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Capítulo 35 – Fúria e caos

“A fúria é uma força indomável, mas deve ser canalizada com sabedoria. No caos, a disciplina é o que separa a vitória da derrota.”

Sussurros das Sombras XXII,  transmissão oral do Clã Adaga Arcana.


Finalmente, chegou a hora da ação. Após longas discussões e inúmeras revisões de seus planos, o sol já estava alto no céu quando Harley e sua equipe avançaram sorrateiramente pelo acampamento recuado do Clã Dragão de Sangue.

O cenário de destruição que se desdobrava diante deles servia como confirmação de que haviam escolhido o momento perfeito. As tendas vazias, a maioria dos soldados envolvida no cerco à muralha, tudo isso tornava irresistível a oportunidade de criar o caos.

Cada passo que eles davam era meticulosamente calculado, avançando pelo acampamento em completo silêncio, pois a surpresa era sua maior aliada. 

Lysandra habilmente criava uma densa neblina, reduzindo drasticamente a visibilidade, enquanto, com golpes precisos de sua adaga, Harley eliminava de maneira silenciosa os sentinelas e soldados que cruzavam seu caminho.

Ao mesmo tempo, Anastasia, mantendo-se na retaguarda, arremessava chamas em direção às tendas que ficavam para trás, gerando um caos fumegante em seu rastro.

O fogo se desencadeava como uma fera insaciável, rugindo vorazmente enquanto devorava as estruturas do acampamento. Chamas lampejantes dançavam freneticamente, lambendo as tendas e engolindo cada pedaço delas. 

Um calor ardente irradiava dessas línguas de fogo, contrastando com o céu azul límpido. Uma coluna de fumaça negra se erguia em espirais para o alto, obscurecendo o firmamento e criando um cenário apocalíptico que podia ser visto a quilômetros de distância.

No entanto, à medida que o fogo crepitante e a fumaça negra se erguiam cada vez mais alto, o fator surpresa que havia protegido suas ações até agora parecia se desvanecer rapidamente. 

O estampido das explosões e o crepitar das chamas agora ecoavam como um estrondoso sinal para o inimigo. Era como se tivessem inadvertidamente anunciado sua presença e seu ousado ataque, deixando-os vulneráveis à iminente retaliação do Clã Dragão de Sangue.

Harley continuou a liderar a equipe, sua determinação inabalável impulsionando-os da proximidade do centro do acampamento para uma das bordas opostas, onde a possibilidade de serem encurralados diminuía. 

Enquanto eles avançavam, mantinham o fogo e o caos que haviam incitado como uma muralha ardente, uma barreira feroz que desafiava a repressão que o exército do Clã Dragão de Sangue no cerco poderia tentar impor. 

O objetivo com essa tática era manter o inimigo à distância, o suficiente para assegurar uma fuga mais segura e criar uma divisão nas forças do Clã Dragão de Sangue. Isso, por sua vez, aliviaria a intensa pressão exercida sobre o cerco à muralha e proporcionaria uma oportunidade mais favorável para as forças defensivas do clã de Anastasia resistirem e, quem sabe, prevalecerem.

Os três prosseguiram com determinação, forjando uma unidade coesa, apesar da ausência de treinamento ou experiência conjunta anterior. Cada membro se destacava em seu papel, demonstrando habilidades individuais excepcionais e uma habilidade notável de trabalhar harmoniosamente como equipe. 

Contudo, à medida que o acampamento desmoronava em chamas se manchava com o vermelho do sangue e o cheiro putrefeito de carne queimada, a reflexão sobre o custo humano de suas ações pairava sobriamente na mente do jovem. 

Mais uma vez, encontrava-se agindo puramente por instinto, como uma fera selvagem, focado apenas nas ações imediatas, sem espaço para contemplar a dor e as vidas que estavam sendo afetadas. 

Apenas as preocupações imediatas o guiavam, sem espaço para pesar o fardo das perdas que sua busca impiedosa acarretava. Sem dúvida, ele havia deixado um rastro de destruição, e agora se via confrontado com a incerteza das ramificações que suas ações corajosas, porém brutais, poderiam desencadear.

Cada grito agonizante que ecoava pelo acampamento era um eco de uma vida perdida, um destino trágico selado pelas maquinações gananciosas e ambições implacáveis dos clãs em guerra. As vidas pareciam ter perdido seu valor intrínseco, reduzidas a meras peças descartáveis, cuja importância era medida pelo estrago que podiam causar ou pelo atraso que infligiam ao inimigo. 

À medida que se aproximavam da borda do acampamento e da conclusão de sua missão, esse fardo moral pesava sobre sua consciência, tornando a continuidade de seus atos ousados uma carga cada vez mais opressiva.

No entanto, não havia espaço para uma pausa agora. Enquanto a missão se aproximava do seu desfecho e a perspectiva de uma retirada segura, afastando-se do tumulto e do risco representado pelo exército inimigo no cerco, ele ainda tinha uma última meta no horizonte. 

Sua meta era a artilharia inimiga posicionada nas colinas, na extremidade oposta do acampamento, que representava o destino derradeiro dessa incursão desesperada.

Cada explosão das catapultas inimigas ecoava como um lembrete da ameaça que pairava sobre as muralhas do Clã Lâmina Oculta, e estava claro para todos que precisavam pôr um fim a esses ataques destrutivos, custasse o que custasse.

À medida que se aproximavam das colinas, a adrenalina pulsava em seus corações. Cada passo os conduzia mais perto do confronto inevitável. Eles eram conscientes de que a guerra havia transformado todos em instrumentos de desejos mais amplos, peças no tabuleiro de um jogo mortal. 

A lembrança das vidas perdidas no acampamento, e o som distante das chamas crepitantes, ainda ecoavam em seus ouvidos, uma lembrança constante do custo da guerra.

No entanto, mesmo diante de tanta destruição e desespero, a determinação de Harley e sua equipe permanecia inquebrantável. Eles eram unidos por algo mais profundo do que o desejo de vingança. Eles compartilhavam uma crença inabalável na necessidade de resistir ao mal que ameaçava seus mundos.

Ao avistarem as colinas diante deles, sabiam que a batalha que se aproximava era o último ato antes de apenas mais um capítulo na saga interminável de uma fuga pela sobrevivência. 

Foi então que uma voz se fez ouvir:

— Parece que vocês estão com pressa, não é? — disse o Comandante do cerco, Sergio Romanov, emergindo. Seus olhos brilhavam com malícia, e seu sorriso era uma ameaça disfarçada.

Sergio Romanov trouxera consigo um exército imponente e avassalador, uma força que poderia sufocar a equipe de Harley com facilidade esmagadora. Era como esmagar uma formiga com uma marreta, uma disparidade esmagadora de forças.

 As fileiras infindáveis de soldados, vestidos em armaduras reluzentes e empunhando armas afiadas, se estendiam até onde a vista podia alcançar. A terra tremia sob o peso de seus passos coordenados, enquanto as estandartes do Clã Dragão de Sangue esvoaçavam ao vento, proclamando seu poder esmagador.

O trio estava diante de uma ameaça monumental, uma maré de inimigos que parecia intransponível. Harley, Anastasia e Lysandra encontravam-se encurralados, uma tática bem executada por Romanov. 

O cerco que o Comandante montara era como uma teia de aranha meticulosamente tramada. Parecia que ele tinha previsto essa situação, tão rápida e eficazmente ele contra-atacou. Cada movimento dos três agora estava sob um olhar atento e predatório.

Romanov emergiu na liderança do exército posicionando-se como um predador prestes a atacar.

O trio trocaram olhares apreensivos, enquanto Romanov mantinha o domínio sobre a situação, antecipando seus movimentos com uma calma que revelava anos de experiência em conflitos. 

O cerco que ele montou era implacável, e a habilidade com a qual Romanov enfrentava essa adversidade era inegável, fazendo-os perceber que estavam envolvidos em um jogo mortal, onde cada movimento poderia ter consequências fatais.

Era como se estivessem presos em uma partida onde a vida e a morte eram as peças em jogo, e Romanov era um adversário formidável que conhecia cada movimento antes mesmo de ser executado.

— Você é mais astuto do que eu pensava, Romanov — disse Harley, tentando ganhar tempo — Mas saiba que não poderá nos deter. 

Sergio Romanov riu, um som gélido que ecoou pelo ar, e lançou um desafio afiado:

— Você escapou da morte uma vez antes, e confesso que ainda me intriga como o fez, mas desta vez estou muito mais preparado do que da última. O que acham que podem fazer agora?

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Olá, eu sou Val Ferri Sant. Ana!

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