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“A magia é uma extensão da vontade do mago, uma manifestação de sua conexão com as forças primordiais do universo.”
Discursos do Grande Explorador Zandar, Vol. sobre magia.


A fuga abrupta de Cedir deixou Harley em um estado de perplexidade nas profundezas do subsolo. 

A escuridão ao seu redor era densa e impenetrável, e à medida que seus olhos se ajustavam, mais criaturas aterradora começava a se revelar: uma infinidade de criaturas, variando em formas e tamanhos, convergiam em direção a ele, como uma maré crescente de sombras famintas. 

O subsolo, que outrora foi uma terra de descobertas e desafios, agora se tornaria o local de seu último suspiro.  

Com determinação ardente, ele apertou os cabos de suas adagas, sentindo a firmeza familiar em suas mãos. Uma determinação feroz faiscava em seus olhos, misturada com a consciência de que cada movimento, cada golpe, poderia ser seu último. 

Harley sabia que a resistência agora seria uma questão de tempo. Quanto tempo ele poderia suportar a pressão incessante dessas criaturas? Os pensamentos de rendição e exaustão começaram a se infiltrar em sua mente, mas uma faísca de determinação ainda ardia dentro dele.

No meio do caos, o jovem continuou a brandir suas adagas, atacando freneticamente os inimigos que se aproximavam. Cada golpe parecia um esforço hercúleo contra uma maré imparável. 

A adaga branca cortava e perfurava, mas a multiplicidade das criaturas tornava cada avanço uma batalha perdida. A adaga preta, por sua vez, continuava a causar apenas estrondos, como se desafiasse a lógica das batalhas anteriores.

Enquanto o jovem enfrentava essa horda implacável, uma sensação de resignação crescia. O fim parecia inevitável, e a escuridão ao seu redor refletia a iminência de uma derrota iminente. Mesmo com sua força e habilidade, Harley questionava se seria capaz de enfrentar tal multidão de ameaças.

Enquanto ele estava escrevendo com sangue sua própria narrativa de resistência neste sombrio cenário subterrâneo, a sua adaga preta começou a brilhar intensamente. Sua luminosidade radiante cegou momentaneamente o jovem, transformando a escuridão circundante em uma explosão efêmera de luz. 

Esse resplendor não era comum; era como se a própria escuridão do subsolo estivesse sendo dissolvida pela radiância da adaga. Uma explosão de luz, tão intensa que absorveu todas as cores e deixou apenas a luminosidade como algo visível, banhou o ambiente por um breve momento.

Para o jovem, esse clarão foi como uma pulsação rápida e poderosa. No entanto, assim que a luz se dissipou, nada aconteceu. Tanto as criaturas quanto o ambiente permaneceram inalterados, e o destino parecia imutável. No entanto, em meio à aparente desolação, algo surpreendente ocorreu. 

As criaturas ao redor, antes ágeis e ameaçadoras, se imobilizaram subitamente, como se tivessem sido transformadas em estátuas vivas, suas poses de ataque congeladas no tempo. O ambiente, antes pulsante com a ameaça iminente, agora estava silencioso e parado, apenas Harley capaz de perceber e mover-se dentro desse espaço-tempo suspenso.

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Foi então que um jovem negro apareceu repentinamente, como se tivesse sido atraído pela luminosidade única produzida pela adaga. Ele era alto e esguio, apresentando uma expressão de desinteresse que contrastava com sua juventude.

Enquanto Harley observava, surpreendido, a imobilidade das criaturas ao seu redor, o jovem que parecia ser outro mago, com seu cajado ainda emanando uma luminosidade sutil que se assemelhava a uma rede lançada, concentrava-se na região em que ele ocupava. 

A luz se dissipou gradualmente, deixando para trás um espaço-tempo parado, como se o tempo tivesse sido aprisionado em uma teia mágica. Ainda que as criaturas permanecessem estáticas, Harley podia mover-se livremente nesse domínio suspenso.

O mago, flutuava com uma elegância singular, desafiando a gravidade com um auxílio aparentemente proveniente de seu cajado peculiar. O instrumento, feito de partes entrelaçadas de ossos, emitia uma luminescência suave e pulsante, criando uma aura que cercava o mago. 

Seus movimentos eram suaves, como se estivesse dançando entre as partículas do tempo que ele próprio manipulava. O olhar desinteressado permanecia, mas a agilidade e a graça de seus gestos revelavam uma destreza extraordinária, própria de alguém que tinha dominado a arte da magia.

— Jovem, sou o ilustre Malachias, um grande Santo. Você testemunhou a luz há pouco? — indagou o mago, estudando Harley com uma expressão de desinteresse que não escapou à percepção.

Outro arrogante mago que pensa muito de si, pensou Harley, murmurando: grande santo. Depois de um tempo, ele respondeu:

— Luz? — questionou, voltando à pergunta do misterioso Malachias, ganhando tempo enquanto ponderava sobre a confiabilidade do recém-chegado e seus reais propósitos. — Foi ela que paralisou todo o ambiente?

Malachias, com uma agilidade surpreendente, chegou até o jovem em um instante e disse:

— Não. Eu que paralisei. Você não sentiu ou viu mesmo? É uma luz como se fosse viva.

— Não vi! — resolveu mentir Harley, escolhendo cautela até descobrir mais sobre o misterioso mago.

O jovem, ainda atordoado pela súbita mudança, percebeu que Malachias tinha o controle completo sobre a parada do tempo. O subsolo, anteriormente repleto de movimento e perigo iminente, estava abruptamente suspenso em um silêncio paradoxal. 

O mago misterioso olhou para Harley, como se estivesse avaliando a situação sem demonstrar qualquer envolvimento emocional. Malachias inquiriu com calma, sua voz desvinculada do drama circundante: 

— Quem é você, e o que aconteceu aqui?

Antes que Harley pudesse articular uma resposta, uma voz interrompeu:

— Ele é meu aprendiz! — declarou Cedir, que estava retornando após sua breve fuga.

O velho mago reassumiu sua posição no cenário, sua figura imponente ainda mantendo o escudo ativo. A barreira, como um muro sólido, permanecia erguida, indicando que, apesar da fuga momentânea, Cedir estava novamente pronto para enfrentar o desafio nas profundezas misteriosas.

Malachias lançou um olhar peculiar para Cedir e questionou:

— Por que você fugiu se a situação não representava risco à sua vida?

O velho mago coçou a cabeça, mantendo seu escudo ativo, e respondeu: 

— Isso é um mistério. Voltei no tempo quatro vezes, e todas as mudanças possíveis resultavam em morte. Você não estava em nenhuma das probabilidades de futuros alternativos. E o que você faz aqui?

— Nada. Estava de passagem, e por coincidência, com minha aprendiz também — respondeu Malachias de maneira indiferente.

Harley direcionou seu olhar na mesma direção para onde os magos estavam voltados, ansioso para identificar a nova presença que se manifestaria. 

Uma luz sutil emanava do cajado de Malachias, criando um corredor que se estendia para além da visão. Era como se essa formação luminosa fosse intocada pelo fluxo do tempo, proporcionando uma trilha segura para alguém menos ágil acompanhar um mago em voo.

Finalmente, emergiu no corredor uma figura feminina. Isabella, a aprendiz de Malachias, avançava com confiança em direção ao grupo. 

Seus passos eram calculados, revelando uma precisão que coincidia com a expressão desinteressada de seu mentor. A confiança singular de Isabella permeava sua postura, tornando evidente que ela não era uma aprendiz comum.

Ao perceber a surpreendente presença de sua ex-noiva, Harley ficou momentaneamente atônito. Isabella, que no passado o havia humilhado de maneira cruel, agora aparecia diante dele, como uma sombra do passado que ele preferiria esquecer. 

Lembranças dolorosas ressurgiram, especialmente do momento em que ela o fizera comer o contrato de casamento, humilhando-o publicamente.

Isabella, com seu olhar imperturbável, fitou Harley e, com um toque de sarcasmo, disse: 

— Olha! Quem diria que encontraria esse inútil tão cedo! Lembro de suas últimas palavras. E eu ainda não estou arrependida. Haha.

O eco da risada de Isabella reverberou pelo corredor, criando uma atmosfera tensa e carregada de ressentimentos. 

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Olá, eu sou Val Ferri Sant. Ana!

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