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Capítulo 80.4 ❃ Os Guardiões da Antecâmara.

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1º dia do mês, Grande Inverno. Nakkie – Residência Flamesworth [Sala Espiritual] – 12:45 PM.

Na quietude de uma sala isolada, Evangeline assume a posição de lótus, acompanhada por uma fada de cabelos vermelhos alaranjados pousada em sua cabeça. 

Seus olhares se entrelaçam, a meio-elfa imersa em concentração, enquanto a fada examina atentamente sua expressão em busca de qualquer indício de confusão. 

”Ela é realmente um prodígio em mágica, foram só pequenos e simples passos que ela conseguiu mergulhar por completo na minha lição… Se eu tivesse me encontrado com ela antes de Ivan, com certeza ela seria muito mais forte que ele, mesmo em seu auge…” Os olhos luminosos da pequena Áurea cintilam, meticulosamente observando cada nuance.

Depois de alguns minutos, a voz de Evangeline quebra o silêncio, surpreendendo a pequena fada. 

— E-e-… mestre Áurea… q-quero dizer, senhorita Áurea…

— Eh!? Ooowoh! — Áurea se desequilibra e cai de costas, uma cena quase cômica. 

— Ah… você está bem… aí em cima…? — Ao cerrar um dos olhos, um vislumbre de desconforto se manifesta no rosto de Evangeline, uma careta indicando uma possível dor invisível, talvez devido ao leve peso da fada em sua cabeça. Ela busca compreender o motivo pelo qual Áurea reagiu com tal sobressalto.

— Você me assustou só para perguntar como eu estou…?

— Bem… não exatamente… — Seus olhos se abrem, desviando-se para suas mãos que repousam sobre suas pernas cruzadas. 

Os dedos contraem-se, fechando o punho por completo, evidenciando uma certa força sendo aplicada, talvez como uma expressão de insegurança diante do iminente pedido que se desenha.

— Argh…! Certo… o que você não entendeu no que eu lhe disse? Algo relacionado ao controle de mana espiritual…? E… não precisa me chamar de senhorita, me-mestre fica melhor… — As bochechas de Áurea adquirem uma coloração ligeiramente rubra, denotando um certo embaraço, seus lábios apertando-se a cada segundo, como se a última frase proferida lhe causasse desconforto.

Embora Evangeline não observe a expressão da fada, a hesitação em sua fala a entrega por completo, proporcionando a meio-elfa um sorriso enquanto ela avança com sua pergunta.

— Bem, eu estive pensando sobre meu confronto na Floresta antes de vir para Nakkie, e, durante sua tutela, me lembrei de algo inusitado durante aquela luta, e queria expressar minha dúvida sobre.

— Hmm… e o que seria…?

— Um pouco antes de eu começar a minha caça, eu havia experimentado criar um certo feitiço, baseado no atributo de raio… chamo de… Lightning Cut. O foco é que, eu havia demorado um certo tempo para criar apenas pequenos raios na minha primeira tentativa, porém, durante meu combate, eu consegui invocar este feitiço de forma instantânea. Eu gostaria de entender o que isso significa.

— Mmm…. — A pergunta da meio-elfa paira no ar, e a fada, dedilhando o queixo com seu indicador, responde com um brilho enigmático nos olhos. 

— Oh! Acho que entendi o que você quer dizer!

— Sério…? Então… o que seria isso?

— Bom, eu acabei não lhe contando a princípio e Ivan deve ter feito o mesmo. Quando te vimos pela primeira vez, além de sua ótima adaptação em aprender sobre magia, pensamos que você já havia estudado muito sobre assunto, e vejo que esse não é o caso, não é? — Reassumindo seu posto sobre a cabeça da meio-elfa, Áurea agarra delicadamente um dos fios da franja de Evangeline, seus olhos intensamente fixos nos dela. 

Ambos os olhares brilham com a intenção mútua de extrair o máximo de informação uma da outra, como se uma conversa silenciosa se desenrolasse entre os brilhos que se entrelaçam.

— Bem… você está certa… O que sei sobre magia não é referente a estudos que tive de onde eu vim…

— Como… eu imaginava… você é realmente incrível. Mas em relação a sua pergunta… O que você acabou de descrever seria um controle aprofundado sobre um feitiço…

— E o que isso quer dizer…? Aieh! — Em um movimento ágil, Áurea eleva seu punho e desce rapidamente, proporcionando a Evangeline um poderoso cascudo que só uma fada minúscula poderia infligir. 

Nesse exato instante, um toque suave, quase como algodão, atinge o topo da cabeça de Evangeline, indicando claramente o impacto do golpe da fada.

— Silêncio! Apesar de eu não ter lhe dito antes, isso também pode fazer parte do seu estudo…

— …  

Ligeiramente surpreendida com a advertência, Evangeline contém qualquer impulso de reclamação. A ausência de dor evidente pelo impacto a deixa intrigada, somada à curiosidade gerada pela pergunta em destaque.

— Khehem…! Como eu havia dito, o que você está perguntado é sobre o controle aprofundado sobre um feitiço. Quando um mago chega a alta experiência em seus feitiços, ele consegue invocá-los muito facilmente, talvez até mais fácil que falar ou respirar. É algo automático e simples, para quem já usou tal método muitas vezes. O que você experimentou foi exatamente isso. Você acabou compreendendo os fundamentos e a forma de criação do seu feitiço e o invocou instantaneamente durante sua luta… 

”Então é isso! Durante aquela luta com o Taelho, meu Lightning Cut estava muito mais fluido e rápido do que o normal. As leis desse mundo sobre magia é muito similar ao que tinha no Sephyra. Se eu acabar gravando por completo meus feitiços, conseguirei invocá-los muito facilmente… Mas, como ela disse, precisa ter um certo domínio sobre o feitiço para conseguir tal coisa… Será que meu conhecimento sobre a Centelha que tive no game se agregou também nesse corpo…?”

Neste instante, Evangeline fixa seu olhar nas palmas trêmulas das mãos, como se uma intensa euforia se desencadeasse por todo o seu corpo. 

A perspectiva de transferir todo o conhecimento adquirido em seu antigo jogo para esse novo corpo surge como um benefício promissor para o seu futuro.

— … Porém, pelo que você disse também, você havia criado ele recentemente. Não era para isso ter acontecido…

Rapidamente os olhos de Evangeline se arregalam com a fala de Áurea.

— Ah… ah… bem, talvez seja porque eu, seja um…. prodígio! Isso, a mestre disse que eu era um prodígio… Deve ser por isso…! Nã-não é?

— Bom… provavelmente seja isso…  

Levantando o olhar enquanto entrelaça os braços de maneira adorável, Áurea busca alternativas para compreender o evento em questão.

”Essa majin disse que ela não havia estudado nada sobre magia, porém sua proficiência nesse ramo é muito mais vasto que qualquer iniciante na área. Ela até teve um aprofundamento completo sobre um de seus feitiços… Se ela realmente estiver dizendo a verdade, com toda a certeza ela é um monstro, mas se ela estiver apenas omitindo seu passado, não me importo. Nunca tive a chance de ensinar alguém como ela, e isso é o que importa para mim.”

— Bom… agora que você já teve sua questão respondida… prosseguiremos com seu processo de fusão mágica!

— Ah! Certo! — Ao suavizar o fechar de seus olhos, Evangeline procura manter uma expressão discreta, evitando despertar suspeitas devido ao seu conhecimento profundo sobre magia. Retornando, assim, ao seu árduo processo de aprendizado mágico.

Ao confirmar que Evangeline absorveu o conhecimento, Áurea continua explicando outros requisitos essenciais, deixando a meio-elfa surpresa com a profundidade do entendimento que adquire mais e mais.


6º dia do mês, Grande Inverno. Masmorra [Antecâmara] – 08:28 AM.

Na antecâmara, Evangeline realiza um movimento de mãos habilidoso, conjurando uma esfera de fogo esmeralda que nasce na palma de sua mão. 

O feitiço, meticulosamente pré-programado por ela, ganha forma rapidamente, crescendo como uma manifestação do seu domínio elemental. 

A esfera se materializa nas costas da meio-elfa, a ação agora executada com uma eficiência surpreendente.

”Como eu havia imaginado, finalmente consegui compreender o funcionamento da 『Emerald Sphere of Desolation』. Mesmo que meu processo ainda seja um pouco demorado devido ao excesso de requisitos para criá-la, ainda é mais rápida do que antes…”

A intimidade adquirida com o feitiço permite que ela ignore a complexidade do processo, transformando o que costumava ser uma tarefa demorada em algo veloz, mas ainda assim, ligeiramente demorado na formação completa das chamas.

”Desse jeito, será só questão de tempo até que eu consiga dominar isso por completo igual fiz com a Centelha… Quando isso acontecer poderei aprimorar ainda mais elas e chegar no mesmo nível que tinha no Sephyra… heheh!” 

Um sorriso brota no rosto de Evangeline, um sentimento eufórico a envolve ao perceber que agora pode invocar sua 『Emerald Sphere of Desolation』 com a mesma destreza empregada em seu 『Lightning Cut』, sem aguardar o processo completo. 

Apesar de o passo a passo do procedimento garantir uma esfera plenamente funcional, com o feitiço programado apenas para invocar uma versão menor e mais fraca, ela ainda consegue fortalecer a esfera ao longo do tempo. 

Essa oportunidade não apenas aprimora a esfera, mas também aprofunda ainda mais sua familiaridade com o feitiço, alimentando a confiança da meio-elfa em seu domínio sobre as chamas esmeralda.

No epicentro da Antecâmara, onde as colunas e paredes testemunham a devastação provocada, Evangeline assume uma postura centralizada. 

Seus braços abertos exibem adagas reluzentes, enquanto seus dois anéis de chamas esmeraldas giram em direções opostas. 

O ambiente ao redor da jovem é um testemunho visual da luta travada, um registro escrito em pedra da batalha que ali se desenrola.

Circundando Evangeline, os quatro esqueletos a observam atentamente, mãos firmemente agarradas às armas, como se buscassem fortalecê-las com magia, — uma vã tentativa em sua condição. 

Com suas posições de combate, mirando exclusivamente na invasora da Antecâmara, eles aguardam a oportunidade para avançar, como personagens em um duelo no Velho oeste, — prontos para investir e subjugar sua adversária. 

No entanto, algo mudou desta vez. Evangeline, detentora do feitiço que incute mais temor nos esqueletos do que nunca, carrega consigo o poder do fogo esmeralda em suas costas.

Apesar do temor ser inferior à habilidade previamente invocada, o fogo esmeralda que arde em suas costas faz os corações inexistentes dos esqueletos pulsarem com adrenalina e pavor. 

”Pronto, já está na hora. Essa quantidade é mais que o suficiente para derrotá-los e sobrar algumas para um uso posterior…” Em suas costas, Evangeline exibe um total de dez esferas de fogo esmeralda, girando em movimentos contrários. 

A atmosfera ao redor delas torna-se impregnada de calor intenso, como se o ar, ao se aproximar das chamas esverdeadas, entrasse em combustão e se vaporizasse, gerando uma ondulação térmica que se estende pelo ambiente.

— Espero que estejam preparados… não esqueci do seu joguinho anterior, porém, agora, serei eu que escolherá novo game. Que tal… queimada? — A aura intimidante emanada pela meio-elfa desencadeia um receio palpável nos mortos-vivos, uma tensão que paira no ar como uma tempestade iminente. 

O cenário ao redor, marcado pela destruição, reflete não apenas a batalha passada, mas também a antecipação do conflito iminente, um duelo entre a vida e a morte, entre a chama esmeralda e os ossos quebradiços dos inimigos.

Evangeline, perspicaz, observa os esqueletos, — seus olhos percorrendo o campo de batalha em busca de qualquer sinal de movimento ou estratégia. Identificando a formação defensiva dos inimigos, antecipando uma possível esquiva de impulso de vento. 

”Parece que eles adotaram realmente uma guarda para evitar que eu fuja dessa vez. Como esperado desses mortos-vivos estranhos. Mesmo sendo monstros, parece que eles conseguem se comunicar e agirem como humanos racionais que lutam contra uma fera perigosa… Hah! Até parece…” A meio-elfa sorri sutilmente. 

Ela compreende as táticas adotadas pelos esqueletos, uma resposta calculada às suas habilidades conhecidas. Contudo, sua mente afiada já traça uma nova abordagem.

— Mesmo que estejam preparados com meu uso do atributo ar, quero ver o que vão fazer com isso! — Com uma destreza impressionante, Evangeline estende os braços em uma pose expansiva, formando um T humano. 

O brilho nos olhos dos esqueletos denuncia uma antecipação animada, mas a investida é contida, aguardando a oportunidade precisa. 

”Hah! Como pensei! Mesmo que eu ameace a fazer algo, eles vão esperar que eu use isso para fugir. Porém, eu tenho outro uso para esse método…” 

— Apesarem de serem meus inimigos mortais nesse exato momento, terei que agradecer a vocês por terem me ajudado. Minha cabeça dura, junto a insistência de vocês, me deram a chance de eu aprimorar meu conhecimento sobre meu feitiço.

”Do mesmo modo que aconteceu na minha luta contra aquele Taelho mutante, nesse confronto com os esqueletos, consegui, mesmo que ainda não por completo, entender a funcionalidade da criação das minhas chamas esmeraldas. E, isso, sim, é um obrigado verdadeiro…” Um sorriso de satisfação adorna o rosto da meio-elfa, agradecendo internamente pela chance de aprimorar suas chamas esmeraldas. 

A pressão imposta pelos esqueletos revelou nuances da magia, elevando-a a um novo patamar de compreensão.

Como se os esqueletos compartilhassem um entendimento coletivo da afronta, grunhidos raivosos escapam de suas mandíbulas ósseas, acompanhados pelo sibilar dos dentes.

— Grwaaaargh!

— Geawwwwwwr…

— Grrrrrrr…

— Certo, certo… Agora que todo mundo gosta de todo mundo, vamos terminar isso, sim? Perdi muito tempo com vocês… — Contudo, a resposta iminente é interrompida quando Evangeline decide agir, quebrando a tensão no ar com sua determinação palpável.

Inclinando-se para frente em sua postura anterior, Evangeline desloca os dois anéis de chamas esmeraldas para cada braço, fazendo-os girar com maior velocidade. 

Sob seus pés, uma vigorosa corrente de ar começa a circular, capturando a atenção dos esqueletos, que não hesitam em avançar implacavelmente contra ela. 

No entanto, algo está diferente. 

Evangeline não concentra o ar apenas em seus pés, mas o envolve como uma camada esférica ao seu redor.

Os esqueletos, sem perceber a mudança, avançam em direção a meio-elfa. 

Quando um deles se aproxima para desferir um golpe, Evangeline movimenta rapidamente uma das 『Emerald Sphere of Desolation』 em direção à sua adaga. 

Em um corte diagonal, ela projeta a esfera em direção ao esqueleto. 

Entretanto, percebendo o ataque iminente, o esqueleto se esquiva habilmente para o lado, evitando por pouco o impacto direto. 

A esfera de fogo, por sua vez, raspa no crânio do esqueleto, arrancando partes dos ossos que parecem ser vaporizadas pelo calor das chamas.

Apesar do ataque ter sido parcialmente evitado, a Esfera de Fogo continua sua trajetória, colidindo com a parede da antecâmara. Surpreendentemente, em vez de explodir, atravessa a estrutura, derretendo-a com sua temperatura abrasadora. 

O impacto funde a parede, transformando-a em um rio de lava derretida que continua a se estender para além da visão, deixando uma trilha de destruição ardente na masmorra. 

O cenário agora exala uma atmosfera fervente, refletindo o poder liberado pela magia ardente de Evangeline.

— Tsk! Errei! — Num estalo de língua, Evangeline expressa sua insatisfação com a recém-desenvolvida técnica 『Sensory Burst』

Enquanto desviava dos ataques dos esqueletos com agilidade, ela percebeu um fenômeno curioso em seus sentidos: o impacto do ar nos objetos ao seu redor era sentido por ela. 

Transformando essa observação em uma técnica que a permite atacar por reflexo quando um inimigo entra em seu domínio de ar, Evangeline visa aumentar a precisão de seus golpes. 

No entanto, a aplicação prática da nova habilidade deixa a desejar devido à sua natureza recentemente descoberta.

Após um ataque raspando o crânio do esqueleto, este enlouquece em uma fúria frenética, seus olhos tremeluzindo de raiva. 

— Grwaaaaah! Grrrrrrrr!!

Jamais imaginara ser humilhado dessa forma, muito menos por uma única invasora. Uma aura vermelha e familiar começa a percorrer o corpo do esqueleto, chamando a atenção de Evangeline. 

 ”Esse sentimento… essa aura… ela me é familiar… Com certeza é aquela habilidade que recebi antes…”  Seus olhos rubis brilham ao compreender a origem desse sentimento: a antiga habilidade de aumento de força física, o antigo 『Berserker』.

Num estalo de realidade, Evangeline é tirada de seus devaneios quando o esqueleto investe contra ela. Seus movimentos mais rápidos do que antes. 

Utilizando a técnica 『Sensory Burst』, Evangeline esquiva-se de cada investida com maestria. 

Em contrapartida, os outros três esqueletos se afastam, como se temessem ser envolvidos pelo frenesi do companheiro, — revelando mais uma camada de autoconsciência.

Apesar do quarteto undead se comunicar claramente, elaborando estratégias para superar sua oponente, a ativação da habilidade 『Berserker』 por parte deste esqueleto coloca em colapso todas as preparações meticulosas criadas para conter Evangeline. 

Mesmo que o grupo de mortos-vivos se lançasse na batalha, aproveitando o momento de vulnerabilidade da meio-elfa, diante do descontrole de seu próprio companheiro, não apenas ela seria atingida, mas os próprios esqueletos perderiam a noção de aliados e inimigos, resultando na sobrepujança de todos.

A cada investida descoordenada, a cada golpe mal direcionado, o esqueleto intensifica a liberação da aura de sua habilidade, fazendo com que a órbita de luz fantasmagórica em seus olhos, antes ameaçadora, se torne cada vez mais tremeluzente. 

Essa metamorfose rápida e ameaçadora da aura torna-se um desafio crescente para a meio-elfa. 

A cada tentativa de desvio, Evangeline sente a dificuldade crescer. 

No entanto, um sorriso atravessa seu rosto ao recordar algo que essa habilidade impõe quando usada por muito tempo.

”Ele realmente adquiriu uma velocidade impressionante após ativar o 『Berserker』, e não questiono sua força, que deve ter alcançado níveis monstruosos. Porém, mesmo com toda essa força e rapidez, é apenas uma questão de tempo até que seu senso se extingua…”

Num movimento veloz que se traduz apenas num lampejo de luz avermelhada, o esqueleto avança verticalmente em direção a Evangeline, sua espada alinhada para uma apunhalada precisa. 

Ao cortar através da barreira de ar formada pela técnica da jovem, o esqueleto avança instantaneamente. Evangeline, com agilidade surpreendente, bloqueia o ataque brutal, cruzando suas adagas e recebendo toda a pressão do golpe. 

O impacto resulta em um choque de pressão de ar, que se propaga como um estrondo sônico, sobrepujando os esqueletos que observam o confronto. 

A cena é marcada pelo som de rachaduras, não apenas nas adagas da meio-elfa, mas também no espaço ao seu redor, onde a barreira de ar se rompe.

O ambiente é preenchido com uma sinfonia de estalos e estouros, ecoando o impacto brutal. Evangeline sente a vibração do golpe reverberando através de seus braços, a dormência se espalhando como um rastro de pólvora. 

Seus olhos captam cada detalhe das adagas, agora marcadas por rachaduras extensas, revelando o estrago causado pelo poder do esqueleto.

Enquanto a meio-elfa enfrenta a iminente inutilidade de suas adagas, os esqueletos ao redor testemunham a destruição, suas órbitas oculares ósseas refletindo surpresa e apreensão. 

A intensidade do confronto se reflete no cenário, marcado por uma onda de choque que desloca poeira e destroços pela antecâmara, transformando o ambiente outrora estático em um espetáculo de caos dinâmico.

Evangeline, apesar da desvantagem imposta, mantém um semblante determinado, pronto para enfrentar as adversidades que se desdobram diante dela.

“Como eu… havia pressentido, essa força é extraordinariamente poderosa… Em um único golpe, ele conseguiu tornar minhas adagas totalmente ineficazes… Tsk…! Mas esta é a minha oportunidade…”

Evangeline murmura consigo mesma, seus olhos focados nas adagas rachadas que segura. A frustração se entrelaça com a determinação em seu rosto, refletindo a complexidade de suas emoções diante da situação desafiadora.

A sensação de impotência surge nos dedos da meio-elfa enquanto ela avalia o estrago em suas adagas, agora mais decoradas com rachaduras do que afiadas lâminas. 

O peso das armas, uma extensão de sua habilidade e destreza, torna-se evidente, uma vez que agora estão comprometidas pelo implacável golpe do esqueleto.

No entanto, mesmo diante da aparente derrota, uma centelha de determinação acende nos olhos de Evangeline. 

Sua mente astuta identifica uma abertura, uma oportunidade que se manifesta através da situação caótica. Ela vê além da desvantagem imediata, focando na brecha que se apresenta diante dela.

— Grrrrr…!

Com um olhar feroz, como o de uma fera selvagem destituída de qualquer razão, o esqueleto grunhe para Evangeline, impondo cada vez mais força em sua lâmina, seu intento sendo finalizar sua oponente o mais rápido possível. 

A cada segundo, sua aura avermelhada, proporcionada pela habilidade 『Berserker』, torna-se cada vez mais intensa, à medida que sua força gradualmente aumenta perante a meio-elfa.

Evangeline, encurralada nessa situação desafiadora, percebe uma oportunidade se apresentando diante dela, uma brecha na ferocidade do esqueleto que não pode ser ignorada.

Nesse momento crucial, as palavras de seu mentor Ivan ecoam em sua mente, contando os trágicos destinos de seus antigos camaradas de guerra que sucumbiram ao efeito da habilidade. 

O senso de humanidade e racionalidade desvanecia quando a 『Berserker』 era ativada, resultando em sacrifícios trágicos, pois não conseguiam mais diferenciar amigo de inimigo.

”O senhor Ivan havia me advertido para eu não usar meu Invencível frequentemente, e isso é algo que concordo. No entanto, ele também me alertou sobre a habilidade 『Berserker』, que fez com que seus companheiros de guerra perdessem a razão, sendo sacrificados, incapazes de distinguir inimigo de amigo. Percebo agora, pois até os três esqueletos atrás de mim não ousaram se aproximar…”

Desorientado por sua insaciável sede de sangue, o esqueleto mal percebe uma esfera de fogo posicionando-se ao seu lado enquanto continua a impor sua força sobre a meio-elfa. 

A cada momento em que o esqueleto impõe sua colossal força diante da resistência da meio-elfa, as adagas, cedem, revelando estalos de rachaduras.

”Não poderei mais usar essas adagas, as armas que Anastácia criou para eu desbravar essa masmorra, quem imaginaria que elas seriam sobrepujadas dessa forma? Talvez eu tenha errado em bloquear o ataque com elas, mas tudo que importa agora é o momento certo.”

Durante a contínua pressão exercida pelo esqueleto, Evangeline aguarda pacientemente o momento ideal para contra-atacar. 

De repente, suas lâminas cedem por completo, permitindo que a espada do esqueleto se mova em sua direção.

Em um ágil movimento, Evangeline se lança para trás, direcionando uma das 『Emerald Sphere of Desolation』 em direção ao esqueleto enlouquecido. 

Desorientado por sua insaciável sede de sangue, o esqueleto mal percebe a esfera de fogo posicionando-se ao seu lado enquanto continua a impor sua força em direção a meio-elfa.

Num rápido movimento, a esfera de fogo atravessa completamente a cabeça do esqueleto, encerrando seus ataques e desativando sua técnica.

A intensa força que o esqueleto impunha sobre Evangeline finalmente cede, seus braços experimentando dormência devido à resistência ao ataque.

As adagas, reflexo da escolha imprudente de usá-las como escudo, exibem rachaduras, agora inúteis para combate corpo a corpo, à beira de se quebrarem diante de qualquer ataque mais robusto.

Um tanto exaurida pela prolongada batalha, Evangeline vira-se rapidamente para os três esqueletos restantes na sala, pronta para enfrentar os próximos desafios que a aguardam.

Imóveis, eles a observam, fixando-a como se diante de um monstro sobrenatural estivessem, invertendo a percepção para onde o verdadeiro monstro é Evangeline, e eles, os aventureiros explorando a antecâmara.

— Vocês realmente não vão mais atacar? Logo agora que estava ficando interessante, vocês desistiram da luta…? Argh…! Melhor para mim, não tô mais com cabeça para essa coisa, se eu pudesse só pegar o que quero e sair, já teria feito há muito tempo…

Com o braço apontado para frente, numa alusão a uma pistola de dedos, ela faz o anel das esferas de fogo esmeralda se dividir em duas, girando a uma velocidade ainda mais anormal.

O cenário ao redor testemunha a carnificina, marcada pela presença imponente de Evangeline, — uma meio-elfa entre o grotesco e o magnífico.

— Agora… morram para mim… 『Emerald Sphere of Desolation: Machine Gun』… — Num movimento horizontal, Evangeline invoca seu feitiço, lançando as esferas de fogo em disparada em direção aos esqueletos.

Num gesto insólito, os esqueletos inclinam-se em reverência diante de Evangeline, capturando sua atenção. Apesar da surpresa, ela prossegue com sua ação, aniquilando por completo os esqueletos.

Perfurados em várias partes do corpo, os esqueletos tombam no chão da antecâmara, suas estruturas ósseas agora desprovidas de qualquer resquício de movimento. 

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