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Tradutor: MrRody 』 『 Revisor: Demisidi 』

Distrito Quatorze, Campo de Prisioneiros Bifron. Originalmente, era um distrito da cidade de Ravigion, mas agora era uma área proibida, que nem sequer tinha mais uma Praça Dimensional.

Era também um dos candidatos para nossa rota de fuga. Havia um caminho para o Distrito Quatro passando primeiro por Bifron.

— Mas o círculo mágico de proteção usado em Bifron torna difícil atravessar o muro pelos meios convencionais.

— Tudo bem, se você usar a entrada secreta nos esgotos, pode entrar mesmo com o círculo mágico de proteção em funcionamento.

— Algo assim existe…?

— Sim, fui banido por vinte dias uma vez e acabei tropeçando nisso.

Amélia foi quem me contou sobre o caminho.

— Ah, então! Eu me lembro! Fiquei tão preocupada com você…

Apesar de termos garantido uma passagem para Bifron, essa rota não foi nossa escolha final. Afinal, havia incontáveis soldados até mesmo nos esgotos. Por causa disso, concluí que seria melhor mirar nos muros. Se fôssemos pelos esgotos, não precisaríamos ir a Bifron em primeiro lugar, poderíamos simplesmente seguir direto para a cidade.

Mais importante, havia algo errado com Bifron.

— V-Vamos para Bifron?

— …Eu não estou muito a fim de ir para lá.

— Nem sequer temos antídotos com a gente!

Eu precisava de tropas para executar meu plano de fuga, mas a maioria dos aventureiros se sentia desconfortável em ir a Bifron. Para ser justo, eu reagiria da mesma forma se me dissessem para entrar numa área radioativa sem um traje de proteção.

“…E também não posso dizer a eles que o veneno da Bruxa não está presente agora.”

Embora eu soubesse que não havia nada de errado além dos muros, não podia contar isso a eles. Havia uma grande diferença entre um boato que circula e uma confirmação oficial vinda da boca de um nobre.

“…Bem, tecnicamente, não é como se não houvesse veneno nenhum lá.”

Todos os dias, alguém em Bifron adoecia e morria devido ao veneno da Bruxa. Se as coisas estivessem realmente normais fora dos muros, como isso poderia acontecer?

“O palácio provavelmente está alimentando eles com veneno ou algo do tipo.”

De qualquer forma, o plano de passar por Bifron foi rejeitado por essas razões.

No entanto, nossa situação mudou desde então.

— Behelaaah!

Após soltar meu grito de guerra, corri pelos esgotos.

O teto baixo me impedia de usar a 【Gigantificação】, e assim, minha força total, mas isso não me incomodava tanto. Eu não era o único prejudicado pelo terreno.

Boom!

Nossos inimigos precisavam se preocupar com o risco de desabamento dos túneis tanto quanto nós, então eles não podiam usar magia ou habilidades destrutivas. Além disso, como estávamos num espaço fechado, não precisava me preocupar em ser atacado por dezenas de pessoas ao mesmo tempo.

Para um bárbaro com escudo, praticamente uma build perfeita, eu conseguia lidar com isso. Mas, ainda assim, eles eram implacáveis.

“Você não disse que não nos impediria de ir para Bifron?”

Essa promessa valia apenas para aquele pequeno grupo de soldados nos muros? Ou foi porque não conseguiram se comunicar claramente e a mensagem não foi repassada corretamente para nós?

Seja como for, os soldados estacionados nos esgotos nos atacaram assim que entramos.

— N-Não me parem e saiam da frente! Afastem-se!

— Ack!

Eu estava na frente, sozinho, abrindo caminho até a entrada secreta, mas ainda tivemos baixas do nosso lado. O layout aqui embaixo era semelhante à Caverna de Cristal do primeiro andar. Os túneis dos esgotos se entrelaçavam como um formigueiro, o que significava que ataques vinham tanto pela frente quanto por trás. Era inevitável que houvesse feridos.

Sem contar que nem todos eram de nível de elite, ao contrário do grupo na Rocha de Gelo. Havia aventureiros de baixo nível ativos no terceiro andar e abaixo, e eles estavam tendo dificuldade em sobreviver com a própria força.

Ba-dum.

De repente, senti uma vontade absurda de me acalmar com um cigarro, embora nunca tivesse fumado na vida.

“…Quantos morreram?”

Sacrifícios eram inevitáveis nesse mundo cruel.

Eu sabia disso melhor do que ninguém, mas meu coração sempre ficava pesado sempre que precisava tomar decisões assim.

Os aventureiros de Noark eram os vilões. Eu não fiz nada de errado.

Mesmo dizendo isso a mim mesmo, não conseguia evitar pensar.

“…Se eu tivesse simplesmente passado pelo muro quando abriram o caminho para nós, essas pessoas aqui não teriam morrido.”

Eu não me arrependia de ter tomado a decisão em si, claro. Em vez disso, endureci minha postura, determinado a me esforçar mais no futuro. Tudo o que eu precisava era ficar mais forte. Se eu fosse mais forte, não teria precisado sacrificar ninguém aqui.

Empurrei com meu ombro para frente com o escudo. Eu tinha repetido essa manobra várias vezes contra diversas adversidades, mas algo parecia um pouco diferente agora.

Dessa vez, foi fácil demais.

— Que diabos?!

— Voltem! Recuem…!

Enquanto eu tivesse a Muralha de Égide, não havia como me impedirem nesse túnel de via única. Como eles parariam um bárbaro que simplesmente avançava sem sofrer dano?

— Yandel! Pare!

Só parei quando ouvi Amélia me chamar.

— Chegamos.

Nem percebi que já tínhamos chegado.


As coisas ficaram mais fáceis quando chegamos à entrada secreta que levava a Bifron. Não havia soldados esperando por nós no caminho secreto, e aparentemente desistiram de nos perseguir, pois ninguém apareceu atrás de nós. Graças a isso, pudemos desacelerar e nos mover num ritmo um pouco mais tranquilo.

— Quantos feridos temos?

Versyl me deu um relatório, já que ela estava encarregada da gestão geral de nossas forças. Embora não soubesse o número exato de baixas, ela trouxe uma informação importante.

— Parece que os aventureiros de sétimo nível e abaixo sofreram mais danos. Coloquei eles em espera num lugar relativamente seguro…

— Entendo.

— Ainda assim, graças a você abrir o caminho, conseguimos minimizar nossas perdas.

Só a estimativa já deixava um gosto amargo na boca. Eu deveria estar acostumado, mas talvez eu também estivesse ficando velho. Esses números não pareciam mais simples números.

— …Yandel, no que está pensando?

— Nada.

De qualquer forma, após usar o caminho secreto por um tempo, conseguimos entrar nos esgotos de Bifron.

— Yandel, tem uma pessoa ali.

Assim que entramos na área, encontramos outra pessoa. Felizmente, ele não era um soldado de Noark.

— C-Chefe?

E, surpreendentemente, era alguém que eu conhecia.

— Chefe…? Espera, você é…?

Quando estendi a mão e segurei sua cabeça, a máscara caiu, revelando um corte de cabelo familiar, tipo um cogumelo.

— …Jingjing?

— S-Sim! Sou eu! Jingkasar Feljain! Seu leal braço direito, chefe!

Eu não sabia se ele era meu braço direito ou se esse era seu nome verdadeiro. O que eu sabia era que esse era o cara que fazia tudo que eu mandava quando fiquei em Bifron alguns anos atrás.

E que era bom vê-lo.

— O que está fazendo sozinho aqui? — perguntei.

— Bem… Senti que algo ruim estava acontecendo. Então estava procurando uma maneira de escapar de Bifron.

Ele sabia que a passagem secreta existia graças a mim. Eu o tinha ensinado, dizendo que poderia voltar a qualquer momento. Como estive tão ocupado, acabei nunca voltando.

Dadas as circunstâncias, parecia que ele se lembrava da entrada e estava procurando por ela.

— Você abandonou seus subordinados e fugiu sozinho?

Ao estreitar os olhos com desprezo, Jingjing acenou com as mãos, tentando se justificar. — Não, de jeito nenhum! Eu mudei muito desde então!

Hmm, era mesmo? Bem, parecia que ele havia perdido mais cabelo desde a última vez que o vi.

— E o que eu ganharia sobrevivendo sozinho? Quantos dias me restariam para viver…? Após encontrar a passagem, estava pensando em sair e conferir as notícias!

— Ah, então foi assim que você mudou…

— Eh? Então como mais eu teria…?

— Está bem. Tenho algumas perguntas para você, então só responda.

Como encontrei um morador nos esgotos, verifiquei rapidamente a situação da cidade. Eu meio que assumi que os aventureiros de Noark também tinham invadido este lugar.

— Noark… você diz? Ah, são eles que estão causando toda aquela confusão?

Jingjing nem sequer sabia sobre o incidente que os aventureiros de Noark causaram. Será que o palácio não contou nada a eles?

— Bem… houve um pouco de comoção. Os soldados trancaram as portas da inspeção, e depois de nos mandarem ficar de prontidão, não ouvimos mais nada. No entanto, pude ouvir muita luta vindo dos muros… então os cidadãos estavam bem apreensivos.

Isso era lamentável, até mesmo para Bifron. Se uma guerra estourasse, não deveriam ao menos avisar os moradores?

— Entendo. Então você não estava tentando escapar, mas checar as notícias de fora.

— Sim… Não sabia o que estava acontecendo lá fora. N-Noark invadindo… Uh, quão ruim está a situação?

— O Distrito Sete e o Distrito Treze já foram tomados por eles. E nós escapamos por pouco do Distrito Sete.

O queixo de Jingjing caiu. — I-Isso…!

Dois distritos da cidade já tinham sido tomados, mas eu não tinha tempo para deixá-lo se recuperar do choque.

— Me siga por agora. Conversaremos no caminho.

Continuamos nos movendo enquanto eu colhia informações de Jingjing. Perguntei se alguma pessoa suspeita havia aparecido recentemente e sobre quaisquer mudanças na cidade após minha partida.

— Bifron…? Ah! Primeiro, os recursos que recebemos do centro de distribuição estão sendo distribuídos de forma justa para todos, como você instruiu. Não há diferença entre adultos e crianças.

— Bom trabalho.

— O clima também mudou bastante. Sempre que sobra algo no centro de distribuição, todos vão aos guardas para trocar por um livro…

— Você troca por livros?

— Sim… e mesmo que não seja por livros, ensinamos às crianças todas as habilidades que podemos, sem segurar nada.

— Por quê?

— Precisamos pelo menos ajudar as crianças a sobreviver na cidade, certo? Mesmo que não nos restem muitos dias de vida…

Parei de andar e me virei para ele. — Qual o seu nome?

— J-Jingkasar Feljain?

— Jingkasar Feljain. — Ele estremeceu. Foi a primeira vez que o chamei pelo nome. — Você também mudou muito.

Jingjing apenas deu um sorriso auto-depreciativo. — Muitos anos se passaram, sabe.

— É verdade.

— Sim… Dá para perceber só de olhar para você, chefe. Ouvi que você virou barão recentemente… Ah, aqui! Este é o caminho para a praça!

Depois de subir à superfície com a ajuda do nativo, um morador de Bifron familiar, mas aparentemente diferente, me cumprimentou.

— …Este lugar também mudou muito.

Acho que poderia dizer que ficou mais limpo? Até mesmo a Praça Dimensional desativada parecia estar em ruínas quando vim aqui no passado.

— É graças aos esforços de todos…

Era fácil perceber que ele foi quem mais se esforçou.

— Senhor Feljain!

— Uau! É o senhor Feljain!

— Senhor…! Hã?

As crianças brincando na praça cumprimentaram Jingjing assim que o viram.

Bem, isso só porque ainda não tinham notado minha presença e a das centenas de aventureiros que estavam atrás…

— Não se preocupem! Este homem aqui é Bjorn, filho de Yandel, aquele gigante barão!

Hã?

— Uau, sério?

— É o barão gigante! Barão gigante!

— Uau!

Por algum motivo, as crianças ficaram ainda mais animadas ao ouvir meu nome. Para ser honesto, isso não era novidade para mim. As crianças da cidade gostavam de coisas grandes e de aventureiros. Depois de ganhar um pouco de fama, eu costumava ser o centro das atenções.

— Barão gigante! Obrigado!

No entanto, provavelmente foi a primeira vez que ouvi algo assim.

— Obrigado…? — murmurei.

Jingjing respondeu com uma expressão tímida. — Contei muitas histórias sobre você para as crianças, chefe. Contando a elas que você é o herói que salvou a cidade…

— Você fez algo inútil.

— As crianças precisam de esperança. E não é errado chamá-lo assim, certo? A razão pela qual Bifron mudou assim é graças a você, chefe.

Limpei a garganta. A única coisa que tinha mudado nele era que ele tinha ficado bom em bajular, apesar de ter sido bem ruim nisso no passado.

— Vamos parar aqui!

Como havíamos chegado ao nosso destino, reorganizamos nosso inventário. Colocamos os feridos na praça para que o sacerdote os curasse, e pedi aos que podiam se mover que dessem uma olhada ao redor.

— Feljain, me siga.

Levei apenas Jingjing para o escritório de inspeção do Distrito Quatro. Ao contrário do Distrito Treze e do Distrito Sete, achei que talvez pudesse usar esse para entrar em contato com a cidade.

— …Não tem ninguém aqui.

Como isso aconteceu?

Não importava o quanto gritasse e batesse na porta, não havia reação de dentro. Pensei que talvez estivessem me ignorando por pensarem que eu era um nativo de Bifron, então até declarei meu nome e título, mas o resultado foi o mesmo.

— Já faz um tempo que o escritório de inspeção aqui fechou, então…

— Eu sei que o escritório de inspeção fechou.

— Então por que…?

Porque a situação exigia.

Mesmo com o escritório de inspeção do Distrito Quatro fechado, imaginei que poderiam ter alguém estacionado aqui, dadas as circunstâncias.

Suspirei.

As coisas ficaram mais complicadas. Achei que talvez, ao chegar aqui, eu pudesse usar esse escritório de inspeção para partir para um distrito da cidade mais seguro, ou entrar em contato com o palácio e esperar por uma situação melhor, mas acabei perdendo totalmente essa parte.

“Há muitas coisas que não consigo entender.”

Por que o palácio estava estacionado apenas naquele lado? Se eu fosse o responsável, teria aberto o escritório de inspeção do Distrito Quatro antes de enviar soldados diretamente para Bifron para avançar nas frentes de batalha do Distrito Sete e do Distrito Treze.

“…E os aventureiros de Noark?”

Eu também não conseguia entender o que eles estavam fazendo. Depois de tomarem o Distrito Sete, não estacionaram ninguém em Bifron. Era como se tivessem certeza de que o palácio não invadiria por esse lado.

No entanto, conforme minhas dúvidas aumentavam, uma coisa ficou clara. Havia um segredo escondido em Bifron que eu não conhecia.

Tap, tap.

Eu ia descobrir isso agora.

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