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Capítulo 22 – “Olho por olho, dente por dente”

Dentro do rio, Poti sentia as diversas lascas de madeira que o perfurara serem expulsas pelo seu próprio corpo, sem ele ter que fazer isso manualmente. Ele afundou até o fim do rio, onde se sentou em uma posição como se estivesse meditando. 

“Se controle” pensou Poti, aproveitando o que restava do ar em seus pulmões. O processo de metaformose tinha iniciado.

No barco, Aline se arrastou pelo convés puxando o seu irmão desacordado junto consigo. Seu objetivo era se jogar junto ao seu irmão no rio e nadar até a margem, mas quando estava prestes a concluir seu objetivo, ela percebeu uma sobra ser projetada logo acima dela. 

— Onde pensa que vai, humana? — disse o hibrido imbecil, apoiado na amurada da embarcação. 

Aline olhou para cima, encarando a cada daquela criatura desprezível que a encarava de volta com um olhar malévolo. 

— Foi você que matou o meu irmãozinho? — perguntou o primata, com um pequeno canivete em uma das mãos.

— Isso realmente importa? — perguntou Aline, já esperando pelo pior.

— Não, não importa. — O hibrido pulou até o convés para segundos depois pisotear a perna ferida de Aline, que gemeu de dor.

— É uma pena que seu amigo aqui não esteja vivo para ver o que irei fazer com você — disse o hibrido se referindo a Maycon, enquanto aproximava o canivete dos olhos de Aline.

Quando o inimigo estava perto o suficiente, Aline reagiu, agarrando o braço do híbrido e torcendo seu pulso, fazendo ele largar o canivete. Logo em seguida, a vigilante aplicou um mata leão no híbrido, que era o mais fraco fisicamente dos irmãos, por isso ele atacava de longe com seus dardos. 

— Merda! — gemeu o primata, tentando se desvencilhar da humana. 

Do outro lado do barco, o hibrido brutamontes espancava Vidal com socos de chutes. O jovem vigilante por algum milagre ainda não havia desmaiado mesmo após tantos golpes em seu rosto. 

Vendo que seu irmão não havia percebido a situação em que se encontrava, o primata imbecil tentou gritar, mas o mata leão de Aline o impedia. A sua visão já estava ficando turva quando ele acabou golpeando a perna ferida da humana por puro reflexo.

— Irmão! — berrou o hibrido, aproveitando a brecha para segundos depois voltar a ser estrangulado pela humana.

Dessa vez o brutamontes havia escutado, e voltou sua atenção ao irmão em apuros. 

Vidal estranhou a parada brusca dos golpes do inimigo. Seu rosto estava coberto de hematomas, sendo que o seu olho esquerdo estava tão inchado que ele mal conseguia enxergar.

— Ei, seu merda, nós não acabamos ainda — disse Vidal, fazendo um esforço brutal para se manter de pé. — A luta é entre mim e você. 

O primata gigante apenas ignorou as provocações de Vidal e continuou o seu caminho em direção a Aline, que ao perceber aquela montanha de músculos vindo em sua direção, agarrou o canivete no chão e colocou perto da jugular do inimigo preso em seus braços. 

— Se você chegar um centímetro mais perto, eu mato ele — disse Aline em tom ameaçador. Seu rosto estava marcado pela raiva e aflito que sentia. Seu cabelo liso estava bagunçado e seu rosto encharcado de suor. 

— Então é assim que vai ser? — perguntou o gigante. Bufando, ele voltou-se para Vidal, que ao perceber a ideia do inimigo, tentou se lançar no rio, mas foi agarrado pelo primata.

O hibrido agarrou Vidal pela cabeça e o suspendeu no ar, pressionando o seu cranio com força, fazendo o jovem vigilante berrar de dor. 

— Pare! — ordenou Aline, vendo Vidal debater-se devido à dor extrema que sentia. — Quer que seu irmãozinho morra? 

— E você, quer que seu amiguinho morra também? — perguntou o hibrido, apertando ainda mais a cabeça de Vidal. — Uma das únicas coisas que eu me lembro da minha vida passada é de uma frase que sigo a risca: “Olho por olho, dente por dente.”

Aquele monstro não estava blefando, Aline sabia disso, podia ver nós olhos sanguinários dele. 

— Irmão, não faça nenhuma besteira! — berrou o primata refém de Aline. Lagrimas desciam pelo seu rosto como uma correnteza sem fim, porque ele sabia do que seu irmão era capaz. 

— Fique calado — ordenou Aline, pressionado o canivete na garganta do refém, causando um pequeno corte. 

— Decida-se, humana! — rugiu o brutamontes, apontando Vidal em direção a Aline. — Qual vai ser sua escolha?

Aline permaneceu em silêncio, a única coisa que ela podia fazer agora era ganhar o máximo de tempo que podia. 

Bolhas começaram a surgir na superfície do rio bem ao lado da embarcação. Um barulho semelhante a um tiro de calhão ecou por toda floresta, chamando a atenção do primata graúdo, que se virou abruptamente, ficando de costas para Aline. 

Havia um enorme jato d’água logo atrás da embarcação, como se tivesse acontecido uma explosão de baixo d’água. 

Ambos híbridos estavam confusos, menos Aline, que sabia exatamente de quem se tratava. Antes que pudesse perceber a presença do vigilante, o hibrido gigante foi atingido por um jato d’água concentrada, o fazendo ser lançado para longe e consequentemente largar Vidal, que caiu com tudo no chão. 

— O quê? Quem está aí? — perguntou o hibrido, recompondo-se do ataque supressa. Ele balançava sua cabeça em todas as direções atrás do inimigo, mas não conseguiu ver nada de suspeito. 

Poti surgiu do fundo do rio em sua forma de homem peixe, lançando-se até o barco, parando logo atrás do híbrido brutamontes, que antes de virar-se em direção ao vigilante, recebeu um “abraço de urso” e foi sendo suspendo no ar. A força que Poti aplicou no abraço foi o suficiente para quebrar um dos braços do híbrido, que rugiu de dor.

— Vamos dar um mergulho, ein? — disse Poti, pulando de volta para o rio junto com o híbrido preso em seus braços. 

— I-i-irmão… — gaguejou o imbecil após ver aquela cena.

Aline, aliviada, não se deu o trabalho de dizer nada, apenas cortou a garganta do refém, que desabou no chão. Ele deixou ambas as mãos em sua garganta em uma tentativa desesperada de para o sangramento interminável.

— Isso não vai sair barato, humana. O mestre vai matar você e sua família assim como você fez comigo — disse o primata, com uma confiança que ele não havia demonstrado em nenhum momento de sua vida até agora. Após alguns segundos, ele parou de se debater, morrendo deitado sobre o próprio sangue.

Aline tentou ignorar as últimas palavras do inimigo, mas não pode. Aquela palavras atingiram o seu coração como flechas, a marcando para sempre. 

No fundo do rio, o primata lutava por sua vida, debatendo-se inutilmente. Poti naquela forma possuia um tamanho e força superior ao do inimigo, que após minutos intermináveis  de luta, finalmente cedeu. Poti largou o hibrido, que afundou no rio como um saco cheio de pedras. 

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