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Lukas é um jovem de 20 anos cuja vida é um labirinto de desafios e fracassos. Ele reside na cidade de Gary, no estado de Indiana – Estados Unidos, onde trabalha exaustivamente em uma lanchonete decadente, uma lembrança constante do que ele não conseguiu alcançar. Ele é o caçula de três irmãos, uma posição que lhe rende olhares de desaprovação e murmúrios de desapontamento por parte dos pais. Expectativas não atendidas pesam sobre seus ombros, alimentando sua sensação de inadequação.

Lukas tentou ingressar na faculdade, mas sua determinação foi esmagada pelas barreiras acadêmicas. A falta de apoio emocional vindo de seus pais tornou suas lutas ainda mais insuportáveis. Cada falha parecia cavar mais fundo a cratera em sua autoestima, reforçando a ideia de que ele era um fracasso completo.

Na verdade, Lukas nunca foi reconhecido por sua empatia ou bondade. Ele se isolou gradualmente, construindo um escudo de indiferença para se proteger das decepções e críticas constantes. A amargura se infiltrou em sua personalidade, substituindo qualquer traço de compaixão que ele possa ter tido um dia.

Uma noite, depois de mais um turno exaustivo na lanchonete, Lukas avista um gato machucado à beira da estrada. Um misto de irritação e curiosidade o leva a seguir o gato em um matagal próximo, ignorando o alerta interno que sinaliza o perigo. Conforme ele adentra o matagal, um nevoeiro sombrio começa a envolvê-lo, e ele se vê em um lugar sombrio e assustador.

Lukas se encontra imerso em um lugar de trevas, onde a energia é tão pesada que quase parece sufocante. Seu coração bate acelerado, e ele sente um arrepio percorrer sua espinha enquanto olha ao redor, tentando compreender a horrível realidade que agora o cerca.

Aos poucos, a escuridão se manifesta de maneira mais sinistra. À distância, ele percebe a presença de várias figuras humanóides, cada uma emanando uma aura negra que parece absorver a luz ao redor. Lukas fixa os olhos nessas figuras, apenas para perceber que elas não têm olhos de fato. Em vez disso, onde os olhos deveriam estar, há apenas um vazio profundo e negro, como se a própria escuridão tivesse se apossado de suas almas.

Um calafrio percorre a espinha de Lukas quando ele se dá conta de que está sendo observado por essas criaturas sem olhos. Seu instinto lhe diz para fugir, para correr até encontrar um refúgio daquela visão horrível. Mas a atmosfera sombria parece enredá-lo, dificultando cada movimento que ele tenta fazer.

As figuras sem olhos permanecem imóveis, como sentinelas de um mundo desconhecido e aterrorizante. O silêncio é opressor, interrompido apenas pelo som abafado de sua própria respiração e pelos batimentos rápidos de seu coração.

Lukas sente um pânico crescente dentro de si, um medo que parece querer engoli-lo por completo. Ele está sozinho, perdido e cercado por algo além de sua compreensão. Cada parte dele anseia por escapar desse pesadelo, mas cada movimento é como se ele estivesse lutando contra uma força invisível que o impede de partir.

Nesse mundo de sombras e ausência, Lukas está preso, encurralado por uma escuridão que ameaça consumir tudo o que resta de sua coragem. Ele está prestes a enfrentar um desafio muito mais intenso do que qualquer coisa que tenha enfrentado antes, uma batalha interior e exterior que testará sua sanidade e determinação.

Lukas correu desesperado até um beco escuro, onde seus olhos se encontraram com uma figura inesperada. A garota à sua frente era estranhamente atraente, apesar da energia sombria que a envolvia. Seus cabelos meio ondulados caíam suavemente sobre seus ombros, e ela vestia um moletom que acentuava suas curvas delicadas. Ela não possuía olhos, mas Lukas ainda sentia uma estranha conexão, como se sua aura misteriosa os ligasse de alguma forma.

Com uma voz suave e enigmática, ela perguntou a Lukas por que ele estava tão ofegante. Ele respondeu, explicando que havia sido levado para aquele lugar de maneira abrupta e confusa. Ele indagou o que exatamente era aquele lugar, e a garota respondeu, revelando o nome: Setealém, o mundo dos mortos. Era uma terra de sombras e tormento, um submundo sombrio onde as almas más eram enviadas após a morte.

A garota explicou que alguns tinham a oportunidade de fazer um acordo peculiar em Setealém. Eles poderiam se tornar funcionários do mundo dos mortos, responsáveis por infligir castigos às almas que não se arrependeram de seus pecados. Era uma espécie de expiação, uma chance de evitar o próprio sofrimento através da punição dos outros. Ela admitiu ser uma dessas funcionárias, tendo feito essa escolha para evitar seu próprio castigo. No entanto, ela confessou que não gostava da natureza de seu papel, da crueldade que era forçada a infligir.

Lukas ouviu suas palavras com uma mistura de fascínio e inquietação. A ideia de um submundo, de almas condenadas e penitência, parecia mais surreal do que ele poderia imaginar. A garota, apesar de sua aura pesada, parecia diferente, talvez até vulnerável em sua confissão. Uma pergunta ardeu em sua mente, mas ele hesitou em formulá-la. Enquanto olhava nos olhos vazios dela, ele finalmente encontrou a coragem:

“Como eu posso sair daqui? Como posso voltar para o mundo dos vivos?”

“Você cometeu algum pecado absurdo? Por quê está aqui?”

“Não, eu nunca fiz nada absurdo! Eu estava apenas voltando pra casa.”

A jovem ouviu atentamente a explicação de Lukas. Quando ele confirmou que não tinha cometido pecados absurdos e que, portanto, não tinha motivo para estar ali, ela assentiu compreensivamente. Ela explicou que a entrada em Setealém nem sempre era precisa, e algumas almas acabavam caindo ali por engano, vítimas de circunstâncias imprevistas.

Ela sugeriu que Lukas tentasse falar com um dos donos de Setealém para resolver a situação. No entanto, ela alertou que os donos eram inflexíveis e puniam qualquer perturbação. Eles eram figuras temíveis, e uma conversa com eles era uma tarefa arriscada.

Ela ofereceu outra alternativa: se Lukas não estivesse disposto a enfrentar os donos, ele poderia permanecer em Setealém disfarçado de morto e trabalhar como funcionário, evitando assim as punições. A ideia o aterrorizava, mas ele se viu diante de poucas escolhas.

O medo de ser punido pelos donos de Setealém foi mais forte do que o medo de trabalhar como um funcionário disfarçado. Lukas finalmente cedeu, concordando com a sugestão. Ele não tinha outra opção além de aceitar a terrível realidade que se apresentava diante dele.

Ela o levou para um canto sombrio do beco. Ela coletou um pouco da aura escura que cercava os muros e, com gestos cuidadosos, passou essa energia sobre os olhos de Lukas. À medida que ela trabalhava, a aparência de Lukas começou a se transformar, assumindo uma qualidade sombria e morta. Ele podia sentir a escuridão se infiltrando em sua pele, uma sensação estranha e inquietante.

Enquanto trabalhava no disfarce, Lukas decidiu romper o silêncio. “Qual é o seu nome?”, ele perguntou, curioso para saber mais sobre a jovem que o ajudava em meio a esse pesadelo.

Ela sorriu com tristeza, mas o sorriso não chegou aos olhos vazios. “Meu nome é Alicia”, ela respondeu suavemente. “E o seu? “ perguntou. “Lukas. Bom, o que você fez pra estar aqui?” perguntou Lukas. “Eu fiz escolhas erradas durante minha vida, e agora estou presa neste lugar sombrio. No entanto, a opção que fiz aqui, de ser uma funcionária, foi uma tentativa de redenção. Mesmo que seja difícil, eu não queria ser uma alma atormentada para sempre.”

O disfarce de Lukas estava quase completo. Alicia deu um passo para trás, observando-o com um misto de compaixão e tristeza. “Agora você se parece com um de nós”, ela disse, a voz carregada de resignação. “Seja cuidadoso, Lukas. O mundo de Setealém é traiçoeiro, e as sombras que o observam podem sentir a mentira. Mantenha-se na linha, e talvez, apenas talvez, você possa encontrar uma maneira de sair daqui um dia.”

Lukas ficou curioso para saber a origem de Alicia; a curiosidade era intensa, e ele não pôde deixar de perguntar: “O que você fez para acabar aqui?”

Alicia soltou um suspiro pesado, como se estivesse revivendo os momentos dolorosos em sua mente. “Meus pais me viam como uma decepção. Eles tinham sonhos de me ver na faculdade de engenharia civil, mas eu nunca fui boa o suficiente para atender às expectativas deles. Eles me tratavam como um lixo, e as coisas só pioraram com o tempo.”

Ela continuou, revelando a terrível história de abuso e pressão que suportou. “Eles começaram a me maltratar física e verbalmente. Eles me culpavam por tudo o que dava errado e me humilhavam por minhas falhas. Eu era meio desastrada, e nunca consegui cumprir as demandas rígidas que eles impunham.”

Alicia pausou por um momento, como se reunindo coragem para continuar. “Eu me lembro de um dia em que estava sobrecarregada de estresse. Não aguentava mais a pressão, a dor e a humilhação constante. Eu estava enlouquecendo.”

Ela fez uma pausa mais longa, como se o peso de suas palavras fosse insuportável. “Foi nesse dia que tudo mudou. Eu envenenei meus próprios pais. Eu não sei por que fiz aquilo, talvez tenha sido um momento de insanidade. Mas depois que vi o que havia feito, o arrependimento me atingiu com força total. Eu entrei em pânico e lutei contra o horror do que tinha feito.”

Alicia abaixou a cabeça, seus olhos vazios pareciam refletir uma profunda tristeza. “Mas a história não termina aí. Meu irmão entrou na sala, viu o que eu tinha feito e… ele me matou. Com um vaso de flores que estava próximo ao sofá. Foi o fim de tudo.”

As palavras dela ecoaram no ar sombrio, carregadas com o peso da tragédia. Alicia compartilhou o fardo de sua culpa e arrependimento com Lukas, abrindo uma janela para a escuridão de seu passado. Enquanto o disfarce de Lukas estava quase completo, ele sentiu uma conexão profunda com a garota que agora estava ao seu lado, enfrentando o mesmo mundo de tormento e sombras.

Lukas ouviu a história de Alicia com compreensão, sentindo uma profunda conexão com as palavras dela. Ele também compartilhou seus próprios sentimentos de inadequação, de como seus pais o viam como uma decepção por não ter conseguido entrar na faculdade e por trabalhar em uma lanchonete velha. A familiaridade das histórias deles criou um vínculo único entre os dois, um entendimento mútuo das lutas que enfrentaram.

Alicia deixou escapar um soluço enquanto compartilhava seu desejo de voltar ao passado e tomar um caminho diferente. “Eu só queria ter fugido de casa naquele dia, em vez de ter feito tudo o que fiz”, ela murmurou entre lágrimas. A angústia de suas palavras pairou no ar sombrio, pesando sobre eles como um fardo insuportável.

Lukas sentiu um impulso instintivo de confortá-la, uma compaixão profunda por tudo o que ela havia passado. Ele a abraçou suavemente, oferecendo um apoio silencioso enquanto ela deixava suas emoções fluírem.

Após alguns minutos, os soluços de Alicia diminuíram, e ela se afastou lentamente do abraço. Ela olhou nos olhos de Lukas, sua expressão carregada de determinação. “Nós deveríamos ir até a central de Setealém”, ela disse com um suspiro. “Eles fazem a contagem dos funcionários, verificam se alguém parou de trabalhar ou se alguém está pensando em desistir do cargo. É importante estarmos lá para não levantar suspeitas.”

Lukas assentiu, compreendendo a gravidade da situação. A medida que seus destinos pareciam se entrelaçar cada vez mais, eles se preparavam para enfrentar o próximo desafio nesse mundo de sombras e mistérios.

Chegando à imponente central de Setealém, Lukas e Alicia enfrentaram uma atmosfera opressiva. O prédio parecia se elevar até o céu sombrio, e a escuridão ao redor amplificava a sensação de inquietação. A presença dos supervisores, com suas auras negras e olhares penetrantes, fazia com que cada passo se sentisse pesado.

Quando um dos supervisores examinou a lista de funcionários na prancheta, sua expressão sombria parecia penetrar na alma de Lukas. Notando a ausência do nome de Lukas, ele sentiu uma onda de ansiedade. Rapidamente, Lukas tomou uma decisão e explicou que era novo naquele lugar e que tinha aceitado o acordo para se tornar um funcionário. Ele sugeriu que talvez o sistema ainda não tivesse atualizado a lista com seu nome.

O supervisor, por alguma sorte, não era tão rigoroso quanto outros. Ele lançou um olhar curioso a Lukas e, aparentemente, aceitou sua explicação. Com um movimento brusco da prancheta, ele anotou o nome de Lukas na lista de novos funcionários. Lukas sentiu um suspiro interno de alívio, mas também uma crescente preocupação sobre ter dado seu nome verdadeiro.

Com a entrada na central concluída, eles seguiram em direção a um mega prédio que abrigava os funcionários de Setealém. À medida que se aproximavam, o aspecto sombrio da estrutura se tornava mais evidente. Os dormitórios se assemelhavam a celas, pequenos e confinados, mas Lukas notou que não eram tão terríveis quanto temia. O espaço apertado, embora estranho e desconfortável, proporcionava pelo menos algum abrigo contra o ambiente hostil de Setealém.

A sorte sorriu para Lukas novamente quando ele descobriu que sua cela ficava no mesmo corredor que a de Alicia. A familiaridade de sua presença nas proximidades trouxe um pouco de conforto em meio àquela situação bizarra. Ao se deitar na cama improvisada, Lukas se viu questionando a sabedoria de ter dado seu nome verdadeiro ao supervisor. A incerteza pairava sobre sua mente enquanto ele tentava conciliar o sono.

Agora, o momento se desdobrava em uma espécie de limbo, um intervalo entre o passado e o futuro desconhecido. Lukas fechou os olhos, mergulhando na escuridão do sono, com a determinação silenciosa de encontrar um caminho para sair desse pesadelo sombrio.

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