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Capítulo 50: Ceb 

Acompanhados do garoto, ambos entraram de volta no bar. Matheus e Fynn ainda estavam sentados à mesa. 

— Achei que vocês teriam me seguido quando a Lisa saiu correndo atrás de mim — comentou Li. 

— Imaginamos que você não precisaria da nossa ajuda para capturar um garoto — respondeu Fynn, rindo. 

— Vocês já tinham notado ele?  

— Bem… sim — respondeu Matheus. — Imaginei que ele fosse se aproximar de nós eventualmente. Não queria forçá-lo, pois ele poderia ficar com medo, mas acho que seu jeito foi mais fácil… de qualquer forma… 

O líder inclinou a cabeça para ver o menino que se escondia atrás de Jihan. 

— Qual seu nome, garoto?  

— Hm… o meu?  

— Ah, é mesmo. Desculpe, não cheguei a te perguntar seu nome também.  

— Ce… Ceb, meu nome é Ceb.  

— Certo, Ceb. Eu me chamo Matheus. O idiota que te trouxe aqui é o Li, e os outros dois são Lisa e Fynn, você deve conseguir dizer qual é qual — riu enquanto falava. 

— Muito prazer…  

RONCCC 

A barriga do menino roncou novamente. O homem não perdeu a oportunidade. 

— Nós pedimos comida, puxe uma cadeira para você — disse Matheus. 

O garoto, sem ter motivos para recusar a oferta, sentou-se. As conversas que seguiram foram apenas distrações para deixar Ceb mais confortável.  

A refeição chegou pouco depois, nada mais do que uma bela tigela recheada de carne de panela e arroz, acompanhado do mesmo suco que Lisa havia pedido. 

— Pedimos uma porção extra de carne para você, garoto — disse Fynn para Ceb. — Imaginamos que você estivesse com fome. 

O menino agradeceu imensamente e mergulhou no prato. Após a refeição, ele se ajeitou na cadeira. 

— Certo, garoto, o que você tem para nós? — perguntou o Líder. 

Olhando para Li, o menino recebeu uma confirmação para falar.  

— Acho que começou cerca de uma semana atrás… — começou. — A senhora Mérida apareceu na prefeitura dizendo que o filho dela desapareceu… no entanto, pouco tempo depois, o agora ex-marido dela surgiu dizendo que ela havia enlouquecido, que eles nunca tiveram um filho…  

— Deve doer ouvir isso de alguém que você ama… — comentou Jihan. 

— Com toda certeza, uma parte dela deve ter morrido nessa hora. Eu não estava lá, mas disseram que ela chegou a perder a consciência… — continuou Ceb. — As pessoas da cidade ficaram com pena no início, afinal ela é uma senhora de idade que, falando a verdade ou não, parecia muito acreditar no que estava dizendo…  

Lisa e Fynn escutavam calados, a menina exibia expressões de tristeza, mas o homem continuava sério e às vezes até com um sorriso conflituoso em seu rosto. 

— Mas isso acabou mudando com o tempo… — prosseguiu. — Quando os boatos começaram a se espalhar por vilas próximas, a movimentação na cidade diminuiu, digo, boatos costumam correr mais rápido que fatos. 

— De fato, o guarda no portão da cidade estava nós falando sobre isso… 

— De qualquer forma, quando as pessoas da cidade começaram a se cansar da Senhora Mérida, a raiva foi se acumulando… deve ter sido terrível para ela passar por isso sozinha, afinal, ela realmente estava sofrendo… eu queria que não fosse real… 

— E seu pai? — perguntou Li. 

O garoto, segurou as palavras por alguns segundos, mas, respirando fundo, logo as soltou e continuou a falar. 

— Isso aconteceu tem três dias…  

— Então é recente…  

— Sim, meu pai é um dos alferes da cidade — respondeu. — Vocês devem saber melhor do que eu, mas cada Tenente é acompanhado de dois alferes, ele era um deles.  

— Nós conhecemos o outro…  

— Eles não são nada parecidos! — retrucou o garoto. — Meu pai é um bom homem! 

— Tenho certeza de que sim, continue… 

— Bem, por ser quem era, ele rapidamente se voluntariou para procurar o “filho perdido” da Senhora Mérida. 

— Então ele acreditou nela? — questionou Matheus. 

— Não acho que tenha… porém, pela menor chance de ser verdade, tenho certeza de que meu pai tentaria… eu o amo, mas pelo menos dessa vez queria que ele não tivesse… 

Fynn inclinou-se na cadeira.  

— Foi aí que ele desapareceu?  

— Sim… em uma das buscas ele não voltou… digo, como isso é possível!? Um dia havia pessoas perguntando por ele, no outro ninguém parecia lembrar-se sequer da existência dele… 

Lagrimas começaram a se acumular nos olhos de Ceb. 

SNIFF 

— Éramos só nós dois e agora ninguém acredita em mim… eu sinto tanta falta dele 

Matheus estendeu a mão e afagou a cabeça do garoto.  

— Está tudo bem, moleque. Se aconteceu recentemente, ele deve estar bem, vamos achá-lo… 

— Ceb, você disse algo sobre não terem te deixado dar o seu depoimento quando membros da guilda vieram investigar.  

Enxugando as lagrimas em suas roupas, o menino confirmou. 

— Pelo tamanho do caso da Senhora Mérida, o comércio da cidade deve ter diminuído drasticamente, eles devem estar tentando abafar esses acontecimentos para evitar — supôs o líder. 

— Eu sei que a população dessa cidade depende bastante do fluxo de pessoas que passam por ela, mas é um absurdo que esteja sendo feito dessa forma! — Lisa finalmente falou.  

— Atrapalhar uma investigação em andamento propositalmente é contra as normas da guilda, nem mesmo um Marechal poderia passar por cima disso, muito menos um Tenente — argumentou Matheus. — Mesmo que com a desculpa de boas intenções, eles não vão escapar de uma punição.  

— Por mais que seja um militar designado para a posição, quem o designou deve ter sido algum nobre — lembrou Fynn. — Duvido que o tenente desobedeceria a uma ordem direta e, visto que os nobres que manejam os impostos vindo das vilas que ocupam seus terrenos, consigo entender o porquê do descaso com a população.  

— Eles não se importam com as pessoas daqui, provavelmente quem de fato possui domínio sobre essas terras, nunca deve ter pisado aqui.  

— Então é isso? Vocês não vão deixar ficar assim, certo? Meu pai pode estar vivo ainda!  

— Não se preocupe, Ceb — disse Matheus confiantemente. — Nós vamos achar o seu pai. Obrigado pela sua ajuda, vai facilitar muito nosso trabalho. 

Sentindo a firmeza na voz do homem, o garoto se acalmou. 

— Eu que agradeço… já estava perdendo as esperanças… — respondeu, cabisbaixo. — Ah, vocês deveriam ir até a casa da Senhora Mérida! Talvez encontrem alguma coisa lá. 

— A casa dela? 

— Bem… o ex-marido dela ainda mora lá… ele pode ser um pouco duro de lidar, mas tenho certeza de que vocês darão um jeito.  

— Essa casa, onde fica na vila?  

— Ela não fica dentro dos portões, na verdade, é no caminho da floresta, próximo a um posto avançado…  

— Fora? Não é perigoso?  

— Não acho que seja, como fica entre um posto avançado e a vila, eu acho muito difícil que um monstro se aproxime e, mesmo que sim, o ex-marido da senhora costumava ser um aventureiro afiliado. Apesar da idade, não acho que ele teria problemas com pequenas ameaças… 

— Obrigado novamente, garoto — agradeceu, Li. — Aliás, por acaso você tem algum lugar para ficar enquanto achamos seu pai?  

Ceb negou, balançando a cabeça. 

— Muito bem, tome isso, você sabe onde estamos alojados, vá até lá e explique a situação para os outros dois integrantes do grupo, de nossos nomes e eles vão te ajudar — disse o homem, entregando algumas moedas para o menino.  

“Hm?”  

No momento em que Jihan encostou na mão do garoto, sentiu a mesma energia que havia sentido em Mérida. 

“Estranho… não havia sentido nada da última vez que encostei nele…” 

— Ceb… qual você disse que era o nome do seu pai… — perguntou Li. 

— O nome do meu pai? É Otá… Erh? — o garoto levou as mãos a cabeça. — Otávio! O nome dele é Otávio…  

“A energia sombria aumentou… lembrar faz ela ficar mais forte? Os sentimentos? Falar? Talvez tudo junto?”  

— Ceb, me desculpe.  

— Pelo q… 

Jihan subitamente deu um golpe leve no pescoço do garoto, o fazendo perder a consciência e segurando-o antes dele atingir o chão. 

— Li!? — gritou Matheus. 

— Senhor Li, por que você fez isso!? — questionou Lisa. 

— Você… sentiu alguma coisa diferente, certo? — perguntou Fynn. 

Os dois que haviam falado viraram-se para o homem de Mullet.  

— Sim — confirmou Li. — Eu acho que a maldição está se alimentando de alguma coisa, provavelmente dos sentimentos ou das memórias dele.  

— Precisava mesmo ter feito dessa forma? — rebateu o líder. 

— Não podia arriscar perder mais tempo — retrucou Jihan. — Claro que não podemos repetir essa fórmula, precisamos mantê-lo inconsciente… pelo menos até descobrirmos o que exatamente está fazendo a maldição ficar mais forte… 

— Como pode ter tanta certeza de que ela de fato está se fortalecendo?  

— Instinto…? 

— Li, eu gosto de você, mas realmente acha que devemos basear nossas atitudes em seu instinto?  

— Eu confirmei com a minha última pergunta que fiz a ele — argumentou.  

— Sobre o nome do pai? 

— Acha mesmo que ele teria esquecido o nome de uma pessoa tão importante quando estávamos falando dele agora a pouco?  

— Você tem um ponto… mesmo assim… 

— Eu acredito nele — declarou Fynn. 

— Até você? — surpreendeu-se Matheus. 

— Também senti algo diferente no garoto, como se a mana tivesse se comportando de uma maneira esquisita perto dele. 

— Se até você está dizendo isso… de qualquer forma não podemos simplesmente continuar apagando-o a força. 

— Eu sei algo que pode ajudar… — comentou Lisa. — Tem uma magia que os sacerdotes usam para tratamentos dolorosos prolongados… vai deixá-lo dormindo por dois ou três dias, mas depois disso não posso usá-la novamente na mesma pessoa, ou pode afetar a saúde dela. 

— Se for assim temos pouco tempo… Li e Lisa, levem o garoto para o alojamento e conduzam os procedimentos da magia, informem os outros dois sobre as novas informações que temos — ordenou Matheus. 

— E quanto a vocês dois? 

— Nós vamos até a casa da senhora Mérida, não deve demorar muito, voltamos antes do anoitecer.  

— Certo — Ambos disseram em uníssono.  

— E Li… cuide bem do menino — disse Matheus antes de sair pela porta junto a Fynn. 

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