esse incidente e também viu a criada dele agir estranhamente nas ruas?
Após ser indagado por Moira, Luke endireita sua postura acanhada de antes, em seguida tenta reformular suas palavras, para um total entendimento:
— Peço desculpas por minhas palavras parecerem confusas, mas eu tenho minhas dúvidas. Já que o incidente de mana foi causado por um descontrole de poder espiritual e, todos da cidade conhecem o espirito do senhor Flamesworth, que pertence exclusivamente ao elemento fogo, no entanto, quando sentimos o poder, não só capitamos o elemento em questão, como um segundo misturado nesse.
— Então, porque não informaram ninguém sobre este incidente?!
— Mas informamos, madame… relatamos tudo ao senhor Bentley, da guarda real de Axerth, e, meu comandante, pediu para que ele vigiasse a casa do curandeiro.
Moira, completamente séria, dirige um olhar extremamente afiado para cima do cadete, seguido de sua indagação para confirmar o relato dado por ele.
— Hummm… Você tem certeza disso? Tenha em mente que se estiver inventando, apenas para ser recompensado, pagará muito caro, garoto.
Uma gota gordurosa de suor frio escorre do rosto apreensivo do jovem, enquanto tenta a todo momento permanecer fixo com o olhar afiado de Moira.
— E-Eu juro!
Um pouco desconfiada com a afirmação do jovem soldado, Moira começa novamente a unir suas suspeitas que surgiram antes do anúncio. Durante a visita dela na casa de seu colega Ivan, ela notou que a atmosfera do local estava diferente e uma sensação de desordem e pressão era visível no local.
No entanto, foi ignorado por ela, — que focou apenas em conversar com ele antes de tratar dos assuntos de seu filho e suas aulas particulares com ele. Porém, quando começou a revelar coisas sobre a majin, um pouco depois da raiva que o homem mostrara, Ivan mudou completamente de expressão, para algo semelhante a medo.
Mesmo que aquele momento fosse algo incomum para ela, juntando as pontas soltas, referente ao que o soldado disse, ela conclui que Ivan mostrou indícios de ser a pessoa mais suspeita de toda a cidade.
Enquanto pondera sobre estas questões, dirige sua ordem para mulher atrás dos homens:
— Você, garota, vá chamar Bentley, imediatamente! Não se preocupe com o meio de transporte, pegue um dos meus corcéis na doca, ele é o mais rápido da cidade. Quando chegar com ele, tenho certeza que ele te perguntará sobre isso, nesse momento avise para vir aqui.
A soldado bate no peitoral da armadura, assentindo com a ordem de Moira, que em seguida, sai do armazém as pressas para realizar o que lhe foi pedido.
”Espero que essas suposições sejam apenas uma coincidência, não vejo Ivan sendo cúmplice de uma criminosa que sequestrou uma humana da estalagem. Mesmo que ele seja alguém bondoso com as pessoas, eu duvido que faria algo assim… ”
No dia seguinte, por volta das 5 horas da manhã, Amice retorna para a casa, carregando consigo sua cesta com algumas peças de roupas, além da bijuteria para se encantada.
Com pressa, ela adianta-se e dirige-se para a biblioteca, e lá observa o portal espiritual aberto, sem mais delongas, o atravessa por completo, entrando em seguida na sala espiritual.
Durante todo o momento, Ivan, junto a Áurea, estavam preparando o processo de encantamento, em uma mesa no centro sala, enquanto Evangeline, meditara no canto.
Ao notar que todos parecem ocupados com o que estão fazendo, Amice, eleva a voz e anuncia sua chegada:
— Patrão Ivan, mestra Áurea, cheguei…
